Acessibilidade / Reportar erro

EFEITO DA RANITIDINA E DO OMEPRAZOL SOBRE O pH GÁSTRICO EM CÃES

Resumos

O objetivo deste trabalho foi investigar o efeito da ranitidina e omeprazol sobre o pH gástrico em 24 cães adultos, machos, sem raça definida, distribuídos em 3 grupos: grupo A - controle, grupo B - ranitidina e grupo C - omeprazol. O pH gástrico foi medido, após coleta do suco gástrico, com seringa, em cães submetidos a gastrotomia. Esta medida foi feita no grupo controle nos tempos zero, 30, 60, 90 e 120 minutos, no grupo ranitidina a medida foi feita no tempo zero, seguida de aplicação de 0,85 mg/kg de ranitidina por via endovenosa, sendo realizada nova medida nos tempos 30, 60, 90 e 120 minutos e, no grupo omeprazol a medida foi feita no tempo zero, seguida de aplicação de 0,68 mg/kg de omeprazol por via endovenosa, sendo realizada nova medida nos tempos 30,60, 90 e 120 minutos. A comparação entre os grupos mostrou um aumento significante do pH gástrico após o uso de ranitidina e omeprazol. Entretanto, os efeitos comparados da ranitidina e omeprazol não apresentaram diferenças significantes na variação do pH.


The aim of this work was the ranitidine and omeprazole gastric pH effect investigation. 24 adults, male, mongrel dogs were distributed in 3 groups: group A - control, group B - ranitidine and group C - omeprazole. Gastric pH was measured after gastric juice syringe collection in dogs submitted to gastrotomy. Control group measurements were done at times zero, 30, 60, 90 and 120 minutes. Ranitidine group measurements were done at time zero, followed by 0,85 mg/kg endovenous ranitidine, and also at times 30, 60, 90 and 120 minutes. Omeprazole group measurements were done at time zero, followed by 0,68 mg/kg endovenous omeprazole and also at times 30, 60, 90 and 120 minutes. A significant increase in gastric pH, was observed, comparing groups, after ranitidine and omeprazole use. However, ranitidine and omeprazole compared effects presented no significant differences in pH variation.

pH; Estômago; Ranitidina; Omeprazol; Cães; pH; Stomach; Ranitidine; Omeprazole; Dogs


EFEITO DA RANITIDINA E DO OMEPRAZOL SOBRE O pH GÁSTRICO EM CÃES11. Resumo de Tese de mestrado apresentada ao Curso de Pós-graduação em Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina ( UNIFESP-EPM).2. Mestre pelo Curso de Pós-graduação em Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da UNIFESP-EPM.3. Orientador da Tese de Mestrado do Curso de Pós-graduação em Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da UNIFESP-EPM.4. Co-Orientador da Tese de Mestrado do Curso de Pós-graduação em Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da UNIFESP-EPM.5. Professor Adjunto do Departamento de Bioestatística da UNIFESP-EPM..

Silvio Abrahão21. Resumo de Tese de mestrado apresentada ao Curso de Pós-graduação em Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina ( UNIFESP-EPM).2. Mestre pelo Curso de Pós-graduação em Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da UNIFESP-EPM.3. Orientador da Tese de Mestrado do Curso de Pós-graduação em Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da UNIFESP-EPM.4. Co-Orientador da Tese de Mestrado do Curso de Pós-graduação em Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da UNIFESP-EPM.5. Professor Adjunto do Departamento de Bioestatística da UNIFESP-EPM.

Saul Goldenberg31. Resumo de Tese de mestrado apresentada ao Curso de Pós-graduação em Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina ( UNIFESP-EPM).2. Mestre pelo Curso de Pós-graduação em Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da UNIFESP-EPM.3. Orientador da Tese de Mestrado do Curso de Pós-graduação em Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da UNIFESP-EPM.4. Co-Orientador da Tese de Mestrado do Curso de Pós-graduação em Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da UNIFESP-EPM.5. Professor Adjunto do Departamento de Bioestatística da UNIFESP-EPM.

Alberto Goldenberg41. Resumo de Tese de mestrado apresentada ao Curso de Pós-graduação em Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina ( UNIFESP-EPM).2. Mestre pelo Curso de Pós-graduação em Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da UNIFESP-EPM.3. Orientador da Tese de Mestrado do Curso de Pós-graduação em Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da UNIFESP-EPM.4. Co-Orientador da Tese de Mestrado do Curso de Pós-graduação em Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da UNIFESP-EPM.5. Professor Adjunto do Departamento de Bioestatística da UNIFESP-EPM.

Neil Ferreira Novo51. Resumo de Tese de mestrado apresentada ao Curso de Pós-graduação em Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina ( UNIFESP-EPM).2. Mestre pelo Curso de Pós-graduação em Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da UNIFESP-EPM.3. Orientador da Tese de Mestrado do Curso de Pós-graduação em Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da UNIFESP-EPM.4. Co-Orientador da Tese de Mestrado do Curso de Pós-graduação em Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da UNIFESP-EPM.5. Professor Adjunto do Departamento de Bioestatística da UNIFESP-EPM.

Yara Juliano51. Resumo de Tese de mestrado apresentada ao Curso de Pós-graduação em Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina ( UNIFESP-EPM).2. Mestre pelo Curso de Pós-graduação em Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da UNIFESP-EPM.3. Orientador da Tese de Mestrado do Curso de Pós-graduação em Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da UNIFESP-EPM.4. Co-Orientador da Tese de Mestrado do Curso de Pós-graduação em Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da UNIFESP-EPM.5. Professor Adjunto do Departamento de Bioestatística da UNIFESP-EPM.

http://www.scielo.br/acb.htmRESUMO

A comparação entre os grupos mostrou um aumento significante do pH gástrico após o uso de ranitidina e omeprazol.

Entretanto, os efeitos comparados da ranitidina e omeprazol não apresentaram diferenças significantes na variação do pH.

DESCRITORES: pH. Estômago. Ranitidina. Omeprazol. Cães. INTRODUÇÃO A secreção gástrica sempre foi motivo de estudo, desde os tempos antigos, sendo descrito por BARON (1979), "A história da acidez gástrica", relatando que , na Grécia Antiga, o ácido era definido como um líquido amargo e azedo, já existindo uma vaga noção do relacionamento entre acidez e úlceras. Foi percorrido um longo caminho desde então, até que, por fim, foi reconhecido que o suco gástrico era ácido.

WANGENSTEEN, VARCO, HAY, WALPOLE e TRACH (1940), estudaram os efeitos conseguidos pelo tratamento cirúrgico das úlceras sobre as taxas de acidez gástrica, com os métodos de análise de secreção até então conhecidos.

O tratamento cirúrgico tinha, então, uma meta comum: a redução da secreção cloridropéptica que, embora não seja o único fator etiopatogênico envolvido, era sem dúvida, um dos mais importantes (CUNHA, 1972).

Outra maneira, de controlar a secreção gástrica ácida, seria o tratamento clínico, que teve sua importância, principalmente, desde que BLACK, DUNCAN, DURANT, GANELLIN e PARSONS (1972), anunciaram a descoberta de fármacos capazes de bloquear os efeitos da histamina sobre a secreção ácida do estômago, reduzindo a acidez gástrica, denominados bloqueadores H2 .

A cimetidina, foi o primeiro bloqueador H2 a ser introduzido para uso clínico geral, tendo obtido rápida aceitação para o tratamento das úlceras pépticas, tornando-se logo uma das drogas mais prescritas em toda a prática clínica (POUNDER, 1978). Esse sucesso levou à síntese de numerosos congêneres e à descoberta de outros bloqueadores H2 eficazes, entre eles a ranitidina.

BRÄNDSTRÖM, LINDBERG e JUNGGREN (1985) iniciaram suas pesquisas para a descoberta de um inibidor da secreção ácida gástrica mais potente, mas acharam um bloqueador eficiente em ratos, porém hepatotóxico em cães. Continuaram com suas pesquisas, que eram efetivas em ratos, mas ineficazes em humanos. Os estudos prosseguiram, com a finalidade de aumentar o efeito da droga inibidora da secreção gástrica, e diminuir sua toxicidade, conduzindo em direção à descoberta de um novo bloqueador da secreção gástrica, em 1979, denominado omeprazol.

Na busca da literatura, foram encontrados vários trabalhos a respeito da secreção ácida, e a sua relação com medicamentos como a ranitidina e o omeprazol, mas apenas um trabalho relacionava o efeito da ranitidina sobre os valores do pH gástrico em cães, trabalho este de HENRY, BOZONI, VERCESI e LUCCHIARI (1989) que estudaram o efeito não só da ranitidina sobre o pH gástrico, mas também da cimetidina e hidróxido de alumínio, sobre a secreção ácida do cão. Neste procedimento foram utilizados 10 cães, e as medições do pH gástrico foram feitas nos tempos zero, 30, 60, 90 e 120 minutos. Os medicamentos foram empregados por via oral, nas doses de 3, 5 e 6 miligramas por quilo de peso ( mg/kg ), respectivamente, tendo ocorrido um aumento do pH do estômago, após o uso de cimetidina e ranitidina.

LARSSON, CARRSSON, JUNGGREN, OLBE, SJÖSTRAND, SKANBERG e SUNDELL ( 1983 ), investigaram em cães de ambos os sexos e em ratas, à ação do omeprazol em comparação ao picoprazol e a cimetidina, sobre a secreção ácida gástrica por via oral, endovenosa e intraduodenal, com a diferença que nesse trabalho foram utilizados procedimentos complexos que procuravam estabelecer entre outras medidas a concentração plasmática de omeprazol, em vários tempos, e o seu efeito sobre a secreção ácida do estômago.

Outro trabalho, onde se estudou os valores do pH gástrico com o uso de omeprazol, por via endovenosa, sobre a secreção gástrica ácida, foi em homens sadios e voluntários (BAAK, BIEMOND, JANSEN e LAMERS, 1991).

Estes fatos motivaram ao desenvolvimento dessa pesquisa, com a finalidade de estudar o pH da secreção gástrica em grupos separados de cães, após a administração de ranitidina e omeprazol, por via endovenosa.

Os cães foram mantidos em jejum nas 24 horas que precederam a operação, sendo permitida a ingestão de água até 6 horas antes do início do ato operatório.

Os animais eram trazidos para a sala de operação após ter sido feita indução anestésica pela aplicação de 1 mililitro ( ml ) de acepromazina 1% por via intramuscular e anestesiados por injeção endovenosa de solução de pentobarbital sódico 3% na dosagem de 25 mg/kg no próprio canil.

A entubação orotraqueal era realizada com sonda número 6 ou 7, para facilitar a respiração espontânea do animal.

Os pêlos da região abdominal foram cortados, rente à pele, com barbeador de lâmina removível.

Anti-sepsia era realizada com solução alcóolica de iodo 2% e utilizou-se panos esterilizados para delimitar a área a ser operada. Praticou-se laparotomia mediana, supraumbilical com bisturi de lâmina 23, incluindo pele, tela subcutânea, aponeurose e peritônio, numa extensão de 15 centímetros ( cm ). A hemostasia foi feita com pinça hemostática e categute 2-0 simples.

Identificou-se o estômago e realizou-se a gastrotomia para a coleta do suco gástrico com seringa (Fig. 1).


Figura 1

Operação realizada nos animais do grupo A

Incisão de 1 cm da seromuscular no corpo gástrico, no sentido logitudinal, ligadura dos vasos da submucosa com fio de categute 2-0 simples. A abertura da mucosa, foi realizada por incisão de 0,5 cm. Utilizando-se duas pinças de coprostase, introduzidas por essa abertura, foi ampliada essa incisão numa extensão de 6 cm, sendo feita a primeira coleta do suco gástrico , considerado este o tempo zero. Após isso colheu-se o suco gástrico com 30, 60, 90 e 120 minutos.

Operação realizada nos animais do grupo B

Os tempos operatórios foram semelhantes aos do grupo A, com a diferença que, após a primeira coleta do suco gástrico, foram administrados 0,85 mg/kg de ranitidina por via endovenosa e, foram feitas coletas de suco gástrico , nos mesmos tempos.

Operação realizada nos animais do grupo C

Os tempos operatórios foram semelhantes aos do grupo A, com a diferença que, após a primeira coleta do suco gástrico, foram administrados 0,68 mg/kg de omeprazol por via endovenosa e, foram feitas coletas de suco gástrico, nos mesmos tempos.

A determinação do pH foi feita, estando o suco gástrico (3 a 4 ml),

** Potenciômetro da marca METTLER TOLEDO, modelo 320, serial number M6175.

Para análise dos resultados foram utilizados os seguintes testes estatísticos: Análise de variância por postos de FRIEDMAN, KRUSKAL-WALLIS e MANN - WHITNEY.

A partir dos valores do pH, foram calculadas as diferenças percentuais observados nos vários períodos de tempo, adotando-se como referência o valor do tempo zero ( Tzero) . Com esse cálculo foram compensadas as eventuais diferenças dos três grupos em relação aos valores do pH no início do experimento.

Fixou-se em 0,05 ou 5% (µ £ 0,05) o nível para a rejeição da hipótese de nulidade assinalando-se com um asterisco os valores significantes.

tabelas IIIIIIIVVTABELA V - Cães submetidos a gastrotomia do grupo controle e grupo ranitidina, segundo os valores dos D % do pH calculado no tempo 120 minutos (T120).figura 2
TABELA I
- Cães do grupo controle submetidos a gastrotomia, segundo os valores dos D % do pH calculado em relação ao tempo zero (Tzero), para 30 minutos (T30), 60 minutos (T60), 90 minutos (T90) e 120 minutos (T120).

Análise de variância por postos de FRIEDMAN

( D % 30 x D %60 x D %90 x D %120)

X2 calculado = 6,49

X2crítico = 7,82

TABELA II - Cães do grupo ranitidina, submetidos a gastrotomia, segundo os valores dos D % do pH calculado em relação ao tempo zero (Tzero), para 30 minutos (T30), 60 minutos (T60), 90 minutos (T90) e 120 minutos (T120).

CÃO

GRUPO RANITIDINA

n°.

D % 30

D % 60

D % 90

D % 120

9

61,58

70,53

92,10

98,94

10

61,05

90,06

89,47

105,85

11

78,01

101,04

104,71

94,76

12

5,29

44,71

43,27

42,79

13

-2,25

31,58

30,83

26,31

14

13,04

65,22

52,17

2,61

15

37,40

31,30

35,88

37,40

16

74,01

94,91

97,74

87,00

Média

28,39

66,17

68,27

61,96

Análise de variância por postos de FRIEDMAN

( D % 30 x D %60 x D %90 x D %120)

X2 calculado = 7,94*

X2crítico = 7,82

Teste de comparações múltiplas

D

903060

TABELA III - Cães do grupo omeprazol, submetidos a gastrotomia, segundo os valores dos D % do pH calculado em relação ao tempo zero (Tzero), para 30 minutos (T30), 60 minutos (T60), 90 minutos (T90) e 120 minutos (T120).

CÃO

GRUPO OMEPRAZOL

n°.

D % 30

D % 60

D % 90

D % 120

17

61,87

123,74

205,03

-

18

36,42

125,92

188,27

-

19

1,47

135,29

214,70

-

20

32,82

40,00

50,77

-

21

2,25

20,30

66,91

-

22

66,92

10,79

29,50

-

23

9,76

33,66

43,90

-

24

15,62

62,50

93,75

-

Média

41,02

69,03

111,60

-

Análise de variância por postos de FRIEDMAN

( D % 30 x D %60 x D %90 x D %120)

X2 calculado = 10,75*

X2crítico = 5,99

Teste de comparações múltiplas

D

903060

TABELA IV - Cães do grupo controle ( A ), grupo ranitidina ( B ) e grupo omeprazol ( C ), submetidos a gastrotomia, segundo os valores dos D % do pH calculado no tempo 30 minutos (T30), no tempo 60 minutos (T60) e no tempo 90 minutos (T90).

D

%30

D

%60

D

%90

A

B

C

A

B

C

A

B

C

9,41

61,58

61,87

14,70

70,53

123,74

11,76

92,10

205,03

46,24

61,05

36,42

2,15

90,06

125,92

2,69

89,47

188,27

-2,74

78,01

1,47

18,49

101,04

135,29

21,23

104,71

214,70

17,45

5,29

32,82

28,86

44,71

40,00

30,87

43,27

50,77

-6,39

-2,25

2,25

-20,35

31,58

20,30

-5,23

30,83

66,91

5,71

13,04

66,92

36,43

65,22

10,79

37,14

52,17

29,50

-3,03

37,40

9,76

31,06

31,30

33,66

34,85

35,88

43,90

7,89

74,01

15,62

69,29

94,91

62,50

64,03

97,74

93,75

9,32

28,39

41,02

22,58

66,17

69,03

24,67

68,27

111,60

Análise de variância por postos de KRUSKAL - WALLIS

(A x B x C)

H crítico = 5,99

CONTROLE

RANITIDINA

7,06

98,94

4,84

105,85

18,49

94,76

30,20

42,79

-18,60

26,31

22,14

2,61

35,61

37,40

47,37

87,00

Média

18,39

61,96

Teste de MANN-WHITNEY

U calculado = 12*

U critico = 13

Controle < Ranitidina

Figura 2
- Medida da média do grupo controle, ranitidina e omeprazol

DISCUSSÃO

Na revisão da literatura HENRY e col. (1989), estudaram o efeito de antiácido ( hidróxido de alumínio ), cimetidina e ranitidina sobre o pH gástrico. Nesse procedimento, foram utilizados 10 cães, adultos, machos, sem raça definida. As medições do pH gástrico foram feitas nos tempos zero, 30, 60, 90 e 120 minutos, por meio de eletrodo. Os medicamentos foram empregados por via oral e tiveram como resultado, um aumento do pH gástrico, em todos os animais estudados, aumento esse progressivo.

Com o uso do omeprazol, não se encontrou nenhum trabalho, tendo o cão como animal de experimentação, para a medição do pH da secreção gástrica.

KUNA (1964) estudou o pH do suco gástrico do estômago normal, em repouso, e concluiu que a secreção do ácido clorídrico em cães era intermitente.

DUKES (1967) estudou o pH gástrico do cão, e verificou que o seu valor puro era ligeiramente inferior a um.

No presente trabalho, foi analisado o efeito da ranitidina e do omeprazol , administrados por via endovenosa, sobre o pH gástrico, em cães.

Durante o projeto piloto, tentou-se aspirar a secreção do estômago, por sonda orogástrica, onde encontrou-se dificuldade para a coleta do suco gástrico, em volume suficiente e, às vezes, após a aspiração ocorreu sangramento da mucosa gástrica, alterando os resultados, sendo proposta a coleta por gastrotomia.

A dosagem de ranitidina administrada para cada animal do grupo ranitidina foi de 0,85 mg/kg por via endovenosa (contendo cada ampola 50 mg), e a dosagem de omeprazol administrada para cada animal do grupo omeprazol , foi de 0,68 mg/kg por via endovenosa (contendo cada ampola 40 mg).

Com o uso da ranitidina e omeprazol por via endovenosa no tempo 90 minutos, encontrou-se dificuldade para coletar volume suficiente de suco gástrico para posterior medição do pH no potenciômetro.

No tempo 120 minutos, com o uso de omeprazol, não se conseguiu volume suficiente para a medição do pH, pois houve uma diminuição do suco gástrico e no grupo ranitidina, apesar da diminuição e dificuldade de coleta, ainda conseguiu-se um volume suficiente para a medição do pH (TABELA VTABELA V - Cães submetidos a gastrotomia do grupo controle e grupo ranitidina, segundo os valores dos D % do pH calculado no tempo 120 minutos (T120).).

Deve-se considerar, que o uso da ranitidina e do omeprazol por via endovenosa aumentaram o pH gástrico.

Porém, há a questão a ser elucidada acerca do fato de que neste trabalho, 37,5% dos cães não responderam à ranitidina e 12,5% dos cães não responderam ao omeprazol, mantendo o pH sem alteração significante. Isso se deveria, provavelmente, a presença de um excessivo contingente de células parietais, respondendo de forma diferente ao uso de ranitidina e omeprazol ?

Em outros animais como rato, coelho, gato e porco, foi estudado o efeito da ranitidina e do omeprazol, por via endovenosa, sobre o pH gástrico, sendo que, esses estudos estavam sempre associados a algum outro tipo de procedimento causando hemorragia, trauma, sepse, estresse (FÄNDRIKS e JÖNSON, 1990; REDFERN, LIN, McARTHUR, PRINCE e FELDMAN,1991; UCHIDA, MITSUMA, MORISE, KANEKO, NAGAI, FURUSAWA, NAKADA e MAEDA, 1993; STEWART, FABIAN, FABIAN, TRENTHEM, PRITCHARD, CROCE e PROCTOR, 1995).

Vários trabalhos clínicos em seres humanos também foram realizados com a finalidade de medir o pH gástrico, sobre a secreção ácida, com o emprego de ranitidina e omeprazol (JOHNSTON, McCAUGHEY, WRIGHT, GAMBLEAND e DUNDEE, 1981; BAAK, JANSEN e LAMERS, 1990; BAAK e col., 1991).

Os estudos devem continuar, com a pesquisa de novas drogas reguladoras da secreção ácida, mais eficazes, contribuindo para uma melhor compreensão e tratamento das doenças digestivas, relacionadas a hipersecreção ácida.

CONCLUSÕES

1. A ranitidina e o omeprazol produzem aumento significante do pH gástrico, em cães.

2. A ranitidina e o omeprazol não apresentam diferenças significantes em relação ao pH, nos tempos estudados.

REFERÊNCIAS

1. Baak LC, Jansen JMBJ, Lamers CBHW. Effects of intravenous omeprazole on intragastric pH during intravenous infusion of amino acids. Dig Dis Sci 1990; 35:596-602. 2. Baak LC, Biemond I, Jansen JMBJ, Lamers CBHW. Repeated intravenous bolus injections of omeprazole: effetcs on 24-hour intragastric pH, serum gastrin and serum pepsinogen A and C. Gastroenterology 1991; 21:737-46.

3. Baron JH. The discovery of gastric acid. Gastroenterology 1979; 76:1056-64.

4. Black JW, Duncan WAM, Durant CJ, Ganellin CR, Parsons EM. Definition and antagonism of histamine H2 -receptors. Nature 1972; 236:385-90.

5. Brandström A, Lindberg P, Junggren U. Structure activity relationships of substituted benzimidazoles. Scand J Gastroenterol 1985; 20:15-22.

6. Cunha JC. Estudo da secreção gástrica com critério de escolha do tratamento cirúrgico da úlcera duodenal [dissertação]. São Paulo: Faculdade de Medicina USP; 1972.

7. Dukes HH. Fisiologia de los animales domesticos. Spain: Editora Aguilar; 1967.

8. Fandriks L, Jönson C. Effects of acute administration of omeprazole or ranitidine on basal and vagally stimulated gastric acid secretion and alkalinization of the duodenum in anaesthetized cats. Acta Physiol Scand 1990; 138:181-6.

9. Henry MACA, Bozoni LLM, Vercesi LAP, Lucchiari, .H. Efeito de antiácido e bloqueadores dos aceptores H2 sobre a secreção gástrica do cão. Cienc Cult 1989; 41:81-2.

10. Hollander M, Wolfe DA. Statistical methods. New York: John Wiley & Sons; 1973.

11. Johnston JR, McCaughey W, Wright PJ, Gambleand JAS, Dundee JW. Increase in intragastric pH after cimetidine and ranitidine. Br Anaesth 1981; 53:664-5.

12. Kuna S. The pH of gastric juice in the normal resting stomach. Arch Int Pharmacodyn Ther 1964; 152:79-97.

13. Larsson H, Carrsson E, Junggren U, Olbe L, Sjöstrand SE, Skanberg I, Sundell G. Inhibition of gastric acid secretion by omeprazole in dog and rat. Gastroenterology 1983; 85:900-7.

14. Pounder RE. Recent advances in the treatment of duodenal ulcer. Acta Gastroenterol Belg 1978; 41:401-8.

15. Redfern JS, Lin HJ, McArthur KE, Prince MD, Feldman M. Gastric acid and pepsin hypersecretion in conscious rabbits. Am J Physiol 1991; 261:295-04.

16. Siegel S. Estadística no paramétrica. México: Ed. Trillas; 1975.

17. Stewart RM, Fabian TC, Fabian MJ, Trenthem LL, Pritchard FE, Croce MA, Proctor KG. Gastric and extragastric actions of the histamine antagonist ranitidine during posttraumatic sepsis. Surgery 1995; 117:68-82.

18. Uchida K, Mitsuma T, Morise K, Kaneko H, Nagai H, Furusawa A, Nakada K, Maeda Y. The role of thyrotropin-releasing hormone (TRH) in the pathogenesis of water-immersion stress in rats: inhibition of TRH release from the stomach by atropine, ranitidine or omeprazole. Gastroenterol Jpn 1993; 28:1-9.

19. Wangensteen OH, Varco RL, Hay L, Walpole S, Trach B. Gastric acidity before and after operative procedure with special reference to the role of the pylorus and antrum. Ann Surg 1940; 112:626-70.

http://www.scielo.br/acbhtmSUMMARY

A significant increase in gastric pH, was observed, comparing groups, after ranitidine and omeprazole use.

However, ranitidine and omeprazole compared effects presented no significant differences in pH variation.

SUBJECT HEADINGS: pH. Stomach. Ranitidine. Omeprazole. Dogs.

Endereço para correspondência:

Silvio Abrahão

Rua Cap. Leôncio Arouche de Toledo, 508

08773-140 Mogi das Cruzes - São Paulo

Tel: (011) 4790 2665 / 977 2129

  • 1. Baak LC, Jansen JMBJ, Lamers CBHW. Effects of intravenous omeprazole on intragastric pH during intravenous infusion of amino acids. Dig Dis Sci 1990; 35:596-602.
  • 2. Baak LC, Biemond I, Jansen JMBJ, Lamers CBHW. Repeated intravenous bolus injections of omeprazole: effetcs on 24-hour intragastric pH, serum gastrin and serum pepsinogen A and C. Gastroenterology 1991; 21:737-46.
  • 3. Baron JH. The discovery of gastric acid. Gastroenterology 1979; 76:1056-64.
  • 4. Black JW, Duncan WAM, Durant CJ, Ganellin CR, Parsons EM. Definition and antagonism of histamine H2 - receptors. Nature 1972; 236:385-90.
  • 5. Brandström A, Lindberg P, Junggren U. Structure activity relationships of substituted benzimidazoles. Scand J Gastroenterol 1985; 20:15-22.
  • 6. Cunha JC. Estudo da secreçăo gástrica com critério de escolha do tratamento cirúrgico da úlcera duodenal
  • 7. Dukes HH. Fisiologia de los animales domesticos. Spain: Editora Aguilar; 1967.
  • 8. Fandriks L, Jönson C. Effects of acute administration of omeprazole or ranitidine on basal and vagally stimulated gastric acid secretion and alkalinization of the duodenum in anaesthetized cats. Acta Physiol Scand 1990; 138:181-6.
  • 9. Henry MACA, Bozoni LLM, Vercesi LAP, Lucchiari, .H. Efeito de antiácido e bloqueadores dos aceptores H2 sobre a secreçăo gástrica do căo. Cienc Cult 1989; 41:81-2.
  • 11. Johnston JR, McCaughey W, Wright PJ, Gambleand JAS, Dundee JW. Increase in intragastric pH after cimetidine and ranitidine. Br Anaesth 1981; 53:664-5.
  • 12. Kuna S. The pH of gastric juice in the normal resting stomach. Arch Int Pharmacodyn Ther 1964; 152:79-97.
  • 13. Larsson H, Carrsson E, Junggren U, Olbe L, Sjöstrand SE, Skanberg I, Sundell G. Inhibition of gastric acid secretion by omeprazole in dog and rat. Gastroenterology 1983; 85:900-7.
  • 14. Pounder RE. Recent advances in the treatment of duodenal ulcer. Acta Gastroenterol Belg 1978; 41:401-8.
  • 15. Redfern JS, Lin HJ, McArthur KE, Prince MD, Feldman M. Gastric acid and pepsin hypersecretion in conscious rabbits. Am J Physiol 1991; 261:295-04.
  • 16. Siegel S. Estadística no paramétrica. México: Ed. Trillas; 1975.
  • 17. Stewart RM, Fabian TC, Fabian MJ, Trenthem LL, Pritchard FE, Croce MA, Proctor KG. Gastric and extragastric actions of the histamine antagonist ranitidine during posttraumatic sepsis. Surgery 1995; 117:68-82.
  • 18. Uchida K, Mitsuma T, Morise K, Kaneko H, Nagai H, Furusawa A, Nakada K, Maeda Y. The role of thyrotropin-releasing hormone (TRH) in the pathogenesis of water-immersion stress in rats: inhibition of TRH release from the stomach by atropine, ranitidine or omeprazole. Gastroenterol Jpn 1993; 28:1-9.
  • 19. Wangensteen OH, Varco RL, Hay L, Walpole S, Trach B. Gastric acidity before and after operative procedure with special reference to the role of the pylorus and antrum. Ann Surg 1940; 112:626-70.
  • TABELA V - Cães submetidos a gastrotomia do grupo controle e grupo ranitidina, segundo os valores dos D % do pH calculado no tempo 120 minutos (T120).

  • 1
    . Resumo de Tese de mestrado apresentada ao Curso de Pós-graduação em Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina ( UNIFESP-EPM).
    2
    . Mestre pelo Curso de Pós-graduação em Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da UNIFESP-EPM.
    3
    . Orientador da Tese de Mestrado do Curso de Pós-graduação em Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da UNIFESP-EPM.
    4
    . Co-Orientador da Tese de Mestrado do Curso de Pós-graduação em Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da UNIFESP-EPM.
    5
    . Professor Adjunto do Departamento de Bioestatística da UNIFESP-EPM.
  • *
    Potenciômetro da marca METTLER TOLEDO, modelo 320, serial number M6175.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      17 Mar 1999
    • Data do Fascículo
      Jan 1999
    Sociedade Brasileira para o Desenvolvimento da Pesquisa em Cirurgia https://actacirbras.com.br/ - São Paulo - SP - Brazil
    E-mail: actacirbras@gmail.com