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Editorial

Editorial

Na disposição da sintática social, "educação" é pronunciada como expressão única, embora em suas práticas desvele um sem número de fragmentações, que vão desde a inacessibilidade do ensino fundamental a quem dele mais necessita, o desespero dos pais perante a espiral dos preços do ensino até as indefinições da escola confessional, que não sabe a qual santo se votar nesta discussão neoliberalista. Caberia, por isso, perguntar, parafraseando Durkheim, se se trata mesmo de "educação" ou de "educações".

Mas enquanto sobra um discurso ambicioso de natureza política, o de sermos a oitava potência econômica do mundo e se ainda não somos o "primeiro mundo" é por razões de pouca monta que em breve serão vencidas, descortina-se pelo seu reverso rebeliões de menores, descamisados e descalços, centro do discurso até há bem pouco tempo, quando não irrompe um incêndio mais simbólico do que físico, como o dos edifícios da Febem no coração da urbe paulistana. É também dos jovens que parte o protesto uníssono pela recuperação ética do País.

Sinais claros do descompasso entre o nível de um discurso prestigioso mas fictício e o galope da corrosão estampada na realidade social, podem servir de alerta aos que se ocupam de educação.

Debaixo do fogo cruzado, entretanto, é possível descobrir-se um lugar chamado "universidade" que esquenta o coração da sociedade.Chamada de retrógrada e alienada, nela não se foge ao debate nem se obliteram aí os problemas.É por sua natureza um cadinho não preservado dos problemas de educação e do ensino, tal como- e já vão mais de dois mil anos- a impiedade e a corrupção dos jovens foram imputadas ao mais sábio dos Mestres Atenienses. Não solucionados ou mal solucionados, tais problemas, quando vistos sem a cobertura de um progresso de raiz iluminista, continuam emergindo. E no presente número da Educar, quando no seio da Universidade se propõe a olhar de frente o ensino como apropriação ativa e crítica do conhecimento, (Projeto Pedagógico da Pró-Reitoria de Graduação/UFPR), o elenco de problemas de ensino passado em revista diz respeito ao próprio processo de conhecimento:

Mantida, no princípio, a periodicidade quadrimestral, logo passou a ser editada semestralmente com significativas alterações na feição gráfica, na organização do conteúdo e, sobretudo, na ampliação do seu possível quadro de colaboradores abrindo perspectivas de participação a toda a comunidade setorial. Nesta segunda fase, o último número,publicado em 1989 abordando a temática da alfabetização,diante da impossibilidade de outras fontes de recursos, foi financiado pelos próprios articulistas.

A persistência e o esforço coletivo, contudo, foram recompensados e presentemente o Setor de Educação volta a dispor de um canal de comunicação, agora intitulado Educar em revista.Essa nova etapa da publicação setorial, programada para circular anualmente, foi viabilizada pela sua inserção na política editorial em curso na Editora da UFPR, dentro do Projeto Revistas da UFPR.

Assim, institucionalizada, com diferente padrão gráfico e nova disposição interna, a revista do Setor de Educação busca extrapolar as fronteiras setoriais, apresentando-se receptiva à colaboração de todos os estudiosos da educação.

Maria Lúcia Acciolly T. Pinto

Diretora do Setor de Educação

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    06 Mar 2015
  • Data do Fascículo
    Dez 1993
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