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INFLUÊNCIA DA UTILIZAÇÃO DE PASTAGENS DE INVERNO SOBRE A HABILIDADE MATERNA DE VACAS DE CORTE

INFLUENCE OF CULTIVATED WINTER PASTURE ON MATERNAL ABILITY OF BEEF COWS

Resumos

RESUMO Este trabalho teve como principal objetivo verificar o efeito da utilização de pastagem cultivada de inverno, por diferentes períodos, sobre a habilidade materna de vacas de corte. Foram utilizadas um total de 77 vacas Charolês e Aberdeen Angus com primeira cria ao pé, submetidas aos seguintes tratamentos: T1-Pastagem natural; T2 - Pastagem cultivada em setembro e outubro; T3 - Pastagem cultivada por duas horas diárias em julho e agosto; T4 - Pastagem cultivada por duas horas diárias em julho e agosto + pastagem cultivada em setembro e outubro. Com exceção do período em que os animais estavam em pastagem cultivada, como determinava cada tratamento, eles permaneceram juntos na mesma área de pastagem natural. A produção média diária de 1 leite das vacas do T4 (4,05 litros) foi maior (P<0,05) do que das vacas do T1 (2,95 litros). As vacas dos tratamentos 2 e 3, tiveram produções intermediárias (3,78 e 3,27 litros; (P>0,05). Não houve diferença (P>0,05) na composição do leite entre os tratamentos, porém o leite das vacas do T2 e T4, quando agrupadas, teve menor (P<0,05) teor de gordura e maior (P<0,01) teor de extrato seco desengordurado do que o leite das vacas do T1 e T3 agrupadas, respectivamente, 3,29 vs 3,60% e 8,30 vs 8,14%. Não houve diferença (P>0,05) no peso dos terneiros ao nascimento, porém os terneiros do T4 ganharam mais peso (P<0,05) do nascimento ao desmame do que os do T1 (0,541 vs 0,446kg), bem como foram mais pesados (P<0,01) ao desmame (160,6 vs 135,5kg). A correlação entre a produção média diária de leite e o ganho de peso dos terneiros do nascimento ao desmame foi de 0,75 (P<0,01).

gado de corte; produção de leite; composição do leite; ganho de peso; peso ao desmame; pastagem cultivada


SUMMARY The main objective of this study was to evaluate the effect of cultivated winter pasture, during different periods, on the maternal ability of beef cows. First calf Charolais and Aberdeen Angus cows were submited to one of the following treatments: T1 - Native pasture; T2-Cultivated pasture during September and October; T3 - Cultivated pasture two hours daily during July and August; T4 -Cultivated pasture for two hours daily during July and August plus cultivated pasture during September and October. With exception of the period that animals were kept on cultivated pasture, according to each treatment, they remained on the same native pasture. Average daily milk production of T4 cows (4.05<img border=0 width=20 height=20 src="../../../../../../img/revistas/cr/v21n1/a14img01.gif">) was higher (P<0.05) than T1 cows (2.95<img border=0 width=20 height=20 src="../../../../../../img/revistas/cr/v21n1/a14img01.gif">). T2 and T3 cows had an intermediat milk production (3.78 and 3.27<img border=0 width=20 height=20 src="../../../../../../img/revistas/cr/v21n1/a14img01.gif">; P>0.05). Milk composition was the same for the four treatments (P>0.05). Calf birth weight was not affected (P>0.05) by the cow's treatment. However, T4 calves gained more weight (P<0.05) from birth to weaning than T1 calves (0.541 vs 0.446kg/day), and were heavier (P<0.01) at weaning (160.6 vs 135-5kg). Correlation between average daily milk production and calf weight gain from birth to weaning was 0.75 (P<0.01).

beef cattle; milk production; milk composition; weight; gain; weaning weight; cultivated


INFLUÊNCIA DA UTILIZAÇÃO DE PASTAGENS DE INVERNO SOBRE A HABILIDADE MATERNA DE VACAS DE CORTE1 1 Parte da Dissertação de Mestrado apresentada pelo primeiro autor do Curso de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Federal de Santa Maria.

INFLUENCE OF CULTIVATED WINTER PASTURE ON MATERNAL ABILITY OF BEEF COWS

Edson Luis de Azambuja Ribeiro2 1 Parte da Dissertação de Mestrado apresentada pelo primeiro autor do Curso de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Federal de Santa Maria. João Restle3 1 Parte da Dissertação de Mestrado apresentada pelo primeiro autor do Curso de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Federal de Santa Maria. José Henrique Souza da Silva3 1 Parte da Dissertação de Mestrado apresentada pelo primeiro autor do Curso de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Federal de Santa Maria. Cleber Cassol Pires4 1 Parte da Dissertação de Mestrado apresentada pelo primeiro autor do Curso de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Federal de Santa Maria.

RESUMO

Este trabalho teve como principal objetivo verificar o efeito da utilização de pastagem cultivada de inverno, por diferentes períodos, sobre a habilidade materna de vacas de corte. Foram utilizadas um total de 77 vacas Charolês e Aberdeen Angus com primeira cria ao pé, submetidas aos seguintes tratamentos: T1-Pastagem natural; T2 - Pastagem cultivada em setembro e outubro; T3 - Pastagem cultivada por duas horas diárias em julho e agosto; T4 - Pastagem cultivada por duas horas diárias em julho e agosto + pastagem cultivada em setembro e outubro. Com exceção do período em que os animais estavam em pastagem cultivada, como determinava cada tratamento, eles permaneceram juntos na mesma área de pastagem natural. A produção média diária de 1 leite das vacas do T4 (4,05 litros) foi maior (P<0,05) do que das vacas do T1 (2,95 litros). As vacas dos tratamentos 2 e 3, tiveram produções intermediárias (3,78 e 3,27 litros; (P>0,05). Não houve diferença (P>0,05) na composição do leite entre os tratamentos, porém o leite das vacas do T2 e T4, quando agrupadas, teve menor (P<0,05) teor de gordura e maior (P<0,01) teor de extrato seco desengordurado do que o leite das vacas do T1 e T3 agrupadas, respectivamente, 3,29 vs 3,60% e 8,30 vs 8,14%. Não houve diferença (P>0,05) no peso dos terneiros ao nascimento, porém os terneiros do T4 ganharam mais peso (P<0,05) do nascimento ao desmame do que os do T1 (0,541 vs 0,446kg), bem como foram mais pesados (P<0,01) ao desmame (160,6 vs 135,5kg). A correlação entre a produção média diária de leite e o ganho de peso dos terneiros do nascimento ao desmame foi de 0,75 (P<0,01).

Palavras-chave: gado de corte, produção de leite, composição do leite, ganho de peso, peso ao desmame, pastagem cultivada.

SUMMARY

The main objective of this study was to evaluate the effect of cultivated winter pasture, during different periods, on the maternal ability of beef cows. First calf Charolais and Aberdeen Angus cows were submited to one of the following treatments: T1 - Native pasture; T2-Cultivated pasture during September and October; T3 - Cultivated pasture two hours daily during July and August; T4 -Cultivated pasture for two hours daily during July and August plus cultivated pasture during September and October. With exception of the period that animals were kept on cultivated pasture, according to each treatment, they remained on the same native pasture. Average daily milk production of T4 cows (4.05

) was higher (P<0.05) than T1 cows (2.95
). T2 and T3 cows had an intermediat milk production (3.78 and 3.27
; P>0.05). Milk composition was the same for the four treatments (P>0.05). Calf birth weight was not affected (P>0.05) by the cow's treatment. However, T4 calves gained more weight (P<0.05) from birth to weaning than T1 calves (0.541 vs 0.446kg/day), and were heavier (P<0.01) at weaning (160.6 vs 135-5kg). Correlation between average daily milk production and calf weight gain from birth to weaning was 0.75 (P<0.01).

Key words: beef cattle, milk production, milk composition, weight, gain, weaning weight, cultivated.

INTRODUÇÃO

Um dos fatores que atuam sobre a produção da pecuária de corte e o ganho de peso pré-desmame e o peso ao desmame dos terneiros, sendo que estes estão diretamente influenciados pela habilidade materna de suas mães. As correlações entre a produção de leite das vacas e os ganhos de peso e pesos ao desmame são normalmente altas e positivas, onde vacas que produzem mais leite têm terneiros mais pesados ao desmame (NEVILLE JR., 1962; RUTLEDGE et al, 1971; ROBISON et al, 1978 ; LEAL & FREITAS, 1982). Porém ROBISON et al (1978) afirmam que o leite é importante para o ganho de peso até os 120 dias de idade do terneiro. A partir desta idade a ingestão de forragens passa a ser o fator mais importante no ganho de peso.

Segundo NEVILLE JR. (1962) e RUTLEDGE et al (1971), terneiros que nascem mais pesados mantém a diferença de peso de nascimento até o desmame, ou mesmo podem ter ganhos de peso significativamente maiores até o desmame. Isto provavelmente se deve ao fato de serem produzidos por vacas de maior tamanho ou em melhores condições corporais, animais estes que normalmente produzem mais leite (BAKER, et al, 1982; ALENCAR et al, 1985).

Dos fatores ambientais, a nutrição é tida como o mais importante fator a afetar a produção animal. A utilização de pastagens cultivadas de inverno, antes e após o parto, normalmente, melhoram o desempenho reprodutivo e produtivo de vacas de corte (WILTBANK et al, 1962; BELLOWS & SHORT, 1978; RICHARDS et al, 1986).

RICHARDSON et al (1977) e BAKER et al (1982), encontraram correlações positivas e significativas do peso das vacas ao parto com as produções de leite, indicando a importância da alimentação pré-parto, porém, estes mesmos autores citam que a produção é ainda maior quando após o parto as vacas têm condições de manter bons pesos ou mesmo ganhar peso.

Este trabalho teve como principais objetivos, determinar o efeito de diferentes seqüências de pastagens durante parte do inverno e início da primavera sobre a produção de leite de vacas de corte e o ganho de peso dos seus terneiros.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido em área pertencente ao Departamento de Zootecnia, da Universidade Federal de Santa Maria, município de Santa Maria, Estado do Rio Grande do Sul, na região fisiográfica da Depressão Central (53°421' de longitude oeste de Greenwich e 28°45' de latitude sul, altitude média de 95 metros). Segundo a classificação de Köppen a região apresenta clima sub-tropical úmido (Cfa).

Foram utilizadas 77 vacas com primeira cria ao pé, idade média de 4 anos, sendo 39 vacas da raça Aberdeen Angus (AA) e 38 da raça Charolês (CH). Os animais foram sorteados nos tratamentos segundo a raça da vaca. Uma análise preliminar dos dados revelou que não houve interação (P>0,05) entre raça da vaca e tratamento, para as variáveis estudadas. Os dados apresentados referem-se apenas aos tratamentos aplicados.

Os partos ocorreram no período de 28 de agosto a 9 de dezembro de 1985.

Os tratamentos utilizados referem-se às diferentes seqüências de pastagens a que as vacas estavam submetidas:

T1 - Vacas mantidas em pastagem natural durante todo o período experimental, ou seja, de 03 de julho de 1985 a 11 de junho de 1986;

T2 - Vacas mantidas em pastagem natural durante o período de 03 de julho a 05 de setembro, e em pastagem cultivada, 24 horas, durante o período de 05 de setembro a 05 de novembro, voltando após para pastagem natural;

T3 - Vacas em pastagem natural e tendo acesso de 2 horas por dia a pastagem cultivada durante o período de 03 de julho a 05 de setembro, e após este período mantidas em pastagem natural;

T4 - Vacas em pastagem natural e tendo acesso de 2 horas por dia à pastagem cultivada durante o período de 03 de julho a 05 de setembro, e mantidas em pastagem cultivada, 24 horas, durante o período de 05 de setembro a 05 de novembro, e após este período mantidas apenas em pastagem natural.

O período de 03 de julho a 05 de setembro foi denominado período I, e o período de 05 de setembro a 05 de novembro de período II.

A pastagem natural constituía uma área de 80 hectares composta predominantemente por gramíneas características da região. A pastagem cultivada, composta de mistura de azevém (Lolium multiflorum) e aveia (Avena strigosa).

Foi utilizado o método direto, ou seja, foi retirado o leite de dois quartos do úbere (um quarto traseiro e outro dianteiro). A quantia retirada era multiplicada por dois para se ter a produção do úbere, e feita a correção para 24 horas.

Para a retirada do leite, os terneiros eram separados das vacas às 11 horas e colocados novamente para mamar às 18h30niin. Este procedimento visava o esgotamento completo do úbere, durando em média vinte minutos. Após mamarem, os terneiros eram separados novamente das vacas, às 19 horas, e ficavam presos na mangueira, sendo as vacas soltas em piquete com pasto e água. No dia seguinte, pela manhã, às 6 horas, as vacas eram ordenhadas manualmente. Para isto, eram presas no tronco pelo pescoço e a pata traseira direita era presa por uma corda. Foi aplicado uma dose de 30UI de oxitocinaa por vaca, após o úbere era lavado e massageado, sendo que a ordenha durava menos de 7 minutos. Do total de leite obtido de cada vaca, após homogeinização, retirou-se uma amostra de 400ml para análises das percentagens de gordura, extrato seco total (EST), extrato seco desengordurado (ESD) e lactose.

Foram feitas 7 observações da produção de leite: aos 14; 42; 70; 98; 126; 154 e 182 dias pós-parto. Nos mesmos dias, antes da ordenha, os terneiros eram pesados. Também eram pesados dentro das 24 horas após o nascimento e ao desmame, quando os animais apresentavam a idade média de 235 dias.

Os dados foram submetidos a análise de variância pelo programa LSMLMM, segundo HARVEY (1976). As diferenças entre médias foram comparadas pelo teste de Scheffé. Adicionalmente, foram feitos estudos de contrastes ortogonais, visando testar as diferenças entre os níveis nutricionais, em cada período.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Produção de Leite

As vacas do tratamento 4, que receberam pastagem cultivada por um período mais longo, produziram mais leite (P<0, 05) do que as do tratamento 1, que permaneceram apenas em pastagem natural, e que certamente não tiveram suas exigências totais atendidas no período que precedeu o parto e logo apos o mesmo. As vacas do T2 e T3 tiveram produções intermediárias e não diferiram (P>0,05) entre si, e nem dos outros 2 tratamentos (Tabela 1). Estes resultados concordam com o que acharam outros autores, que citam que as vacas com boa alimentação pré-parto, chegam com maior peso ao parto, e produzem mais leite durante a lactação (RICHARDSON et al, 1977; BAKER et al, 1982).

As vacas que estiveram em pastagem cultivada durante setembro e outubro (T2 e T4), produziram mais leite (P<0,01) do que as que ficaram em campo natural neste período (T1 e T3), respectivamente, 3,91 e 3,11 litros de leite por dia. As vacas do T4 produziram mais (P<0,05) leite por dia, do que a média da produção das vacas dos outros 3 tratamentos juntas, respectivamente, 4,05 e 3,33 litros.

O sexo do terneiro não influenciou a produção de leite da vaca (P>0,05), concordando com os resultados obtidos por NOTTER et al (1978) e REYNOLDS et al (1978).

Conforme pode ser verificado na figura 1, houve uma diminuição na produção média diária de leite, para todos os tratamentos. No T1 esta diminuição ocorreu desde o início até os 126 dias de lactação e nos demais tratamentos até os 154 dias de lactação, havendo após, um pequeno aumento na produção. Este aumento foi devido, basicamente, a melhoria das condições da pastagem natural, que foi influenciada pela precipitação pluviométrica.


Composição percentual do leite

As variações das percentagens dos componentes do leite entre tratamentos foram pequenas, porém apesar de não haver uma diferença estatística, notamos uma tendência numérica, onde os tratamentos que produziram mais leite, apresentaram o seu leite com menores conteúdos de gordura e EST, bem como um maior conteúdo de ESD (Tabela 2).

Notou-se que as diferenças de tratamento a que as vacas estavam submetidas durante o período II, teve efeito (P<0,05) sobre a percentagem média de gordura, e sobre (P<0,01) a percentagem média de ESD, sendo as médias das percentagens destes componentes no leite das vacas que neste período estiveram em pastagem cultivada (T2 e T4), e nas que estiveram em campo natural (T1 e T3), respectivamente, 3,29 e 3,60% de gordura e 8,30 e 8,14% de ESD. O leite das vacas do tratamento 4 apresentou um teor de ESD maior (P<0,05) do que a média do leite do restante das vacas dos outros 3 tratamentos juntos , respectivamente, 3,34% e 8,19%. Concordando com RICHARDSON et al (1977) e VALLE et al (1986), que citam que vacas em melhores condições, produzem leite com maior teor de proteína e/ou ESD. Em relação ao teor de gordura CUNDIFF et al (1974) e SCHMIDT & VAN VLECK (1976), citam que quando o rendimento leiteiro é maior, menor é a sua percentagem, o mesmo ocorrendo com o teor de EST.

Pesos e ganhos de peso médio diários dos terneiros

Na tabela 3, pode-se verificar que o peso dos terneiros ao nascimento não foi afetado (P>0,05) pelos tratamentos, e que os terneiros do tratamento 4, foram mais pesados (P<0,01) aos 182 dias de idade e ao desmame, do que os terneiros do T1, não sendo encontradas diferenças significativas entre os demais tratamentos. Estes pesos são uma decorrência do ganho de peso médio diário do nascimento aos 182 dias de idade e do nascimento ao desmame (Tabela 4), que seguiram a mesma tendência, ou seja, os terneiros do tratamento 4 ganharam mais peso do que os do tratamento 1, não ocorrendo outras diferenças estatísticas.

Verificou-se que a alimentação a que as vacas foram sujeitas no período I, afetou (P<0,01) o peso subseqüente dos terneiros, onde as vacas que foram suplementadas com pastagem cultivada por 2 horas diárias (T3 e T4), tiveram terneiros mais pesados aos 182 dias de idade e ao desmame, do que as vacas que permaneceram em campo natural neste período (T1 e T2), com pesos médios para estes dois grupos, respectivamente, de 126,18 e 114,15kg aos 182 dias e 157,5 e 142,60 kg ao desmame. A diferença de tratamentos durante o período II, também teve efeito (P<0,01) sobre o peso aos 182 dias e sobre o peso ao desmame (P<0,05), sendo que os terneiros dos tratamentos 2 e 4, tratamentos estes em que as vacas estavam em pastagem cultivada neste período, pesaram em média 128,0kg aos 182 dias e 155,2kg ao desmame, e os terneiros do T1 e T3, filhos de vacas que estavam em campo natural neste período,pesaram em média 112,3kg aos 182 dias e 144,9kg ao desmame. Os terneiros do T4 foram mais pesados (P<0,01) do que a média do peso dos terneiros dos outros 3 tratamentos juntos, respectivamente, 133,4 e 115,7kg aos 182 dias de idade, e 160,6 e 146,5kg ao desmame. CHAGAS et al (1980), também acharam maiores pesos ao desmame para terneiros filhos de vacas suplementadas em relação aos filhos de vacas não suplementadas, porém, outros pesquisadores não encontraram diferença de peso ao desmame para filhos de vacas suplementadas ou não durante o inverno (PINNEY et al, 1972, BELLOWS & SHORT, 1978; BAKER et al, 1982).

Os baixos pesos encontrados ao desmame, ocorreram em função da baixa qualidade do campo natural, o que concorda com outros autores que mantiveram animais em condições similares (RESTLE, 1975; PIRES et al, 1985; POLLI & LOBATO, 1985). Todas estas diferenças entre pesos são devidas às diferenças de ganho de peso diário do nascimento até os 182 dias e até o desmame. Os terneiros filhos das vacas suplementadas no período I (T3 e T4), ganharam mais peso por dia (P<0,01), do que os filhos das vacas que foram mantidas em campo natural neste período (T1 e T2), respectivamente, 0,514 e 0,456kg até os 182 dias, e 0,525 e 0,472kg até o desmame. Os filhos das vacas que estiveram em pastagem cultivada (T2 e T4) durante o período II, ganharam mais peso (P<0,01) até os 182 dias de idade, do que os filhos das vacas que estavam em campo natural (T1 e T3) neste período, respectivamente, 0,527 e 0,443kg por dia, e também, ganharam mais peso (P<0,05) até o desmame, 0,520 e 0, 478kg diariamente, respectivamente. Os terneiros do T4 ganharam mais peso (P<0,01) por dia, do que a média do ganho de peso dos terneiros dos outros 3 tratamentos juntos, respectivamente, 0,554 e 0, 462kg do nascimento aos 182 dias, e 0,541 e 0,485kg do nascimento ao desmame.

Os terneiros que apresentaram os maiores ganhos de peso, tiveram mães que produziram mais leite, sendo que a correlação entre a produção média de leite e o ganho de peso médio diário dos terneiros, do nascimento ao desmame, foi de 0,75 (P<0,01). As percentagens médias dos componentes do leite e os ganhos de peso dos terneiros, por outro lado, tiveram correlações baixas e não significativas. Estes resultados concordam com outros autores, entre estes, NEVILLE JR.(1962), CUNDIFF et al (1974) e NELSON et al (1982), que citam que vacas com maior produção leiteira, têm terneiros com maiores ganhos de peso. PIRES et al (1985), na mesma área de campo natural utilizada neste experimento, obtiveram ganhos de peso similares ao obtido pelos terneiros do T2, porém RESTLE (1975) e PIRES & FERNANDES (1980), também em condições de campo natural, obtiveram menores ganhos de peso do nascimento ao desmame, aproximadamente 0,395kg por dia.

CONCLUSÕES

Pode-se concluir, levando-se em consideração as condições em que foi realizado o experimento e com base nos resultados obtidos, que:

- As vacas que receberam suplementação com pastagem cultivada por um período maior de tempo, produziram mais leite do que as que permaneceram apenas em pastagem natural;

- Vacas com maior produção tenderam a produzir leite com menores teores de gordura e maiores de extrato seco desengordurado do que as que produziram menos leite, e;

- Não houve diferença no peso ao nascimento, porém, nos tratamentos em que as mães receberam pastagem cultivada os terneiros ganharam mais peso e foram mais pesados aos 182 dias e ao desmame.

FONTE DE AQUISIÇÃO

a - Laboratório Univet S.A. Indústria Veterinária. Rua Clímaco Barbosa, 700 - São Paulo, SP.

2Zootecnista, Professor Assistente do Departamento de Medicina Veterinária e Zootecnia, CCA, Fundação Universidade Estadual de Londrina, CEP 86.051 - Londrina, PR.

3Engenheiro Agrônomo, Professor Titular do Departamento de Zootecnia, Centro de Ciências Rurais, Universidade Federal de Santa Maria. CEP 97.119 - Santa Maria, RS.

4Médico Veterinário, Professor Adjunto do Departamento de Zootecnia, Centro de Ciências Rurais, Universidade Federal de Santa Maria, CEP 97.119 - Santa Maria, RS.

Aprovado para publicação em 26.06.91.

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  • 1
    Parte da Dissertação de Mestrado apresentada pelo primeiro autor do Curso de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Federal de Santa Maria.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      26 Set 2014
    • Data do Fascículo
      Abr 1991

    Histórico

    • Aceito
      26 Jun 1991
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