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Desempenho energético e pegada de carbono de um sistema de esgotamento sanitário centralizado no nordeste brasileiro

Energy performance and carbon footprint of a centralized sewage system in northeastern Brazil

RESUMO

O objetivo do trabalho foi avaliar a operação e manutenção de um sistema de esgotamento sanitário centralizado, composto de três subsistemas, que atende 367 mil habitantes no Nordeste do Brasil. A avaliação do ciclo de vida considerou um inventário amplo de operação e manutenção do sistema de esgotamento sanitário com as redes de coleta, estações de tratamento de esgoto, disposição do esgoto tratado no corpo hídrico e gestão do lodo. O arranjo tecnológico das estações de tratamento de esgoto avaliadas incluiu o reator do tipo upflow anaerobic sludge blanket, seguido de lagoa aerada e lagoa de polimento em um subsistema, e upflow anaerobic sludge blanket seguido de reator de lodo ativado por aeração prolongada em dois subsistemas. O desempenho energético utilizou o método de demanda de energia acumulada e a pegada de carbono empregou o método de potencial de aquecimento global de 100 anos do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas. O sistema de esgotamento sanitário avaliado demandou 5,12 MJ·m−3 e emitiu 4,08 kg CO2eq·m−3. As maiores contribuições do sistema de esgotamento sanitário avaliado foram a eletricidade, com 62% da demanda energética, e as emissões diretas para o ar, com 94% da pegada de carbono, sendo as emissões dos reatores upflow anaerobic sludge blanket com 76% da pegada de carbono. A identificação dos aspectos e impactos ambientais do sistema de esgotamento sanitário avaliado apoia a inovação tecnológica e gerencial para otimizar o desempenho energético e mitigar as emissões de gases de efeito estufa.

Palavras-chave:
ACV; saneamento; demanda energética; gás de efeito estufa; operação e manutenção

ABSTRACT

This aim of this work was to evaluate the operation and maintenance of a centralized wastewater treatment system, composed of three subsystems, which serves 367 thousand inhabitants in northeastern Brazil. The life cycle assessment considered a comprehensive inventory of the wastewater treatment system operation and maintenance with the collection networks, wastewater treatment plants, disposal of the treated wastewater in the water body and sludge management. The technological arrangement of the evaluated wastewater treatment plants included the Upflow Anaerobic Sludge Blanket reactor, followed by aerated and polishing ponds in one subsystem, and Upflow Anaerobic Sludge Blanket followed by extended aeration activated sludge in two subsystems. The energy performance used the cumulative energy demand method and the carbon footprint used the global warming potential method for 100 years of the Intergovernmental Panel on Climate Change. The evaluated wastewater treatment system presented 5.12 MJ·m−3 and 4.08 kg CO2eq·m−3. The largest contribution of the evaluated wastewater treatment system was the electricity use with 62% of the energy demand and direct emissions to the air with 94% of the carbon footprint, being direct emissions from Upflow Anaerobic Sludge Blanket reactors with 76% of the carbon footprint. The identification of environmental aspects and impacts of the evaluated wastewater treatment system supports technological and management innovations to optimize its energy performance and mitigate greenhouse gases emission.

Keywords:
LCA; sewage system; energy demand; greenhouse gas; operation and maintenance

INTRODUÇÃO

A cobertura dos serviços de esgotamento sanitário tem aumentado nos países em desenvolvimento, porém ela enfrenta desafios econômicos, técnicos e políticos para a sua universalização e carece de sustentabilidade (GALLEGO-SCHMID et al., 2019GALLEGO-SCHMID, A.; TARPANI, R.R.Z. Life cycle assessment of wastewater treatment in developing countries: a review. Water research, v. 153, p. 63-79, 2019. https://doi.org/10.1016/j.watres.2019.01.010
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). A implementação de um sistema de esgotamento sanitário (SES) tem um caráter ambientalmente favorável por sua contribuição para a diminuição do lançamento de patógenos e poluentes nos corpos hídricos. No entanto, a construção, a operação e a manutenção do SES causam impactos ambientais (PAULO et al., 2019PAULO, P.L.; KIPERSTOK, A. SOUZA, H.H.S.; MORAIS, J.C.; OLIVEIRA, L.O.V.; LUCIANO MATOS QUEIROZ, L.M.; NOLASCO, M.A.; MARIA ELISA MAGRI, M.E.; LOPES, T.A.S. Ferramentas de avaliação de sustentabilidade em sistemas de tratamento de esgotos descentralizados. In: SANTOS, A.B. (org.). Caracterização, Tratamento e Gerenciamento de Subprodutos de Correntes de Esgotos Segregadas e Não Segregadas em Empreendimentos Habitacionais. Fortaleza: Imprece, v. 1, p. 754-820, 2019.). Nesse sentido, os indicadores de sustentabilidade são essenciais no processo decisório para a otimização do SES (PAULO et al., 2019PAULO, P.L.; KIPERSTOK, A. SOUZA, H.H.S.; MORAIS, J.C.; OLIVEIRA, L.O.V.; LUCIANO MATOS QUEIROZ, L.M.; NOLASCO, M.A.; MARIA ELISA MAGRI, M.E.; LOPES, T.A.S. Ferramentas de avaliação de sustentabilidade em sistemas de tratamento de esgotos descentralizados. In: SANTOS, A.B. (org.). Caracterização, Tratamento e Gerenciamento de Subprodutos de Correntes de Esgotos Segregadas e Não Segregadas em Empreendimentos Habitacionais. Fortaleza: Imprece, v. 1, p. 754-820, 2019.). Os indicadores ambientais são utilizados na gestão de um SES para identificar os processos de maior relevância, monitorar o desempenho e apoiar o desenvolvimento tecnológico e a tomada de decisão. A avaliação do ciclo de vida (ACV) é uma técnica robusta e abrangente para avaliar os aspectos e impactos ambientais de um sistema de produto.

A literatura consultada de ACV do SES apresenta uma variedade de objetivos e escopos, que devem ser analisados em detalhe para evitar comparações inadequadas. Por exemplo, alguns estudos de ACV consideraram todo o sistema de água e esgoto, desde a captação de água para o abastecimento até a disposição do esgoto tratado (AMORES et al., 2013AMORES, M.J.; MENESES, M.; PASQUALINO, J.; ASSUMPCIÓ, A.; FRANCESC, C. Environmental assessment of urban water cycle on Mediterranean conditions by LCA approach. Journal of Cleaner Production, v. 43, p. 84-92, 2013. https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2012.12.033
https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2012.1...
; LEMOS et al., 2013LEMOS, D; DIAS, A.C. GABARRELL, X.; ARROJA, L. Environmental assessment of an urban water system. Journal of Cleaner Production, v. 54, p. 157-165, 2013. https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2013.04.029
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; FRIEDRICH et al., 2009FRIEDRICH, E.; PILLAY, S.; BUCKLEY, C.A. Carbon footprint analysis for increasing water supply and sanitation in South Africa: a case study. Journal of Cleaner Production, v. 17, n. 1, p. 1-12, 2009. https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2008.03.004
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), enquanto outros delimitaram a ACV no SES (GALLEGO-SCHMID et al., 2019GALLEGO-SCHMID, A.; TARPANI, R.R.Z. Life cycle assessment of wastewater treatment in developing countries: a review. Water research, v. 153, p. 63-79, 2019. https://doi.org/10.1016/j.watres.2019.01.010
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). Entre as pesquisas de ACV do SES, algumas consideraram a fase de construção (SINGH et al., 2018SINGH, P.; KANSAL, A. Energy and GHG accounting for wastewater infrastructure. Resources, Conservation and Recycling, v. 128, p. 499-507, 2018. https://doi.org/10.1016/j.resconrec.2016.07.014
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; BUONOCORE et al., 2018BUONOCORE, E.; MELLINO, S.; ANGELIS, G.; LIU, G.; ULGIATI, S. Life cycle assessment indicators of urban wastewater and sewage sludge treatment. Ecological indicators, v. 94, parte 3, p. 13-23, 2018. https://doi.org/10.1016/j.ecolind.2016.04.047
https://doi.org/10.1016/j.ecolind.2016.0...
; STOKES et al., 2010STOKES, J.R.; HORVATH, A. Supply-chain environmental effects of wastewater utilities. Environmental Research Letters, v. 5, n. 1, p. 014015, 2010. https://doi.org/10.1088/1748-9326/5/1/014015
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; AMORES et al., 2013AMORES, M.J.; MENESES, M.; PASQUALINO, J.; ASSUMPCIÓ, A.; FRANCESC, C. Environmental assessment of urban water cycle on Mediterranean conditions by LCA approach. Journal of Cleaner Production, v. 43, p. 84-92, 2013. https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2012.12.033
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; FRIEDRICH et al., 2009FRIEDRICH, E.; PILLAY, S.; BUCKLEY, C.A. Carbon footprint analysis for increasing water supply and sanitation in South Africa: a case study. Journal of Cleaner Production, v. 17, n. 1, p. 1-12, 2009. https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2008.03.004
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), enquanto outras excluíram a fase de construção dada a indisponibilidade de dados e contestaram a relevância dessa fase comparada à de operação (LIMPHITAKPHONG et al., 2016LIMPHITAKPHONG, N.; PHARINO, C.; KANCHANAPIYA, P. Environmental impact assessment of centralized municipal wastewater management in Thailand. The International Journal of Life Cycle Assessment, v. 21, n. 12, p. 1789-1798, 2016. https://doi.org/10.1007/s11367-016-1130-9
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; MAKTABIFARD et al., 2020MAKTABIFARD, M.; ZABOROWSKA, E.; MAKINIA, J. Energy neutrality versus carbon footprint minimization in municipal wastewater treatment plants. Bioresource Technology, v. 300, p. 122647, 2020. https://doi.org/10.1016/j.biortech.2019.122647
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). O SES é constituído de rede de coleta, estação de tratamento de esgoto (ETE), disposição do esgoto tratado e gestão do lodo. Corominas et al. (2013)COROMINAS, L.; FOLEY, J.; GUEST, J.S.; HOSPIDO A.; LARSEN H.F.; MORERA S.; SHAW A. Life cycle assessment applied to wastewater treatment: state of the art. Water research, v. 47, n. 15, p. 5480-5492, 2013. https://doi.org/10.1016/j.watres.2013.06.049
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revisaram 45 artigos de ACV de SES, dos quais 18 incluíram a rede de coleta na fronteira de estudo. A extensão da infraestrutura da rede de coleta influencia os impactos de sua construção e manutenção; assim, deve-se estimar esse impacto para identificar a sua relevância (RISCH et al., 2015RISCH, E.; GUTIERREZ, O.; ROUX, P.; BOUTIN, C.; COROMINAS, L. Life cycle assessment of urban wastewater systems: Quantifying the relative contribution of sewer systems. Water research, v. 77, p. 35-48, 2015. https://doi.org/10.1016/j.watres.2015.03.006
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), especialmente em SES centralizados.

Os estudos de ACV de SES do Brasil somam poucos trabalhos. Gallego-Schmid et al. (2019)GALLEGO-SCHMID, A.; TARPANI, R.R.Z. Life cycle assessment of wastewater treatment in developing countries: a review. Water research, v. 153, p. 63-79, 2019. https://doi.org/10.1016/j.watres.2019.01.010
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revisaram 43 artigos sobre esse tema com o foco nos países em desenvolvimento, dos quais apenas três se referiram a estudos brasileiros, e nenhum se referiu a um SES urbano. No entanto, Lopes et al. (2020)LOPES, T.A.S.; QUEIROZA, L.M.; TORRES, E.A.; KIPERSTOK, A. Low complexity wastewater treatment process in developing countries: A LCA approach to evaluate environmental gains. Science of The Total Environment, v. 720, p. 137593, 2020. https://doi.org/10.1016/j.scitotenv.2020.137593
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, Alves (2016)ALVES, D.A. Avaliação do ciclo de vida: acv de um sistema de wetland construído de fluxo vertical para o tratamento de esgoto doméstico. 82 f. Dissertação (Mestrado – Curso de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental), Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2016. e Gutierrez (2014)GUTIERREZ, KATIA GONÇALVES. Análise e gerenciamento de impactos ambientais no tratamento de esgoto doméstico mediante avaliação de ciclo de vida. 129 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2014. avaliaram SES de pequeno porte do Brasil. A pouca disponibilidade de dados de inventário limita a elaboração de estudos de ACV em SES de grande porte do Brasil para subsidiar a tomada de decisão. Ademais, o avanço das pesquisas sobre tratamento de esgoto em reatores anaeróbios é estratégico para o desenvolvimento sustentável do saneamento no Brasil.

O objetivo deste artigo foi avaliar o desempenho energético e a pegada de carbono das fases de operação e manutenção (O&M) do SES de uma cidade de grande porte no Nordeste brasileiro. As etapas do SES avaliado foram coleta e transporte, tratamento, disposição final do esgoto tratado e gestão do lodo.

METODOLOGIA

A avaliação da demanda energética e das emissões de gases de efeito estufa (GEE) do ciclo de vida do SES deste estudo, baseada na Norma Técnica Brasileira/ Organização Internacional de Normalização (NBR ISO) 14040 (ABNT, 2009aASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR ISO 14040: Gestão ambiental – avaliação do ciclo de vida – princípios e estrutura. Rio de Janeiro, 2009a.) e NBR ISO 14044 (ABNT, 2009bASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR ISO 14044: Avaliação do ciclo de vida: requisitos e orientações. Rio de Janeiro, 2009b.), considerou as seguintes partes da ACV: definição de objetivo e escopo, análise de inventário de ciclo de vida (ICV), avaliação do impacto do ciclo de vida (AICV) e interpretação.

Definição de objetivo e escopo

O objetivo deste estudo foi avaliar o desempenho energético e a pegada de carbono do SES centralizado de um município do Nordeste brasileiro, referente às fases de O&M das etapas de coleta, tratamento, disposição de esgoto tratado e gestão do lodo (Figura 1). A unidade funcional do sistema de produto1 1 O sistema de produto é um “conjunto de unidades de processo, conectadas material e energeticamente, que realiza uma ou mais funções definidas” de acordo com a NBR ISO 14040 (ABNT, 2009a). avaliado foi 1 m³ de esgoto doméstico coletado e tratado em 2017. As etapas de captação, tratamento e distribuição da água potável foram objeto de estudo de Guanais et al. (2017)GUANAIS, A.L.R.; COHIM, E.B.; MEDEIROS, D.L. Avaliação energética de um sistema integrado de abastecimento de água. Revista de Engenharia Sanitária e Ambiental, v. 22, n. 6, p. 1187-1196, 2017. https://doi.org/10.1590/S1413-41522017146180
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e desconsideradas neste trabalho.

Figura 1
Sistema de produto do serviço de esgotamento sanitário centralizado de Feira de Santana (BA).

O SES centralizado de Feira de Santana (SES-FSA), estado da Bahia, Brasil, atendeu 62% da população urbana, em 2017, com três subsistemas (Subaé, Jacuípe I e Jacuípe II), o que correspondeu a 367 mil habitantes. Os subsistemas do SES-FSA são constituídos de rede de coleta e transporte, composta de condutos coletores e estações elevatórias de esgoto (EEE) e ETE. Uma parte da vazão de esgoto coletado dos domicílios pela rede coletora da Jacuípe I é exportada para a rede coletora da Jacuípe II, aproximadamente 100 L·s−1. O esgoto coletado passa por tratamento preliminar (gradeamento e caixa de areia), tratamento primário no reator upflow anaerobic sludge blanket (UASB) e tratamento secundário com lagoas aeradas e lagoas de polimento (LA + LP) na ETE Subaé e lodo ativado por aeração prolongada (LAP) nas ETE Jacuípe I e Jacuípe II. O SES-FSA não utiliza produto químico no tratamento do esgoto.

Os coprodutos da etapa de tratamento do SES são gerenciados da seguinte forma: o lodo de esgoto das três ETE é enviado para a fazenda de lodo na ETE Jacuípe II; o biogás do tratamento anaeróbio é liberado para a atmosfera, exceto na ETE Jacuípe II, onde é direcionado para a queima em flare; e o esgoto tratado é conduzido por emissários até o corpo hídrico mais próximo para a disposição final. A Tabela 1 apresenta um resumo das características do SES-FSA.

Tabela 1
Resumo das características técnicas do sistema de esgotamento sanitário centralizado de Feira de Santana em 2017.

A vazão afluente de cada ETE (Tabela 1) foi estimada com base na Equação 1.

(1) Q água_residual : = Q água × Lig esgoto  Eco micro × Eco á gua × 0 , 8

Em que:

Qágua_residual = representa a vazão afluente da ETE (m³·ano−1);

Qágua = representa a vazão micromedida de água dos domicílios do SES-FSA (m³·ano−1); Ecoesgoto = representa a quantidade de domicílios ligados à rede de coleta (adimensional); Ecomicro = representa a parcela de domicílios micromedidos ligados ao sistema de abastecimento de água (%);

Ecoágua = representa a quantidade de domicílios ligados ao sistema de abastecimento de água (adimensional); e 0,8 é o coeficiente de retorno de água de abastecimento convertida em água residual.

Inventário do ciclo de vida

O inventário de primeiro plano2 2 O inventário de primeiro plano considerou as etapas e processos do SES avaliado (Figura 1), enquanto o inventário de segundo plano considerou os processos da base de dados (Tabela 4) conforme descrito por IBICT (2014). da O&M do SES-FSA incluiu dados primários e secundários (Tabela 2). Os dados primários de insumos, transporte e resíduos foram disponibilizados pela operadora do SES-FSA com base em observações e medições de campo. Os dados secundários de emissões diretas de metano (CH4) e óxido nitroso (N2O) foram obtidos por meio de equações do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas — Buendia et al. (2019aBUENDIA, E.C.; TANABE, K.; KRANJC, A.; BAASANSUREN, J.; FUKUDA, M.; NGARIZE S.; OSAKO, A.; PYROZHENKO, Y.; SHERMANAU, P.; FEDERICI, S. Waste. In: BUENDIA, E.C.; TANABE, K.; KRANJC, A.; JAMSRANJAV, B.; FUKUDA, M.; NGARIZE, S.; OSAKO, A.; PYROZHENKO, Y.; SHERMANAU, P.; FEDERICI, S. (ed.). Refinement to the 2006 IPCC Guidelines for National Greenhouse Gas Inventories. Switzerland: Intergovernmental Panel on Climate Change, v. 5, 2019a., 2019bBUENDIA, E.C.; TANABE, K.; KRANJC, A.; BAASANSUREN, J.; FUKUDA, M.; NGARIZE S.; OSAKO, A.; PYROZHENKO, Y.; SHERMANAU, P.; FEDERICI, S. Agriculture, Forestry and Other Land Use. In: BUENDIA, E.C.; TANABE, K.; KRANJC, A.; JAMSRANJAV, B.; FUKUDA, M.; NGARIZE, S.; OSAKO, A.; PYROZHENKO, Y.; SHERMANAU, P.; FEDERICI, S. (ed.). Refinement to the 2006 IPCC Guidelines for National Greenhouse Gas Inventories. Switzerland: Intergovernmental Panel On Climate Change, v. 4, 2019b.), enquanto aquele de dióxido de carbono fóssil (CO2 fóssil) foi obtido com a estimativa de Law et al. (2013)LAW, Y.; JACOBSEN, G.E.; SMITH, A.M.; YUAN, Z.; LANT, P. Fossil organic carbon in wastewater and its fate in treatment plants. Water Research, v. 47, n. 14, p. 5270-5281, 2013. https://doi.org/10.1016/j.watres.2013.06.002
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. A fase de construção do SES-FSA foi desconsiderada em razão da indisponibilidade de dados.

Tabela 2
Inventário de primeiro plano de 1 m3 de esgoto coletado e tratado por subsistema do serviço de esgotamento sanitário centralizado de Feira de Santana.

A O&M do SES-FSA considerou o uso de eletricidade nas EEE e ETE, assim como o uso de diesel em maquinários de substituição dos condutos, equipamentos de desobstrução e limpeza e veículos de transporte de funcionários. Os equipamentos e veículos demandaram 53.690 L de diesel em 2017, que foram alocados em 85% para a etapa de coleta do SES-FSA e em 15% para a etapa de tratamento. Os principais equipamentos de limpeza e desobstrução foram jatinhos e hidrojatos (high-velocity), enquanto os veículos foram caminhões roots e caminhões combinados.

As obras de manutenção do SES-FSA para a substituição dos condutos incluíram seis atividades: demolição do pavimento; escavação da vala; extração do conduto antigo; colocação do novo conduto sobre o novo leito em areia; aterro da vala; e pavimentação da superfície. A obra de manutenção do SES-FSA demandou materiais (areia, asfalto e tubos), diesel e transporte dos insumos para o local de substituição da rede de coleta. Foi assumida uma taxa de substituição dos condutos de 3% ao ano. O diâmetro dos condutos de policloreto de vinila (PVC) é de 150 mm, 200 mm e 300 mm, e cada um deles corresponde a 90, 5 e 5% da extensão total da rede de coleta, respectivamente. A largura do pavimento removido para a abertura da vala correspondeu à largura da vala mais 0,15 m de cada lado, e sua espessura foi 0,025 m. A profundidade média da vala foi estimada em 1,75 m, enquanto as larguras foram estimadas em 0,65 m, 0,70 mm e 0,80 mm para diâmetros de conduto de 150 mm, 200 mm e 300 mm, respectivamente. O leito de areia localizado dentro da vala, onde foi colocado o conduto, tem uma altura que resulta da soma de 0,10 m mais a metade do diâmetro do conduto (Apêndice 1 Apêndice 1 Esquema da área transversal da vala para a substituição dos condutos da rede de coleta do SES-FSA centralizado (valores em metro). ). O solo escavado da vala foi aplicado acima do conduto no aterro da vala. O pavimento considerado neste estudo foi o concreto betuminoso usinado a quente, constituído de areia, brita e betume nas proporções de 120 kg, 1.700 kg e 580 kg, respectivamente, para cada m³ de asfalto, acrescido de 18,5 L de diesel do processamento do asfalto.

A degradação da matéria orgânica produz gases nas linhas de recalque (FOLEY et al., 2009FOLEY, J.; YUAN, Z.; LANT, P. Dissolved methane in rising main sewer systems: field measurements and simple model development for estimating greenhouse gas emissions. Water Science and Technology, v. 60, n. 11, p. 2963-2971, 2009. https://doi.org/10.2166/wst.2009.718
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), ETE (LOBATO et al., 2012LOBATO, L.C.S.; CHERNICHARO, C.A.L.; SOUZA, C.L. Estimates of methane loss and energy recovery potential in anaerobic reactors treating domestic wastewater. Water Science and Technology, v. 66, n. 12, p. 2745-2753, 2012. https://doi.org/10.2166/wst.2012.514
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), corpo hídrico receptor dos esgotos tratados (STANLEY et al., 2016STANLEY, E.H.; CASSON, N.J.; CHRISTEL, S.T.; CRAWFORD, J.T.; LOKEN, L.C.; OLIVER, S.K. The ecology of methane in streams and rivers: patterns, controls, and global significance. Ecological Monographs, v. 86, n. 2, p. 146-171, 2016. https://doi.org/10.1890/15-1027
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) e solo receptor do lodo (ROCHETTE et al., 2018ROCHETTE, P.; LIANG, C.; PELSTER, D.; BERGERON, O.; LEMKE, R.; KROEBEL, R.; MACDONALD, D.; YAN, W.; FLEMMING, C. Soil nitrous oxide emissions from agricultural soils in Canada: Exploring relationships with soil, crop and climatic variables. Agriculture, Ecosystems & Environment, v. 254, p. 69-81, 2018. https://doi.org/10.1016/j.agee.2017.10.021
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). O tempo de detenção do esgoto em condutos forçados tem uma relação linear com a produção de CH4 dissolvido em virtude da formação de um biofilme metanogênico na superfície interna do conduto (GUISASOLA et al., 2008GUISASOLA, A.; HAAS, D.; KELLER, J.; YUAN, Z. Methane formation in sewer systems. Water Research, v. 42, n. 6-7, p. 1421-1430, 2008. https://doi.org/10.1016/j.watres.2007.10.014
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). O tempo de detenção do esgoto, por sua vez, está relacionado à velocidade de escoamento e ao comprimento da linha de recalque (Equação 2). A concentração de CH4 formado nas linhas de recalque foi estimada conforme Foley et al., (2009)FOLEY, J.; YUAN, Z.; LANT, P. Dissolved methane in rising main sewer systems: field measurements and simple model development for estimating greenhouse gas emissions. Water Science and Technology, v. 60, n. 11, p. 2963-2971, 2009. https://doi.org/10.2166/wst.2009.718
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(Equação 3).

(2) TDH : = 1 ( Q/A t ) × 24
(3) C CH 4 : = 5 , 24 × 10 5 × A bio V × TDH + 0 , 0015

Em que:

TDH = representa o tempo de detenção hidráulica (h);

L = representa o comprimento da linha de recalque (m);

Q = representa a vazão diária (m³·d−1);

At = representa a área transversal do conduto (m²);

CCH4 = representa a concentração de CH4 nos esgotos (kg·m³);

Abio = representa a área de biofilme das paredes internas do conduto (m²);

e V = representa o volume do conduto (m³).

A Apêndice 2 Apêndice 2 Descrição das linhas de recalque e bombas das estações elevarórias de esgoto. SISTEMA Sistema Q (m3·h−1) H (m.c.a.) Pot (CV) LR (m) DNR (mm) Abio (m²) V (m3) TDH (h) At (m²) CCH4 (kg·m−3) A3 PRESIDENTE DUTRA Subaé 396,0 6,5 15,0 450 500 1,57 0,20 0,2 0,20 0,0016 A5 RIO AMAZONAS Subaé 187,2 12,0 12,5 210 300 0,94 0,07 0,1 0,07 0,0016 A6 SÃO LOURENÇO Subaé 16,6 11,5 25,0 400 500 1,57 0,20 4,7 0,20 0,0035 B4 VIETNA Subaé 810,0 6,0 30,0 350 350 1,10 0,10 0,0 0,10 0,0015 D AVIÁRIO Subaé 370,8 37,6 75,0 1.320 500 1,57 0,20 0,7 0,20 0,0018 D4 LAGOA SALGADA Subaé 117,0 8,9 10,0 200 100 0,31 0,01 0,0 0,01 0,0015 D7 LOS PAMPAS Subaé 21,8 36,1 6,5 1.115 100 0,31 0,01 0,4 0,01 0,0023 POJUCA SOLAR SIM Subaé 12,6 13,0 1,5 1.104 100 0,31 0,01 0,7 0,01 0,0029 POJUCA VIVA MAIS MASTER Subaé 21,6 17,2 1,8 133 100 0,31 0,01 0,0 0,01 0,0016 JACUIPE CAMPO DO GADO Jacuípe II 55,0 48,2 30,0 607 100 0,31 0,01 0,1 0,01 0,0017 POJUCA BOM VIVER Jacuípe II 10,8 20,0 3,0 270 250 0,79 0,05 1,2 0,05 0,0025 POJUCA BR116 FEIRA VI Jacuípe II 48,0 28,0 30,0 2827 250 0,79 0,05 2,9 0,05 0,0039 POJUCA CAMINHO 45 Jacuípe II 65,0 15,0 3,0 123 75 0,24 0,00 0,0 0,00 0,0015 POJUCA GEORGE AMÉRICO Jacuípe II 334,8 14,9 50,0 1184 250 0,79 0,05 0,2 0,05 0,0016 POJUCA RUA M Jacuípe II 108,0 16,0 15,0 122 100 0,31 0,01 0,0 0,01 0,0015 POJUCA VIVENDAS DO CAMPO Jacuípe II 80,0 15,0 3,0 552 150 0,47 0,02 0,1 0,02 0,0017 JACUIPE CAMINHO F1 Jacuípe I 356,0 12,9 25,0 561 500 1,57 0,20 0,3 0,20 0,0016 JACUIPE JUSSRA Jacuípe I 1.239,8 12,6 40,0 966 500 1,57 0,20 0,2 0,20 0,0016 JACUIPE RUA F Jacuípe I 60,0 13,2 7,0 227 100 0,31 0,01 0,0 0,01 0,0016 JACUIPE RUA SÔNIA Jacuípe I 20,0 17,0 5,0 277 100 0,31 0,01 0,1 0,01 0,0017 Viveiros I-EEE4 Jacuípe I 87,0 31,0 20,0 NA NA NA NA NA NA NA Viveiros III- EEE5 Jacuípe I 57,0 30,7 15,0 NA NA NA NA NA NA Q: vazão; H: altura manométrica; Pot: potência das bombas das EEE; LR: extensão da linha de recalque; DNR: diâmetro nominal da linha de recalque; Abio: área da parede dos tubos; V: volume da linha de recalque; TDH: tempo de detenção hidráulica, estimado por meio da Equação 2; A: área transversal do tubo; CCH4: concentração de metano nos esgotos, estimada por meio da Equação 3. NA: sem informação disponível. apresenta os dados utilizados na Equação 2 e na Equação 3 para as linhas de recalque.

As emissões diretas de CO2, CH4 e N2O nas ETE dependem da característica da matéria orgânica do esgoto e do método de tratamento. A maior parcela do carbono orgânico total (COT) emitido do processo biológico da ETE é de origem biogênica renovável. No entanto, uma parcela de 1,4 a 2,0% do COT é emitida como CO2 e CH4 de origem fóssil, decorrente da utilização de cosméticos, detergentes, surfactantes, produtos farmacêuticos e aditivos de comida (LAW et al., 2013LAW, Y.; JACOBSEN, G.E.; SMITH, A.M.; YUAN, Z.; LANT, P. Fossil organic carbon in wastewater and its fate in treatment plants. Water Research, v. 47, n. 14, p. 5270-5281, 2013. https://doi.org/10.1016/j.watres.2013.06.002
https://doi.org/10.1016/j.watres.2013.06...
). Neste estudo, consideraram-se 2,0% do COT degradado em CO2 fóssil com fator de produção máxima de 1,37 kg CO2·(kg DQO)−1, com base no cálculo teórico da oxidação da matéria orgânica. As emissões de CH4 foram consideradas de origem biogênica neste trabalho, uma vez que o carbono fóssil tem baixa degradabilidade em reatores anaeróbios (LAW et al., 2013LAW, Y.; JACOBSEN, G.E.; SMITH, A.M.; YUAN, Z.; LANT, P. Fossil organic carbon in wastewater and its fate in treatment plants. Water Research, v. 47, n. 14, p. 5270-5281, 2013. https://doi.org/10.1016/j.watres.2013.06.002
https://doi.org/10.1016/j.watres.2013.06...
). As emissões de CH4 dos reatores UASB das três ETE avaliadas, lagoas (LA e LP) da ETE Subaé, reatores LAP das ETE Jacuípe I e Jacuípe II e esgoto tratado disposto no rio foram estimadas por meio da Equação 4 e da Equação 5 do Buendia et al. (2019a)BUENDIA, E.C.; TANABE, K.; KRANJC, A.; BAASANSUREN, J.; FUKUDA, M.; NGARIZE S.; OSAKO, A.; PYROZHENKO, Y.; SHERMANAU, P.; FEDERICI, S. Waste. In: BUENDIA, E.C.; TANABE, K.; KRANJC, A.; JAMSRANJAV, B.; FUKUDA, M.; NGARIZE, S.; OSAKO, A.; PYROZHENKO, Y.; SHERMANAU, P.; FEDERICI, S. (ed.). Refinement to the 2006 IPCC Guidelines for National Greenhouse Gas Inventories. Switzerland: Intergovernmental Panel on Climate Change, v. 5, 2019a..

(4) CH 4  emissão j : = j = 1 n TOW j S j × FE CH 4 j R j
(5) FE CH 4 j : = B o × MCF j

Em que:

CH4 emissão j = representa a emissão de CH4 do método de tratamento j (kg·ano);

TOWj = representa a demanda química de oxigênio (DQO) afluente (kg DQO·ano−1);

Sj = representa a DQO removida na forma de lodo de esgoto (kg DQO·ano−1);

FECH4 j = representa o fator de emissão de CH4 do método de tratamento j (kg CH4(kg DQO)−1);

Rj = representa a quantidade de CH4 recuperado ou queimado no flare (kg CH4·ano−1);

Bo = representa a capacidade de produção de CH4 do método de tratamento j (kg CH4·(kg DQO)−1); e

MCFj = representa o fator de correção de metano (adimensional).

Os parâmetros de TOWj foram estimados com base na DQO remanescente por processo das ETE (Tabela 1). O TOWj da UASB, LA, LP e LAP foi estimado com o valor da DQO de entrada em cada processo, enquanto o TOWj das emissões do rio foi estimado com o valor da DQO de saída da ETE. A Tabela 3 apresenta os demais parâmetros utilizados nas estimativas de metano. Neste estudo, apenas a ETE Jacuípe II apresentou um sistema de captação de biogás e queima em flare aberto com eficiência de 55% de transformação do metano em dióxido de carbono (BRASIL et al., 2015BRASIL. SECRETARIA NACIONAL DE SANEAMENTO AMBIENTAL. PROBIOGÁS. Guia técnico de aproveitamento energético de biogás em estações de tratamento de esgoto. Ministério das Cidades: Brasília, 2015.), considerado no parâmetro de Rj. As ETE Subaé e Jacuípe I emitiram todo o CH4 produzido para o ar.

Tabela 3
Parâmetros das estimativas de emissão de metano e óxido nitroso.

As emissões de N2O dos reatores LAP das ETE Jacuípe I e Jacuípe II, esgoto tratado disposto no rio e fazenda de lodo foram estimadas por meio da Equação 6 do Buendia et al. (2019a)BUENDIA, E.C.; TANABE, K.; KRANJC, A.; BAASANSUREN, J.; FUKUDA, M.; NGARIZE S.; OSAKO, A.; PYROZHENKO, Y.; SHERMANAU, P.; FEDERICI, S. Waste. In: BUENDIA, E.C.; TANABE, K.; KRANJC, A.; JAMSRANJAV, B.; FUKUDA, M.; NGARIZE, S.; OSAKO, A.; PYROZHENKO, Y.; SHERMANAU, P.; FEDERICI, S. (ed.). Refinement to the 2006 IPCC Guidelines for National Greenhouse Gas Inventories. Switzerland: Intergovernmental Panel on Climate Change, v. 5, 2019a., apresentada de forma resumida.

(6) N 2 O emissão j : = j = 1 n NT j × FE N 2 O j × 44 28

Em que:

N2O emissão j = representa a emissão de N2O do método de tratamento j (kg N2O·m−3);

NTj = representa o nitrogênio total do esgoto afluente (kg N·m−3);

FEN2O j = representa o fator de emissão de N2O do método de tratamento j (kg N2O−N·(kg N)−1); e

44/28 = é o fator de conversão de kg N2O−N para kg N2O.

As emissões de N2O dos reatores UASB e lagoas (LA e LP) foram desprezíveis (BUENDIA et al., 2019aBUENDIA, E.C.; TANABE, K.; KRANJC, A.; BAASANSUREN, J.; FUKUDA, M.; NGARIZE S.; OSAKO, A.; PYROZHENKO, Y.; SHERMANAU, P.; FEDERICI, S. Waste. In: BUENDIA, E.C.; TANABE, K.; KRANJC, A.; JAMSRANJAV, B.; FUKUDA, M.; NGARIZE, S.; OSAKO, A.; PYROZHENKO, Y.; SHERMANAU, P.; FEDERICI, S. (ed.). Refinement to the 2006 IPCC Guidelines for National Greenhouse Gas Inventories. Switzerland: Intergovernmental Panel on Climate Change, v. 5, 2019a.). A Tabela 3 apresenta os parâmetros utilizados nas estimativas de óxido nitroso.

O inventário de segundo plano da O&M do SES-FSA utilizou os processos da base de dados ecoinvent™ na versão 3.5. As informações de ICV dos insumos, transporte e emissões da O&M do SES-FSA foram resumidas no Tabela 4.

Tabela 4
Resumo das informações de inventário de ciclo de vida do sistema de esgotamento sanitário centralizado de Feira de Santana.

Avaliação de impacto do ciclo de vida e interpretação

Foi utilizado o software SimaPro® versão 9.0 para se obter a demanda energética e a pegada de carbono dos processos de inventário de segundo plano do SES-FSA. As categorias avaliadas neste estudo foram: a demanda energética, com o método demanda de energia acumulada (DEA, em inglês cumulative energy demand) versão 1.11 (FRISCHKNECHT et al., 2007FRISCHKNECHT, R.; JUNGBLUTH, N.; ALTHAUS, H.J.; BAUER, C.; DOKA, G.; DONES, R.; HISCHIER, R.; HELLWEG, S.; HUMBERT, S.; KÖLLNER, T.; LOERINCIK, Y.; MARGNI, M; NEMECEK, T. Implementation of Life Cycle Impact Assessment Methods. Ecoinvent report, n. 3, versão 2.0. Dübendorf: Swiss Centre for Life Cycle Inventories, 2007.), em Joule (J); e a pegada de carbono, com o método de potencial de aquecimento global (PAG) de 100 anos (em inglês global warming potential) versão 1.03 (IPCC, 2013INTERGOVERNMENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE (IPCC). Climate Change 2013: The Physical Science Basis. Working Group I contribution to the Fifth Assessment Report of the IPCC. Nova York: IPCC, 2013. Disponível em: http://www.climatechange2013.org. Acesso em: 18 dez. 2019.
http://www.climatechange2013.org...
), em kg de dióxido de carbono equivalente (kg CO2eq). A interpretação do estudo considerou a análise comparativa, a análise de contribuição e a análise de sensibilidade (HEIJUNGS et al., 2001HEIJUNGS, R.; KLEIJN, R. Numerical approaches towards life cycle interpretation five examples. The International Journal of Life Cycle Assessment, v. 6, n. 3, p. 141, 2001. https://doi.org/10.1007/BF02978732
https://doi.org/10.1007/BF02978732...
).

A análise de sensibilidade utilizou diferentes métodos e parâmetros para estimar as emissões diretas de CO2 fóssil, CH4 e N2O com o cenário base do SES-FSA. Foram avaliados sete cenários de análise de sensibilidade, cujos parâmetros são descritos na Tabela 5. Primeiramente, os menores e maiores valores do FECH4 do reator UASB foram estimados com base no balanço de massa da DQO (Apêndice 3 Apêndice 3 Balanço de demanda química de oxigênio do reator upflow anaerobic sludge blanket com o cenário típico do ProBio 1.0. ) no programa computacional ProBio (programa de estimativa de produção de biogás em reatores UASB) versão 1.0 (POSSETTI et al., 2015POSSETTI, G.R.C.; CHERNICHARO, C.A.L. ProBio: Programa de estimativa de produção de biogás em reatores UASB. Versão 1.0. 2015. Disponível em: https://cetesb.sp.gov.br/biogas/softwares/. Acesso em: 07 maio 2020.
https://cetesb.sp.gov.br/biogas/software...
) para o cenário ProBio−CH4−UASB. Os menores e maiores valores de FECH4 e FEN20 dos processos das ETE foram definidos conforme o Buendia et al. (2019a)BUENDIA, E.C.; TANABE, K.; KRANJC, A.; BAASANSUREN, J.; FUKUDA, M.; NGARIZE S.; OSAKO, A.; PYROZHENKO, Y.; SHERMANAU, P.; FEDERICI, S. Waste. In: BUENDIA, E.C.; TANABE, K.; KRANJC, A.; JAMSRANJAV, B.; FUKUDA, M.; NGARIZE, S.; OSAKO, A.; PYROZHENKO, Y.; SHERMANAU, P.; FEDERICI, S. (ed.). Refinement to the 2006 IPCC Guidelines for National Greenhouse Gas Inventories. Switzerland: Intergovernmental Panel on Climate Change, v. 5, 2019a. para os cenários IPCC−CH4−UASB, IPCC−CH4−LAP, IPCC−CH4−LA+LP e IPCC−N2O−LAP; e para uma combinação dos quatro cenários em IPCC−Combinado. Ademais, o lançamento indevido de águas pluviais na rede de coleta do esgoto influencia a diluição da carga orgânica. Sendo assim, os menores e maiores valores de TOW associado às emissões diretas de CO2 fóssil e CH4 do SES-FSA foram definidos com recurso à variação anual da DQO afluente (Apêndice 4 Apêndice 4 Variação da carga orgânica afluente do sistema de esgotamento sanitário centralizado de Feira de Santana em 2017. Mês DQOafluente.mg·L−1 Janeiro 1.070 Fevereiro 668 Março 1524 Abril 563 Maio 615 Junho 256 Julho 1.020 Agosto 614 Setembro 468 Outubro 424 Novembro 870 Dezembro 244 Média 695 DQO: demanda química de oxigênio. Fonte: EMBASA (2018b) ) para o cenário DQO−Combinado.

Tabela 5
Parâmetos da análise de sensibilidade das estimativas de emissão de metano e óxido nitroso.

RESULTADOS

Desempenho energético

A demanda energética do SES-FSA foi 5,12 MJ·m−3 com base na média ponderada de 5,48 MJ·m−3 do SES-Subaé, 4,91 MJ·m−3 do SES-Jacuípe I e 5,10 MJ·m−3 do SES-Jacuípe II (Figura 2). A maior contribuição da demanda energética do SES-FSA foi o uso da eletricidade com 62%, seguido do uso de diesel em equipamentos e veículos com 23% (Apêndice 5 Apêndice 5 Contribuição por fluxo da demanda de energia acumulada de 1 m3 de esgoto coletado e tratado por subsistema do sistema de esgotamento sanitário centralizado de Feira de Santana em MJ·m−3. Parâmetro SES–Subaé SES–Jacuípe I SES–Jacuípe II SES–FSA Coleta Diesel queimado (máquinas na substituição dos condutos) 1,05 × 100 6,32 × 10−1 6,32 × 10−1 7,49 × 10−1 Condutos de PVC (material) 4,76 × 10−1 2,87 × 10−1 2,87 × 10−1 3,40 × 10−1 PVC (extrusão) 6,21 × 10−2 3,75 × 10−2 3,75 × 10−2 4,44 × 10−2 Transporte condutos 2,47 × 10−3 1,49 × 10−3 1,49 × 10−3 1,76 × 10−3 Areia (leito dos tubos) 9,99 × 10−2 6,03 × 10−2 6,03 × 10−2 7,13 × 10−2 Asfalto Areia 1,90 × 10−2 1,15 × 10−2 1,15 × 10−2 1,36 × 10−2 Brita 9,51 × 10−3 5,74 × 10−3 5,74 × 10−3 6,79 × 10−3 Betume 4,06 × 10−1 2,45 × 10−1 2,45 × 10−1 2,90 × 10−1 Diesel queimado 6,20 × 10−2 3,74 × 10−2 3,74 × 10−2 4,43 × 10−2 Eletricidade (EEE) 1,66 × 100 5,41 × 10−1 4,60 × 10−1 8,30 × 10−1 Diesel queimado (equipamentos e veículos) 3,47 × 10−1 3,47 × 10−1 3,47 × 10−1 3,47 × 10−1 TOTAL PARCIAL 4,19 × 100 2,21 × 100 2,12 × 100 2,74 × 100 Tratamento e Disposição Eletricidade (ETE) 1,23 × 100 2,64 × 100 2,91 × 100 2,32 × 100 Diesel queimado (equipamentos e veículos) 6,10 × 10−2 6,11 × 10−2 6,11 × 10−2 6,11 × 10−2 TOTAL PARCIAL 1,29 × 100 2,70 × 100 2,97 × 100 2,39 × 100 TOTAL 5,48 × 100 4,91 × 100 5,10 × 100 5,12 × 100 SES: sistema de esgotamento sanitário; FSA: Feira de Santana; PVC: policloreto de vinila; EEE: estação elevatória de esgoto; ETE: estação de tratamento de esgoto. ). A produção e o transporte dos materiais representaram 15% da demanda energética do SES-FSA. A maior contribuição da demanda energética na substituição da rede de coleta do SES-FSA foi o uso de equipamentos e veículos (14% da DEA total), seguido do conduto de PVC (8 % da DEA total) e pavimento (7% da DEA total). A contribuição do transporte dos condutos na demanda energética do SES-FSA foi desprezível (Apêndice 6 Apêndice 6 Contribuições da demanda de energia acumulada por subsistema do sistema de esgotamento sanitário centralizado de Feira de Santana. Parâmetro SES-Subaé SES-Jacuípe I SES-Jacuípe II SES-FSAa TOTAL (MJ.m3) 5,48 4,91 5,10 5,12 Etapas do SES (%) Coleta 76 45 42 53 Tratamento e disposição 24 55 58 47 Fases do SES (%) Operação 60 73 74 70 Manutenção (substituição dos tubos) 40 27 26 30 Atividades (%) Produção e transporte de materiais 20 13 13 15 Uso de equipamentos e veículos 28 22 21 23 Eletricidade 53 65 66 62 SES: sistema de esgotamento sanitário; FSA: Feira de Santana. a Média ponderada do sistema de esgotamento sanitário centralizado de Feira de Santana. ).

Figura 2
Demanda energética de 1 m3 de esgoto coletado e tratado por subsistema do sistema de esgotamento sanitário centralizado de Feira de Santana.

Quanto às contribuições por etapa do SES-FSA, 53% da demanda energética foi da coleta e 47% do tratamento e disposição. A etapa de coleta do SES-Subaé apresentou contribuição de 76% na demanda energética em razão da maior extensão da rede de coleta e do maior uso de eletricidade das EEE em comparação aos demais SES avaliados. O SES-Subaé atende uma área com o relevo mais acidentado do que o das áreas dos demais SES avaliados, o que resultou em maior potência instalada dos conjuntos motor-bomba das EEE (Apêndice 2 Apêndice 2 Descrição das linhas de recalque e bombas das estações elevarórias de esgoto. SISTEMA Sistema Q (m3·h−1) H (m.c.a.) Pot (CV) LR (m) DNR (mm) Abio (m²) V (m3) TDH (h) At (m²) CCH4 (kg·m−3) A3 PRESIDENTE DUTRA Subaé 396,0 6,5 15,0 450 500 1,57 0,20 0,2 0,20 0,0016 A5 RIO AMAZONAS Subaé 187,2 12,0 12,5 210 300 0,94 0,07 0,1 0,07 0,0016 A6 SÃO LOURENÇO Subaé 16,6 11,5 25,0 400 500 1,57 0,20 4,7 0,20 0,0035 B4 VIETNA Subaé 810,0 6,0 30,0 350 350 1,10 0,10 0,0 0,10 0,0015 D AVIÁRIO Subaé 370,8 37,6 75,0 1.320 500 1,57 0,20 0,7 0,20 0,0018 D4 LAGOA SALGADA Subaé 117,0 8,9 10,0 200 100 0,31 0,01 0,0 0,01 0,0015 D7 LOS PAMPAS Subaé 21,8 36,1 6,5 1.115 100 0,31 0,01 0,4 0,01 0,0023 POJUCA SOLAR SIM Subaé 12,6 13,0 1,5 1.104 100 0,31 0,01 0,7 0,01 0,0029 POJUCA VIVA MAIS MASTER Subaé 21,6 17,2 1,8 133 100 0,31 0,01 0,0 0,01 0,0016 JACUIPE CAMPO DO GADO Jacuípe II 55,0 48,2 30,0 607 100 0,31 0,01 0,1 0,01 0,0017 POJUCA BOM VIVER Jacuípe II 10,8 20,0 3,0 270 250 0,79 0,05 1,2 0,05 0,0025 POJUCA BR116 FEIRA VI Jacuípe II 48,0 28,0 30,0 2827 250 0,79 0,05 2,9 0,05 0,0039 POJUCA CAMINHO 45 Jacuípe II 65,0 15,0 3,0 123 75 0,24 0,00 0,0 0,00 0,0015 POJUCA GEORGE AMÉRICO Jacuípe II 334,8 14,9 50,0 1184 250 0,79 0,05 0,2 0,05 0,0016 POJUCA RUA M Jacuípe II 108,0 16,0 15,0 122 100 0,31 0,01 0,0 0,01 0,0015 POJUCA VIVENDAS DO CAMPO Jacuípe II 80,0 15,0 3,0 552 150 0,47 0,02 0,1 0,02 0,0017 JACUIPE CAMINHO F1 Jacuípe I 356,0 12,9 25,0 561 500 1,57 0,20 0,3 0,20 0,0016 JACUIPE JUSSRA Jacuípe I 1.239,8 12,6 40,0 966 500 1,57 0,20 0,2 0,20 0,0016 JACUIPE RUA F Jacuípe I 60,0 13,2 7,0 227 100 0,31 0,01 0,0 0,01 0,0016 JACUIPE RUA SÔNIA Jacuípe I 20,0 17,0 5,0 277 100 0,31 0,01 0,1 0,01 0,0017 Viveiros I-EEE4 Jacuípe I 87,0 31,0 20,0 NA NA NA NA NA NA NA Viveiros III- EEE5 Jacuípe I 57,0 30,7 15,0 NA NA NA NA NA NA Q: vazão; H: altura manométrica; Pot: potência das bombas das EEE; LR: extensão da linha de recalque; DNR: diâmetro nominal da linha de recalque; Abio: área da parede dos tubos; V: volume da linha de recalque; TDH: tempo de detenção hidráulica, estimado por meio da Equação 2; A: área transversal do tubo; CCH4: concentração de metano nos esgotos, estimada por meio da Equação 3. NA: sem informação disponível. ). No entanto, o SES-Subaé usou menos eletricidade na etapa de tratamento (0,20 kWh·m−3) comparado aos demais SES avaliados, em virtude do seu arranjo tecnológico de menor complexidade, composto de UASB e lagoas (LA e LP). Por outro lado, a maior contribuição da demanda energética do SES-Jacuípe I e do SES-Jacuípe II foi oriunda da etapa de tratamento (55 e 58% da DEA total, respectivamente) em decorrência da demanda de eletricidade do arranjo tecnológico de UASB e LAP (0,42 kWh·m−3 na ETE Jacuípe I e 0,47 kWh·m−3 na ETE Jacuípe II).

Pegada de carbono

A pegada de carbono do SES-FSA foi 4,08 kg CO2eq·m−3, sendo 3,60 kg CO2eq·m−3 do SES-Subaé, 3,86 kg CO2eq·m−3 do SES-Jacuípe I e 4,86 kg CO2eq·m−3 do SES-Jacuípe II (Figura 3). A contribuição das emissões diretas de gases das etapas de coleta, tratamento e disposição do esgoto representou 94% da pegada de carbono do SES-FSA, enquanto das emissões indiretas do uso de eletricidade e diesel representou 5% e do transporte de materiais representou 1% (Apêndice 7 Apêndice 7 Contribuição por fluxo da pegada de carbono de 1 m3 de esgoto coletado e tratado por subsistema do sistema de esgotamento sanitário centralizado de Feira de Santana em kg CO2·m−3. Parâmetro SES-Subaé SES-Jacuípe I SES-Jacuípe II SES-FSA Coleta Diesel queimado (máquinas na substituição dos condutos) 6,71 × 10−2 4,05 × 10−2 4,05 × 10−2 4,79 × 10−2 Condutos de PVC 1,55 × 10−2 9,33 × 10−3 9,33 × 10−3 1,10 × 10−2 Extrusão do PVC 3,62 × 10−3 2,18 × 10−3 2,18 × 10−3 2,58 × 10−3 Transporte condutos 1,43 × 10−4 8,66 × 10−5 8,66 × 10−5 1,02 × 10−4 Areia (leito dos condutos) 6,33 × 10−3 3,82 × 10−3 3,82 × 10−3 4,52 × 10−3 Asfalto Areia 1,20 × 10−3 7,27 × 10−4 7,27 × 10−4 8,59 × 10−4 Brita 6,23 × 10−4 3,76 × 10−4 3,76 × 10−4 4,45 × 10−4 Betume 3,28 × 10−3 1,98 × 10−3 1,98 × 10−3 2,34 × 10−3 Diesel queimado 3,97 × 10−3 2,40 × 10−3 2,40 × 10−3 2,84 × 10−3 Eletricidade (EEE) 6,64 × 10−2 2,17 × 10−2 1,84 × 10−2 3,32 × 10−2 Diesel queimado (equipamentos e veículos) 2,22 × 10−2 2,22 × 10−2 2,22 × 10−2 2,22 × 10−2 Metano para o ar 3,78 × 10−1 2,03 × 10−1 1,44 × 10−1 2,35 × 10−1 TOTAL PARCIAL 5,69 × 10−1 3,08 × 10−1 2,46 × 10−1 3,63 × 10−1 Tratamento e Disposição Eletricidade (ETE) 4,91 × 10−2 1,06 × 10−1 1,16 × 10−1 9,30 × 10−2 Diesel queimado (equipamentos e veículos) 3,91 × 10−3 3,92 × 10−3 3,92 × 10−3 3,92 × 10−3 Metano para o ar (UASB) 2,62 × 100 3,08 × 100 3,61 × 100 3,11 × 100 Metano para o ar (LAP) − 4,70 × 10−2 1,22 × 10−1 5,56 × 10−2 Metano para o ar (LA e LP) 2,66 × 10−1 − − 7,42 × 10−2 Óxido nitroso (LAP) 0,00 × 100 2,12 × 10−1 6,44 × 10−1 2,78 × 10−1 Óxido nitroso da fazenda de lodo para o ar 4,01 × 10−2 4,00 × 10−2 4,00 × 10−2 4,00 × 10−2 Dióxido de carbono fóssil para o ar 5,35 × 10−3 6,29 × 10−3 1,64 × 10−2 8,93 × 10−3 Transporte do lodo 5,75 × 10−4 − − 1,60 × 10−4 Metano para o ar (após a disposição no rio) 6,66 × 10−3 7,83 × 10−3 2,04 × 10−2 1,11 × 10−2 Óxido nitroso para o ar (após a disposição no rio) 4,01 × 10−2 4,00 × 10−2 4,00 × 10−2 4,00 × 10−2 TOTAL PARCIAL 3,03 × 100 3,55 × 100 4,62 × 100 3,71 × 100 TOTAL 3,60 × 100 3,86 × 100 4,86 × 100 4,08 × 100 SES: sistema de esgotamento sanitário; FSA: Feira de Santana; PVC: policloreto de vinila; EEE: estação elevatória de esgoto; ETE: estação de tratamento de esgoto; UASB: upflow anaerobic sludge blanket; LAP: lodo ativado por aeração prolongada; LA: lagoa aerada; LP: lagoa de polimento. ).

Figura 3
Pegada da carbono de 1 m3 de esgoto coletado e tratado por subsistema do sistema de esgotamento sanitário centralizado de Feira de Santana.

As etapas de tratamento e disposição apresentaram a maior contribuição da pegada de carbono dos SES avaliados, com 91% de contribuição para o SES-FSA (Apêndice 8 Apêndice 8 Contribuições de pegada de carbono por subsistema do sistema de esgotamento sanitário centralizado de Feira de Santana. Parâmetro SES-Subaé SES-Jacuípe I SES-Jacuípe II SES-FSAa TOTAL (kg CO2eq/m3) 3,60 3,86 4,86 4,08 Etapas do SES (%) Coleta 16 8 5 9 Tratamento e disposição 84 92 95 91 Fases do SES (%) Operação 97 98 99 98 Manutenção (substituição dos tubos) 3 2 1 2 Atividades (%) Produção e transporte de materiais 1 0 0 1 Uso de equipamentos e veículos 3 2 1 2 Eletricidade 3 3 3 3 Emissões diretas 93 94 95 94 SES: sistema de esgotamento sanitário; FSA: Feira de Santana a Média ponderada do sistema de esgotamento sanitário centralizado de Feira de Santana. ). As emissões diretas de CH4 contribuíram com 80% da pegada de carbono da etapa de tratamento e disposição do SES-FSA, principalmente aquelas do reator UASB (76%), seguidas das emissões diretas de N2O (9%). A contribuição da etapa de coleta representou 9% da pegada de carbono do SES-FSA, sendo a maior contribuição dessa etapa oriunda da emissão de CH4 da linha de recalque (6% do PAG total).

Análise de sensibilidade

A análise de sensibilidade da pegada de carbono considerou cenários de variação de valores dos parâmetros utilizados nas estimativas das emissões diretas de CO2 fóssil, CH4 e N2O (Figura 4). O IPCC−CH4−LA+LP e o IPCC−CH4−LAP apresentaram menor variação da pegada de carbono em razão da menor contribuição do FECH4 nas lagoas de aeração e de polimento e do FECH4 no LAP do SES-FSA. A contribuição representativa do N2O no LAP do SES-FSA resultou em redução de 7% para menor valor de fator de emissão (FE) e aumento de 11% para maior valor FE na pegada de carbono do IPCC−N2O−LAP. O IPCC−CH4−UASB apresentou aumento de 16% na pegada de carbono com o maior valor de FECH4 em virtude de o metano apresentar a maior contribuição na pegada de carbono do SES-FSA e conservou a pegada de carbono com o menor valor de FECH4, pois este corresponde ao valor típico. O ProBio−CH4−UASB apresentou reduções de 23 e 6% na pegada de carbono para o menor e maior valor de FECH4, respectivamente, comparado ao SES-FSA. O IPCC−Combinado apresentou redução de 11% e aumento de 26% na pegada de carbono com uma combinação dos menores e maiores valores de FE, respectivamente, comparado ao SES-FSA. Ademais, a variação da DQO afluente ao longo do ano influenciou a emissão de dióxido de carbono fóssil e metano por m3 de esgoto do SES-FSA. A menor DQO resultou na redução de 21% da pegada de carbono, enquanto a maior DQO resultou no aumento de 24% da pegada de carbono em comparação ao cenário base do SES-FSA.

Figura 4
Análise de sensibilidade da pegada da carbono de 1 m3 de esgoto coletado e tratado do sistema de esgotamento sanitário centralizado de Feira de Santana.

DISCUSSÃO

A comparação dos resultados deste estudo com aqueles da literatura de ACV do SES deve considerar diferenças entre os trabalhos, como a definição de unidade funcional, a fronteira do sistema, a abrangência do inventário e os métodos de impacto. Ademais, as características do esgoto e a configuração do SES influenciam a demanda energética e a pegada de carbono (COROMINAS et al., 2013COROMINAS, L.; FOLEY, J.; GUEST, J.S.; HOSPIDO A.; LARSEN H.F.; MORERA S.; SHAW A. Life cycle assessment applied to wastewater treatment: state of the art. Water research, v. 47, n. 15, p. 5480-5492, 2013. https://doi.org/10.1016/j.watres.2013.06.049
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). Entre as categorias avaliadas em ACV de SES, PAG foi a mais examinada nos estudos (GALLEGO-SCHMID et al., 2019GALLEGO-SCHMID, A.; TARPANI, R.R.Z. Life cycle assessment of wastewater treatment in developing countries: a review. Water research, v. 153, p. 63-79, 2019. https://doi.org/10.1016/j.watres.2019.01.010
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), enquanto alguns avaliaram a demanda energética (Tabela 6).

Tabela 6
Demanda energética e pegada de carbono do sistema de esgotamento sanitário centralizado de Feira de Santana e da literatura relevante.

As maiores demandas energéticas da literatura consultada foram de Xue et al. (2019)Xue, X.; Cashman, S.; Gaglione, A.; Mosley, J.; Weiss, L.; Ma, X.C.; Cashdollar, J.; Garland, J. Holistic analysis of urban water systems in the greater cincinnati region:(1) life cycle assessment and cost implications. Water research X, v. 2, p. 100015, 2019. https://doi.org/10.1016/j.wroa.2018.100015
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, Amores et al. (2013)AMORES, M.J.; MENESES, M.; PASQUALINO, J.; ASSUMPCIÓ, A.; FRANCESC, C. Environmental assessment of urban water cycle on Mediterranean conditions by LCA approach. Journal of Cleaner Production, v. 43, p. 84-92, 2013. https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2012.12.033
https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2012.1...
e Stokes et al.,(2010)STOKES, J.R.; HORVATH, A. Supply-chain environmental effects of wastewater utilities. Environmental Research Letters, v. 5, n. 1, p. 014015, 2010. https://doi.org/10.1088/1748-9326/5/1/014015
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, com as maiores contribuições oriundas do uso de eletricidade e insumos químicos da ETE. Xue et al. (2019)Xue, X.; Cashman, S.; Gaglione, A.; Mosley, J.; Weiss, L.; Ma, X.C.; Cashdollar, J.; Garland, J. Holistic analysis of urban water systems in the greater cincinnati region:(1) life cycle assessment and cost implications. Water research X, v. 2, p. 100015, 2019. https://doi.org/10.1016/j.wroa.2018.100015
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identificaram as maiores contribuições da demanda energética no tanque de aeração da ETE, no bombeamento na ETE e na incineração do lodo de esgoto. Amores et al. (2013)AMORES, M.J.; MENESES, M.; PASQUALINO, J.; ASSUMPCIÓ, A.; FRANCESC, C. Environmental assessment of urban water cycle on Mediterranean conditions by LCA approach. Journal of Cleaner Production, v. 43, p. 84-92, 2013. https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2012.12.033
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designaram a maior contribuição da demanda energética oriunda do uso de eletricidade. Para Stokes et al., (2010)STOKES, J.R.; HORVATH, A. Supply-chain environmental effects of wastewater utilities. Environmental Research Letters, v. 5, n. 1, p. 014015, 2010. https://doi.org/10.1088/1748-9326/5/1/014015
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, o uso da eletricidade e a produção de materiais de construção do SES apresentaram as maiores contribuições na demanda energética.

Singh et al.(2018)SINGH, P.; KANSAL, A. Energy and GHG accounting for wastewater infrastructure. Resources, Conservation and Recycling, v. 128, p. 499-507, 2018. https://doi.org/10.1016/j.resconrec.2016.07.014
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analisaram 35 ETE de diferentes configurações em Delhi, Índia, e a demanda energética do SES variou de 0,50 MJ·m³ a 1,66 MJ·m³. A etapa de coleta de Singh et al. (2018)SINGH, P.; KANSAL, A. Energy and GHG accounting for wastewater infrastructure. Resources, Conservation and Recycling, v. 128, p. 499-507, 2018. https://doi.org/10.1016/j.resconrec.2016.07.014
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apresentou a maior demanda energética comparada à dos demais estudos (Tabela 6), em consequência de áreas com topografia acidentada e pouca concentração de pessoas. A demanda energética da etapa de coleta do SES-Subaé deste estudo foi maior que aquela da etapa de tratamento por conta da maior extensão da rede de coleta por m3 de esgoto coletado, o que requer mais manutenção, e da topografia mais acidentada, o que requer mais eletricidade, em comparação aos demais SES avaliados.

A inclusão dos insumos da construção e da manutenção da infraestrutura nos inventários de ACV de SES foi relevante para as categorias avaliadas neste estudo (Tabela 6). Por exemplo, a inclusão dos processos da base de dados do ecoinvent™ para representar a infraestrutura do SES-FSA aumentou a demanda energética em 36% na coleta e 33% no tratamento. Alguns estudos consideraram apenas o material dos condutos da rede de coleta na implantação, supondo que os demais itens são desprezíveis ou por indisponibilidade dos dados (GALLEGO-SCHMID et al., 2019GALLEGO-SCHMID, A.; TARPANI, R.R.Z. Life cycle assessment of wastewater treatment in developing countries: a review. Water research, v. 153, p. 63-79, 2019. https://doi.org/10.1016/j.watres.2019.01.010
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). No entanto, a reabilitação das vias tanto na fase de manutenção quanto na implantação foi representativa em algumas pesquisas (RISCH et al., 2015RISCH, E.; GUTIERREZ, O.; ROUX, P.; BOUTIN, C.; COROMINAS, L. Life cycle assessment of urban wastewater systems: Quantifying the relative contribution of sewer systems. Water research, v. 77, p. 35-48, 2015. https://doi.org/10.1016/j.watres.2015.03.006
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; MORERA et al., 2016MORERA, S.; REMY, C.; COMAS, J.; COROMINAS, L. Life cycle assessment of construction and renovation of sewer systems using a detailed inventory tool. The International Journal of Life Cycle Assessment, v. 21, n. 8, p. 1121-1133, 2016. https://doi.org/10.1007/s11367-016-1078-9
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). A fase de manutenção representou de 26 a 40% da demanda energética dos SES avaliados neste estudo. Sendo assim, os condutos com maior vida útil devem ser considerados para reduzir a taxa de substituição da rede de coleta e os impactos da fase de manutenção do SES (MORERA et al., 2016MORERA, S.; REMY, C.; COMAS, J.; COROMINAS, L. Life cycle assessment of construction and renovation of sewer systems using a detailed inventory tool. The International Journal of Life Cycle Assessment, v. 21, n. 8, p. 1121-1133, 2016. https://doi.org/10.1007/s11367-016-1078-9
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). A obtenção de dados é um fator limitante para avaliar a infraestrutura em ACV de SES; assim, a operadora do SES deve atualizar e disponibilizar o registro da infraestrutura instalada. Ademais, os dados disponibilizados por fabricantes e fornecedores de materiais, máquinas e equipamentos apoiam a construção do inventário (GEORGIOU et al., 2019GEORGIOU, E.; MARIE RAFFIN, M.; COLQUHOUN, K.; BORRIONA, A.; CAMPOS, L.C. The significance of measuring embodied carbon dioxide equivalent in water sector infrastructure. Journal of Cleaner Production, v. 216, p. 268-276, 2019. https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2019.01.014
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).

A pegada de carbono da maioria dos estudos da literatura consultada apresentou valor menor do que o do SES-FSA (Tabela 6) por causa, principalmente, dos arranjos tecnológicos das ETE. Os reatores anaeróbios presentes nas ETE do SES-FSA, de Lopes et al. (2020)LOPES, T.A.S.; QUEIROZA, L.M.; TORRES, E.A.; KIPERSTOK, A. Low complexity wastewater treatment process in developing countries: A LCA approach to evaluate environmental gains. Science of The Total Environment, v. 720, p. 137593, 2020. https://doi.org/10.1016/j.scitotenv.2020.137593
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e de Lemos et al. (2013)LEMOS, D; DIAS, A.C. GABARRELL, X.; ARROJA, L. Environmental assessment of an urban water system. Journal of Cleaner Production, v. 54, p. 157-165, 2013. https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2013.04.029
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apresentaram as maiores contribuições da pegada de carbono em virtude das emissões de CH4 para a atmosfera. Os reatores UASB são muito utilizados para tratar esgoto em países tropicais, a exemplo do Brasil, graças às suas vantagens de custo e operação. As sedes municipais brasileiras usam reatores anaeróbios em 926 das 2.657 ETE (ANA, 2017AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS (ANA). Atlas esgotos: despoluição de bacias hidrográficas / Agência Nacional de Águas, Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental. Brasília: ANA, 2017.). O fator de emissão dos reatores de lodo ativado (7,5 × 10−3 kg CH4·kg−1 DQO), método de tratamento utilizado na maioria dos estudos da literatura consultada (Tabela 6), é menor do que o dos reatores anaeróbios (valores até 2,0 × 10−1 kg CH4·kg−1 DQO) (BUENDIA et al., 2019aBUENDIA, E.C.; TANABE, K.; KRANJC, A.; BAASANSUREN, J.; FUKUDA, M.; NGARIZE S.; OSAKO, A.; PYROZHENKO, Y.; SHERMANAU, P.; FEDERICI, S. Waste. In: BUENDIA, E.C.; TANABE, K.; KRANJC, A.; JAMSRANJAV, B.; FUKUDA, M.; NGARIZE, S.; OSAKO, A.; PYROZHENKO, Y.; SHERMANAU, P.; FEDERICI, S. (ed.). Refinement to the 2006 IPCC Guidelines for National Greenhouse Gas Inventories. Switzerland: Intergovernmental Panel on Climate Change, v. 5, 2019a.). No entanto, os reatores de lodo ativado são emissores de N2O (BUONOCORE et al., 2018BUONOCORE, E.; MELLINO, S.; ANGELIS, G.; LIU, G.; ULGIATI, S. Life cycle assessment indicators of urban wastewater and sewage sludge treatment. Ecological indicators, v. 94, parte 3, p. 13-23, 2018. https://doi.org/10.1016/j.ecolind.2016.04.047
https://doi.org/10.1016/j.ecolind.2016.0...
; MAKTABIFARD et al., 2020MAKTABIFARD, M.; ZABOROWSKA, E.; MAKINIA, J. Energy neutrality versus carbon footprint minimization in municipal wastewater treatment plants. Bioresource Technology, v. 300, p. 122647, 2020. https://doi.org/10.1016/j.biortech.2019.122647
https://doi.org/10.1016/j.biortech.2019....
) e intensivos no uso de eletricidade.

A obtenção de parâmetros locais é recomendada para estimar as emissões diretas de CH4 e N2O do SES de modo a reduzir as incertezas da pegada de carbono (BUONOCORE et al., 2018BUONOCORE, E.; MELLINO, S.; ANGELIS, G.; LIU, G.; ULGIATI, S. Life cycle assessment indicators of urban wastewater and sewage sludge treatment. Ecological indicators, v. 94, parte 3, p. 13-23, 2018. https://doi.org/10.1016/j.ecolind.2016.04.047
https://doi.org/10.1016/j.ecolind.2016.0...
; MAKTABIFARD et al., 2020MAKTABIFARD, M.; ZABOROWSKA, E.; MAKINIA, J. Energy neutrality versus carbon footprint minimization in municipal wastewater treatment plants. Bioresource Technology, v. 300, p. 122647, 2020. https://doi.org/10.1016/j.biortech.2019.122647
https://doi.org/10.1016/j.biortech.2019....
). A emissão direta de gases depende de condições locais, portanto o uso de parâmetros genéricos ou de regiões distintas do estudo aumenta a incerteza na tomada de decisão. A metodologia utilizada no software ProBio (POSSETTI et al., 2015POSSETTI, G.R.C.; CHERNICHARO, C.A.L. ProBio: Programa de estimativa de produção de biogás em reatores UASB. Versão 1.0. 2015. Disponível em: https://cetesb.sp.gov.br/biogas/softwares/. Acesso em: 07 maio 2020.
https://cetesb.sp.gov.br/biogas/software...
), baseada nas condições climáticas do Brasil, aumenta a representatividade da estimativa de CH4 de reatores UASB. A estimativa do metano da UASB com o ProBio reduziu a pegada de carbono do SES-FSA, indicando que a metodologia do Buendia et al. (2019a)BUENDIA, E.C.; TANABE, K.; KRANJC, A.; BAASANSUREN, J.; FUKUDA, M.; NGARIZE S.; OSAKO, A.; PYROZHENKO, Y.; SHERMANAU, P.; FEDERICI, S. Waste. In: BUENDIA, E.C.; TANABE, K.; KRANJC, A.; JAMSRANJAV, B.; FUKUDA, M.; NGARIZE, S.; OSAKO, A.; PYROZHENKO, Y.; SHERMANAU, P.; FEDERICI, S. (ed.). Refinement to the 2006 IPCC Guidelines for National Greenhouse Gas Inventories. Switzerland: Intergovernmental Panel on Climate Change, v. 5, 2019a. superestimou as emissões de metano para as condições brasileiras.

A maior contribuição da pegada de carbono em alguns estudos de SES foi o uso de eletricidade, principalmente na ETE (LIMPHITAKPHONG et al., 2016LIMPHITAKPHONG, N.; PHARINO, C.; KANCHANAPIYA, P. Environmental impact assessment of centralized municipal wastewater management in Thailand. The International Journal of Life Cycle Assessment, v. 21, n. 12, p. 1789-1798, 2016. https://doi.org/10.1007/s11367-016-1130-9
https://doi.org/10.1007/s11367-016-1130-...
; LEMOS et al., 2013LEMOS, D; DIAS, A.C. GABARRELL, X.; ARROJA, L. Environmental assessment of an urban water system. Journal of Cleaner Production, v. 54, p. 157-165, 2013. https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2013.04.029
https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2013.0...
; FRIEDRICH et al., 2009FRIEDRICH, E.; PILLAY, S.; BUCKLEY, C.A. Carbon footprint analysis for increasing water supply and sanitation in South Africa: a case study. Journal of Cleaner Production, v. 17, n. 1, p. 1-12, 2009. https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2008.03.004
https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2008.0...
). Nesta investigação, a eletricidade contribuiu com 3% da pegada de carbono dos SES avaliados em razão, principalmente, das fontes energéticas da matriz elétrica brasileira, com a sua maior parcela oriunda de hidrelétrica (65,2%) (EPE, 2018EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA (EPE). Relatório síntese, ano base 2017. Rio de Janeiro: EPE, 2018. Disponível em https://www.epe.gov.br/sites-pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/PublicacoesArquivos/publicacao-46/topico-81/S%C3%ADntese%20do%20Relat%C3%B3rio%20Final_2017_Web.pdf. Acesso em: 1 jul. 2020.
https://www.epe.gov.br/sites-pt/publicac...
). A matriz elétrica brasileira apresentou pegada de carbono menor que aquela de Tailândia, Portugal e África do Sul (EPE, 2018EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA (EPE). Relatório síntese, ano base 2017. Rio de Janeiro: EPE, 2018. Disponível em https://www.epe.gov.br/sites-pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/PublicacoesArquivos/publicacao-46/topico-81/S%C3%ADntese%20do%20Relat%C3%B3rio%20Final_2017_Web.pdf. Acesso em: 1 jul. 2020.
https://www.epe.gov.br/sites-pt/publicac...
).

As projeções de aumento da população, mudança no padrão de consumo e severidade das mudanças climáticas demandam mais infraestrutura, principalmente em serviços essenciais como o esgotamento sanitário. De acordo com a pegada de carbono deste estudo, a emissão per capita do SES-FSA foi de 137,2 kg CO2eq·(hab.ano)−1, considerando-se a geração média diária de esgoto de 93 m³. Segundo o relatório do Observatório do Clima (SEEG, 2019SISTEMA DE ESTIMATIVAS DE EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA (SEEG). Analise das emissões de gases de efeito estufa e suas implicações para as metas do Brasil – 1970-2018. Brasília: SEEG, 2019.), a pegada de carbono per capita do setor de esgotamento sanitário doméstico representou 1% das emissões totais de GEE brasileiras, em média, em 2018. Para limitar o aquecimento global a 1,5 °C até 2050 e garantir uma sociedade mais sustentável e equitativa, as emissões de GEE devem ser restritas a 1,5 Mg CO2eq·(hab.ano)−1 (IPCC, 2019cINTERGOVERNMENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE (IPCC). Special report on global warming of 1.5 C (SR15). Nova York: IPCC, 2019c.). Dessa forma, a pegada de carbono per capita deve ser restrita a 16,7 kg CO2eq·(hab.ano)−1 para o setor de esgotamento sanitário doméstico manter o mesmo percentual de contribuição e limitar o aquecimento global a 1,5 °C. Sendo assim, a meta de redução de 88% da pegada de carbono do SES-FSA exige mudanças tecnológicas e gerenciais de oferta e demanda dos serviços de esgotamento sanitário de forma rápida, significativa e sem precedentes.

A recuperação energética na ETE é uma solução possível de redução da pegada de carbono (MAKTABIFARD et al., 2020MAKTABIFARD, M.; ZABOROWSKA, E.; MAKINIA, J. Energy neutrality versus carbon footprint minimization in municipal wastewater treatment plants. Bioresource Technology, v. 300, p. 122647, 2020. https://doi.org/10.1016/j.biortech.2019.122647
https://doi.org/10.1016/j.biortech.2019....
; SINGH et al., 2018SINGH, P.; KANSAL, A. Energy and GHG accounting for wastewater infrastructure. Resources, Conservation and Recycling, v. 128, p. 499-507, 2018. https://doi.org/10.1016/j.resconrec.2016.07.014
https://doi.org/10.1016/j.resconrec.2016...
) e demanda energética (STOKES et al., 2010STOKES, J.R.; HORVATH, A. Supply-chain environmental effects of wastewater utilities. Environmental Research Letters, v. 5, n. 1, p. 014015, 2010. https://doi.org/10.1088/1748-9326/5/1/014015
https://doi.org/10.1088/1748-9326/5/1/01...
). A recuperação energética do biogás reduziu 87% da pegada de carbono e 64% da demanda energética do SES comparada à queima do biogás no flare (STOKES et al., 2010STOKES, J.R.; HORVATH, A. Supply-chain environmental effects of wastewater utilities. Environmental Research Letters, v. 5, n. 1, p. 014015, 2010. https://doi.org/10.1088/1748-9326/5/1/014015
https://doi.org/10.1088/1748-9326/5/1/01...
). A recuperação energética reduz as emissões diretas de CH4 da ETE e as emissões de GEE da produção e uso de energia (MAKTABIFARD et al., 2020MAKTABIFARD, M.; ZABOROWSKA, E.; MAKINIA, J. Energy neutrality versus carbon footprint minimization in municipal wastewater treatment plants. Bioresource Technology, v. 300, p. 122647, 2020. https://doi.org/10.1016/j.biortech.2019.122647
https://doi.org/10.1016/j.biortech.2019....
).

CONCLUSÕES

Os países em desenvolvimento precisam alcançar maiores índices de cobertura do esgotamento sanitário. A ampliação e o gerenciamento do esgotamento sanitário devem considerar o desempenho energético e ambiental para apoiar as decisões mais sustentáveis. A ACV do sistema de esgotamento sanitário centralizado deste estudo (SES-FSA), com três arranjos tecnológicos de ETE, mostraram que:

  • a maior contribuição da demanda energética do SES-FSA foi da etapa de coleta (53%) por causa do uso de diesel em máquinas, equipamentos e veículos, seguido da produção e do transporte de materiais e uso da eletricidade;

  • a fase de manutenção, com a substituição da rede de coleta, foi relevante na demanda energética e deve ser considerada em estudos de ACV de SES, uma vez que essa fase demanda insumos intensivos em energia, como o diesel e PVC dos condutos;

  • a etapa de tratamento representou 47% da demanda energética do SES-FSA, em que a maior contribuição foi o uso de eletricidade;

  • as emissões diretas de gases de efeito estufa do SES-FSA representaram 94% da pegada de carbono, em que a maior contribuição foi da emissão de metano do reator UASB (76%). Por conseguinte, a coleta do biogás contribui na mitigação da pegada de carbono com potencial de aproveitamento energético;

  • o uso majoritário de fontes renováveis na matriz elétrica brasileira resultou na pequena contribuição da eletricidade na pegada de carbono do SES-FSA. No entanto, deve-se considerar a otimização do desempenho energético do SES-FSA por meio da redução da demanda de energia e da recuperação dos recursos energéticos.

Recomenda-se comparar o sistema de esgotamento sanitário centralizado com aquele descentralizado da cidade em estudo para verificar a influência do porte da rede de coleta e da ETE no desempenho energético e ambiental. Ademais, deve-se considerar a avaliação de cenários de prevenção da poluição e de recuperação de recursos do esgoto doméstico.

  • Financiamento: CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) [88882.447874/2019-01].
  • Reg. ABES: 20200325
  • 1
    O sistema de produto é um “conjunto de unidades de processo, conectadas material e energeticamente, que realiza uma ou mais funções definidas” de acordo com a NBR ISO 14040 (ABNT, 2009aASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR ISO 14040: Gestão ambiental – avaliação do ciclo de vida – princípios e estrutura. Rio de Janeiro, 2009a.).
  • 2
    O inventário de primeiro plano considerou as etapas e processos do SES avaliado (Figura 1), enquanto o inventário de segundo plano considerou os processos da base de dados (Tabela 4) conforme descrito por IBICT (2014)INSTITUTO BRASILEIRO DE INFORMAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA (IBICT). Manual do sistema ILCD: sistema internacional de referência de dados do ciclo de vida de produtos e processos. Brasília: IBICT, 2014. 319 p. Tradução de: Luiz Marcos Vasconcelos..

AGRADECIMENTOS

Agradecemos à CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) pela bolsa concedida a primeira autora durante mestrado [88882.447874/2019-01].

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Apêndice 1


Esquema da área transversal da vala para a substituição dos condutos da rede de coleta do SES-FSA centralizado (valores em metro).

Apêndice 2


Descrição das linhas de recalque e bombas das estações elevarórias de esgoto.

Apêndice 3


Balanço de demanda química de oxigênio do reator upflow anaerobic sludge blanket com o cenário típico do ProBio 1.0.

Apêndice 4


Variação da carga orgânica afluente do sistema de esgotamento sanitário centralizado de Feira de Santana em 2017.

Apêndice 5


Contribuição por fluxo da demanda de energia acumulada de 1 m3 de esgoto coletado e tratado por subsistema do sistema de esgotamento sanitário centralizado de Feira de Santana em MJ·m−3.

Apêndice 6


Contribuições da demanda de energia acumulada por subsistema do sistema de esgotamento sanitário centralizado de Feira de Santana.

Apêndice 7


Contribuição por fluxo da pegada de carbono de 1 m3 de esgoto coletado e tratado por subsistema do sistema de esgotamento sanitário centralizado de Feira de Santana em kg CO2·m−3.

Apêndice 8


Contribuições de pegada de carbono por subsistema do sistema de esgotamento sanitário centralizado de Feira de Santana.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    25 Mar 2022
  • Data do Fascículo
    Jan-Feb 2022

Histórico

  • Recebido
    09 Jun 2020
  • Aceito
    04 Set 2021
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