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HÁBITOS E ATITUDES DOS ACADÊMICOS DE ODONTOLOGIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS EM RELAÇÃO AO AÇÚCAR E À SAÚDE

HABITS AND ATTITUDES OF DENTAL STUDENTS AT FEDERAL UNIVERSITY OF GOIÁS IN RELATION TO SUGAR AND HEALTH

Resumos

O presente estudo objetivou investigar os hábitos dietéticos de um grupo de acadêmicos de Odontologia em relação ao açúcar, analisando a influência dos conhecimentos adquiridos durante o curso. Os dados foram coletados através de questionários aplicados a 140 acadêmicos recém-ingressantes e formandos da Universidade Federal de Goiás. Observou-se que o consumo de sacarose foi mais freqüente entre os recém-ingressantes (92%) do que entre os formandos (80%) (p << 0,05). Sessenta por cento dos formandos relataram ter reduzido a ingestão após o ingresso no curso, e a grande maioria pretende recomendar restrição de açúcar aos próprios filhos (97,5%) e aos futuros pacientes (87%), visando uma melhor saúde bucal e geral (77%). Concluiu-se que os conhecimentos adquiridos não levam necessariamente à mudança dos hábitos dietéticos entre os acadêmicos de Odontologia, apesar de influenciarem em sua intenção de conduta junto aos futuros filhos e pacientes

Açúcar; Sacarose; Cárie dentária; Estudantes de Odontologia


The aim of the present study was to investigate the dietary habits of a group of dental students in relation to sugar, and also to analyze the influence of the knowledge received during the course. Data were collected through questionnaires applied to 140 junior and senior dental students at the Federal University of Goiás. The results showed that sucrose consumption is more frequent among junior students than among senior ones (p << 0.05). Only 60% of the latter had reduced their consumption after enrolling in the course, although most of them intend to recommend the restriction of sugar to their own children (97.5%) and to their future patients (87%), aiming at better oral health and general health (77%). It was concluded that acquired knowledge does not necessarily promote changes in dietary habits among dental students, although it seems to influence their intended attitudes towards future children and patients

Sugar; Sucrose; Dental caries; Students, dental


HÁBITOS E ATITUDES DOS ACADÊMICOS DE ODONTOLOGIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS EM RELAÇÃO AO AÇÚCAR E À SAÚDE

HABITS AND ATTITUDES OF DENTAL STUDENTS AT FEDERAL UNIVERSITY OF GOIÁS IN RELATION TO SUGAR AND HEALTH

Maria do Carmo Matias FREIRE* * Professora Assistente do Departamento de Odontologia Social da FO/UFG. ** Cirurgiãs-dentistas graduadas pela FO/UFG.

Helen Rúbia Pereira DIAS** * Professora Assistente do Departamento de Odontologia Social da FO/UFG. ** Cirurgiãs-dentistas graduadas pela FO/UFG.

Cláudia Santos SOUSA** * Professora Assistente do Departamento de Odontologia Social da FO/UFG. ** Cirurgiãs-dentistas graduadas pela FO/UFG.

FREIRE, M. C. M. et al. Hábitos e atitudes dos acadêmicos de Odontologia da Universidade Federal de Goiás em relação ao açúcar e à saúde. Rev Odontol Univ São Paulo, v. 11, n. 3, p. 221-227, jul./set. 1997.

O presente estudo objetivou investigar os hábitos dietéticos de um grupo de acadêmicos de Odontologia em relação ao açúcar, analisando a influência dos conhecimentos adquiridos durante o curso. Os dados foram coletados através de questionários aplicados a 140 acadêmicos recém-ingressantes e formandos da Universidade Federal de Goiás. Observou-se que o consumo de sacarose foi mais freqüente entre os recém-ingressantes (92%) do que entre os formandos (80%) (p < 0,05). Sessenta por cento dos formandos relataram ter reduzido a ingestão após o ingresso no curso, e a grande maioria pretende recomendar restrição de açúcar aos próprios filhos (97,5%) e aos futuros pacientes (87%), visando uma melhor saúde bucal e geral (77%). Concluiu-se que os conhecimentos adquiridos não levam necessariamente à mudança dos hábitos dietéticos entre os acadêmicos de Odontologia, apesar de influenciarem em sua intenção de conduta junto aos futuros filhos e pacientes.

UNITERMOS: Açúcar; Sacarose; Cárie dentária; Estudantes de Odontologia.

INTRODUÇÃO

O consumo de açúcar tem sido apontado como um dos fatores etiológicos de uma série de doenças crônicas de alta prevalência na atualidade. Dentre estas, destacam-se a cárie dental, a obesidade, o diabetes, os problemas cardiovasculares, a hipertensão, as pedras nos rins e na vesícula, a hiperlipidemia e o câncer2.

A relação causal entre o consumo de açúcar e a cárie pode ser comprovada por uma gama de estudos epidemiológicos e clínicos em humanos, por experimentos em animais, bem como por estudos do pH da placa bacteriana e estudos laboratoriais in vitro13. Dentre os açúcares da dieta, a sacarose tem sido apontada como o principal fator etiológico da cárie, atuando como substrato para a produção de ácidos pelas bactérias cariogênicas, com subseqüente desmineralização do esmalte dental12.

Uma revisão dos guias dietéticos internacionais lançados desde a década de sessenta demonstrou que a grande maioria (84,5%) recomenda a redução do consumo de açúcares, tendo como objetivo a prevenção de várias doenças crônicas, principalmente a cárie e a obesidade5.

Apesar da evidência científica que comprova o papel do açúcar no desenvolvimento da cárie e de outras doenças crônicas, a importância da redução do seu consumo como meio de prevenção não tem sido reconhecida pela maioria dos profissionais de saúde bucal

VERTUAN18 (1983) pesquisou 33 municípios de São Paulo e concluiu que apenas 41,6% dos profissionais entrevistados, tanto da rede pública como da privada, orientam seus pacientes quanto à dieta. Morimoto verificou que a grande maioria dos cirurgiões-dentistas da cidade de São Paulo afirma praticar algum método de prevenção da cárie e das doenças gengivais no consultório particular; entretanto, apenas uma minoria (10,5% a 17,5%) faz orientação dietética. Na Finlândia, apenas 27% fazem essa orientação rotineiramente16.

Não obstante, a situação de saúde bucal no Brasil é uma das mais graves em todo o mundo e, a partir da década de 60, tem havido um aumento na incidência de doenças crônico-degenerativas entre a população, constituindo hoje um importante problema de saúde pública, de alto custo social.

A redução do consumo de açúcar constitui, portanto, uma importante medida de promoção de saúde bucal e geral, tendo como estratégia vital a educação em saúde.

Os conhecimentos e as atitudes dos acadêmicos de Odontologia sobre dieta são importantes porque constituem os indicadores do papel do futuro cirurgião-dentista em relação à educação nutricional. O conhecimento adquirido e as atitudes formadas durante o curso serão incorporados em sua prática profissional e influenciarão a qualidade dos cuidados preventivos aos seus pacientes. No tocante a esse aspecto, poucos estudos têm sido realizados3,4,9,10,11,13,14,18.

O presente estudo objetivou investigar os hábitos dietéticos dos acadêmicos de Odontologia da UFG em relação ao açúcar, bem como a intenção de recomendar a redução de consumo aos futuros filhos e pacientes, analisando a influência dos conhecimentos adquiridos durante o curso.

MATERIAL E MÉTODO

A população de estudo compreendeu 140 acadêmicos da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Goiás, representando 47% do total de alunos do curso, sendo 100 alunos recém-ingressantes (98% do total de recém-ingressantes entre 1993 e 1994) e 40 formandos (67% do total de formandos de 1995).

Os dados foram coletados através de questionários contendo questões abertas e fechadas, que foram respondidas pelos próprios acadêmicos, sem identificação. Aos recém-ingressantes, o questionário foi aplicado no primeiro dia de aula do curso, antes de receberem qualquer conteúdo específico, contendo questões sobre o tipo de substância usada para adoçar os alimentos, as razões para o uso de substitutos da sacarose e o grau de parentesco com cirurgião-dentista. Foram excluídos da amostra os acadêmicos estrangeiros e aqueles transferidos de outras faculdades de Odontologia.

Aos formandos, foi aplicado um outro questionário, também em sala de aula, contendo as mesmas questões daquele aplicado aos recém-ingressantes, além de outras sobre as possíveis alterações no consumo de açúcar após o ingresso no curso e a futura conduta familiar e profissional em relação à dieta cariogênica.

A análise estatística dos dados comparativos entre o grupo de acadêmicos de recém-ingressantes e o de formandos foi realizada através do programa EPI INFOII, versão 5.01, utilizando-se o teste do Qui-quadrado (x2).Valores de p < 0,05 foram considerados significantes.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Grau de parentesco com cirurgião-dentista

Na Tabela 1, observa-se que mais da metade (53%) dos acadêmicos que compuseram a amostra possuem algum parentesco com cirurgião-dentista, sendo que 5,7% são filhos desses profissionais.

Um resultado semelhante foi verificado nas cinco faculdades de Odontologia do Rio Grande do Sul15. Entretanto, a freqüência de consumo de açúcar entre filhos ou parentes de dentistas e filhos de outros profissionais não variou significativamente.

Não obstante, há evidências de que o parentesco com cirurgião-dentista pode representar um fator de influência nos hábitos dietéticos dos indivíduos. Apesar de não se dispor de estudos sobre a influência de parentes mais distantes, diversos estudos têm demonstrado que os filhos desses profissionais apresentam um consumo limitado de açúcar, principalmente em relação à freqüência1,7,8,15. Devido ao tamanho reduzido da amostra, essa análise não foi realizada no presente estudo.

Tipo de substância utilizada para adoçar os alimentos

A grande maioria dos acadêmicos pesquisados (88,6%) utiliza sacarose, enquanto apenas 7,9% utilizam adoçantes, e um percentual ainda menor (3,4%) não adoça sua alimentação.

O consumo de sacarose foi mais freqüente entre os acadêmicos recém-ingressantes (92%) quando comparados com os formandos (80%), havendo diferença estatisticamente significante (p < 0,05) (Tabela 2). Apesar disso, o consumo ainda foi bastante elevado entre os formandos, demonstrando que os conhecimentos adquiridos durante o curso não foram suficientes para promover mudanças mais acentuadas.

Observa-se na Tabela 2 que a sacarose é usada pela maioria dos acadêmicos como única substância adoçante, enquanto que alguns a utilizam em combinação com mel e adoçantes. Os adoçantes mais utilizados são os artificiais não calóricos (sacarina, ciclamato e aspartame); apenas um acadêmico (2,5% dos formandos) ingere adoçante natural (estévia).

Na Tabela 3, encontram-se as razões apresentadas para a utilização de substitutos da sacarose. Dos 13 acadêmicos que usam adoçantes, a maioria (61,5%) visa ao controle de peso. Comparando-se os dois grupos pesquisados, observa-se que, entre os recém-ingressantes, a única razão apresentada foi o controle de peso, enquanto que, entre os formandos, os motivos foram variados, manifestando-se a preocupação com a saúde bucal e a saúde geral, além do controle de peso.

Tais resultados parecem demonstrar a influência dos novos conhecimentos adquiridos durante o curso, embora fosse esperada uma maior preocupação com a saúde bucal também entre os recém-ingressantes, considerando-se o alto índice de parentesco destes com cirurgiões-dentistas.

Resultados semelhantes aos do presente estudo foram relatados em outras universidades brasileiras. Na FO/UFRGS, 96,77% dos recém-ingressantes consomem açúcar e um único acadêmico (3,23%) consome adoçante13. Nas cinco faculdades de Odontologia do Rio Grande do Sul, 97,01% dos formandos consomem açúcar e relataram freqüência de ingestão de, no máximo, 3 vezes por dia14. No entanto, 37,72% dos acadêmicos informaram que houve aparecimento de novas cáries após ingresso no curso.

Um alto consumo de chicletes, balas e refrigerantes foi verificado também entre acadêmicos de Odontologia da UNESP, em Araraquara, associado à pouca preocupação com a freqüência de ingestão desses alimentos11.

Na Faculdade de Odontologia de Pernambuco, a freqüência de consumo de açúcar pelos acadêmicos na forma de refrigerantes, bolos, café e refrescos foi considerada muito elevada11. Na FO/UFMG, foi demonstrado que 86% dos acadêmicos do ciclo profissional consomem sacarose, sendo que, destes, 68,4% relatam ingestão diária de dois ou mais alimentos açucarados. Paralelamente, o grupo pesquisado relatou uma alta experiência de cárie durante o curso4.

Alteração no consumo de açúcar após ingresso no curso de Odontologia

Nas Tabelas 4 a 6 , estão apresentadas as alterações no consumo de açúcar relatadas pelos formandos de Odontologia após ingresso no curso, bem como as razões que motivaram ou não essas mudanças. Observa-se que 60% dos acadêmicos reduziram seu próprio consumo, sendo que a maioria (55%) reduziu tanto a quantidade quanto a freqüência e que 5% reduziram apenas a freqüência (Tabela 4). Nenhum acadêmico deixou de utilizar açúcar em sua dieta ou aumentou seu consumo.

Dentre as razões apresentadas para as alterações, destacam-se a influência dos novos conhecimentos (25%) e a preocupação com a saúde geral (17%), com a cárie (13%) ou com ambas (8%). Um número elevado de formandos não especificou os motivos (Tabela 6 ).

Os formandos que não modificaram seus hábitos dietéticos em relação ao açúcar afirmam que o fizeram já que consumiam esse adoçante em quantidade e freqüência reduzidas (25%), ou porque consideram sua higiene oral suficiente (19%), além de outras razões menos freqüentes que se referem à dificuldade de mudar hábitos. Assim como na questão anterior, um alto percentual de formandos (38%) não relatou suas razões.

Na FO/UFMG4, apenas 22,8% dos acadêmicos do ciclo profissional relataram ter mudado seu padrão alimentar nos últimos dois anos. Dentre eles, 46,15% justificaram a mudança devido ao fato de fazerem regime para emagrecer. Por outro lado, 46,15% passaram a se alimentar constantemente de lanches rápidos, pelo fato de não morarem com a família e de terem pouco tempo disponível na Faculdade.

Nas Faculdades de Odontologia do Rio Grande do Sul14, 53,89% dos formandos afirmaram que houve mudanças no seu próprio consumo de açúcar depois de iniciarem o curso, sendo que 60,48% diminuíram a freqüência, 26,35% diminuíram a quantidade e 6,59% aumentaram a quantidade. Chama a atenção nesses resultados o fato de 5,99% dos acadêmicos terem aumentado seu consumo de açúcar.

De acordo com os acadêmicos da Faculdade de Odontologia de Pernambuco10, as principais doenças associadas ao consumo do açúcar foram a cárie (100% dos acadêmicos), o diabetes (81%) e a obesidade (48,5%). No entanto, apenas 32% deixariam de consumir açúcar para evitar cárie; 42,5%, diabetes; 25,6%, obesidade e 12,6% não deixariam de comer doces por nenhum motivo.

Padrão de consumo de açúcar a ser adotado na dieta dos próprios filhos

Na Tabela 7, observa-se que a grande maioria dos formandos (97,5%) pretende adotar uma dieta com baixo consumo de açúcar para os seus filhos. O padrão mais encontrado foi o de reduzir a freqüência e a quantidade (77,5%), embora um percentual significativo tenha se referido apenas à redução da freqüência (15%), demonstrando uma preocupação maior em relação à cárie do que às doenças sistêmicas. Apenas um acadêmico (2,5%) pretende restringir totalmente o açúcar, enquanto que um percentual idêntico permitiria consumo livre pelos filhos.

Na FO/PE10, 5,3% dos acadêmicos pretendem criar seus filhos consumindo açúcar livremente, e apenas 7,4% concordam que o fato de a cárie ser comprovadamente uma doença açúcar-dependente é motivo suficiente para que eles próprios, sua família e seus filhos deixem de consumi-lo. A maioria dos acadêmicos afirma que doces ou bolos trazem boas recordações da infância e relacionam a doçura do açúcar com um ente querido, principalmente com a mãe11.

Intenção quanto à recomendação sobre restrição do açúcar aos futuros pacientes

De acordo com as Tabelas 8 e 9, a maioria dos formandos (87,5%) pretende recomendar restrição de consumo de açúcar aos futuros pacientes, visando principalmente à prevenção da cárie e das doenças sistêmicas (77%). Embora esse percentual seja elevado, metade dos acadêmicos (50%) pretende fazer tal recomendação apenas para os pacientes de alto risco de cárie (Tabela 8).

Esse dado é confirmado na Tabela 9, em que se nota que uma quantidade expressiva de acadêmicos (20%) tem, como preocupação exclusiva, a prevenção das doenças bucais, não considerando, dessa forma, a relação causal entre o alto consumo de açúcar e as demais doenças crônicas.

Segundo PIETZ et al.11 (1980), acadêmicos de Odontologia de uma universidade americana concordaram que os dentistas são membros essenciais da equipe de saúde e têm uma importante responsabilidade na avaliação da saúde geral e na educação nutricional do paciente.

A importância da redução do consumo de açúcar como método de prevenção da cárie a ser recomendado aos pacientes foi relatada também pelos formandos do Rio Grande do Sul: 96,41% recomendariam diminuir a freqüência; 21,56%, diminuir a quantidade e 7,78%, eliminar o açúcar. Em contrapartida, quando a questão referia-se à população em geral, esses percentuais foram reduzidos e apenas 1,20% dos pesquisados concordam que deva haver taxação sobre o açúcar14.

GOMES6 (1995) demonstrou que os formandos de Odontologia da PUC-CAMPINAS não estão utilizando as informações recebidas no decorrer do curso para a promoção e a manutenção da sua própria saúde bucal, o que pode futuramente gerar dificuldades com a motivação de seus pacientes.

Os dados do presente estudo, bem como daqueles encontrados na literatura, sugerem que há necessidade de se consolidar melhor a importância do controle do açúcar como medida de promoção de saúde dentro dos cursos de Odontologia do país, bem como na atual política nacional de saúde bucal, garantindo ações mais amplas que possibilitem à população adotar hábitos mais saudáveis.

Contudo, o papel dos cursos de Odontologia na modificação dos hábitos dos acadêmicos seria avaliado de forma mais adequada através de estudos longitudinais, acompanhando-se os acadêmicos desde o início do curso. Informações mais detalhadas sobre o padrão de consumo de açúcar e a sua associação com o estado de saúde geral e bucal poderiam ser incluídas.

CONCLUSÕES

Os resultados do presente estudo, observados em acadêmicos da Faculdade de Odontologia da UFG, permitem concluir que:

1. A grande maioria (88,6%) dos acadêmicos recém-ingressantes e formandos utiliza sacarose para adoçar sua alimentação.

2. O consumo de sacarose foi mais freqüente entre os acadêmicos recém-ingressantes (92,6%) do que entre os formandos (80%), havendo diferença estatisticamente significante (p < 0,05).

3. Sessenta por cento dos formandos reduziram seu próprio consumo de sacarose após ingresso no curso.

4. A grande maioria dos formandos pretende recomendar restrição de açúcar aos seus próprios filhos (97,5%) e aos futuros pacientes (87%).

5. A preocupação com a saúde geral foi manifestada por apenas 25% dos formandos, que reduziram seu próprio consumo de açúcar, e por 77% dos que pretendem fazer essa recomendação aos futuros pacientes.

FREIRE, M. C. M. et al. Habits and attitudes of dental students at the Federal University of Goiás in relation to sugar and health. Rev Odontol Univ São Paulo, v. 11, n. 3, p. 221-227, jul./set. 1997.

The aim of the present study was to investigate the dietary habits of a group of dental students in relation to sugar, and also to analyze the influence of the knowledge received during the course. Data were collected through questionnaires applied to 140 junior and senior dental students at the Federal University of Goiás. The results showed that sucrose consumption is more frequent among junior students than among senior ones (p < 0.05). Only 60% of the latter had reduced their consumption after enrolling in the course, although most of them intend to recommend the restriction of sugar to their own children (97.5%) and to their future patients (87%), aiming at better oral health and general health (77%). It was concluded that acquired knowledge does not necessarily promote changes in dietary habits among dental students, although it seems to influence their intended attitudes towards future children and patients.

UNITERMS: Sugar; Sucrose; Dental caries; Students, dental.

Recebido para publicação em 11/11/96

Aceito para publicação em 15/05/97

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  • *
    Professora Assistente do Departamento de Odontologia Social da FO/UFG.
    **
    Cirurgiãs-dentistas graduadas pela FO/UFG.
  • I16,17,I MORIMOTO, S.
    Prática da prevenção de cáries e doenças gengivais pelos cirurgiões-dentistas em consultórios particulares na cidade de São Paulo, 1991. 1º Prêmio Estímulo Kolynos, 1991. (Comunicação pessoal).
    II DEAN, A. G.
    et al.
    Epi Info, Version 5.0 word processing, database, and statistics for epidemiology on micro-computers. Atlanta: Centers for Disease Control, 1990.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      11 Mar 1999
    • Data do Fascículo
      Jul 1997

    Histórico

    • Aceito
      15 Maio 1997
    • Recebido
      11 Nov 1996
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