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O gênero Phyllanthus L. (Euphorbiaceae) na Chapada Diamantina, Bahia, Brasil

The genus Phyllanthus L. (Euphorbiaceae) in Chapada Diamantina, Bahia, Brazil

Resumos

Este trabalho trata do estudo taxonômico das espécies de Phyllanthus L. encontradas na Chapada Diamantina, no Estado da Bahia. Foram reconhecidas 11 espécies: P. amarus Schumach. & Thonn., P. angustissimus Müll. Arg., P. claussenii Müll. Arg., P. flagelliformis Müll. Arg., P. heteradenius Müll. Arg., P. klotzschianus Müll. Arg., P. niruri L., P. orbiculatus Rich., P. scoparius Müll. Arg., P. spartioides Pax & K. Hoffm e Phyllanthus sp. O trabalho inclui chave de identificação para as espécies, bem como descrições e ilustrações para cada uma delas.

Phyllanthus; Euphorbiaceae; Chapada Diamantina; Flora da Bahia


This paper presents a taxonomic treatment of the species of Phyllanthus L. from Chapada Diamantina, Bahia. Eleven species are recognized: P. amarus Schumach. & Thonn., P. angustissimus Müll. Arg., P. claussenii Müll. Arg., P. flagelliformis Müll. Arg., P. heteradenius Müll. Arg., P. klotzschianus Müll. Arg., P. niruri L., P. orbiculatus Rich., P. scoparius Müll. Arg., P. spartioides Pax & K. Hoffm. and Phyllanthus sp. A key to the species, as well descriptions and illustrations are provided for each one of them.

Phyllanthus; Euphorbiaceae; Chapada Diamantina; Flora da Bahia


O gênero Phyllanthus L. (Euphorbiaceae) na Chapada Diamantina, Bahia, Brasil1 1 Parte do trabalho de conclusão de graduação da primeira Autora

The genus Phyllanthus L. (Euphorbiaceae) in Chapada Diamantina, Bahia, Brazil

Daniela Santos Carneiro TorresI; Inês CordeiroII; Ana Maria GiuliettiI

IDepartamento de Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Feira de Santana, Km 3, BR 116, CEP 44031-460, Feira de Santana, Bahia, Brasil

IIInstituto de Botânica, C. Postal 4005, CEP 01061-970, São Paulo, SP, Brasil

RESUMO

Este trabalho trata do estudo taxonômico das espécies de Phyllanthus L. encontradas na Chapada Diamantina, no Estado da Bahia. Foram reconhecidas 11 espécies: P. amarus Schumach. & Thonn., P. angustissimus Müll. Arg., P. claussenii Müll. Arg., P. flagelliformis Müll. Arg., P. heteradenius Müll. Arg., P. klotzschianus Müll. Arg., P. niruri L., P. orbiculatus Rich., P. scoparius Müll. Arg., P. spartioides Pax & K. Hoffm e Phyllanthus sp. O trabalho inclui chave de identificação para as espécies, bem como descrições e ilustrações para cada uma delas.

Palavras-chave:Phyllanthus, Euphorbiaceae, Chapada Diamantina, Flora da Bahia

ABSTRACT

This paper presents a taxonomic treatment of the species of Phyllanthus L. from Chapada Diamantina, Bahia. Eleven species are recognized: P. amarus Schumach. & Thonn., P. angustissimus Müll. Arg., P. claussenii Müll. Arg., P. flagelliformis Müll. Arg., P. heteradenius Müll. Arg., P. klotzschianus Müll. Arg., P. niruri L., P. orbiculatus Rich., P. scoparius Müll. Arg., P. spartioides Pax & K. Hoffm. and Phyllanthus sp. A key to the species, as well descriptions and illustrations are provided for each one of them.

Key words:Phyllanthus, Euphorbiaceae, Chapada Diamantina, Flora da Bahia

Introdução

A Chapada Diamantina é a parte norte da Cadeia do Espinhaço, no Estado da Bahia. Incluindo 38 Municípios e estendendo-se por 330km, a sua porção sul está na região de Ituaçu e Livramento do Brumado, chegando ao norte até Santo Inácio, no Município de Xique-Xique. Toda a região possui relevo muito acidentado, solos pobres em nutrientes e extremamente ácidos, com clima mesotérmico, caracterizado por invernos secos e verões brandos e chuvosos (Harley 1995). Variadas formações vegetais são encontradas na Chapada Diamantina, desde campestres até florestais: caatinga, carrasco, cerrado, florestas das encostas das serras, dos grotões e as ciliares. A família Euphorbiaceae está representada em todos estes tipos de vegetação.

Com cerca de 317 gêneros e 8.000 espécies, agrupadas em 49 tribos e 5 subfamílias (Webster 1994), as Euphorbiaceae são predominantemente tropicais, possuindo, entretanto, muitos representantes em áreas temperadas (Webster 1967). Phyllanthus L., com cerca de 750 espécies, está entre os maiores gêneros da família.

Phyllanthus, do grego phyllon (folha) e anthos (flor), em alusão às flores produzidas em ramos que se assemelham a folhas compostas, é gênero em sua maior parte paleotropical, com cerca de 200 espécies distribuídas pelas Américas, principalmente Brasil e Caribe. Cerca de onze espécies atingem latitudes temperadas, estando ausente na Europa e na costa pacífica do continente americano (Webster 1967). Entre os poucos representantes do gênero utilizados pelo homem destacam as espécies conhecidas no Brasil como quebra-pedra, arrebenta-pedra ou erva-pombinha, entre elas P. niruri L., P. amarus Schum. & Thonn e P. tenellus Roxb. Müll. Arg., reconhecidas popularmente por suas propriedades diuréticas, sendo utilizadas na eliminação de cálculos renais, mais recentemente foi descoberta atividade anti-viral, com possíveis aplicações no tratamento da Hepatite-B e câncer em várias espécies do gênero (Lorenzi & Matos 2002). Poucas são as espécies utilizadas como ornamentais, (e.g. P. epiphyllanthus L.). Algumas brasileiras, entretanto, apesar de não cultivadas, possuem grande potencial paisagístico, entre elas: P. acuminatus Müll. Arg., P. gladiatus Müll. Arg., P. scoparius Müll. Arg., P. flagelliformis Müll. Arg., P. klotzschianus Müll. Arg., P. spartioides Müll. Arg. e P. angustissimus Müll. Arg., que embelezam os campos rupestres e restingas com seus ramos modificados em cladódios.

Webster (1956; 1957; 1958) descreveu um tipo especializado de ramificação dentro do gênero, que denominou filantóide; em plantas deste tipo, as folhas aparecem no eixo principal, apenas em poucos nós acima dos cotilédones, estando a maioria delas em ramos laterais, plagiotrópicos e caducos, que também produzem as flores como ocorre em P. niruri, P. amarus Schum. Thonn., P. claussenii Müll. Arg., P. orbiculatus L. C. Rich. e P. heteradenius Müll. Arg.

Nas flores estaminadas de Phyllanthus, o disco é obrigatoriamente dividido em segmentos isômeros e alternos aos lobos do cálice, podendo ser pateliformes, cuneados, ou mais raramente falcados. Nas flores pistiladas, o disco é geralmente inteiro, sendo em poucas espécies dividido em segmentos semelhantes ao das flores estaminadas, como em P. heteradenius.

Harley & Mayo (1980) referiram para a Bahia cinco espécies de Phyllanthus, das quais três foram encontradas na Chapada Diamantina: P. flagelliformis, P. klotzschianus e P. orbiculatus.

O presente trabalho é o resultado do levantamento das espécies de Phyllanthus na região da Chapada Diamantina realizado como parte do projeto Flora da Bahia.

Material e métodos

Foram estudadas coleções de Phyllanthus da Chapada Diamantina dos herbários ALCB, CEPEC, HUEFS, MBM, R, RB, SP, SPF e observadas populações de oito espécies de Phyllanthus (P. klotzschianus, P. orbiculatus, P. scoparius, P. spartioides, P. angustissimus, P. amarus, P. flagelliformis e P. niruri).

Os termos utilizados nas descrições das espécies estão de acordo com Radford (1974) e Font Quer (1965). As ilustrações foram realizadas com base em material herborizado reidratado ou fixado em álcool 70%. Além das fontes bibliográficas, as observações sobre as espécies incluem informações das etiquetas das exsicatas.

Resultados e discussão

Phyllanthus L.

Ervas, arbustos ou árvores monóicos ou, mais raramente, dióicos. Folhas simples, inteiras, alternas, estipuladas, às vezes presentes apenas nas plantas jovens, então os ramos modificados em cladódios; pecíolos menores que as lâminas. Inflorescências cimosas, axilares, paucifloras, às vezes reduzidas a uma única flor; flores estaminadas monoclamídeas, sépalas 4-6; disco nectarífero usualmente segmentado; estames (2)3-5(-15); filetes livres ou unidos; anteras livres ou unidas, rimosas, rimas horizontais a verticais; grãos de pólen prolatos a esféricos, colporados a porados; flores pistiladas monoclamídeas, sépalas 4-6; disco nectarífero inteiro, freqüentemente pateliforme a cupuliforme, raramente segmentado; ovário 3-locular; óvulos 2 por lóculo; estiletes 3, livres ou unidos na base, geralmente divididos. Fruto cápsula septicida, separando-se na maturidade em mericarpos, raramente baga ou drupa; sementes geralmente 2 por lóculo, angulosas, triangulares em seção transversal.

Chave para as espécies de Phyllanthus da Chapada Diamantina, Bahia

1. Ramos cilíndricos a levemente achatados, não modificados em cladódios; folhas desenvolvidas presentes em todas as fases da vida da planta

2. Flores pistiladas e estaminadas dispostas na mesma inflorescência

3. Flores estaminadas com filetes unidos, tecas convergentes ...... 1.P. amarus

3. Flores estaminadas com filetes livres, tecas divergentes

4. Flores alvas, disco da flor pistilada anular, pedicelo 7-10mm compr.

............................................................................. 3. P. claussenii

4. Flores rubras, disco da flor pistilada com 6 glândulas, pedicelo 3-4mm

compr. .................................................................. 8.P. orbiculatus

2. Flores pistiladas e estaminadas dispostas em inflorescências separadas

5. Flores pistiladas com disco anular, ramos dos estiletes capitados .. 7.P. niruri

5. Flores pistiladas com disco segmentado, ramos dos estiletes agudos

6. Folhas membranáceas, disco da flor estaminada com 5 glândulas

falcadas ............................................................ 5.P. heteradenius

6. Folhas subcoriáceas, disco da flor estaminada com 6 glândulas arredon-

dadas ............................................................... 11.Phyllanthussp.

1. Ramos modificados em cladódios, folhas desenvolvidas presentes apenas nas

plantas jovens, reduzidas a escamas nas plantas mais velhas

7. Cladódios cilíndricos a subcilíndricos em seção transversal, geralmente com

até 0,4cm larg.

8. Sépalas 5, valvas das tecas assimétricas ....................... 10. P. spartioides

8. Sépalas 6, valvas das tecas simétricas

9. Ramos dos estiletes obtusos ................................ 2.P. angustissimus

9. Ramos dos estiletes capitados ..................................... 9.P. scoparius

7. Cladódios conspicuamente achatados em seção transversal, com 0,5 a

1,5cm larg.

10. Flores sésseis, sépalas 5, filetes unidos, rimas oblíquas

........................................................................... 6. P. klotzschianus

10. Flores pediceladas, sépalas 6, filetes livres, rimas horizontais

............................................................................ 4.P. flagelliformis

1.Phyllanthus amarus Schumach. & Thonn., Kongel. Beskr. Guin. Pl. p. 421. 1827

Fig. 1-6


Erva, 30-40cm alt., glabra, com ramificação filantóide, ramos cilíndricos a levemente achatados, não modificados em cladódios. Estípulas ovallanceoladas a lanceoladas, acuminadas, ca. 2mm compr. Folhas subsésseis, membranáceas, oblongas, 810×3-4mm, ápice arredondado, base obtusa, margem inteira, pecíolo ca. 1mm compr. Flores em címulas bissexuais, com uma flor pistilada e uma flor estaminada; brácteas lanceoladas, acuminadas; flores estaminadas ca. 2mm compr., pedicelo ca. 1mm compr., sépalas 5, obovadas a elípticas, acuminadas, obtusas, inteiras, translúcidas nas margens, esverdeadas; disco com 5 glândulas pateliformes; estames 2, raramente 3, filetes totalmente unidos, tecas convergentes, rimas horizontais a oblíquas; flores pistiladas ca. 2mm compr., pedicelo ca. 1,5mm compr., chegando a 2mm no fruto; sépalas 5, oboval-oblongas, apiculadas a agudas, côncavas, inteiras, translúcidas nas margens, esverdeadas; disco anular com 5 apículos; ovário globoso, verde; estiletes levemente 2-partidos, patentes. Fruto cápsula, ca. 3mm compr. Sementes ca. 1mm compr., castanho-claras, estriadas.

Material examinado: BRASIL. Bahia: Lençóis, 8/III/1984, fl., Noblick 3083 (HUEFS). Rio de Contas, 13/IX/1998, fr., Silva et al. 148 (HUEFS).

P. amarus é uma espécie pouco freqüente na área de estudo, tendo sido coletada apenas em duas localidades. Aparentemente nativa das Américas, mas atualmente pantropical, é a mais ruderal e amplamente distribuída espécie do gênero (Webster 2002).

P. amarus não é facilmente distinguível, vegetativamente, das outras espécies da Chapada com ramificação filantóide. Porém, as inflorescências bissexuais com duas flores e os estames completamente unidos, identificam a espécie.

2. Phyllanthus angustissimusMüll. Arg., Linnaea 32:55.1863.

Fig. 7-12

Subarbusto, até 1,5m alt., glabro, ramos modificados em cladódios linearlanceolados a cilíndricos, estriados em ambas as faces, 2-20 × 0,15-0,4cm. Estípulas ovallanceoladas, ca. 1mm compr., agudas. Folhas reduzidas, escamiformes, escariosas, linear-lanceoladas, 5-7 × 1-2mm, ápice acuminado a apiculado, base atenuada, pecíolo ca. 1mm compr. Flores em címulas unissexuais, dispostas nas margens dos cladódios, brácteas triangulares, escariosas, ca. 1mm compr., caducas, vermelhas; flores estaminadas ca. 34mm compr., pedicelo ca. 1mm compr., sépalas 6, obtusas, amarelo-esverdeadas, disco com 6 glândulas pateliformes; estames 3, filetes totalmente unidos, tecas convergentes, com valvas simétricas, rimas suboblíquas a verticais; flores pistiladas 5-6mm compr., pedicelo ca. 1-2mm compr., sépalas 6, obtusas, creme, disco anular; ovário globoso, verde; estiletes eretos, 2-partidos, ramos obtusos. Fruto cápsula, ca. 4mm compr. Sementes ca. 2,3mm compr., purpúreas a negras, verruculosas.

Material examinado: BRASIL. Bahia:Andaraí, 9/X/1987, fr., Guedes et al. 1407 (SPF); Lençóis, 19/XII/1984, fl., Stannard et al. 7201 (SPF); 16/II/1994, fr., Harley et al. 14146 (SPF); 1/XI/1973, fl., Joly s/n (SP120906); 22/XI/1994, fr., Melo et al. 1243 (HUEFS); 31/VIII/1994, fl., Stradmann et al. 662 (CEPEC); fr., Bautista et al. 3479 (ALCB); 27/V/1980, fl. Harley 22699 (MBM, ALCB); 24/V/1980, fl., Harley 22525 (SPF, CEPEC); 21/V/1980, fl., Harley 22291 (CEPEC, SPF); 27/XI/1986, fr., Loizeau 539 (CEPEC); 28/VI/95, fr., Guedes et al. 1944 (HUEFS, SPF); 30/VI/1995, fl., Stradmann et al. 537 (HUEFS); fr., Guedes 390 (HUEFS); 29/VI/1983, fl., Queiroz 635 (HUEFS); 16/XI/1983, fr., Bautista et al. 1288 (RB, MBM); 18/XII/1981, fr., Carvalho 972 (HUEFS); 14/IX/1956, fr., Pereira 2227 (SPF); Palmeiras, 11/I/1987, fl., Queiroz et al. 1925, 1907 (HUEFS, MBM).

P. angustissimus foi coletada com flores e frutos praticamente durante todos os meses do ano. Vegetativamente é muito semelhante a P. scoparius Müell. Arg., da qual se diferencia por suas anteras de rimas suboblíquas e ramos dos estiletes obtusos, enquanto em P. scoparius as rimas são verticais, os ramos dos estiletes agudos.

Segundo Cordeiro (1992), esta espécie também ocorre nos campos rupestres de Minas Gerais e em restingas na Bahia, caracterizando uma distribuição geográfica do tipo disjunta.

3. Phyllanthus claussenii Müll. Arg., Linnaea 32:40.1863.

Fig. 13-17

Erva até 1,2m alt., glabra, ramificação não filantóide, ramos cilíndricos a levemente achatados, não modificados em cladódios. Estípulas lanceoladas, margem denteada, ca. 2mm compr. Folhas membranáceas, subsésseis, largamente elípticas a largamente obovais, 5-14 × 5-9mm, ápice apiculado a mucronulado, base arredondada a acuminada, margem inteira, face adaxial verdevinácea, face abaxial esverdeada, pecíolo ca. 1mm compr. Flores em címulas bissexuais, flor pistilada 1, flores estaminadas 1-2; brácteas estreitamente triangulares, ca. 1mm compr.; flores estaminadas 2-3mm compr., pedicelo ca. 2mm compr., sépalas (5-)6, elípticas a ovais, agudas, denteadas nas margens, creme a esverdeadas; disco com (5-)6 glândulas papilosas; estames 3, livres; tecas divergentes, rimas horizontais; flores pistiladas 2-3mm compr., pedicelo 610mm compr.; sépalas (5-)6, elípticas a obovais, ápice arredondado a agudo, côncavas, levemente denteadas nas margens, creme a esverdeadas, disco anular, papiloso; ovário globoso, amareloesverdeado; estiletes profundamente 2partidos, ramos capitados. Fruto cápsula, ca. 3mm compr. Sementes ca. 1,3mm compr., castanhas, verruculosas.

Material examinado: BRASIL. Bahia: Abaíra, 11/IV/1994, fl., Ganev 3081 (HUEFS); 7/XII/1992, fr., Hind et al. s/n (HUEFS 50461); 26/XII/1992, fr., Ganev 1751 (HUEFS, SPF, CEPEC). Caetité, 8/II/1997, fr., Guedes et al. 5216 (HUEFS).

P. clausseni é pouco freqüente na Chapada Diamantina, só coletada nos Municípios de Abaíra e Caetité, com flores e frutos nos meses de dezembro a fevereiro.

P. clausseni possui flores estaminadas e pistiladas muito semelhantes às de P. flagelliformis. Entretanto, a presença de ramos cilíndricos a levemente achatados nunca modificados em cladódios diferencia-o facilmente desta espécie, que apresenta ramos modificados em cladódios e folhas reduzidas escamiformes.

Segundo Webster (2002) a espécie ocorre no Nordeste, Minas Gerais, São Paulo e Paraná.

4. Phyllanthusflagelliformis Müll. Arg., Linnaea 32:54.1863.

Fig.18-24

Subarbusto até 1,2m alt., glabro, ramos modificados em cladódios, lanceolados a obovados, achatados, coriáceos, estriados em ambas as faces, 2,5-15,0 × 0,6-1,5cm. Folhas desenvolvidas, membranáceas, limbo oboval a largamente oboval, 4-10 × 3-9mm, ápice mucronado, base arredondada, margem inteira, pecíolo ca. 2mm compr. Flores em címulas bissexuais, dispostas nas margens dos cladódios; flor pistilada 1, flores estaminadas 2-6, brácteas triangulares, ca. 1mm compr., vermelhas, denteadas nas margens; flores estaminadas ca. 5mm compr., pedicelo 2-4mm compr., vináceo, sépalas 6, arredondadas, denteadas nas margens, verde-amareladas, disco com 6 glândulas pateliformes, subturbinadas, papilosas; estames 3, livres, tecas divergentes, rimas horizontais; flores pistiladas ca. 2-3mm compr., pedicelo 24 (-5-8)mm compr. no fruto, vináceo, sépalas 6, obtusas, denteadas nas margens, amareloesverdeadas, disco anular, papiloso, ovário globoso, verde; estiletes eretos, profundamente 2partidos, ramos divaricados. Fruto cápsula, ca. 3mm compr. Sementes ca. 2mm compr., castanhas, verruculosas.

Material examinado: BRASIL. Bahia: Abaíra, 10/IX/1992, fr., Ganev 1058 (HUEFS, SP); 24/XII/1991, fl., Harley 50325 (HUEFS, SP); 25/XII/1988, fl., Harley et al. 27739 (CEPEC, SPF). Brumado, 23/III/1977, fl., Harley 198 (HUEFS). Iguaçu, 1/III/1992, fl., Ferreira 489 (ALCB). Jacobina, 6/IV/1996, fl., Guedes 2868 (HUEFS); 30/VII/1994, fl., Souza 04 (HUEFS); 19/XI/1986, fl., Webster et al. 25727 (MBM, SPF). Jussiape, 17/II/1987, fl., Harley et al. 24353 (SPF, SP, MBM). Lençóis, 27/IV/1995, fl., Pereira 1875 (HUEFS); 13/VI/1981, fl., Mori & Boom 14406 (CEPEC); 12/III/1997, fl., Gasson 6187 (HUEFS, SP); 28/XI/1994, fr., Guedes 1448 (HUEFS); 26/IX/1994, fr., Giulietti et al. 834 (ALCB). Morro do Chapéu, 17°VI/1981, fl., Mori & Boom 14530 (CEPEC); Palmeiras, 8/XI/97, fl., Guedes et al. 5476 (ALCB). Pindobaçu, 25/X/1993, fr., Ganev 2347 (HUEFS). Rio de Contas, 21/I/1974, fl., Harley 15393 (CEPEC); 28/III/1977, fl., Harley 20115 (CEPEC); 13/XII/1984, fl., Giulietti et al. 6769 (SPF, MBM); 13/XI/1998, fr., Silva et al. 161 (HUEFS). Saúde, 4/IV/1996, fl., Harley 2832 (HUEFS).

P. flagelliformis é espécie freqüente nos municípios de Jacobina, Palmeiras, Lençóis e Rio de Contas. É encontrada florida e com frutos praticamente ao longo de todo o ano. Até o presente há apenas um registro desta espécie fora da Chapada, no município de Pindobaçu, na Bahia.

Esta espécie é vegetativamente semelhante a P. klotzschianus e P. angustissimus, sendo possível diferenciá-las pelos estames livres em P. flagelliformis e unidos nestas duas espécies, assim como pelas flores sésseis em P. klotzschianus e subsésseis em P. angustissimus, contrapostas às conspícuamente pediceladas de P. flagelliformis.

5. Phyllanthus heteradenius Müll. Arg. in Mart., Fl. bras. 11(2):63.1873.

Fig.25-32


Erva até 15cm alt., glabra, ramificação não filantóide, ramos cilíndricos a levemente achatados não modificados em cladódios. Estípulas largamente triangulares a obovais, margem denteada, ca. 1mm compr. Folhas membranáceas, subsésseis, largamente orbiculares a largamente elípticas, 7-10 × 5-6mm, ápice obtuso a agudo, base arredondada, margem inteira, face adaxial verdeescura, face abaxial verde-clara; pecíolo ca. 1mm compr. Flores em címulas unissexuais, 2-3 flores; brácteas oval-lanceoladas; flores estaminadas ca. 3mm compr., pedicelo ca. 1,3mm compr., sépalas 5, largamente ovais a obovais, ápice agudo, translúcidas nas margens, cremes; disco com 5 glândulas falcadas; estames 3, filetes unidos até 1/3 do comprimento; tecas divergentes, rimas horizontais; flores pistiladas ca. 3,5mm compr., pedicelo ca. 1mm compr., sépalas 5, largamente ovais, ápice agudo, translúcidas nas margens, disco com 5 glândulas falcadas; ovário globoso; estiletes 2-partidos, ramos eretos, capitados. Fruto cápsula, 2-3mm compr. Sementes castanhas, verruculosas.

Material examinado: BRASIL. Bahia: Rio de Contas, 21/I/1974, fl. fr., Harley 15387 (CEPEC).

P. heteradenius foi coletada na Chapada apenas uma única vez, em campo rupestre, sendo que sua ocorrência é referida por Webster (2002) para o Nordeste do Brasil. Separa-se das outras espécies do gênero, na região, principalmente pelo disco da flor estaminada com glândulas falcadas.

6. Phyllanthusklotzschianus Müll. Arg., Linnaea 32:53.1863.

Fig. 33-37

Subarbusto monóico, até 1,5m alt., glabro, ramos modificados em cladódios lanceolados, obovais a falcados, achatados, estriados em ambas as faces, coriáceos, 2-10 × 0,5-1,0cm, ápice arredondado a acuminado, base atenuada. Folhas desenvolvidas caducas, presentes apenas nos ramos jovens da planta, obovais a lanceoladas, 5-10 × 2-6mm, ápice agudo a obtuso, margem inteira, base obtusa; pecíolo 1mm compr.; folhas reduzidas escamiformes, escariosas, lanceoladas, agudas, 2-5mm compr. Flores sésseis, dispostas nas margens dos cladódios, solitárias ou em címulas unissexuais de 2-3 flores; brácteas triangulares, ca. 1mm compr.; flores estaminadas ca. 2-3mm compr.; sépalas 5, largamente obovais, subcoriáceas, verde-amareladas; disco com 5 glândulas pateliformes; estames 3, filetes totalmente unidos, valvas de cada teca assimétricas, rimas oblíquas; flores pistiladas ca. 3mm compr., sépalas 5, obtusas, subcoriáceas, verde-amareladas; disco anular, ovário globoso, verde; estiletes eretos, profundamente 2-partidos. Fruto cápsula, ca. 34 × 3-5mm. Sementes ca. 3mm compr., pretas a castanho-escuras, verruculosas.

Material examinado: BRASIL. Bahia: Abaíra, 16/IV/1994, fl., França et al. 965 (HUEFS); 8/VI/1992, fl., Ganev 443 (HUEFS); 30/V/1994, fl., Ganev 3262 (HUEFS); 31/X/1996, fl., Queiroz & Silva PCD3860 (HUEFS); 10/VII/1995, fr., Queiroz et al. 4404 (HUEFS); 26/XII/1988, fl., Harley 27776 (CEPEC, SPF); 29/I/1992, fl., Stannard et al. 51103 (HUEFS, CEPEC, SP, SPF); 10/I/1992, fl., Harley et al. 51260 (SPF, SP); 10/I/1994, fl., Harley et al. 51281 (HUEFS, CEPEC, SP, SPF); 2/II/1992, fl., Pirani et al. 51458 (SPF). Andaraí, 9/VIII/1987, fr., Queiroz 1799 (HUEFS); 14/II/1977, fr., Harley 18662 (CEPEC, SPF). Barra da Estiva, 17/XI/1988, fl., Harley 26905 (CEPEC, MBM, SPF); 28/I/1974, fl., Harley 15535 (RB); 19/VII/1981, fl., Giulietti et al. CFCR1349 (SPF). Jacobina, 18/XI/1986, fl., Queiroz et al. 1182 (HUEFS); 27/II/1974, fl. fr., Harley 16528 (CEPEC).Lençóis, 23/XI/1994, fl., Melo et al. 1271 (HUEFS). Morro do Chapéu, 12/VII/1979, fl., Ribeiro 59 (CEPEC); 19/XI/1986, fl., Queiroz et al. 1273 (HUEFS); Rio do Ferro Doido, 17/I/1977, fl., Hatschbach 39708 (MBM); 1/III/1977, fr., Harley 19199 (CEPEC, SPF); 6/IX/1980, fl., Furlan et al. CFCR272 (SPF). Mucugê, 10/X/1987, fl., Queiroz et al. 1858 (HUEFS); 2/I/1984, fl., Hatschbach 47532 (CEPEC, MBM); 12/X/1998, fl., Silva et al. 113 (HUEFS); 12/III/1980, fl., Harley et al. 2078 (CEPEC); 26/VII/1979, fr., Mori et al. 12574 (RB); 16/XII/1984, fl., Giulietti et al. 7013 (SPF); 12/XI/1998, fl., Oliveira et al. 30 (HUEFS); 20/VII/1981, fr., Giulietti et al. 1423 (SPF). Piatã, 12/XI/1996, fl., Bautista & Hind 4218 (HUEFS). Rio de Contas, 2/IX/1993, fl., Ganev 2193 (HUEFS); 16/V/1983, fl., Hatschbach 46444 (CEPEC, MBM); 8/XI/1988, fl., Harley 26035 (CEPEC, SPF); 27/III/1977, fr., Harley 20054 (CEPEC, SPF); 4/III/1994, fr., Sano et al. CFCR14871 (SPF); 27/III//1998, fr., Carneiro et al. 10 (HUEFS). Utinga, 26/IX/85, fl., Wanderley et al. s/n (SP 210116).

P. klotzschianus é espécie muito freqüente na Chapada Diamantina, coletada com flores e frutos durante praticamente o ano todo, principalmente nos campos rupestres de Mucugê, Abaíra, Morro do Chapéu e Rio de Contas. Além da Chapada Diamantina; também é encontrada em campos rupestres de Minas Gerais e em restingas da Bahia, Espírito Santo e Sergipe.

Na área de estudo é encontrada entre rochas, sendo facilmente distinguível das demais espécies com cladódios da Chapada, por suas flores sésseis.

7. Phyllanthusniruri L., Sp. pl. 2:981.1753.

Fig. 38-45

Erva ca. 30cm alt., glabra, com ramificação filantóide, ramos cilíndricos a levemente achatados não modificados em cladódios. Estípulas linearlanceoladas, 2-3mm compr., longamente acuminadas. Folhas membranáceas, subsésseis, oblongas a elípticas, 8-13 × 3-4mm, ápice arredondado, base cordada, assimétrica, margem inteira; pecíolo 0,5-1,0mm compr. Flores em címulas unissexuais, as estaminadas proximais com 3-7 flores, as pistiladas distais com uma única flor; brácteas linear-lanceoladas, ca. 11,8mm compr.; flores estaminadas ca. 2mm compr., pedicelo ca. 1mm compr., sépalas 5, largamente obovais, côncavas, inteiras, verdeclaras; disco com 5 glândulas cuneadas, papilosas; estames 3, filetes livres a totalmente unidos; tecas convergentes, rimas horizontais a oblíquas; flores pistiladas ca. 2,5mm compr., pedicelo 3-4mm compr., sépalas 5, largamente obovais a elípticas, inteiras, verdeclaras; disco anular; ovário globoso, verde; estiletes livres, 2partidos, eretos, capitados. Fruto cápsula, ca. 2mm compr. Sementes 1,5mm compr., castanhoescuras, verruculosas.

Material examinado: BRASIL. Bahia: Andaraí, 23/XI/1985, fl., Hatschbach & Zelma 50126 (CEPEC, MBM). Campo Formoso, 29/IV/1981, fr., Orlandi 375 (RB). Lençóis, 29/XI/1998, fr., Carneiro et al. 86 (HUEFS); 28/XI/1998, fr., Oliveira et al. 155 (HUEFS). Morro do Chapéu, 2/VI/1980, fr., Harley 23009 (CEPEC); 11/XI/1998, fr., Carneiro et al. 52 (HUEFS). Rio de Contas, 22/XII/1988, fl., Harley & Hind 27336 (CEPEC).

P. niruri é espécie ruderal, encontrada florida e com frutos durante todo o ano. É pouco freqüente na Chapada Diamantina. Segundo Webster (1970), distribui-se desde o México até Argentina e Brasil.

P. niruri e P. amarus ocorrem simpatricamente na região de Rio de Contas, mas apesar de sua semelhança, diferenciam-se pelas folhas assimétricas, inflorescências unissexuais e estiletes capitados em P. niruri e folhas simétricas, inflorescências bissexuais e estiletes agudos em P. amarus.

8. Phyllanthus orbiculatus Rich., Act. Soc. Hist. Nat. Paris 1:113.1792.

Fig. 46-51

Erva a subarbusto até 50cm alt., com ramificação filantóide, glabros, ramos cilíndricos a levemente achatados, não modificados em cladódios. Estípulas ca. 1mm compr., triangulares, agudas a acuminadas, inteiras. Folhas membranáceas, subsésseis, arredondadas, largamente ovais a orbiculares, 4-10 × 3-8mm, ápice agudo a acuminado, base obtusa a arredondada, margem inteira, face adaxial verde-escura a rubra, face abaxial verde-clara a avermelhada; pecíolo 1mm compr. Flores em címulas bissexuais, com 23 flores estaminadas e uma flor pistilada; brácteas lanceoladas, ca. 0,6mm compr., margem denteada; flores estaminadas ca. 2,5mm compr., pedicelo 2,53,0mm compr., sépalas 6, ovais a elíptico-oblongas, agudas, inteiras, translúcidas nas margens, vermelhas a purpúreas; disco com 6 glândulas pateliformes; estames 3, livres, tecas divergentes, rimas horizontais; flores pistiladas ca. 4mm compr., pedicelo ca. 3-4mm compr., sépalas 6, elípticas a linear-oblongas, agudas, inteiras, translúcidas nas margens, vermelhas a purpúreas; disco com 3 glândulas; ovário globoso, verde; estiletes 2-partidos, livres, exceto na base, ramos agudos. Fruto cápsula, ca. 2mm compr. Sementes 2mm compr, castanhas, verruculosas.

Material examinado: BRASIL. Bahia: Catolés, 23/X/1999, fr., Miranda-Silva et al. 304 (HUEFS). Mucugê, 20/VII/81, fl., Giulietti et al. CFCR1488 (SPF). Rio de Contas, 21/I/1974, fr., Harley 15386 (HUEFS); 13/XI/1998, fr., Silva et al. 162 (HUEFS).

P. orbiculatus é pouco comum na Chapada Diamantina, porém possui ampla distribuição nos cerrados e campos rupestres de todo o Brasil. Webster (1957) refere-o para toda a América do Sul. Observada com flores e frutos, nos meses de novembro a fevereiro.

Entre as espécies com ramificação filantóides, diferencia-se por suas folhas arredondadas a orbiculares, com nervura de coloração vermelha a púrpura.

9. Phyllanthus scoparius Müll. Arg., Mart., Fl. bras. 11(2):74.1873.

Fig.52-57


Subarbusto ca. 1m alt., glabro, ramos modificados em cladódios, eretos, subfiliformes, cilíndricos, 1-2mm larg. Estípulas ca. 2mm compr., oval-lanceoladas, ápice agudo, margem levemente denteada. Folhas desenvolvidas, sésseis a subsésseis, caducas, escamiformes, escariosas, ápice agudo, base atenuada, margem inteira; pecíolo ca. 1mm compr. Flores em címulas unissexuais, as estaminadas proximais, com 2-3 flores, as pistiladas distais, com uma única flor; brácteas ca. 1,5mm compr., oval-lanceoladas, agudas, avermelhadas; flores estaminadas ca. 4,5mm compr., pedicelo ca. 1,5mm compr., sépalas 6, as três mais externas elípticas, mucronadas a acuminadas, as três mais internas obovais, obtusas, agudas; disco com 6 glândulas pateliformes; estames 3, filetes unidos; tecas convergentes com valvas simétricas; rimas verticais; flores pistiladas ca. 5mm compr., pedicelo ca. 2,6mm compr., sépalas 6, as três mais externas elípticas, obtusas, mucronadas a acuminadas, as três mais internas obovais, obtusas, ápice agudo; disco anular; ovário globoso, verde; estiletes eretos, 2-partidos, ramos capitados. Fruto cápsula, ca. 4mm compr. Sementes ca. 2,3mm compr., castanho-escuras, verruculosas.

Material examinado: BRASIL. Bahia: Mucugê, 26/III/1980, fr., Harley 20991 (SPF, HUEFS). Palmeiras, 20/XII/1984, fl., Mello-Silva et al. CFCR 7300 (SPF); 19/XII/1984, fl., Stannard et al. CFCR 7137 (SPF).

P. scoparius é uma espécie pouco freqüente na Chapada Diamantina, sendo endêmica de Minas Gerais e Bahia, na Cadeia do Espinhaço. Diferencia-se P. angustissimus por apresentar rimas verticais e ramos dos estiletes capitados, enquanto P. angustissimus apresenta rimas suboblíquas a verticais e ramos dos estiletes obtusos.

10. Phyllanthusspartioides Pax & K. Hoffm. in Repert. Spec. Nov. Regni. Veg. 19:174.1923.

Fig.58-62

Arbusto a subarbusto até 1,3m alt., glabro, ramos modificados em cladódios, 0,51mm larg., cilíndricos. Estipulas triangulares, ca. 1mm compr., agudas, base assimétrica. Folhas desenvolvidas sésseis a subsésseis, membranáceas, caducas, presentes apenas nas partes jovens dos ramos; folhas reduzidas, escamiformes, linear-lanceoladas, sésseis, escariosas, 4-6 × 0,5-1,0mm, acuminadas, base atenuada, margem inteira. Flores em címulas unissexuais; brácteas lanceoladas, levemente denteadas nas margens, vermelhas; flores estaminadas ca. 2,5mm compr., sépalas 5, obovais, agudas, amarelas; disco com 5 glândulas pateliformes; estames 3, filetes unidos, tecas convergentes com valvas assimétricas, rimas oblíquas; flores pistiladas ca. 3mm compr., sépalas 5, oblongas, agudas, amarelas; disco anular; ovário globoso, amarelo; estiletes 2partidos, ramos capitados. Fruto cápsula, ca. 3mm compr. Sementes castanhas, verruculosas.

Material examinado: BRASIL. Bahia: Abaíra, 25/X/1993, fl., Ganev 2318 (HUEFS); 26/II//1994, fl., Sano et al. CFCR14606 (SPF); 2/III/1992, fl., Stannard et al. 51701 (SPF). Água Quente, 16/XII/1988, fr., Harley et al. 27517 (CEPEC, SPF). Piatã, 3/XI/1996, fl., Bautista 4010 (HUEFS). Rio de Contas, 12/XI/1988, fl., Harley et al. 26418 (CEPEC, SPF); 17/III/1977, fl., Harley 19499 (CEPEC, SPF); 23/I/1974, fl., Harley 15435 (CEPEC); 12/XI/1988, fl., Harley & Hind 26107 (CEPEC, SPF); 16/X/1987, fl., Harley et al. 25876 (CEPEC, SPF); 23/XI/1988, fl., Harley 26257 (CEPEC, SPF); 14/XII/1984, fl., Stannard et al. 6892 (CEPEC, SPF); 2/III/1999, fr., Melo et al. 2630 (HUEFS).

P. spartioides foi coletada florida principalmente nos meses de novembro a fevereiro e com frutos de abril a junho. Até o presente não houve registro desta espécie fora da Chapada Diamantina, sendo possivelmente endêmica desta região.

11. Phyllanthus sp.

Fig.63-67

Subarbustos ca. 40cm alt., ramos cilíndricos a levemente achatados não modificados em cladódios, glabros, eretos. Estípulas ca. 1mm compr., largamente triangulares, agudas. Folhas subcoriáceas, largamente ovais a suborbiculares, 7-12 × 611mm, ápice arredondado, mucronulado, base arredondada, margem inteira; pecíolo 1,01,5mm compr. Flores em címulas unissexuais, brácteas ca. 1mm compr., triangulares, as inflorescências estaminadas com 2-4 flores, 3,55,0mm compr., pedicelo 1,5-2,5mm compr., sépalas 6, largamente elípticas, obtusas, ápice arredondado, margem inteira; disco com 6 glândulas pateliformes; estames 3, filetes unidos, tecas divergentes, rimas horizontais, inflorescências pistiladas com 2-3 flores, 4,55,5mm compr., pedicelo 3-4mm compr, sépalas 6, largamente elípticas, obtusas, ápice arredondado, margem inteira; disco com 6 glândulas pateliformes; ovário globoso; estiletes eretos, 2partidos, ramos agudos. Fruto cápsula, ca. 2,5mm compr. Sementes ca. 1,5mm compr., castanhas, verruculosas.

Material examinado: BRASIL. Bahia: Morro do Chapéu, 14/III/1995, fl., Queiroz & Nascimento 4295 (HUEFS). Pindobaçu, 27/X/1993, fl. fr., Ganev s/n (HUEFS19189).

Phyllanthus sp. foi coletada florida e com fruto apenas nos meses de março e outubro. É facilmente distinguível das demais espécies de Phyllanthus da região por apresentar folhas suborbiculares, subcoriáceas, 6 sépalas, 3 estames unidos pelos filetes, flores pistiladas com disco de 6 segmentos pateliformes.

Espécie aparentemente endêmica da Chapada Diamantina. Diferencia-se prontamente das outras espécies de Phyllanthus da região, principalmente por suas folhas subcoriáceas, geralmente suborbiculares, com ápice mucronulado. Além disso, pela posse de um conjunto único de características entre estas espécies: hábito subarbustivo, folhas desenvolvidas, ramificação não filantóide, flores com 6 sépalas, disco segmentado, estames 3, unidos pelos filetes, tecas divergentes, rimas horizontais, estiletes 2-partidos, com ramos agudos.

Pela falta de coleções adicionais, os autores optaram por manter a espécie indeterminada.

Agradecimentos

Os autores agradecem aos curadores dos herbários citados, pelo empréstimo e envio do material estudado; à Universidade Estadual de Feira de Santana e ao CNPq, pela bolsa concedida à primeira autora; ao professor Dr. Luciano Paganucci de Queiroz, pelas sugestões dadas a este trabalho; a Rogério Lupo, pela arte final das ilustrações.

Recebido em 26/10/200. Aceito em 04/10/2002

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  • 1
    Parte do trabalho de conclusão de graduação da primeira Autora
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      26 Ago 2003
    • Data do Fascículo
      Jun 2003

    Histórico

    • Aceito
      04 Out 2002
    • Recebido
      26 Out 2000
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