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Lauro Esmanhoto: resenha biográfica

ARTIGOS DE DEMANDA CONTÍNUA

Lauro Esmanhoto: resenha biográfica

Ângelo Virgínio Visintin

Professor Titular do Departamento de Teoria e Fundamentos da Educação

1. PROFESSOR DA CADEIRA DE ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR E EDUCAÇÃO COMPARADA

De 1940 a 1950, lecionou as duas disciplinas, substituindo o professor catedrático Francisco José Gomes Ribeiro, que se encontrava à disposição da cadeira de Latim. Isto na então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras do Paraná, que, à época, era a primeira e única em todo o Estado. Em 1951, foi um dos fundadores da Faculdade Católica de Filosofia, ocupando, na qualidade de professor titular, a mesma cadeira de Administração Escolar e Educação Comparada. Livre-docente em 1953, doutor em 1954, foi, sucessivamente, adjunto, titular substituto e titular efetivo. Em 1955, foi aceito sócio da American Association of School Administratirs (AASA), dos Estados Unidos. Em 1961, ajudou a fundar a Associação Nacional de Professores de Administração Escolar, no 1º Simpósio Brasileiro de Administração Escolar, realizado em São Paulo. Com a criação das habilitações pedagógicas específicas, assumiu as disciplinas de Estrutura e Funcionamento do Ensino de 1º Grau, Estrutura e Funcionamento do Ensino de 2º Grau, Princípios e Métodos de Administração Escolar e Princípios e Métodos de Supervisão Escolar. Foi o primeiro professor de Relações Públicas da Escola. Foi chefe do Departamento de Pedagogia (1968-1972) e do Departamento de Planejamento e Administração Educacional (1927-1974), em períodos de decisiva importância para a implantação da reforma universitária. Ministrou cursos para pessoal docente e administrativo de outras áreas, como a agrícola e o comércio; para diretores de escola e inspetores de ensino. Colaborou nas Universidades Volantes de Londrina, Cascavel e da Lapa. Em 1970, foi professor visitante da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Palmas. de 1974 a 1978, foi coordenador dos cursos de pós-graduação em Educação, quando teve a oportunidade de organizar e implantar o mestrado no Setor de Educação da Universidade.

2. ATUAÇÃO NO MOVIMENTO PARA MELHORES RELAÇÕES ENTRE A ESCOLA , A FAMÍLIA E A COMUNIDADE

A partir de 1942, e com o apoio do diretor do Colégio Bom Jesus, frei Matheus Hoepers, O.F.M. (Doutorado em Pedagogia na Alemanha), dirigiu as assembléias mensais dos pais de família. A idéia era buscar o fortalecimento dos princípios educativos da família. Firmava-se, desse modo, a convicção adquirida no ensino da Administração Escolar e Educação Comparada, de que "quanto mais a escola ajuda a família, tanto mais a família ajudará a escola". O movimento associativo de pais de família já contava com o exemplo de fora. No país, São Paulo e Rio Grande do Sul, e em outros países, Argentina, França e Estados Unidos, cuja experiência muito valeu aqui. Em 1952, na chefia do Departamento Social do Colégio Estadual do Paraná, e com o apoio do diretor, professor Francisco José Gomes Ribeiro, organizou a Associação de Pais e Professores, precursora de um movimento maior de pais e mestres, que veio a seguir. Em 1953, defendeu a tese "O Problema das Relações da Escola com os Pais dos Alunos", inspirada nos resultados da experiência acima descrita. Em 1960, a convite do Secretário de Educação, professor Nivon Weigert, organizou e dirigiu o Serviço de Relações da Escola com a Família e a Comunidade, com o fim de levar a todo o Estado aquele movimento associativo. O Ministério da Educação fez divulgar amplamente a iniciativa do Paraná, através da revista ESCOLA SECUNDÁRIA (dirigida pelo ilustre pedagogo Luiz Alves de Mattos). Colaborou com a fundação e ocupou cargos nas associações das seguintes escolas: Colégio Santa Maria, Escola de Educação Familiar e Instituto de Educação do Paraná. Foi fundador e conselheiro da Federação das Associações de Pais e Mestres do Paraná. Ainda sobre a matéria, proferiu conferências nas Jornadas de Diretores, promovidas pelo Ministério da Educação em Curitiba, Ponta Grossa e Irati; no Rio de Janeiro, no Departamento Nacional do SENAC, a convite do professor Pierre Weil; e na Universidade Volante de Londrina. Nos últimos anos, desenvolveu, mais sistematicamente, o ensino e a pesquisa nesse campo, através da disciplina "Relações Públicas da Escola", do currículo de formação de administradores para o 1º e 2º graus.

3. RESPONSABILIDADE DAS FACULDADES DE FILOSOFIA NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL SUPERIOR DOS EDUCADORES

Enfatizando sempre as novas responsabilidades profissionais do magistério, levava os licenciados a considerar a importância dos organismos associativos e dos códigos de ética profissional. Sobre o assunto, proferiu três palestras no Instituto de Educação da Capital, para um grupo de professores, grupo esse que promoveria, a seguir, a realização do Primeiro Congresso de Professores do Paraná e fundava a Associação dos Professores do Paraná (1947). Co -autor dos Estatutos da nova entidade, foi incumbido de redigir o projeto de Código de Ética Profissional que a revista "O Professor" publicou em seu primeiro número. Em 1949, o referido projeto foi apresentado no IV Congresso Nacional dos Estabelecimentos de Ensino Particular, realizado em Salvador. Em 1960, a pedido do diretor da Faculdade Católica de Filosofia, professor Osvaldo Arns, redigiu para a revista "Humanitas" o artigo "O Magistério, a Profissionalização e a Ética". Ao participar em São Paulo, em 1964, como um dos delegados da Associação dos Professores do Paraná, do 1º Seminário para a América Latina, da Confederação Mundial das Organizações de Professores (CMOP), sentiu a necessidade de reunificação das associações de professores em nível nacional. Por isso, defendeu essa tese no Congresso da Confederação Brasileira dos Professores Primários, realizado em Cuiabá, obtendo aprovação para a seguinte proposição: - "Seja criado um grupo de trabalho constituído de representantes dos três graus de ensino, a fim de estudar a reunificação das associações de professores a nível nacional".

4. EXERCÍCIO DE FUNÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

Em 1955, foi convidado pelo Departamento Regional do SENAC a assumir o cargo de Diretor Técnico do Ensino, nele permanecendo até 1959, e cabendo-lhe, entre outras iniciativas, a da criação e instalação da primeira escola própria do Departamento, a qual se situa, hoje, entre as melhores do país, no seu gênero. Participou das reuniões técnicas no Rio, Belo Horizonte, Volta Redonda e Curitiba (reuniões nacionais). No Rio, fez conferência sobre a "Problemática da Administração Escolar". Em Belo Horizonte, aos professores das Escolas de Comércio, apresentou o tema: "Vocação e Formação para o Magistério". De 1964 a 1966, ocupou o cargo de Diretor do Instituto de Educação do Paraná, a convite do Secretário de Educação, professor Véspero Mendes. Coube-lhe a tarefa de preparar o Plano Experimental de Ensino daquele estabelecimento, o qual seria definitivamente implantado na gestão posterior. A experiência mais destacada, porém, na sua gestão, foi a criação, estruturação e funcionamento do Conselho Diretor com o fim de realizar a integração de todos os cursos existentes no estabelecimento. Passaram a participar da tomada de decisões, na cúpula administrativa, os diretores dos seguintes órgãos: Escola de Aplicação, Ginásio Diurno, Ginásio Noturno, Escola Normal, Coordenação de Pós-Graduação, Coordenação Didática, Orientação Educacional e Assistência Técnica. De 1974 a 1978, como coordenador dos Cursos de Pós-Graduação em Educação, coube-lhe a tarefa de montar os projetos que promoveram o início do Mestrado em 1975, e o seu credenciamento em 1977. Os auxílios conseguidos da CAPES para tal, carearam, para o Setor de Educação da Universidade, benefícios como: 1- a vinda de professores de alto nível, com doutoramento na França, Inglaterra, Itália, Estados Unidos, Buenos Aires, além do intercâmbio com a Unversidade de Brasília e com a Universidade de São Paulo; 2 - ampliação do acervo bibliográfico; 3 - publicação da Revista de Educação - Série Mestrado; 4 - aquisição de valioso aparelhamento material e instrumental.

5 ATIVIDADES PARLAMENTARES EM PROL DO DESENVOLVIMENTO DO ENSINO

5.a) De 3 a 20 de outubro de 1947, exerceu as funções de deputado estadual, na qualidade de suplente eleito pelo Partido de Representação Popular. Naquele ano, o Presidente da República, Mal. Enrico Gaspar Dutra, na Mensagem ao Congresso Nacional, apontara a situação precária da educação brasileira com os seguintes dados: de 7.000.000 de crianças em idade de escola primária, somente 3.500.000 matriculadas; e de 7.200.000 adolescentes, somente 200.000 matriculados em escolas secundárias. As Atas da Assembléia e os jornais da época registram, pelo menos, seis (6) discursos proferidos em torno daquela Mensagem. Comentou o dispositivo constitucional. "A educação é direito de todos e apelou para os governantes para que aplicassem mais verbas no ensino. Entre os seus pares, havia os que o criticavam; mas havia os que o apoiavam abertamente, entre os quais se encontrava o Presidente da Assembléia, deputado João Chede.

5.b) Eleito vereador à Câmara Municipal de Curitiba, encontrou a oportunidade mais favorável para conseguir a aprovação do seu anteprojeto de lei que criava o Fundo Municipal de Educação: Lei Municipal nº 125, de 28 de junho de 1948. O Fundo seria formado com o recolhimento de recursos orçamentários da ordem de 16% (taxa inicial) sobre os impostos, e tinha, por fim, assegurar matrículas gratuitas no ensino primário a todas as crianças nascidas no Município, a partir da data de 19 de dezembro de 1947. Ao executivo, ficava, pois, facilitada qualquer iniciativa de previsão e planejamento para a execução da Lei, no futuro, sendo que, em 1954, ao assumir o seu posto, o prefeito eleito, Ney Braga, pôs em ação o Fundo, regulamentando o sistema de distribuição de bolsas e lançando as bases do que seria, mais tarde, o Sistema Municipal de Ensino da Capital.

6 INOVAÇÃO METODOLÓGICA: O LABORATÓRIO DE ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR E EDUCAÇÃO COMPARADA

A partir de 1960, no Gabinete de Administração e Educação Comparada da Faculdade de Filosofia da Universidade Federal do Paraná, fez introduzir o estudo individualizado, conjugando a pesquisa bibliográfica com a pesquisa de campo: era o "método de laboratório". Para isso, o Gabinete possuía biblioteca especializada e bem equipada. Numa segunda etapa, o trabalho em equipe e/ou dinâmica de grupos complementava o trabalho individual. Os estudos referentes à administração da escola, ou à administração do sistema escolar, eram focalizados sistematicamente, buscando sempre a compreensão do sentido integrativo desses organismos. As teorias administrativas também eram examinadas com essa preocupação, de modo que os alunos podiam perceber, por exemplo, que, já a partir de Taylor e Fayol, não havia uma oposição de idéias, mas sim uma complementação; e que, em todas as teorias, encontramos enfatizado ora o aspecto humano, ora o social, porque esses aspectos são distintos, mas nem por isso devem ser separados. Esse o método que sempre despertou interesse e entusiasmo entre os alunos, conduzindo-os a uma produtividade maior, para não dizer ótima.

7 CONTRIBUIÇÃO EDUCATIVA ATRAVÉS DA TRIBUNA, DA IMPRENSA E DO RÁDIO

Suas atividades educacionais não ficam circunscritas ao trabalho de classe. Estava convencido, por formação e por força do próprio exercício profissional, da importância decisiva que a "consciência social da educação " representa para o desenvolvimento dos sistemas de ensino. O seu "curriculum vitae" registra boa parte do que tem sido a múltipla e variadíssima contribuição educativa através dos meios de comunicação social. Acrescente-se, ainda, o seu programa de reflexões sobre a família e a educação dos filhos, que, nos anos cinqüenta, apresentava na Rádio São José dos Pinhais, sob a denominação: NA ENCRUZILHADA DOS TEMPOS NOVOS.

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Em 1979, aposentou-se no cargo de Titular do Setor de Educação, recebendo, em 6 de outubro de 1981, o título de Professor Emérito da Universidade Federal do Paraná.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    11 Mar 2015
  • Data do Fascículo
    Dez 1988
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