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Consenso sobre colpocitologia oncológica

Diretrizes

Ginecologia

CONSENSO SOBRE COLPOCITOLOGIA ONCOLÓGICA

Consenso realizado em Chicago, Illinois, USA (2001)1 abordou inúmeros aspectos sobre a colpocitologia oncológica, destacando-se entre os mais relevantes, o rastreamento, as obrigações do citopatologista em relação ao laudo e outros.

O consenso estabeleceu que o intervalo do rastreamento não deve ser anual e sim entre 2 a 5 anos; recomenda anualmente somente quando fatores de risco para câncer de colo uterino estiverem presentes ou se o último resultado da colpocitologia oncológica mostrar-se alterado, ou seja, lesões de alto ou baixo grau.

Orienta, ainda o consenso, a estimular o citopatologista para sugerir repetições de exames toda vez que anormalidades citológicas forem constatadas, além de sugerir que se utilize uma terminologia uniformizada para nominar os achados citológicos cervicais e para o diagnóstico das lesões. Considerou obrigatória a indicação da colposcopia e biópsia orientada em todos os casos de lesões intraepiteliais cervicais de alto grau ou câncer. O consenso insiste também que nos casos de lesões de alto grau, as mulheres devam ser informadas de forma detalhada (verbal e por escrito).

Comentário

Inequivocamente, a colpocitologia oncológica representa o método de detecção e rastreamento mais apropriado para o câncer de colo uterino e de lesões precursoras; de fato, esse método propedêutico proporcionou redução nas taxas de mortalidade por câncer de colo uterino nos EUA em 70% (no período de 1950-1970) e de 40% (no intervalo de 1970 a 1995), permanecendo estável nos últimos anos; estes resultados norte-americanos diferem expessivamente dos brasileiros, pois infelizmente o Brasil negligenciou a cobertura do rastreamento em todas as regiões do país.

Além da detecção precoce, a colpocitologia oncológica objetiva a monitorização das lesões precursoras no que tange a regressão ou progressão, colaborando na instituição da conduta apropriada, seja na repetição do exame ou na postulação do tratamento.

Os maiores obstáculos para a abordagem das lesões precursoras do câncer de colo uterino no Brasil são as diferentes freqüências com que elas se manifestam nas distintas regiões brasileiras, bem como as peculiaridades socioeconômicas de cada uma e da atuação dos sistemas públicos de saúde locais.

Todos esses fatores reforçam a necessidade de se criar consensos, como este de Chicago e depois atrelá-los a uma política pública que pudesse ser difundida para toda rede de saúde brasileira.

Nos países em desenvolvimento, como no Brasil, há uma enorme preocupação em relação aos exorbitantes custos dos tratamentos oncológicos; por isso, uma política nacional de saúde objetivando o rastreamento e detecção precoce de câncer do colo uterino, sem dúvida nenhuma, permitirá que esta afecção seja impedida de ceifar vidas de mulheres brasileiras em plena fase reprodutiva e produtiva. Assim, concordamos com o consenso de Chicago que postula a realização da colpocitologia oncológica a cada 2 a 5 anos em condições normais.

Consensos como o de Chicago devem ser estimulados, porque permitem o diagnóstico precoce, favorecendo o tratamento conservador e uma melhor qualidade de vida para as mulheres; permite, também, uma monitorização das lesões precursoras e impediria a realização indiscriminada e inoportuna de exames que causam expressivos custos para os serviços de saúde.

JOSÉ MENDES ALDRIGHI

ISRAEL NUNES ALECRIN

Referências

1. Vass L, Herbert A, Montanari G, Naryshkin S, Saraiya UB, Smith JH. Obrigations to provide appropriate patient management. Acta Cytol 2001; 45:502-8.

2. Ries LA, Kosary CL, Hankey BF, et al., editors. SEER Cancer Statistic Review 1973-1995. Bethesda: National Cancer Institute, 1998.

3. Beneder JL, Anderson MB, Matisic JP. A comprehensive Program for cervical cancer detection and management. Am J Obstet Gynecol 1992; 166:1254-59.

4. Celentano DD, Klassen AC, Weisman CS, Klassen AC, Weisman CS, Rosenshein NB. Druation of relative protection of screening for cervical cancer. Preventive Med 1989; 18:411-22.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    26 Ago 2002
  • Data do Fascículo
    Mar 2002
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