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Como avaliar o colo uterino numa ultra-sonografia obstétrica?

À beira do leito

Obstetrícia

COMO AVALIAR O COLO UTERINO NUMA ULTRA-SONOGRAFIA OBSTÉTRICA?

A avaliação do colo uterino, nos últimos anos, deixou de ser uma curiosidade para tornar-se um parâmetro de avaliação importante durante a ultra-sonografia obstétrica de rotina ou morfológica no pré-natal. Vários foram os motivos que levaram a um incremento na importância do método, entre eles: a evolução tecnológica dos aparelhos de ultra-sonografia com desenvolvimento de sondas transvaginais e a maior familiaridade dos médicos e pacientes com o exame, diminuindo o preconceito e os tabus em relação ao uso dessas sondas durante a gestação em relação a abortamentos e sangramentos. O surgimento de diversos estudos relacionando o comprimento do colo uterino na ultra-sonografia transvaginal durante a gestação com a predição do parto prematuro, também contribuiu para universalização do método. O parto prematuro é a principal causa de morbimortalidade pós-natal. A taxa de partos prematuros espontâneos tem se mantido estável ao longo das três últimas décadas, variando de 5,9% a 10,7%. A dificuldade na identificação de gestantes com risco elevado para o parto prematuro e a falta de um método terapêutico realmente eficaz para sua inibição são os dois principais motivos para as altas taxas de prematuridade. A ultra-sonografia transvaginal surgiu, então, como o melhor e mais fácil método para rastreamento do parto prematuro grave (aquele com idade gestacional inferior a 33 semanas). O método pode ser aplicado na população de alto ou baixo - risco, sintomáticas ou assintomáticas. A melhor época para realização do exame é de 22 a 24 semanas de gestação, que também hoje é considerada a melhor época para realização da ultra-sonografia morfológica fetal, uma vez que tem uma melhor sensibilidade na detecção de malformações fetais de aparecimento mais tardio e maior facilidade na visibilização de várias estruturas fetais, tal como o coração. Desta forma, é preconizada a realização da avaliação do comprimento do colo uterino no momento da ultra-sonografia morfológica. O parâmetro mais importante no exame é o comprimento do colo uterino, medido linearmente do seu orifício interno ao externo. Quanto menor o comprimento, maior o risco para o parto prematuro. O risco torna-se importante quando o colo uterino está medindo menos que 2,0 cm de comprimento, sendo que este risco é muito elevado quando o colo uterino mede 1,5 cm ou menos. As gestantes com colo uterino curto devem ser orientadas quanto às medidas gerais para prevenção do parto prematuro (repouso, abstinência sexual, pesquisa e tratamento de infecção urinária). A circlagem do colo uterino também tem mostrado ser útil com redução de 50% na incidência de partos prematuros graves no grupo de gestantes com colo £ 1,5cm.

MÁRIO HENRIQUE BURLACCHINI DE CARVALHO

Referências

1. Iams JD. Cervical ultrasonography. Ultrasound Obstet Gynecol 1997; 10:156-60.

2. Heath VCF, Southall TR, Elisseou A, Nicolaides KH. Cervical length at 23 weeks of gestation: prediction of spontaneous preterm delivery. Ultrasound Obstet Gynecol 1998; 12:312-17.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    25 Set 2002
  • Data do Fascículo
    Jun 2002
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