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Olhos na América: Uma leitura dos relatórios de C. Hippeau

Eyes in America: a reading over C. Hippeau's written reports

Resumos

Ao examinar o conjunto de relatórios sobre instrução pública redigidos por Hippeau, entre 1869 e 1881, centrei-me no exame do que foi importado, traduzido, lido e apropriado no Brasil oitocentista, o que tornou possível problematízar a hipótese da exclusividade de transplantação do modelo europeu para o Brasil, como também permitiu trabalhar com a hipótese de que associada ao rigor, detalhamento e exatidão dos relatórios, neles há um efetivo programa para a educação escolar. Tal programa é decalcado do modelo americano, representado como palco de realizações espetaculares na área da educação, espetáculo traduzível nos eixos tomados como fundamento e signo do progresso e da modernidade pedagógica (liberdade, gratuidade, obrigatoriedade, secularização e higienízação), núcleos da nova civilização que se desejava construir, legitimar e difundir; a civilização norte-americana.

história da educação; educação no século XIX; Hippeau


I examined the papers collection about public education written by Hippeau, between 1869 and 1881. My focus was on the exam of what was imported, translated, read and appropriated to Brazil at that time. This way of analysis made possible my working up on the hypothesis of exclusivity of European education model transplantation to Brazil, at the same time, this way allowed us to deal with the hypothesis that there is an effective program into school education in the papers, when we pay attention to the rigor, detail and exactitude of the material. The mentioned program is copied from the American model, which is represented as a stage of spectacular conquests in the education area, a spectacle translatable into the fundamental axis of progress and pedagogical modernity (liberty, freed, obligatorily, secularization and hygiene), axis of the new civilization that people desired to build, legitimize and diffuse: the North American civilization.

history of education; education in the XIX century; Hippeau


ARTIGOS DE DEMANDA CONTÍNUA

Olhos na América. Uma leitura dos relatórios de C. Hippeau* * Uma versão desse trabalho foi apresentada no GT de História da Educação durante a 24ª. reunião anual da ANPEd, ocorrida em Caxambu-MG, em outubro de 2001. 1 Procedimento que, também à época, foi objeto de controvérsias, como deixa claro o Professor FRAZÃO (1864), ao criticar a tentativa de se copiar as medidas educacionais implementadas na França, tida, então, como " mestra das nações", ou ainda " pharol da civilisação moderna". 2 Trata-se de Celéstin Hippeau, professor honorário da Faculdade de Paris e Secretário do Comitê de Trabalhos Históricos e das Sociedades Científicas, que defende o modelo do liberalismo americano e, consequentemente, o modelo escolar em vigor nos EUA. 3 Cf. HIPPEAU, 1879. Outros dados biográficos e um estudo acerca de sua circulação no Brasil podem ser encontrados no trabalho de BASTOS (2001) 4 Cf. HIPPEAU, 1871, 1872, 1873, 1874a, 1874b, 1875, 1879 e 1881. 5 No prefácio para tradução inglesa de sua obra, assinala que escrevera para o público sueco, onde o conhecimento sobre o que se passava nos Estados Unidos era reduzido, diferente do que supunha ocorrer na Inglaterra, a partir do que acentua que a educação popular nos EUA constituía-se em uma questão da nação e não de poucos filantropos, pensadores e legisladores, fazendo parte da vida nacional, o que, na Europa, segundo ele até então tinha produzido resultados medíocres. 6 Hippeau também faz referência ao reverendo inglês FRAZER (1867), sendo que não foi possivel localizar um exemplar dessa obra até a presente data. 7 Adota-se essa sigla para se fazer referência aos Estados Unidos, embora seu uso não fosse corrente no século XIX. 8 Natural de Diamantina, Província de Minas Gerais, filho legítimo de João da Matta Machado e D. Amelia Senhorinha Caldeira da Matta, sustentou sua these em 15 de outubro de 1874, tendo sido " sustentada" em 15 de dezembro desse mesmo ano na presença de S. M. o Imperador, como encontra-se assinalado na capa, tendo sido "aprovada com distinção" e publicada em 1875. 9 O "Diario Official do Imperio do Brasil" era subscrito para a Corte e para a cidade de Niterói, impresso na Tipografia Nacional. A subscrição para as Províncias deveriam ser feitas nas Tesourarias da Fazenda, a três mil réis por trimestre, pagos adiantadamente. As assinaturas poderiam ser recebidas no início de qualquer mês, terminando sempre no fim de março, julho, setembro ou dezembro e nunca por menos de três meses. Cada número avulso custava 200 réis. (Preço e condições referentes ao ano de 1871). 10 Igual procedimento foi adotado no caso do relatório sobre a educação na Inglaterra, também traduzido e publicado no Diário Official do Império, entre 8 e 12 de janeiro de 1874. 11 O acesso ao relatório na forma de livro devo à gentileza do Professor Luciano M. Faria Filho. 12 "C'est en raison de l'éducation qu'il reçoit ou qu'il se donne qu'un peuple est capable de maîtriser sa destinée, de se gouverner et de se montrer ainsi digne d'être libre, ou qu'il est condamnée à manquer d'iniciative et à n'avoir d'autre souci que le choix des maîtres qui se disputent l'honneur de penser et d'agir pour lui." (Hippeau - Instruction Publique aux États-Unis). 13 É nesta parte que também se localiza uma seção na qual são publicados anúncios, dentre eles os de colégios e aulas particulares. No conjunto, o jornal apresenta quatro páginas. 14 No que se refere ao livro como um todo, o anexo 1 ajuda a perceber como o mesmo foi estruturado. Aqui, fica o limite de trabalhar com os aspectos dispostos na introdução. 15 Refere-se à Guerra de Secessão norte-americana (1861-1865). 16 Sendo assim, o Município, o Condado e o Estado seriam os três focos de ação pública e, nestes diferentes níveis, fariam movê-la, lembrando que, em geral, os municípios só se sujeitavam ao Estado quando havia um interesse social e, nos outros aspectos que só a eles pertenciam, conservavam-se corpos independentes, não reconhecendo ao Estado o direito de intervir nos interesses puramente municipais. 17 Para demonstrar a tradição norte-americana neste aspecto, recorre à história: "Cumpre remontar até 1642, vinte annos depois que os peregrinos, Pilgrims Fathers, desembarcaram do May-Flower, na bahia de Massachussetts, para achar a idéa da fundação das escolas publicas gratuitas. A legislatura do Estado, cinco annos depois, em 1647 (a população dos Estado de Massachussetts, que era naquelle tempo de 21.000 almas, contava em 1860, 1.231.006), estabeleceu uma lei ordenando que cada município ou township, contendo cincoenta familias, seria obrigado a manter um mestre, encarregado a ensinar a ler, escrever a todos os meninos da localidade; que cada township que tivesse cem familias; tivesse uma escola de grammatica, cujos alumnos serião preparados, por mestres capazes, para seguirem os estudos universitarios. Impuzerão-se multas aos infractores desta lei, sujeitos a formalidades, que augmentavão com o progresso da população. Todos os Estados seguirão o mesmo exemplo; o circulo dos estudos foi crescendo pouco a pouco até chegar ás vastas proporções que hoje apresenta a organisação da educação publica nas diversas partes da união." ( Diario Official do Imperio do Brasil, 1871) 18 Na América, os estudantes, em nível secundário, eram exercitados no trabalho de tradução dos principais escritores nas duas línguas, fazendo com que tivessem maior proveito nos estudos literários, filosóficos e científicos, visto que os escolhiam livremente, com um fim determinado e com a intenção de os acabar nas faculdades que se seguiam ao ensino dos colégios, como estes seguem às escolas públicas 19 "Os americanos applicão à fundação e conservação dellas quantias consideraveis, e é certo que nenhuma nação do mundo possue um systema de estudos mais solidamente constituido e mais largamente retribuido" (HIPPEAU, 1871) 20 "Com os cursos de theologia, sciencias, letras, direito, medicina, escolas especiaes para o ensino de agricultura, artes mecanicas, bellas artes, engenharia civil e militar, assim como a escola naval de Annapolis e a escola militar de Westpoint voltadas para a formação de oficiais da marinha e do exército". (HIPPEAU, 1871) 21 Em nota de rodapé, conta um que um dia, andando pelas ruas de Nova Iorque, aproximou-se de uma pobre velha que lia um livro, ao mesmo tempo em que vendia objetos de pequeno valor. Chegando mais perto, reconheceu que o livro que a pobre velha tinha em mãos era uma "colleção de Longfellow", fato que sustentava a tese da disseminação indiferenciada dos hábitos de leitura na jovem nação americana. 22 Para SCHWARCZ (1998) este é o período em que se inicia a fase de maior popularidade do monarca. 23 Cf. CARVALHO (1996), FAUSTO (1996), HOLANDA (1977), IGLÉSIAS (1995), MATTOS (1994) e VIANNA (1925). 24 Para HOLANDA (1977) a rotação dos gabinetes constituía-se em uma estratégia do Imperador visando assegurar a estabilidade do regime, fazendo-o "animar ora esta, ora aquela opinião, ao sabor das circunstâncias, sem se deixar envolver por nenhuma". Este procedimento faz emergir algumas contradições que, segundo este autor, o Imperador "não quer ver, sobretudo não gosta que outros o vejam". Assim sendo, D. Pedro II insiste na sua difícil jardinagem, aparando galhos que sobressaem demais, podando frondosidades incômodas, ou impedindo que se alastrem ervas daninhas, metaforiza HOLANDA (1977, p. 16). O exercício do poder como uma jardinagem é que explicaria a rotação caprichosa dos governos, aspecto que auxiliaria no enfraquecimento do regime, mais do que na sua estabilização. 25 Cf. HAIDAR (1971, p. 81) 26 Cf. HOLANDA (1977). 27 A obrigatoriedade do ensino constituiu-se em uma questão polêmica pondo, de um lado, aqueles que defendiam o indivíduo contra uma intromissão indevida do Estado na esfera das decisões privadas; de outro, encontravam-se aqueles que viam no ato de obrigatoriedade a possibilidade de instruir e civilizar. Tal polêmica também foi registrada pelo Ministro dos Negócios do Império, Carlos Leôncio de Carvalho, ao discutir o problema da Instrução Primária. (Cf. Relatório do Ministro dos Negócios do Império, 1879).

Eyes in America: a reading over C. Hippeau's written reports

José Gonçalves Gondra

Professor Adjunto na Universidade do Estado do Rio de Janeiro e membro do Núcleo de Ensino e Pesquisa em História da Educação (NEPHE-UERJ) e do Grupo Educação, História e Modernidade (GEHM)

RESUMO

Ao examinar o conjunto de relatórios sobre instrução pública redigidos por Hippeau, entre 1869 e 1881, centrei-me no exame do que foi importado, traduzido, lido e apropriado no Brasil oitocentista, o que tornou possível problematízar a hipótese da exclusividade de transplantação do modelo europeu para o Brasil, como também permitiu trabalhar com a hipótese de que associada ao rigor, detalhamento e exatidão dos relatórios, neles há um efetivo programa para a educação escolar. Tal programa é decalcado do modelo americano, representado como palco de realizações espetaculares na área da educação, espetáculo traduzível nos eixos tomados como fundamento e signo do progresso e da modernidade pedagógica (liberdade, gratuidade, obrigatoriedade, secularização e higienízação), núcleos da nova civilização que se desejava construir, legitimar e difundir; a civilização norte-americana.

Palavras-chave: história da educação, educação no século XIX, Hippeau.

ABSTRACT

I examined the papers collection about public education written by Hippeau, between 1869 and 1881. My focus was on the exam of what was imported, translated, read and appropriated to Brazil at that time. This way of analysis made possible my working up on the hypothesis of exclusivity of European education model transplantation to Brazil, at the same time, this way allowed us to deal with the hypothesis that there is an effective program into school education in the papers, when we pay attention to the rigor, detail and exactitude of the material. The mentioned program is copied from the American model, which is represented as a stage of spectacular conquests in the education area, a spectacle translatable into the fundamental axis of progress and pedagogical modernity (liberty, freed, obligatorily, secularization and hygiene), axis of the new civilization that people desired to build, legitimize and diffuse: the North American civilization.

Key-words: history of education, education in the XIX century, Hippeau.

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

Texto recebido em 20 nov. 2001

Texto aprovado em 18 dez. 2002

ANEXO ANEXO

  • BRASIL. Relatório do Ministro e Secretário de Estado dos Negócios do Império (Conselheiro Carlos Leôncio de Carvalho). Rio de Janeiro: Typografia Oficial, 1878.
  • BASTOS, M. H. C. Leituras da ilustração brasileira: Célestin Hippeau (1803-1808). In: ENCONRO DA ASSOCIAÇÃO SUL-RIOGRANDENSE DE PESQUISADORES EM HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO, 7., 2001, Pelotas. Anais... Pelotas: Editora da UFPEL, 2001.
  • FRAZÃO, M. J. P. Cartas do professor da roça Rio de Janeiro: Typographia Paula Brito, 1864.
  • CARVALHO, J. M. A construção da ordem: a elite política imperial e teatro de sombras - a política imperial. Rio de Janeiro: EDUFRJ/Relume Dumará, 1996.
  • FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: Edusp/FDE, 1996.
  • HAIDAR, M. L. M. O ensino secundário no império brasileiro. São Paulo: Edusp/ Grijalbo, 1972.
  • HIPPEAU, C. A instrução pública nos Estados Unidos - escolas públicas, collegios, universidades, escolas especiaes. Rio de Janeiro: Typographia Nacional, 1871.
  • ______. A instrução pública nos Estados Unidos - Escolas públicas, collegios, universidades, escolas especiaes. Diário Official do Imperio do Brasil Rio de Janeiro: Typographia Nacional, 1871.
  • ______. L'Instruction publique aux États-Unis 2. ed. Paris: Didier, 1872.
  • ______. L'Instruction publique en Allemagne Paris: Didier, 1873.
  • ______. L'Instruction publique en Angleterre Paris: Didier, 1874.
  • ______. A instrução pública na Inglaterra. Diário Official do Imperio do Brasil. Rio de Janeiro: Tipographia Nacional, 1874.
  • ______. L'Instruction publique en Italie Paris: Didier, 1875.
  • ______. L'Instruction publique en Russie Paris: Didier, 1878.
  • ______. L'Instruction publique dans l'Amérique du Sud (République Argentine) - einseignement primaire einseignement secondaire, einseignement superieur. Paris: Didier, 1879.
  • ______. L'Instruction publique en France pendant la révolution, discours et rapports de Mirabeau, Talleyrand-Périgord, Condorcet, Lanthenas, Pomme Le Pelletier, Saint-Fargeau, Calès, Lakand, Daunou et Fourcroy,e.... Paris: Didier, 1881.
  • HOLANDA, S. B. O Brasil monárquico - do império à república. Rio de Janeiro: Difel, 1977. Tomo II, v. 5.
  • IGLÉSIAS, F. Trajetória política do Brasil (1500-1964). São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
  • MACHADO, J. M. Educação physica, moral e intellectual da mocidade no Rio de Janeiro e da sua influência sobre a saúde Rio de Janeiro: Typographia de G. Leuzinger, 1875.
  • MATTOS, I. R. O tempo Saquarema - a formação do estado imperial. Rio de Janeiro: Access, 1994.
  • SILJESTRÖM, P. A. The educational institution of the United States, their caracter and organization. Traduction from the Swedish by Frederic Rowan. London: John Chapman, 1853.
  • SCHWARCZ, L. M. As barbas do imperador - Dom Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
  • VIANNA, O. O occaso do imperio. São Paulo: Melhoramentos, 1925.

ANEXO

  • *
    Uma versão desse trabalho foi apresentada no GT de História da Educação durante a 24ª. reunião anual da ANPEd, ocorrida em Caxambu-MG, em outubro de 2001.
    1 Procedimento que, também à época, foi objeto de controvérsias, como deixa claro o Professor FRAZÃO (1864), ao criticar a tentativa de se copiar as medidas educacionais implementadas na França, tida, então, como "
    mestra das nações", ou ainda "
    pharol da civilisação moderna".
    2 Trata-se de Celéstin Hippeau, professor honorário da Faculdade de Paris e Secretário do Comitê de Trabalhos Históricos e das Sociedades Científicas, que defende o modelo do liberalismo americano e, consequentemente, o modelo escolar em vigor nos EUA.
    3 Cf. HIPPEAU, 1879. Outros dados biográficos e um estudo acerca de sua circulação no Brasil podem ser encontrados no trabalho de BASTOS (2001)
    4 Cf. HIPPEAU, 1871, 1872, 1873, 1874a, 1874b, 1875, 1879 e 1881.
    5 No prefácio para tradução inglesa de sua obra, assinala que escrevera para o público sueco, onde o conhecimento sobre o que se passava nos Estados Unidos era reduzido, diferente do que supunha ocorrer na Inglaterra, a partir do que acentua que a educação popular nos EUA constituía-se em uma questão da nação e não de poucos filantropos, pensadores e legisladores, fazendo parte da vida nacional, o que, na Europa, segundo ele até então tinha produzido resultados medíocres.
    6 Hippeau também faz referência ao reverendo inglês FRAZER (1867), sendo que não foi possivel localizar um exemplar dessa obra até a presente data.
    7 Adota-se essa sigla para se fazer referência aos Estados Unidos, embora seu uso não fosse corrente no século XIX.
    8 Natural de Diamantina, Província de Minas Gerais, filho legítimo de João da Matta Machado e D. Amelia Senhorinha Caldeira da Matta, sustentou sua
    these em 15 de outubro de 1874, tendo sido "
    sustentada" em 15 de dezembro desse mesmo ano na presença de S. M. o Imperador, como encontra-se assinalado na capa, tendo sido "aprovada com distinção" e publicada em 1875.
    9 O "Diario Official do Imperio do Brasil" era subscrito para a Corte e para a cidade de Niterói, impresso na Tipografia Nacional. A subscrição para as Províncias deveriam ser feitas nas Tesourarias da Fazenda, a três mil réis por trimestre, pagos adiantadamente. As assinaturas poderiam ser recebidas no início de qualquer mês, terminando sempre no fim de março, julho, setembro ou dezembro e nunca por menos de três meses. Cada número avulso custava 200 réis. (Preço e condições referentes ao ano de 1871).
    10 Igual procedimento foi adotado no caso do relatório sobre a educação na Inglaterra, também traduzido e publicado no Diário Official do Império, entre 8 e 12 de janeiro de 1874.
    11 O acesso ao relatório na forma de livro devo à gentileza do Professor Luciano M. Faria Filho.
    12 "C'est en raison de l'éducation qu'il reçoit ou qu'il se donne qu'un peuple est capable de maîtriser sa destinée, de se gouverner et de se montrer ainsi digne d'être libre, ou qu'il est condamnée à manquer d'iniciative et à n'avoir d'autre souci que le choix des maîtres qui se disputent l'honneur de penser et d'agir pour lui." (Hippeau - Instruction Publique aux États-Unis).
    13 É nesta parte que também se localiza uma seção na qual são publicados anúncios, dentre eles os de colégios e aulas particulares. No conjunto, o jornal apresenta quatro páginas.
    14 No que se refere ao livro como um todo, o anexo 1 ajuda a perceber como o mesmo foi estruturado. Aqui, fica o limite de trabalhar com os aspectos dispostos na introdução.
    15 Refere-se à Guerra de Secessão norte-americana (1861-1865).
    16 Sendo assim, o Município, o Condado e o Estado seriam os três focos de ação pública e, nestes diferentes níveis, fariam movê-la, lembrando que, em geral, os municípios só se sujeitavam ao Estado quando havia um interesse social e, nos outros aspectos que só a eles pertenciam, conservavam-se corpos independentes, não reconhecendo ao Estado o direito de intervir nos interesses puramente municipais.
    17 Para demonstrar a tradição norte-americana neste aspecto, recorre à história: "Cumpre remontar até 1642, vinte annos depois que os peregrinos, Pilgrims Fathers, desembarcaram do May-Flower, na bahia de Massachussetts, para achar a idéa da fundação das escolas publicas gratuitas. A legislatura do Estado, cinco annos depois, em 1647 (a população dos Estado de Massachussetts, que era naquelle tempo de 21.000 almas, contava em 1860, 1.231.006), estabeleceu uma lei ordenando que cada município ou township, contendo cincoenta familias, seria obrigado a manter um mestre, encarregado a ensinar a ler, escrever a todos os meninos da localidade; que cada township que tivesse cem familias; tivesse uma escola de grammatica, cujos alumnos serião preparados, por mestres capazes, para seguirem os estudos universitarios. Impuzerão-se multas aos infractores desta lei, sujeitos a formalidades, que augmentavão com o progresso da população. Todos os Estados seguirão o mesmo exemplo; o circulo dos estudos foi crescendo pouco a pouco até chegar ás vastas proporções que hoje apresenta a organisação da educação publica nas diversas partes da união." (
    Diario Official do Imperio do Brasil, 1871)
    18 Na América, os estudantes, em nível secundário, eram exercitados no trabalho de tradução dos principais escritores nas duas línguas, fazendo com que tivessem maior proveito nos estudos literários, filosóficos e científicos, visto que os escolhiam livremente, com um fim determinado e com a intenção de os acabar nas faculdades que se seguiam ao ensino dos colégios, como estes seguem às escolas públicas
    19 "Os americanos applicão à fundação e conservação dellas quantias consideraveis, e é certo que nenhuma nação do mundo possue um systema de estudos mais solidamente constituido e mais largamente retribuido" (HIPPEAU, 1871)
    20 "Com os cursos de theologia, sciencias, letras, direito, medicina, escolas especiaes para o ensino de agricultura, artes mecanicas, bellas artes, engenharia civil e militar, assim como a escola naval de Annapolis e a escola militar de Westpoint voltadas para a formação de oficiais da marinha e do exército". (HIPPEAU, 1871)
    21 Em nota de rodapé, conta um que um dia, andando pelas ruas de Nova Iorque, aproximou-se de uma pobre velha que lia um livro, ao mesmo tempo em que vendia objetos de pequeno valor. Chegando mais perto, reconheceu que o livro que a pobre velha tinha em mãos era uma "colleção de Longfellow", fato que sustentava a tese da disseminação indiferenciada dos hábitos de leitura na jovem nação americana.
    22 Para SCHWARCZ (1998) este é o período em que se inicia a fase de maior popularidade do monarca.
    23 Cf. CARVALHO (1996), FAUSTO (1996), HOLANDA (1977), IGLÉSIAS (1995), MATTOS (1994) e VIANNA (1925).
    24 Para HOLANDA (1977) a rotação dos gabinetes constituía-se em uma estratégia do Imperador visando assegurar a estabilidade do regime, fazendo-o "animar ora esta, ora aquela opinião, ao sabor das circunstâncias, sem se deixar envolver por nenhuma". Este procedimento faz emergir algumas contradições que, segundo este autor, o Imperador "não quer ver, sobretudo não gosta que outros o vejam". Assim sendo, D. Pedro II insiste na sua difícil jardinagem, aparando galhos que sobressaem demais, podando frondosidades incômodas, ou impedindo que se alastrem ervas daninhas, metaforiza HOLANDA (1977, p. 16). O exercício do poder como uma jardinagem é que explicaria a rotação caprichosa dos governos, aspecto que auxiliaria no enfraquecimento do regime, mais do que na sua estabilização.
    25 Cf. HAIDAR (1971, p. 81)
    26 Cf. HOLANDA (1977).
    27 A obrigatoriedade do ensino constituiu-se em uma questão polêmica pondo, de um lado, aqueles que defendiam o indivíduo contra uma intromissão indevida do Estado na esfera das decisões privadas; de outro, encontravam-se aqueles que viam no ato de obrigatoriedade a possibilidade de instruir e civilizar. Tal polêmica também foi registrada pelo Ministro dos Negócios do Império, Carlos Leôncio de Carvalho, ao discutir o problema da Instrução Primária. (Cf. Relatório do Ministro dos Negócios do Império, 1879).
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      04 Mar 2015
    • Data do Fascículo
      Jun 2002

    Histórico

    • Recebido
      20 Nov 2001
    • Aceito
      18 Dez 2002
    Setor de Educação da Universidade Federal do Paraná Educar em Revista, Setor de Educação - Campus Rebouças - UFPR, Rua Rockefeller, nº 57, 2.º andar - Sala 202 , Rebouças - Curitiba - Paraná - Brasil, CEP 80230-130 - Curitiba - PR - Brazil
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