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EDITORIAL

EDITORIAL

A temática deste número, Pesquisando em saúde e enfermagem, é um tributo à sua importante contribuição para a profissão da Enfermagem como ciência, tecnologia e inovação.

A pesquisa na saúde e enfermagem vem marcando um contínuo crescimento na qualificação do processo investigativo, no incremento em investimentos financeiros, na política de avanço e fortalecimento da profissão, dentre outros. A Enfermagem, reconhecida como ciência, profissão de nível universitário e com o início da formação de mestres na década de 70 e de doutores na de 80, se consolida gradativamente nas suas especificidades e diversidades, articulando e integrando conhecimentos com outros setores determinantes da vida e da saúde.

A inserção da Enfermagem no CNPq, como área de conhecimento, ocorreu em 1986, quando se titularam os primeiros doutores em enfermagem. E, hoje, comemora a criação de um Comitê Assessor exclusivo CA-EF, consolidando-se como área específica de produção de conhecimento. O domínio de conhecimento das bases teórico-filosóficas e epistemológicas que sustentam a área da Enfermagem como ciência, tecnologia, inovação e a competência política para conquista de espaço e reconhecimento da profissão no cenário nacional e internacional faz parte do perfil dos seus pesquisadores mais qualificados.

Atualmente, conta-se com vinte e oito (28) Programas de Pós-Graduação em Enfermagem no país, credenciados pela CAPES, dos quais doze (12) possuem o nível de doutorado, sendo que destes, onze (11), também o nível de mestrado acadêmico, e mais quinze (15) Pro-gramas com somente o mestrado acadêmico e um exclusivamente de mestrado profissional. Para propiciar uma formação mais qualificada em pesquisa o processo produtivo em investigação se organiza em grupos de pesquisa, totalizando, aproximadamente, duzentos e oitenta (280) grupos cadastrados no Diretório de Pesquisa do CNPq. As atividades destes grupos de pesquisa, centrados em linhas de pesquisa, vêm possibilitando avanços na qualificação dos graduandos, mestres e doutores da área, como também, melhoria qualitativa e quantitativa na produção de conhecimentos.

O aumento do número de Programas e, conseqüentemente, do volume e qualidade das publicações vem fortalecendo o reconhecimento da profissão e possibilitando maiores conquistas no cenário das políticas nos órgãos de fomento e de formação avançada. Isto se mostra no aumento de demanda de projetos aos órgãos de fomento, demanda de bolsas de formação para mestrado, doutorado, pós-doutorado, doutorado sanduíche e bolsas de iniciação científica para graduandos, e de outros auxílios.

A prática investigativa vem se tornando cada vez mais integrada entre os diferentes níveis de formação e entre os profissionais no seu exercício profissional, com centros ou grupos de pesquisa, não somente nas instituições de ensino, mas como também surgindo nas instituições de saúde.

O impacto do que produzimos e os vazios de conhecimentos perceptíveis nos remetem à necessidade de dar conta das prioridades da saúde, de gerar produtos tecnológicos que propiciem uma resposta mais incisiva na melhoria da qualidade de vida, e mesmo, de inovação, que dê retorno econômico mais expressivo. O benefício econômico e social dos conhecimentos produzidos e aplicados na prática da enfermagem é ainda um desafio para os nossos pesquisadores gerentes das práticas investigativas.

Os problemas de saúde apontam para a necessidade de uma prática que qualifique a vida, comprometida com a busca de conhecimento, para dar resposta às nossas necessidades e interrogações. É importante ampliar a aptidão para contextualizar e globalizar os saberes e transcender diferenças e peculiaridades, na superação das fronteiras disciplinares em diferentes amplitudes, por atitudes político-sociais, na soma de esforços para conquistas maiores. Saberes esses, co-responsáveis, demandados pelo trabalho do coletivo de pesquisadores da área da saúde.

A produção de conhecimentos em saúde avança apoiada pelas lentes da interdisciplinaridade, da intersetorialidade e da complexidade, com ganhos ou retornos significativos para as necessidades sociais ou impactos internos, regionais, nacionais, e mesmo internacional.

A Enfermagem, como campo de conhecimento específico e como profissão social, caminha para uma nova era na ciência e tecnologia. Questiona-se: que perspectivas se abrem como possibilidades de construção de conhecimentos científicos e tecnológicos num compromisso social mais responsável e solidário com o viver mais digno e mais saudável?

A necessidade da produção de conhecimentos na Enfermagem para a visibilidade nacional e internacional, o reconhecimento e a consolidação da Pós-Graduação, da Graduação e da Profissão requer o avanço científico e tecnológico, da área que, por sua vez, requer pesquisadores competentes e uma ampla política nacional de pesquisa. A internacionalização da Enfermagem brasileira é fruto das fortalezas regionais. A soma de esforços regionais, a determinação para alcançar metas, as novas estratégias que incrementem as descobertas, a criação, a construção de conhecimentos, tem sido uma prática social geradora de expectativas e desafiadora.

Neste número, o leitor pode desfrutar de novos conhecimentos sobre a temática da pesquisa em Enfermagem e saúde nos diversos enfoques e modalidades de estudos, alguns mais conclusivos, outros mais reflexivos e críticos, outros mais instigadores e abertos para novas possibilidades de construção. A natureza processual de produção de conhecimentos se mostra dinâmica, construtiva, inacabada e inconclusa; tangencia diferentes lógicas, visões de mundo, modos ou métodos e incorporações ideológicas e navega por diferentes olhares e enfoques ou facetas que instigam a curiosidade e o prazer de exercitar esta prática social eminentemente intelectual, contextual e coletiva.

Dra. Alacoque Lorenzini Erdmann

– Representante da Área da Enfermagem no CNPq e Coordenadora Adjunta da Área da Enfermagem na Capes. Pesquisadora 1A do CNPq. Professora Titular da UFSC –

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    12 Nov 2007
  • Data do Fascículo
    Dez 2006
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