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Variabilidade da frequência cardíaca como recurso em fisioterapia: análise de periódicos nacionais

Heart rate variability as a resource in physical therapy: analysis of national journal

Resumos

INTRODUÇÃO: O sistema nervoso autônomo (SNA) pode ser investigado de forma não invasiva a partir da análise da variabilidade da frequência cardíaca (VFC) e sua utilização para avaliação do SNA tem contribuído com várias áreas da saúde, dentre elas, a fisioterapia. OBJETIVOS: Reunir estudos publicados em periódicos de circulação nacional da área que abordassem a utilização da VFC em fisioterapia, a fim de fornecer uma atualização dos achados para a área. MATERIAIS E MÉTODOS: Foram selecionados, na lista de periódicos do WebQualis da área 21, todos os periódicos de circulação nacional que utilizam a palavra fisioterapia em seu título, com disponibilidade livre e textos completos em algum sítio da internet e que possuíssem classificação maior ou igual a B2. Com esses critérios, foram selecionados artigos das seguintes revistas: Revista Brasileira de Fisioterapia, Fisioterapia e Pesquisa e Fisioterapia em Movimento. Para essa busca, foram utilizados os descritores: "sistema nervoso autônomo", "sistema nervoso simpático", "fisioterapia" e "variabilidade da frequência cardíaca". RESULTADOS: A busca resultou em 19 artigos, sendo 17 ensaios clínicos e dois relatos de caso. CONCLUSÃO: A VFC tem sido utilizada no âmbito da fisioterapia como recurso para avaliação de intervenções fisioterapêuticas, como forma de investigação de condições patológicas comuns à prática clínica e para interpretação de condições fisiológicas. A sua utilização é feita principalmente pela especialidade de fisioterapia cardiorrespiratória.

Fisioterapia (especialidade); Sistema nervoso autônomo; Sistema nervoso simpático


INTRODUCTION: The autonomic nervous system (ANS) could be investigated in a noninvasive way by the heart rate variability analysis (HRV) which has contributed to several health areas such as physiotherapy. OBJECTIVE: To gather information regarding the use of HRV on physiotherapy aims at providing an update of the findings for the area on journals of national circulation. MATERIALS AND METHODS: The journals of national circulation classified as greater than B2 or B2 and with free access and complete texts in some internet sites were searched on 21 area WebQualis resulting on selection of Revista Brasileira de Fisioterapia, Fisioterapia e Pesquisa and Fisioterapia em Movimento using the keywords: autonomic nervous system, sympathetic nervous system, physiotherapy and heart rate variability. RESULTS: The search resulted in 19 articles being 17 clinical trials and two case reports. CONCLUSION: The HRV has been used as a resource of interventions evaluation, as pathological conditions common to clinical practice investigation and to physiological conditions interpretation in physiotherapy. The HRV is principally used to the cardiorespiratory specialty of physiotherapy.

Physical therapy (specialty); Autonomic nervous system; Sympathetic nervous system


ARTIGOS ORIGINAIS

Variabilidade da frequência cardíaca como recurso em fisioterapia: análise de periódicos nacionais1 1 Estudo desenvolvido no Laboratório de Fisiologia do Estresse da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista (FCT/Unesp), Departamento de Fisioterapia, Presidente Prudente, SP - Brasil.

Heart rate variability as a resource in physical therapy: analysis of national journal

Lucas Lima FerreiraI; Naiara Maria de SouzaII; Aline Fernanda Barbosa BernardoIII; Ana Laura Ricci VitorIV; Vitor Engrácia ValentiV; Luiz Carlos Marques VanderleiVI

IFisioterapeuta, mestrando em Fisioterapia na Universidade Estadual Paulista (Unesp), Departamento de Fisioterapia, Presidente Prudente, SP - Brasil, e-mail: lucas_lim21@hotmail.com

IIFisioterapeuta, mestranda em Fisioterapia na Universidade Estadual Paulista (Unesp), Departamento de Fisioterapia, Presidente Prudente - SP, Brasil, e-mail: naiara_bs@live.com

IIIFisioterapeuta, mestranda em Fisioterapia na Universidade Estadual Paulista (Unesp), Departamento de Fisioterapia, Presidente Prudente - SP, Brasil, e-mail: aliferbb@gmail.com

IVFisioterapeuta, mestranda em Fisioterapia na Universidade Estadual Paulista (Unesp), Departamento de Fisioterapia, Presidente Prudente - SP, Brasil, e-mail: analaura.ricci@yahoo.com

VDoutor em Ciências pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), Departamento de Fisioterapia, Presidente Prudente - SP, Brasil, e-mail: vitor.valenti@gmail.com

VIDoutor em Odontologia (Farmacologia) pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), Departamento de Fisioterapia, Presidente Prudente - SP, Brasil, e-mail: lcmvanderlei@fct.unesp.br

RESUMO

INTRODUÇÃO: O sistema nervoso autônomo (SNA) pode ser investigado de forma não invasiva a partir da análise da variabilidade da frequência cardíaca (VFC) e sua utilização para avaliação do SNA tem contribuído com várias áreas da saúde, dentre elas, a fisioterapia.

OBJETIVOS: Reunir estudos publicados em periódicos de circulação nacional da área que abordassem a utilização da VFC em fisioterapia, a fim de fornecer uma atualização dos achados para a área.

MATERIAIS E MÉTODOS: Foram selecionados, na lista de periódicos do WebQualis da área 21, todos os periódicos de circulação nacional que utilizam a palavra fisioterapia em seu título, com disponibilidade livre e textos completos em algum sítio da internet e que possuíssem classificação maior ou igual a B2. Com esses critérios, foram selecionados artigos das seguintes revistas: Revista Brasileira de Fisioterapia, Fisioterapia e Pesquisa e Fisioterapia em Movimento. Para essa busca, foram utilizados os descritores: "sistema nervoso autônomo", "sistema nervoso simpático", "fisioterapia" e "variabilidade da frequência cardíaca".

RESULTADOS: A busca resultou em 19 artigos, sendo 17 ensaios clínicos e dois relatos de caso.

CONCLUSÃO: A VFC tem sido utilizada no âmbito da fisioterapia como recurso para avaliação de intervenções fisioterapêuticas, como forma de investigação de condições patológicas comuns à prática clínica e para interpretação de condições fisiológicas. A sua utilização é feita principalmente pela especialidade de fisioterapia cardiorrespiratória.

Palavras-chave: Fisioterapia (especialidade). Sistema nervoso autônomo. Sistema nervoso simpático.

ABSTRACT

INTRODUCTION: The autonomic nervous system (ANS) could be investigated in a noninvasive way by the heart rate variability analysis (HRV) which has contributed to several health areas such as physiotherapy.

OBJECTIVE: To gather information regarding the use of HRV on physiotherapy aims at providing an update of the findings for the area on journals of national circulation.

MATERIALS AND METHODS: The journals of national circulation classified as greater than B2 or B2 and with free access and complete texts in some internet sites were searched on 21 area WebQualis resulting on selection of Revista Brasileira de Fisioterapia, Fisioterapia e Pesquisa and Fisioterapia em Movimento using the keywords: autonomic nervous system, sympathetic nervous system, physiotherapy and heart rate variability.

RESULTS: The search resulted in 19 articles being 17 clinical trials and two case reports.

CONCLUSION: The HRV has been used as a resource of interventions evaluation, as pathological conditions common to clinical practice investigation and to physiological conditions interpretation in physiotherapy. The HRV is principally used to the cardiorespiratory specialty of physiotherapy.

Keywords: Physical therapy (specialty). Autonomic nervous system. Sympathetic nervous system.

Introdução

A Fisioterapia, profissão regulamentada há 40 anos no país, tem lançado mão de inúmeros recursos a fim de tornar sua prática clínica baseada em evidências, ampliando constantemente o conhecimento (1-5). No Brasil, esse fato tem levado diferentes áreas a realizar um balanço científico para facilitar a compreensão de sua identidade, bem como apontar os rumos atualmente percorridos e as perspectivas futuras (6).

Um dos recursos utilizados pela Fisioterapia é a variabilidade da frequência cardíaca (VFC), que descreve as oscilações nos intervalos entre batimentos cardíacos consecutivos (intervalos R-R) de modo não invasivo, sendo utilizada para avaliar o sistema nervoso autônomo (SNA), demonstrando sua influência sobre o nódulo sinusal (7-9).

Atualmente, os índices de VFC têm sido utilizados para a compreensão de diversas condições patológicas que envolvem, dentre outros, os sistemas cardiovascular (10-12), respiratório (13-15) e neurológico (16-18), assim como diversas condições fisiológicas (19).

Apesar da larga utilização da VFC na compreensão dos fenômenos envolvidos com o SNA em condições normais e patológicas, não foram encontrados estudos que agrupassem a sua utilização em Fisioterapia, a fim de colocar em evidência as tendências de como a VFC está sendo utilizada pelos profissionais dessa área no Brasil. Para a fisioterapia, área carente de recursos instrumentais capazes de fornecer medidas adequadas para avaliação e análise de resultados de terapêuticas aplicadas, essa compreensão é importante tanto para profissionais quanto para estudantes da área encontrarem informações e entenderem como essa ferramenta pode ser utilizada na prática clínica.

Nesse contexto, este trabalho visou reunir estudos publicados em periódicos de circulação nacional da área que abordassem a utilização da VFC em fisioterapia, a fim de fornecer uma atualização dos achados para a área.

Materiais e métodos

Estratégia de busca e seleção

Inicialmente, foram selecionados, na lista de periódicos do WebQualis da área 21, todos os periódicos de circulação nacional que utilizam a palavra "fisioterapia" em seu título, que tivessem disponibilidade livre e disponibilizassem os textos completos em algum sítio da internet e que possuíssem classificação maior ou igual a B2. A partir desses critérios, foram selecionadas para essa análise as seguintes revistas: Revista Brasileira de Fisioterapia, Fisioterapia e Pesquisa e Fisioterapia em Movimento.

Em seguida, a busca foi realizada na base de dados eletrônica da SciELO (Scientific Electronic Library Online) e nos endereços eletrônicos das revistas selecionadas, em abril de 2012.

Foram incluídos todos os estudos publicados no período de 2001 a 2011 na Revista Brasileira de Fisioterapia, e para as revistas Fisioterapia e Pesquisa e Fisioterapia em Movimento, o período de inclusão dos estudos foi de 2008 a 2011 e de 2005 a 2011, respectivamente, uma vez que elas passaram a apresentar disponibilidade livre em sítio da internet somente a partir desses períodos. Os descritores utilizados para identificação dos estudos foram: sistema nervoso autônomo, sistema nervoso simpático e fisioterapia, definidos com base nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e seus respectivos correspondentes na língua inglesa (MeSH), utilizados isoladamente ou em cruzamentos. Além disso, foi utilizado o termo "variabilidade da frequência cardíaca", que, mesmo não considerado um descritor pelo DeCS, foi incluído em virtude de sua larga utilização como palavra-chave.

Análise dos dados

Os dados foram agrupados por tipo de estudo, ou seja: 1) estudos que avaliaram a eficácia de técnicas ou manobras específicas da fisioterapia (estudos de intervenção); 2) estudos que observaram condições patológicas; e 3) estudos de observação de condições fisiológicas. Esses estudos foram descritos de forma qualitativa e suas principais informações (autores e ano do estudo, características da população, objetivo do trabalho, índices avaliados e conclusões) foram reunidas em quadros.

Resultados

A busca resultou em 19 títulos, sendo 15 publicados na Revista Brasileira de Fisioterapia, dois na Fisioterapia e Pesquisa e dois na Fisioterapia em Movimento.

Foram encontrados sete estudos caracterizados como de intervenção (Quadro 1). Desses estudos, cinco analisaram técnicas ou manobras específicas da fisioterapia e dois abordaram relatos de caso de pacientes com patologias cardíacas que estavam em tratamento pela fisioterapia cardiovascular.


Em relação aos estudos caracterizados como de observação em condições patológicas, foram identificados quatro artigos (Quadro 2), que abordaram: doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), doença arterial coronariana (DAC), infarto agudo do miocárdio (IAM) e hipermobilidade articular.


Quanto aos estudos caracterizados como de observação em condições fisiológicas, foram encontrados oito artigos (Quadro 3), que utilizaram a VFC em diversas situações, avaliando voluntários saudáveis do gênero masculino ou feminino, ativos ou sedentários e nas faixas etárias denominadas jovens, adultos e adultos de meia-idade.


Discussão

A análise dos artigos selecionados demonstrou que a VFC como recurso em fisioterapia tem sido utilizada como ferramenta para avaliação de intervenções fisioterapêuticas, como recurso para investigação de patologias comuns à prática clínica do fisioterapeuta e para análise de condições fisiológicas normais. Além disso, a especialidade de fisioterapia cardiorrespiratória foi a que mais utilizou este recurso em seus estudos.

Índices de VFC foram utilizados em cinco estudos que abordaram a aplicação de testes e manobras que fazem parte do programa terapêutico da fisioterapia cardiorrespiratória. Mendes et al. (20) analisaram a VFC em 19 homens (72 ± 7 anos) com diagnóstico clínico de DPOC, durante o repouso, antes e após a melhor manobra de capacidade vital forçada (CVF) e observaram que os índices de VFC não apresentaram alterações significantes nos períodos analisados. Os autores discutem que a ausência de modificações pode estar relacionada à curta duração da manobra, à idade avançada dos voluntários e a uma provável disfunção autonômica apresentada por esses indivíduos.

Outro estudo avaliou os efeitos da respiração frenolabial (RFL) sobre a modulação autonômica em 16 pacientes com DPOC que participavam de um programa de reabilitação pulmonar e verificou que, durante a realização da manobra, ocorreu aumento significativo do índice rMSSD, indicando que a técnica influencia a modulação autonômica cardíaca promovendo aumento da atividade parassimpática nesses pacientes (21).

A influência da técnica de oscilação oral de alta frequência (OOAF) com o aparelho Shaker, em diferentes pressões expiratórias (PE) sobre a modulação autonômica, foi analisada por Moreira et al. (22), em 20 jovens saudáveis. Os autores observaram que, após a execução da técnica com pressão livre (PL), houve aumento significativo no índice que reflete a atividade simpática (BFun) e diminuição significativa naqueles que refletem a atividade parassimpática (AFun, rMSSD, pNN50). Os autores apontam que as modificações observadas na modulação autonômica após a realização da técnica com PL podem estar relacionadas ao aumento da frequência respiratória e à não manutenção da PE durante a realização da técnica com PL.

Alterações da atividade tanto do componente simpático quanto parassimpático do SNA foram descritas em dois relatos de caso que utilizaram a análise da VFC como recurso de avaliação de intervenção fisioterapêutica. Castello et al. (23) avaliaram a atividade autonômica de uma adolescente com ventrículo único participante de um programa ambulatorial de fisioterapia cardiovascular e demonstraram que a realização do programa produziu melhora da atividade parassimpática na paciente. Reis et al. (25) também avaliaram os efeitos de um programa ambulatorial de fisioterapia cardiovascular sobre a modulação autonômica de um paciente idoso com implante aórtico em uso de betabloqueador e observaram que o programa produziu aumento do índice rMSSD e do valor da banda de AF, demonstrando um aumento da contribuição vagal na modulação da frequência cardíaca.

Lopes et al. (24) investigaram os efeitos de um treinamento de força sobre a modulação autonômica em indivíduos jovens e de meia-idade e observaram que o grupo de meia-idade apresentou redução significativa dos índices SDNN, rMSSD e pNN50 em comparação ao grupo jovem e que o treinamento de força não alterou significativamente os índices de VFC independente da faixa etária e do gênero, apesar do considerável aumento de força muscular em ambos os grupos.

Já Novais et al. (26) avaliaram a VFC (índices rMSSD, BF, AF e a razão BF/AF) de homens saudáveis que não praticavam atividade física e compararam com a de hipertensos e infartados que participavam de um programa de treinamento físico aeróbio há três anos. Os autores não encontraram diferenças significantes nos índices analisados nas comparações inter e intragrupo.

Como é possível observar, nos periódicos analisados, foram encontrados apenas sete trabalhos publicados referentes à utilização da VFC como recurso de avaliação de intervenções, técnicas ou manobras fisioterapêuticas, o que demonstra a escassez de investigações dessa natureza na prática clínica do fisioterapeuta. Além disso, os estudos encontrados são relacionados principalmente à fisioterapia cardiorrespiratória, sugerindo a falta de aplicação da VFC como recurso de avaliação em protocolos de intervenção em outras especialidades da fisioterapia.

Esse aspecto pode estar relacionado ao fato de esse recurso avaliar a frequência cardíaca, o que pode passar a impressão de que é um instrumento de avaliação apenas da modulação autonômica sobre o sistema cardiovascular, e não refletir a modulação autonômica como um todo.

As análises dos índices de VFC também foram utilizadas para investigação de doenças comuns à prática clínica do fisioterapeuta. Este estudo encontrou quatro artigos em que a VFC foi aplicada, para observação de doença arterial coronariana (DAC), infarto agudo do miocárdio (IAM), DPOC e hipermobilidade articular.

De forma geral, as pesquisas encontradas demonstraram redução da VFC com a doença, com diferentes padrões de resposta dos ramos simpático e parassimpático do SNA. Na DAC e IAM, observou-se redução da atividade vagal e aumento da atividade simpática (27, 30), enquanto que, na DPOC, verificou-se redução de ambos os ramos (29). Hipermobilidade articular produziu hiporresponsividade vagal sem alteração do ramo simpático (28).

Novamente, nota-se a pouca utilização desse recurso em áreas diferentes da fisioterapia cardiorrespiratória. Constatou-se, também, que apenas um estudo utilizou índices não lineares para avaliação da VFC, o que abre grandes perspectivas para estudos envolvendo essa forma de análise.

Além disso, a VFC foi alvo em oito estudos de observação em condições fisiológicas. Um deles analisou a influência do uso de contraceptivos orais sobre a modulação autonômica de jovens saudáveis sedentárias e demonstrou que o uso dessas substâncias não exerceu influência sobre a atividade autonômica das voluntárias (31).

Os outros estudos encontrados foram relacionados à postura, idade, gênero e ao ritmo circadiano. As pesquisas relacionadas à postura demonstraram haver maior atividade parassimpática na posição supina quando comparada à posição sentada de jovens saudáveis (32, 35). No que se refere à faixa etária, os estudos apontam para uma redução progressiva da VFC com o incremento da idade (33, 35, 36) e, em relação à idade e ao gênero, ocorre maior atividade parassimpática e menor atividade simpática em mulheres pós-menopausa quando comparadas a homens de faixa etária semelhante (34). Em relação ao ritmo circadiano, foi demonstrada maior modulação vagal no período da manhã em mulheres saudáveis (38).

As análises dos estudos utilizando VFC apontam evidências para sua utilização como recurso de avaliação e interpretação da modulação autonômica em diversos estados ou condições, demonstrando sua importância no âmbito fisioterapêutico como um importante componente de avaliação que deve ser incorporado à prática clínica em todas as especialidades da área.

Conclusão

Os estudos demonstraram que a VFC, em fisioterapia, tem sido utilizada como ferramenta para avaliação de intervenções fisioterapêuticas, para investigação do SNA em doenças comuns à prática clínica e para interpretação de condições fisiológicas. A sua utilização é feita principalmente pela especialidade de fisioterapia cardiorrespiratória.

Recebido: 29/05/2012

Received: 05/29/2012

Aprovado: 10/12/2012

Approved: 12/10/2012

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    Estudo desenvolvido no Laboratório de Fisiologia do Estresse da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista (FCT/Unesp), Departamento de Fisioterapia, Presidente Prudente, SP - Brasil.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      03 Abr 2013
    • Data do Fascículo
      Mar 2013

    Histórico

    • Recebido
      29 Maio 2012
    • Aceito
      10 Dez 2012
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