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Revista, santuário e escola: a atuação dos saletinos na educação no Brasil

The magazine, the sanctuary, the school: questions for the study of the saletinos catholic congregation and its role in Brazilian education

Resumos

Este artigo parte do pressuposto de que não é possível entender a atuação de uma congregação religiosa estrangeira na educação brasileira sem compreender sua criação, as motivações que a trouxeram ao País e os interesses envolvidos em sua instalação e em suas obras ao longo do tempo. Ao pesquisarmos a ação dos saletinos no Brasil, foi possível perceber esses processos extremamente imbricados em torno da construção de uma devoção "importada" da França para o Brasil. Assim, criaram primeiramente uma revista, empenharam-se na construção de santuários e fundaram escolas. Ao analisar a instituição da congregação na França, sua vinda para o Brasil e a revista O Mensageiro de Nossa Senhora da Salette, levantamos algumas questões para a compreensão do seu papel na educação e na sociedade brasileira.

Congregação religiosa; saletinos; história da educação


This article assumes that one cannot understand the actions of a foreign religious congregation in the field of education in Brazil without understanding its creation, the motivations that brought them to the country as well as the interests involved in its installation and in its works over time. While studying the action of the Saletinos in Brazil, it was possible to grasp these extremely interwoven processes around the construction of a devotion "imported" from France. The Saletinos created a magazine, built a sanctuary and founded some schools. The magazine The Messenger of Our Lady of la Salette was an important vehicle through which they developed the devotion in the country. In this magazine, the priests forged a memory of the congregation and also erased disputes and tensions about their own origins in France, creating a bond with Brazilian culture and structuring the articles in a didactic sequence.

Religious congregation; saletinos; history of education


DOSSIÊ: CATOLICISMO E FORMAÇO CULTURAL

Revista, santuário e escola: a atuação dos saletinos na educação no Brasil1 1 . Essa pesquisa foi iniciada como projeto de Pós-Doutorado financiado pela Fapesp (Processo n. 08/51711-6). Conta com dados coletados e analisados em trabalho de Iniciação Científica realizado por Letícia Mazochi.

The magazine, the sanctuary, the school: questions for the study of the saletinos catholic congregation and its role in Brazilian education

Paula LeonardiI; Letícia Aparecida MazochiII

IProfessora da Universidade São Francisco, Itatiba, SP, Brasil. paulaleonardi@usf.edu.br; leonardi.paula@gmail.com

IIMestranda em Educação, Universidade São Francisco, Itatiba, SP, Brasil. mazochileticia@gmail.com

RESUMO

Este artigo parte do pressuposto de que não é possível entender a atuação de uma congregação religiosa estrangeira na educação brasileira sem compreender sua criação, as motivações que a trouxeram ao País e os interesses envolvidos em sua instalação e em suas obras ao longo do tempo. Ao pesquisarmos a ação dos saletinos no Brasil, foi possível perceber esses processos extremamente imbricados em torno da construção de uma devoção "importada" da França para o Brasil. Assim, criaram primeiramente uma revista, empenharam-se na construção de santuários e fundaram escolas. Ao analisar a instituição da congregação na França, sua vinda para o Brasil e a revista O Mensageiro de Nossa Senhora da Salette, levantamos algumas questões para a compreensão do seu papel na educação e na sociedade brasileira.

Palavras-chave: Congregação religiosa, saletinos, história da educação.

ABSTRACT

This article assumes that one cannot understand the actions of a foreign religious congregation in the field of education in Brazil without understanding its creation, the motivations that brought them to the country as well as the interests involved in its installation and in its works over time. While studying the action of the Saletinos in Brazil, it was possible to grasp these extremely interwoven processes around the construction of a devotion "imported" from France. The Saletinos created a magazine, built a sanctuary and founded some schools. The magazine The Messenger of Our Lady of la Salette was an important vehicle through which they developed the devotion in the country. In this magazine, the priests forged a memory of the congregation and also erased disputes and tensions about their own origins in France, creating a bond with Brazilian culture and structuring the articles in a didactic sequence.

Keywords: Religious congregation, saletinos, history of education.

Conta a memória oficial da Congregação dos Missionários de Nossa Senhora da Salette que, em 19 de setembro de 1846, uma dama apareceu a duas crianças na Montanha da Salette, diocese de Grenoble, França. Mélanie Mathieu (14 anos) e Maximin Giraud (11 anos) eram de Corps, pequena, mas importante cidade da região por ser cruzamento de várias estradas de comércio. A dama, chorando, fez-lhes um apelo à conversão2 2 . Conversão, neste sentido, não quer dizer alguém de outra religião que se converte ao catolicismo. Mas, sim, o retorno para os dogmas, os rituais e as práticas católicas, como podemos observar das palavras que seguem neste trecho. . As primeiras cartas enviadas pelo abade de Corps, Pierre Mélin, ao bispo de Grenoble, D. Philibert de Bruillard, insistem na mensagem da dama repetida pelas crianças:

Seu filho está irritado, ele quer esmagar os homens... ela não pode sustentar seu braço... o que provoca sua cólera ao grau supremo são os trabalhos aos domingos, o afastamento, a deserção das igrejas por parte dos homens... as blasfêmias que se escutam sobre as grandes estradas... A negligência, o abandono da oração (Bassette, 1965, p. 13)3 3 . Para as citações em francês, procedemos à livre tradução. .

A história oficial prossegue, afirmando que, rapidamente, a notícia se espalhou e o povo começou a ir para o lugar onde se dera o ocorrido. Após cinco anos de investigação, em 19 de setembro de 1851, o bispo de Grenoble declarou verdadeira a aparição. Reproduz-se, no prefácio do livro de Bassette (1965), a carta do bispo Philibert de Bruillard, por ocasião da aceitação do milagre, tomado como fato pela Igreja:

Nós julgamos que a Aparição da Santa Virgem a dois pastores, em 19 de setembro de 1846, sobre a montanha da cadeia dos Alpes [...] carrega ela mesma todas as características da verdade, e que os fiéis são levados a crer de forma certa e indubitável. Nós cremos que o Fato adquire um novo grau de certeza pelo concurso imenso e espontâneo dos fiéis sobre o lugar da Aparição [...]. (Bassette, 1965, s.p.).

O concurso dos fiéis contribuiu para que a Igreja considerasse a aparição verdadeira e logo se apropriasse de uma devoção que, de outro modo, poderia ter continuado como mais uma devoção popular. O ultramontanismo, política da Santa Sé iniciada em meados do século XIX para combater a modernidade e centralizar o governo da Igreja sobre as diretrizes romanas, tinha como um de seus encaminhamentos a substituição das devoções populares por devoções controladas e comandadas pela hierarquia da Igreja (Wernet, 1987). Entre a devoção e o fiel deveria haver um padre.

No ano seguinte, 1852, o bispo ordenou a construção de um santuário no local, e uma equipe de três sacerdotes do clero diocesano foi designada para cuidar dele. Eles foram chamados de Missionários de Nossa Senhora da Salette. Após seu crescimento na França, essa congregação fundou casas em outros países4 4 . Noruega, Madagascar, Estados Unidos (Bassette, 1965; Fassini, 2001). .

Em 1902, um missionário saletino norte-americano, padre Clemente Henrique Moussier, após insistências ao seu superior, foi enviado ao Brasil para a fundação de uma casa no País. Com o passar dos anos e com alguns êxitos na empreitada, apoiada pelas Irmãs de São José de Chambéry e colaboradores, outros missionários foram enviados para cá. Em 15 anos, os saletinos fundaram uma revista de circulação nacional, iniciaram a construção do primeiro santuário na cidade do Rio de Janeiro e criaram seminários e escolas paroquiais.

Para os religiosos – padres e freiras –, qualquer que seja sua forma de atuação no mundo, a catequese, entendida no sentido dado por Paiva (1982, p.13) de "toda ação pastoral da Igreja: a doutrinação propriamente dita, a pastoral litúrgico-devocional, o comportamento das pessoas e das instituições eclesiásticas", está presente. Ela conduz a costumes, valores e crenças específicos que, por sua vez, pretendem levar a uma determinada interpretação da realidade (Paiva, 1982). Já foi demonstrado que os colégios foram, desde os tempos modernos, focos privilegiados das congregações (Bittencourt; Leonardi, 2011), tanto porque lhes conferiam os meios de sustento e renda garantida, que poderiam financiar outras "obras", quanto porque propiciavam o recrutamento. Mas, até que um colégio fosse fundado, e mesmo após sua abertura, outras práticas, com vistas à catequese e à condução da vida, eram postas em ação.

Com a proliferação de congregações religiosas ao longo do século XIX na Europa (Langlois, 1984; Mangion, 2008; Villares, 2003) e sua vinda em grande quantidade para o Brasil, as pesquisas em História da Educação, ao focar suas análises somente nos colégios, perdem as possibilidades de compreensão de outras formas de educação postas em ação pela Igreja e que vão além da forma escolar. Essas congregações procuravam cobrir diferentes esferas da vida, seja pela distribuição de trabalhos entre elas, seja pela concorrência mais ou menos explícita.

Por esses motivos, tomamos como objeto de investigação uma congregação que, como outras, tinha em seu horizonte a constituição de uma escola, porém, suas atividades e forma de difusão de mensagens ultrapassavam seus muros. Como teria se dado a transposição dessa devoção para o Brasil? Ela teria vindo carregada pelas marcas históricas e pela memória da fundação da congregação? Quais memórias foram mobilizadas para a implantação dessa devoção em nosso País e quais interesses estariam aí envolvidos? Em que medida houve um apagamento das especificidades culturais e históricas de seu surgimento?

França: a fundação e o cenário

A Congregação dos Missionários de Nossa Senhora da Salette foi criada em 1852, na França, na transição da Segunda República (1848 – 1852) para o Segundo Império (1852 – 1870), que começou com o golpe de Napoleão III e deu início a um período autoritário que se estenderia até a década de 1860. O governo lutou contra forte oposição interna, mas o favorecimento à abertura de congregações pelo Estado continuou durante esse período.

O século XIX foi um período de grandes mudanças, especialmente para a Igreja Católica. O ultramontanismo avançou, houve grande entrada de mulheres para a vida religiosa (Langlois, 1984; Mangion, 2008; Rosado-Nunes, 1996; Villares, 2003). Esse também foi o século de aparições marianas. Além da Salette, houve outras duas histórias de aparições, na França e em Portugal5 5 . As aparições, em Lourdes, começaram em 11 de fevereiro de 1858; em Pontmain, em 17 de janeiro de 1871. A aparição em Fátima (Portugal) ocorreu já no século XX, em 1917. . O Dogma da Imaculada Conceição foi proclamado em 1854 pela bula Ineffabilis Deus (Tranvouez, 1988). Esses aspectos indicam uma parte da movimentação da Igreja em direção à reconquista e uma aposta fundamental na mulher como um desses instrumentos.

Para o caso da Salette, Stern (1984) destaca a ocorrência de disputas em torno da implantação do catolicismo ultramontano, ligado aos sacramentos, em confronto com um catolicismo mais popular ou ainda galicano, menos sujeito aos controles da hierarquia romana6 6 . Grosso modo, a palavra "ultramontano" refere-se aos adeptos da nova política do Vaticano de centralização do poder em Roma. Já o clero galicano apoiava uma Igreja nacional sob controle do poder local. . Esse clima levava a população, de acordo com o partido tomado, a afrontar um padre ou outro. Essa é uma pista importante que procuramos perseguir, recorrendo a pesquisas sobre a Salette em outros campos de investigação.

A desconfiança dos ultramontanos com relação ao clero galicano e, portanto, com relação às antigas ordens, favorecia, também, o desenvolvimento das congregações com superior ou superiora geral (Langlois, 1984). A política ultramontana, visando à centralização do poder em Roma, começou a estabelecer a hierarquia por volta de 1850. Uma de suas estratégias era retirar, paulatinamente, o poder das antigas ordens e entregá-lo aos bispos. Isso foi feito por meio da bula Romanos Pontifice em 1880 e, no fim do século, os bispos eram autoridades sem concorrência na hierarquia católica (Mangion, 2008).

Dufieux (2003) mostra como a construção do santuário da Salette, na França, expôs uma disputa entre o bispo de Grenoble e o bispo de Lyon para emancipação daquela sede em relação a esta. As querelas iniciaram-se por ocasião das investigações sobre a aparição. O bispo de Lyon pronunciou-se inúmeras vezes contrário à veracidade do fato. O conflito expressa a posição dos galicanos – que entendiam ter poder sobre os acontecimentos de Grenoble – contra a posição ultramontana. A Santa Sé, com cautela, tomou o partido do bispo de Grenoble. A ação de monsenhor Bruillard foi decisiva. Em 19 de setembro de 1851, o bispo pronunciou-se afirmativamente sobre a veracidade do fato e, em 24 de maio de 1852, comprou um terreno para a construção do santuário.

A carreira do arquiteto Alfred Berruyer, a quem foi designado o projeto de construção por monsenhor Bruillard, está intimamente relacionada à reconquista católica empreendida pelo ultramontanismo, na segunda metade do século XIX. Segundo Dufieux (2003), Berruyer empenhou-se na difusão do estilo neorromano que, para esse autor, era a forma acabada da reconquista no período. A construção do santuário reafirmou a hegemonia do arcebispo nessa diocese, emancipando-se da tutela dos arcebispos de Lyon. Mas, ao mesmo tempo, outros jogos políticos estavam em cena, como, por exemplo, o fato de o prefeito da cidade, Frederic Faige-Blanc, ter a intenção de construir a mais imponente igreja da diocese naquele século. Para Dufieux (2003, p. 127), ele expressa claramente seus desejos, ao se pronunciar sobre a construção:

A arte gótica é considerada a expressão mais pura, mais artística e mais elevada do pensamento cristão [...]. A ereção das grandes catedrais, ao mesmo tempo em que foi obra de entusiasmo religioso, foi igualmente uma obra social e política. O povo e a monarquia, todos os dois oprimidos [...] começaram, para não se deterem mais, a obra de libertação do povo e da unidade de nosso país [...].

O neogótico reviveria, assim, o período de maior prestígio da história nacional católica, aquele em que se uniam povo e governo em torno da catedral (Dufieux, 2003). A Figura 1 mostra o Santuário da Salette, na França, cuja imagem é reproduzida nas casas dos saletinos, no Brasil, em panfletos, calendários e polianteias.


A respeito da construção dessa devoção e do Santuário, Lagrée (1991) também destaca questões linguísticas e políticas aí implicadas. O autor, a partir da análise de três tipos de documentos (textos de base francesa, mas com expressões locais; textos exclusivamente com base local; e texto em francês, oficial, em linguagem teológico-judiciária), afirma ser possível seguir, a partir desse corpus, o processo de aculturação dos videntes. Mélanie, uma das crianças para quem a dama aparecera, foi assinalada, ao longo do processo, como menos francófona que seus pais. O autor aponta que, pela enquete do Ministère de l'Instruction Publique, de 1863, o departamento de Isère, onde se encontra La Salette, contava com 58% de comunas não francófonas. É preciso ressaltar que, de outro lado, havia os investigadores da Igreja, representando a cultura erudita.

Tanto no caso da Salette quanto no de Lourdes, as visões manifestaram-se na oralidade. A dama da Salette usava dois registros de língua, com funções diferentes (Lagrée, 1991). Primeiramente, em francês, um conjunto de abstrações religiosas evocando a pregação e a catequese. Ao que indicam os textos oficiais, as crianças não compreenderam muita coisa. Em seguida, a dama utilizou o dialeto local, precisamente no patois de Corps, cujo conteúdo remetia às realidades agrícolas concretas. Os responsáveis pela investigação surpreenderam-se com o fato de Mélanie não compreender o francês. Os adversários da Salette apoiaram-se na trivialidade da linguagem para negar a aparição, como é possível observar a seguir, no texto de um advogado que conduz um processo de difamação encaminhado pelo bispo de Grenoble:

Em uma época em que a divindade se manifesta por grandes coisas, como o vapor que permite ao carro do homem dirigir tão rápido como o vento, a eletricidade a seu serviço para transportar seu pensamento tão rápido como um relâmpago, e muitas outras maravilhas da sua graça e bondade, falar sobre meias amarelas, dialeto, manteiga na sopa, é uma verdadeira profanação (Lagrée, 1991, p. 125).

A forte oposição entre campo e cidade fica marcada, sendo o primeiro o local do dialeto e das "superstições" (Lagrée, 1991). Por outro lado, havia também os defensores que se inscreviam no catolicismo populista da época, destacados por esse autor. Henri Laresse, vulgarizador de Lourdes, por exemplo, afirmou que a revelação se fizera aos pequenos e humildes. Drochon, em seu Histoire Illustrée des Pèlerinages (1890), sublinhou que, na Salette, tratava-se de crianças criadas no vilarejo, que compreendiam com dificuldade o francês e eram desprovidas de cultura intelectual. Lagrée (1991, p. 127) destaca, ainda, que "a oposição entre campo e cidade está subjacente. [...] Parece-me que o processo de legitimação das aparições marianas em línguas regionais é o resultado de uma tradição previamente desenvolvido, que encontra aqui sua realização mais espetacular".

A partir dos trabalhos de Dufieux (2003) e Lagrée (1991), podemos inserir o acontecimento da Salette em uma problemática maior, que se refere à constituição do estado nacional e se revela nos embates e nos acordos entre os poderes temporal e espiritual (galicanismo x ultramontanismo) e na tentativa de unificação de uma língua em um território (valorização do patois ou do francês, via escolarização). Essas disputas e alianças perpassam os campos da arte, da economia, da política, do conhecimento e da memória. Veremos como se deu a chegada dessa devoção ao Brasil e por quais meios.

A revista, o santuário, a escola no Brasil

No Brasil, durante a segunda metade do século XIX, o ultramontanismo ganhou vulto, quando foram nomeados bispos fiéis à Cúria Romana. Paralelamente, várias congregações estrangeiras vieram para o País. Cinco elementos combinam-se para explicar o ocorrido: a busca pela retomada de espaços políticos por parte da Igreja Católica, com o estímulo à missão ad gentes; o desenvolvimento da política ultramontana no Brasil; a perda de espaço das congregações docentes em alguns países, como a França, por exemplo; a feminização do catolicismo ocorrida durante o século XIX na Europa; e as facilidades que o estado brasileiro propiciava para a vinda dessas congregações7 7 . Para discussão mais aprofundada sobre o assunto a partir de outros autores, ver Leonardi (2010). .

Desde sua chegada ao Brasil em 1902, padre Moussier, primeiro saletino a vir para cá, permaneceu junto às irmãs de São José de Chambéry no bairro de Santana, em São Paulo. Em 1903, partiu para Jaú, onde as irmãs também possuíam uma comunidade. Padre Moussier procurava soluções para se integrar em um trabalho que pudesse promover a vinda de outros padres e o estabelecimento de uma comunidade. Em suas cartas trocadas com o superior na França, falou das possibilidades de isso ocorrer, tratou da concorrência de outras congregações aqui já presentes e solicitou orientações8 8 . O arquivo dos padres Saletinos (Congregação dos Padres Missionários de Nossa Senhora da Salette) está na casa geral de Nossa Senhora da Salette no Brasil, localizada em Curitiba, Paraná. Na casa de Marcelino Ramos, Rio Grande do Sul, os saletinos mantêm um santuário, a partir de onde é atualmente produzida e distribuída a revista Salette. Entre os documentos encontrados no primeiro arquivo estão mais de 80 cartas do Padre Moussier para seu superior na França. Compõem, também, este fundo, as respostas do superior. . Em 1904, chegaram outros padres que, gradativamente, assumiram novos postos de missão e capelania. Em 1906, esses postos se estenderam para diferentes regiões de São Paulo, entre elas, as cidades de Campinas e de Santa Cruz das Palmeiras. Em 1912, iniciaram o trabalho na cidade do Rio de Janeiro e, no ano seguinte, compraram um terreno no bairro Catumbi para a construção de um santuário. Observa-se, por essa rápida cronologia dos trabalhos, que dez anos foram necessários para que os padres conseguissem se estabelecer em terreno próprio. Ainda assim, a inauguração do santuário no Rio ocorreu somente em 1927 (Fassini, 2001).

O Conselho Regional da Congregação Saletina no Brasil havia pensado na publicação de um boletim paroquial já no ano de 1910 (Fassini, 2001), mas ele – por razões desconhecidas – não foi posto em prática. Somente em 1916, os missionários retomaram o projeto do boletim, que logo foi mudado para uma publicação mensal. Surgiu, então, a revista O Mensageiro de Nossa Senhora da Salette9 9 . A coleção da revista O Mensageiro, dos anos de 1917 até 1928, período do qual temos os números completos, está arquivada no Grupo de Estudos História da Educação e Religião (GEHER), na Faculdade de Educação da USP, em São Paulo, e emprestada temporariamente para o Centro de Documentação e Apoio à Pesquisa em História da Educação – CDAPH –, da Universidade São Francisco, em Bragança Paulista. Não temos, em arquivo, os demais volumes após esse ano. Doravante, para as citações da revista, utilizaremos a abreviação M.N.S.S. , que teve sua primeira edição em 1917, no Rio de Janeiro10 10 . Os padres saletinos já mantinham um Boletim na América do Norte, onde realizavam também suas atividades. . Embora os artigos não fossem assinados, Fassini (2001) informa que o fundador da revista foi Padre Fidélis Willy e, por muitos anos, seu gerente foi o Irmão Rafael Rozec. No ano de 1960, a revista passou a ter como redator o padre Anacleto Ortigara e, como diretor, o padre Alindo Favero. Nesse mesmo ano, o periódico mudou de nome, passando a se chamar apenas Salette. Além dessa revista, a congregação publicava cadernos, fascículos e livros, ensejando a criação de um grupo de leitores, a princípio leigos, que liderassem as atividades cristãs e que fossem, por meio de tais publicações, permanentemente doutrinados (Fassini, 2001). Quais conteúdos eram veiculados?

Observando as capas da revista, notamos, na Figura 2, reprodução dos três momentos consagrados na França para representar a aparição: a dama sentada numa pedra, chorando, envolta em luz; o encontro e a conversa com as crianças pastoras; e o desaparecimento da dama no céu. Gradativamente, a revista passou a mostrar, juntamente com a representação dos três momentos, a imagem do santuário na França. Em dezembro de 1917 já se reproduzia, em seu interior, a planta do santuário que seria construído no Brasil (M.N.S.S., 1917, p. 187). Como ecoava no Brasil a representação de uma Nossa Senhora vestida como uma camponesa da paróquia de Corps?



Nos primeiros anos, a seção de "graças alcançadas" revelava uma circulação nacional da revista, com cartas vindas de diferentes regiões do País. Fassini (2001) informa que, no ano de 1960, a revista contava com cerca de 20 mil assinantes. Ainda que esse número possa ser questionado, revistas como a Salette precisam ser estudadas para a compreensão do alcance da imprensa católica, ao lado de outras revistas escritas por intelectuais (Calvilla, 2011) e endereçadas a um público específico, como A Ordem (Dias, 2002), por exemplo.

Na revista aqui em análise, os textos possuem um caráter mais prescritivo do que reflexivo. Além do apelo por meio da imagem, os artigos são articulados em uma sequência didática: a aparição e a mensagem da Salette, a narração de uma conversão (endereçando à importância da retomada dos sacramentos), a seção de graças alcançadas, uma poesia dedicada à Salette, um artigo endereçado à família ou à mulher, a seção de notícias locais e do mundo. Seguiam-se, finalmente, as regras da Associação de N. S. da Salette e os avisos sobre as assinaturas e os endereços para o pagamento da revista. Essa estrutura se manteve de 1917 até 1928, período final da abrangência desta pesquisa.

Tomaremos alguns trechos do ano de 1917 e de 1918, a fim de melhor explicitar a sequência didática estabelecida pelos redatores. Ela se iniciou com a narrativa da aparição, cuja história já mencionamos resumidamente no início deste artigo, e colocava em evidência as qualidades marianas como modelo de mulher: assexuada, dócil, meiga e totalmente dedicada à prole, como podemos observar nos trechos abaixo:

Em todos estes estados, a mulher virgem, esposa, mãe, viuva, vivendo no mundo ou retrahida no silencio da sua casa, póde prestar verdadeiros serviços a causa catholica e social sem sahir fora da esphera da sua acção e sem abandonar os interesses da sua familia. [...] Deve por todas as formas louvaveis ser o amparo dos desgraçados, o modelo a imitar, a missionaria do Bem, a Mulher forte do Evangelho (M.N.S.S., abr. 1918, p. 273-274).

A mulher forte do Evangelho é Maria.

O estado heroico da mulher no mundo, é o de mãe! Ei-la que toma a pesada e leve cruz de seu affecto: nasceu-lhe um filho. Padecente e feliz ella aperta contra o seio ubere, o fructo do seu amor, este mixto de anjo e humano, cheirando a alfazema e já governando o seu reino, que é a casa paterna. E desde este dia, a mulher mãe morreu para todo o descanso, e só deve viver para a dedicação e sacrifício (M.N.S.S., abr. 1918, p. 273).

Trata-se de uma congregação comandada por homens, empenhando-se na difusão de uma devoção feminina e escrevendo recomendações para mulheres. A reconquista católica, como mencionado anteriormente, apoiava na figura feminina boa parte de seus esforços, apostando que as mulheres seriam suas principais aliadas. Agindo no lar, trariam de volta seus maridos para a prática da religião católica e criariam seus filhos como bons cristãos, católicos, apostólicos, romanos. Após o apelo a um "eterno feminino", a revista trazia uma história de conversão entendida como o retorno às práticas católicas. A isso, atrelava a importância do catecismo, como no artigo intitulado "Um livro precioso":

Os principios eternos sobre os quaes esta baseado o seu ensinamento, não brotaram do cerebro humano, mas desceram das regiões sobrenaturaes.

Não contem meras opiniões, porem a verdade pura, os mesmos ensinamentos que cahiram dos lábios divinos de Jesus Christo, as mesmas palavras de vida, esparsas na Sagrada Escriptura, mas aqui reunidas, methodicamente compendiadas. (M.N.S.S., jan. 1917, p. 07)

A crítica feita à ignorância religiosa, devido ao esquecimento do catecismo, é reforçada quando se apresentam os inimigos da "verdadeira religião", como o espiritismo, por exemplo, tomado como "o conjuncto de todas as superstições e astucias da incredulidade moderna" (M.N.S.S., jan. 1917, p. 09). O artigo "O espiritismo" aponta-o como uma "seita" confusa, incoerente, subversiva, desvairada, imoral, exploradora, diabólica:

Os espiritas devem ser tratados, tanto no fôro externo como no interno, como verdadeiros herejex e fautores de heresias [...] Os Revds. Parochos e confessores instruam a reprehendam os fiéis, que pensam lhes ser licito frequentar as sessões espiritas, por não terem ouvido nunca ahi cousas torpes ou impias. E lhes declarem que todos os escriptos, jornaes, revistas e livros do espiritismo estão prohibidos (M.N.S.S., jan. 1917, p. 09).

A esse artigo vincula-se outro, intitulado "Bôa Imprensa":

Tendo em conta a funesta e deletéria propaganda que se vai espraiando por meio da imprensa antireligiosa e sectária, com grave detrimento da fé, da moral e da disciplina catholica, o Augusto Pontifice demonstrou as melhores disposições em favorecer com seu supremo apoio, a nobre e salutar empreza que tem por objecto promover uma intensa e progressiva difusão do espírito e sentimento catholico, de maneira tal que se possa chegar por meio de uma prudente harmonia dos intentos e das forças, a pôr um dique ao desenvolvimento da imprensa antireligiosa (M.N.S.S., jan. 1917, p. 16).

Em "Notas e Notícias", assuntos como o Carnaval, por exemplo, são abordados como uma afronta, indecência e esbanjamento de dinheiro, em detrimento da oferta aos pobres. Nessa seção também se publicam dados sobre o número de católicos em Nova York, superior em relação ao de protestantes e judeus. Apresenta-se uma nota sobre a Primeira Guerra, considerando-a como o resultado da "civilisação moderna sem Deus" (M.N.S.S., jan. 1917, p. 12).

Para finalizar esta exposição sobre o conteúdo da revista, cabe ainda destacar que, em "O mez de N. S. da Salette" (M.N.S.S., jan. 1917, p. 11), pudemos observar que o nome dado para a matriz e para o santuário construídos, no Rio de Janeiro, foi Nossa Senhora das Dores da Salette. Talvez uma tentativa de aproximar a Salette de devoções já conhecidas no País.

Esse padrão na sequência de artigos repete-se nos dez anos analisados (1917 – 1927). Alicerçada nas determinações do Concílio Vaticano I (1869-1870) e do Concílio Plenário Latino-Americano (1899), que incentivavam o uso da imprensa no combate à modernidade, a congregação dos saletinos aliava-se às determinações ultramontanas, a fim de efetivar as tarefas recomendadas pela hierarquia: divulgar a doutrina social da Igreja (o catecismo, os sacramentos); informar sobre as atividades dos inimigos (outras religiões) e sobre os meios de combate; alertar contra os comunistas; endereçar prescrições morais às mães, às mulheres em geral, aos párocos e aos fiéis.

Como mater et magistra que fornece a "verdade", agindo sobre os costumes, os valores e as crenças com o intuito de fornecer uma interpretação específica da realidade, pensamos que a circulação da revista pelo Brasil favoreceu a difusão de uma devoção europeia no País, seguindo a linha da romanização. Por meio da revista e da coleta de doações que ela propiciava, a congregação pôde avançar outros projetos.

Em 1918 ocorreu, no Rio de Janeiro, o lançamento da pedra fundamental para a construção do santuário dedicado à Salette. Mesmo com o apoio do cardeal Arcoverde, arcebispo do Rio de Janeiro, ele foi inaugurado somente em 1927. A revista já circulava há dez anos, arrecadando doações e reunindo mais fiéis. Em 1928 fundaram uma escola apostólica em Marcelino Ramos, Rio Grande do Sul. Entre 1928 e 1938, os padres reuniram 60 alunos. E, até 1946, o número de alunos da escola subiu para 100. Já na cidade de São Paulo, o santuário foi construído antes mesmo do de Marcelino Ramos, em 1940 (Fassini, 2001).

Considerações finais

Pensamos que as três empreitadas realizadas pelos saletinos no Brasil – a revista, o santuário e a escola – precisariam ser investigadas e analisadas em conjunto, como parte de um projeto de catequese que visava levar os fiéis a uma forma de interpretação da realidade pautada nos costumes e nos valores católicos europeus ultramontanos. Para que o trabalho desses religiosos no Brasil frutificasse, para que essa devoção "importada" obtivesse sucesso, um trabalho de memória e de "pontos de contato" com a cultura brasileira deveria ser mobilizado.

Nas páginas da revista constrói-se a memória da Salette para o Brasil: aí se informou sobre a mensagem, sobre a dama, sobre a situação do povo à época da aparição, vinculou-se o santuário da França àquele que se construía no Brasil. A ordem dos artigos, que se repete nos números consultados, também revela uma preocupação didática. Apagaram-se, entretanto, as disputas e as tensões presentes na constituição da congregação na França.

O universalismo da mensagem e a identificação da imagem de culto a Nossa Senhora garantiam que, mesmo em trajes típicos da região francesa de origem, ela não se tornasse algo distante da cultura brasileira. Apagou-se a história, manteve-se uma imagem: no Rio de Janeiro, Nossa Senhora da Salette tornou-se Nossa Senhora das Dores da Salette (M.N.S.S., 1917, p. 11). Se a globalização leva ao apagamento das especificidades culturais, a mensagem universal da Igreja e seus objetos de culto podem ser considerados como um processo semelhante e anterior11 11 . Essa questão emergiu na pesquisa a partir de algumas problematizações de Ginzburg, especificamente nos ensaios e no prefácio de Relações de força (2002) e no artigo "Latitudes, escravos e a Bíblia" (2007). ? A "porosidade" das congregações teria modificado a forma como essa devoção foi apresentada aos fiéis ao longo dos anos? A quais grupos sociais a devoção era destinada aqui no Brasil? Qual seu alcance? Essas questões permanecem como desafio para novas pesquisas. A ação dos saletinos no Brasil pode ser vista como aquela com capacidade de orientar a vida das pessoas por meio da difusão de textos, imagens, rituais e práticas. A finalidade perseguida era a mesma de outras congregações: a educação na moral católica. Mas os meios se adequaram permanentemente a esse fim, complexificando as ações e tornando a trama cada vez mais espessa. Cabe agora indagar, em pesquisas futuras, sobre as tensões e as disputas dessa trama no Brasil, sobre os apoios dos bispos e dos governos locais, interrogando outros documentos.

Fontes

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  • STERN, Jean. La Salette Documents authentiques. Dossier chronologique intègral. Septembre 1846 début mars 1874. Paris: Desclée de Brouwer, 1980. v. 1.
  • 1
    . Essa pesquisa foi iniciada como projeto de Pós-Doutorado financiado pela Fapesp (Processo n. 08/51711-6). Conta com dados coletados e analisados em trabalho de Iniciação Científica realizado por Letícia Mazochi.
  • 2
    . Conversão, neste sentido, não quer dizer alguém de outra religião que se converte ao catolicismo. Mas, sim, o retorno para os dogmas, os rituais e as práticas católicas, como podemos observar das palavras que seguem neste trecho.
  • 3
    . Para as citações em francês, procedemos à livre tradução.
  • 4
    . Noruega, Madagascar, Estados Unidos (Bassette, 1965; Fassini, 2001).
  • 5
    . As aparições, em Lourdes, começaram em 11 de fevereiro de 1858; em Pontmain, em 17 de janeiro de 1871. A aparição em Fátima (Portugal) ocorreu já no século XX, em 1917.
  • 6
    . Grosso modo, a palavra "ultramontano" refere-se aos adeptos da nova política do Vaticano de centralização do poder em Roma. Já o clero galicano apoiava uma Igreja nacional sob controle do poder local.
  • 7
    . Para discussão mais aprofundada sobre o assunto a partir de outros autores, ver Leonardi (2010).
  • 8
    . O arquivo dos padres Saletinos (Congregação dos Padres Missionários de Nossa Senhora da Salette) está na casa geral de Nossa Senhora da Salette no Brasil, localizada em Curitiba, Paraná. Na casa de Marcelino Ramos, Rio Grande do Sul, os saletinos mantêm um santuário, a partir de onde é atualmente produzida e distribuída a revista
    Salette. Entre os documentos encontrados no primeiro arquivo estão mais de 80 cartas do Padre Moussier para seu superior na França. Compõem, também, este fundo, as respostas do superior.
  • 9
    . A coleção da revista
    O Mensageiro, dos anos de 1917 até 1928, período do qual temos os números completos, está arquivada no Grupo de Estudos História da Educação e Religião (GEHER), na Faculdade de Educação da USP, em São Paulo, e emprestada temporariamente para o Centro de Documentação e Apoio à Pesquisa em História da Educação – CDAPH –, da Universidade São Francisco, em Bragança Paulista. Não temos, em arquivo, os demais volumes após esse ano. Doravante, para as citações da revista, utilizaremos a abreviação M.N.S.S.
  • 10
    . Os padres saletinos já mantinham um Boletim na América do Norte, onde realizavam também suas atividades.
  • 11
    . Essa questão emergiu na pesquisa a partir de algumas problematizações de Ginzburg, especificamente nos ensaios e no prefácio de
    Relações de força (2002) e no artigo "Latitudes, escravos e a Bíblia" (2007).
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      20 Maio 2014
    • Data do Fascículo
      Abr 2014
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