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A Hegemonia das margens: a obra de Jacques Le Goff no início do século XXI

The Hegemony of the margins: the work of Jacques Le Goff at the beginning of the 21th Century

RESUMO

Em 2014, a tribo dos historiadores perdeu um de seus líderes, Jacques Le Goff. Autor inspirador e controverso, o medievalista francês influenciou não apenas os estudos sobre a Idade Média, mas também sobre a disciplina histórica de maneira geral durante a segunda metade do século XX. Seu legado é, sem dúvida, importante; contudo, as reflexões do último Le Goff apresentam algumas especificidades que merecem maior atenção por parte de seus pares. Assim, o presente artigo, após apresentar um sobrevoo a respeito de seus percursos profissional e historiográfico, se dedicou a traçar os principais aspectos da recepção de sua obra produzida em sua última década de vida. Ao final de nosso percurso, os trabalhos do medievalista terão nos conduzido a um de seus últimos legados: suas contribuições para a velha discussão entre especialistas e difusores do conhecimento histórico.

Palavras-chave
Jacques Le Goff; Historiografia; Difusão do conhecimento

ABSTRACT

In 2014 the tribe of historians lost one of their leaders, Jacques Le Goff. An inspiring and controversial author, the French medievalist influenced not only the study of the Middle Ages, but also the historical discipline in general during the second half of the twentieth century. His legacy is certainly important, but the reflections of the last Le Goff have some specificities that deserve greater attention from their peers. This article, after presenting an overview of his professional and historiographical path, tries to outline the main aspects of the reception that his works produced during his last decade of life. At the end of our journey, the works of this medievalist will have led us to one of his final legacy: his contributions to an old discussion between experts and the ones who disseminate historical knowledge.

Keywords
Jacques Le Goff; Historiography; Dissemination of Knowledge

Escrever sobre o medievalista francês Jacques Le Goff é vislumbrar meio século de uma produção intelectual das mais ricas. Suas obras marcaram de maneira perene não só a medievalística como também toda a historiografia ocidental. Desde sua seminal Civilização do Ocidente medieval, publicada pela primeira vez na França, em 1964, Le Goff conquistou o grande público e influenciou colegas de ofício em diversas partes do globo. Tendo escolhido não seguir o percurso acadêmico tradicional, que implicaria a preparação de uma Tese de Estado nos moldes universitários franceses, Le Goff recebeu o título de doutor Honoris Causa de sete universidades. Foi agraciado com diversos prêmios, entre eles o Grand Prix National d’Histoire, em 1987, e a Medalha de Ouro, condecoração máxima do prestigiado Centre National de la Recherche Scientifique francês (CNRS), em 1991. Em 1997, foi nomeado Commandeur dans l’Ordre des Arts et Lettres, confirmando definitivamente a estreita sintonia de suas obras com o panorama histórico nacional francês daqueles anos.

Nascido em Toulon, no primeiro dia de janeiro de 1924, Jacques Le Goff teve um início de carreira que viria a marcar o restante de seu percurso acadêmico. Foi aluno da Escola Normal Superior, diplomado em História pela Universidade de Praga e agrégé de História, exercendo seu ofício inicialmente como professor no liceu de Amiens no início dos anos 50. Entre 1950 e 1953, pôde se dedicar inteiramente à pesquisa em Oxford e Roma, duas experiências que marcaram profundamente sua carreira. Após esse período inicial de formação em pesquisa (sem, contudo, nunca abandonar sua paixão pelo ensino e pelo trabalho coletivo), sua entrada profissional no ensino superior se deu pouco antes dos 30 anos, ao se tornar pesquisador do CNRS e professor (temporário) na Faculdade de Lille, na segunda metade dos anos 1950. Na década seguinte, ingressou na École Pratique des Hautes Études (EPHE), onde se tornou diretor de estudos em 1962, vindo a assumir a prestigiosa revista Annales em 1969. Em 1972, então presidente da VIª seção da EPHE, Le Goff foi figura importante na criação, em 1975, da École des Hautes Études en Sciences Sociales, onde exerceu a presidência até 1977.

Percurso bibliográfico

A produção escrita de Le Goff iniciou-se ainda no final dos anos 40, com um artigo diretamente ligado a sua experiência de Praga.1 1 LE GOFF, J. Un étudiant tchèque à l’Université de Paris au XIVe siècle. Revue des Études Slaves, t. 24, p. 143-170, 1948. Embora já trabalhasse com a história das ideias, em especial com a história intelectual das universidades medievais, o medievalista se interessou também por objetos materiais e econômicos na década seguinte.2 2 LE GOFF, J. Dépenses universitaires à Padoue au XVe siècle. Mélanges d’archéologie et d’histoire, Roma, École française de Rome, 1956. LE GOFF, J. Questionnaire pour une enquête sur le sel dans l’histoire du XIVe au XVIe siècle (em colaboração com P. Jeannin). Revue du Nord, Lille, n. XXXVIII, p. 225-233, 1956. LE GOFF, J. Les archives des monts - de piété et des banques publiques d’Italie (à propos d’un ouvrage récent). Revue de la Banque, Bruxelas, v. I, p. 21-46, 1957. De fato, sua empatia e intimidade com essa temática e com os profissionais de história econômica o levaram a exercer a função de secretário geral da Associação dos Historiadores Economistas entre 1962 e 1965, mesmo momento de publicação de sua grande Civilização do Ocidente medieval.3 3 Le Goff continuou, nos anos 60, a publicar suas pesquisas sobre a circulação do sal na Idade Média. Ele chegou mesmo a abordar o tema em uma tese que nunca se realizou. LE GOFF, J. Orientation de recherches sur la production et le commerce du sel en Méditerranée au Moyen Âge. Bulletin Philologique et Historique (jusqu’en 1610) du comité des travaux historiques et scientifiques, Paris, v. I, p. 303-314, 1961. LE GOFF, J. Une enquête sur le sel dans l’histoire. Annales ESC, Paris, v. XVI, p. 959-961, 1961. LE GOFF, J. Le sel dans les relations internationales au Moyen Âge et à l’époque moderne. In: LE GOFF, J. Le rôle du sel dans l’histoire. Paris: Presses Universitaires de France, 1968. p. 235-245. (Publications de la Faculté des Lettres et Sciences humaines de Paris-Sorbonne, 37.) Além do sal, o mundo do trabalho, em especial o intelectual, também seduzia. Le Goff chegou mesmo a iniciar outra tese sobre “les idées et les attitudes à l’égard du travail au Moyen Âge”. LE GOFF, J. L’appétit de l’Histoire. In: NORA, P. (Org.). Essais d’Ego-histoire. Paris: Gallimard, 1987. p. 215. A circulação do sal pelo Mediterrâneo medieval se tornou uma de suas especialidades, tema, aliás, inteiramente conforme aos interesses quantitativos, geográficos e civilizacionais da escola (braudeliana) de história francesa. Os dois primeiros livros publicados já indicavam seu interesse pela combinação das esferas mental e material. A publicação de Marchands et banquiers du Moyen Âge, em 1956, e de Les intellectuels au Moyen Âge, no ano seguinte, mostra não só o anseio em explorar novos terrenos de pesquisa visando à constituição de uma história total, como também a vontade de levar o conhecimento histórico ao grande público.4 4 LE GOFF, J.Marchands et banquiers du Moyen Âge. Paris : PUF, 1956. LE GOFF, J. Les intellectuels au Moyen Âge. Paris: Seuil, 1957. Essas duas obras foram publicadas em coleções destinadas ao grande público ou aos estudantes universitários.

Os anos 60 marcam, assim, um momento de grande mudança no percurso acadêmico de Le Goff. A publicação, em 1964, do já citado La civilisation de l’Occident médieval manifestava claramente seu desejo de independência e de renovação historiográfica.5 5 LE GOFF, J. La civilisation de l’Occident médiéval. Paris: Arthaud, 1964. Sobre a importância dessa obra na trajetória de Le Goff, até ao menos meados dos anos 70, ver CAMPOS, F. de. Cidade e civilização: luzes e fronteiras da Idade Média. Signum, São Paulo, n. 5, p. 293-313, 2003. Essa obra foi, ao mesmo tempo, o resultado de todas as pesquisas que o autor pôde desenvolver em seus pouco mais de 15 anos de carreira e o ponto de origem a partir do qual se desenvolveram todos os trabalhos das décadas seguintes.

A década subsequente será marcada por um intenso trabalho teórico-metodológico. Em 1974, Le Goff assina a coordenação dos três volumes de Faire de l’histoire juntamente com Pierre Nora.6 6 LE GOFF, J.; NORA, P. (Orgs.). Faire de l’histoire. Paris: Gallimard, 1974. 3v. Apenas quatro anos depois é lançado La Nouvelle Histoire, nova obra coletiva que visa romper com a visão historiográfica tradicional na França (tida ainda como demasiadamente descritiva) e instaurar em bases sólidas o programa de um novo fazer historiográfico profundamente ancorado no intercâmbio intelectual com a antropologia e nos estudos da(s) cultura(s).7 7 LE GOFF, J.; CHARTIER, R.; REVEL, J. (Orgs.). La Nouvelle Histoire. Paris: Retz, 1978. Por fim, em 1977, é publicada a primeira coletânea de seus artigos que demonstram, na prática, o desenvolvimento do programa pretendido por essa nova história.8 8 LE GOFF, J. Pour un autre Moyen Âge. Temps, travail et culture en Occident. Paris: Gallimard, 1977.

Os anos 1980 são abertos em grande estilo com a publicação do trabalho que seria considerado a grande tese doutoral nunca produzida e defendida por Le Goff ao longo de seu percurso universitário.9 9 “…foi para escrever livros melhores que abandonei a tese”. LE GOFF, J. O desejo pela História. In: NORA, P. (Org.). Ensaios de Ego-História. Lisboa: Ed. 70, 1989. p. 215. Edição francesa: LE GOFF, J. L’appétit de l’Histoire…, p. 218. La naissance du Purgatoire apresenta de uma só vez uma história do tempo e do espaço medievais a partir de uma documentação pouco explorada pela historiografia francesa até então (e até hoje, haja vista que na França a divisão entre a disciplina histórica e literária é ainda mais radical do que no Brasil).10 10 LE GOFF, J. La naissance du Purgatoire. Paris: Gallimard, 1981. O título, altamente provocativo e sedutor, assenta-se sobre a ideia luminosa do construtivismo cultural que será desenvolvida à exaustão pelos cientistas sociais a partir da década seguinte e do início do novo milênio. Le Goff traça a história da criação mental do Purgatório, reivindicando para o homem o poder de reescrever a topografia e a cronologia divinas. Ao longo dessa década, Le Goff publica ainda outros 14 livros (dos quais três de autoria exclusiva, os demais tendo sido preparados em colaboração com outros historiadores), dentre eles uma coletânea de artigos e um retorno importante às questões econômicas.11 11 As obras em destaque são: LE GOFF, J. La bourse et la vie. Economie et religion au Moyen Âge. Paris: Hachette, 1986.LE GOFF, J. L’imaginaire médiéval. Essais. Paris: Gallimard, 1985. As demais obras são: LE GOFF, J. Intervista sulla storia. Bari: Laterza, 1982. LE GOFF, J. L’apogée de la Chrétienté: v. 1180 - v. 1330. Paris: Bordas, 1982 (reeditado em 1994 com o título Le XIIIe siècle: L’apogée de la Chrétienté, v.1180-v. 1330). LE GOFF, J.; CHEDEVILLE, A.; ROSSIAUD, J. (Orgs.). La ville en France au Moyen Âge: des Carolingiens à la Renaissance. In: DUBY, G. (Org.). L’Histoire de la France urbaine. t. II. Paris: Seuil, 1980. LE GOFF, J.; SCHMITT, J.-C. Le Charivari. Paris: Ed. de l’EHESS, 1981. LE GOFF, J.; KOPECZI, B. (Orgs.). Objet et méthodes de l’histoire de la culture. Colloque franco-hongrois de Tihani, 10-14 octobre 1977. Paris: Ed. du CNRS/Budapest, Akademiai Kiado, 1982. LE GOFF, J.; BREMOND, C.; SCHMITT, J.-C. L’Exemplum. Turnhout: Brepols, 1982. LE GOFF, J.; KOPECZI, B. (Orgs.). Intellectuels français, intellectuels hongrois: XIIe-XXe siècle: actes du colloque franco-hongrois d’histoire sociale à Matrafured, 1980. Paris: Ed. du CNRS/Budapest, Akademiai Kiado, 1985. LE GOFF, J.; GUIEYSSE, L. (Orgs.). Crise de l’urbain, futur de la ville (Colloque de Royaumont, 1984, R.A.T.P.-Université-recherche). Paris: Economica, 1985. LE GOFF, J.; RÉMOND, R. et alii (Orgs.). Histoire de la France religieuse. Paris: Seuil, 1988. 4v. LE GOFF, J.; BURGUIÈRE, A.; REVEL, J. (Orgs.). L’Histoire de la France. Paris: Seuil, 1989.199 2v. LE GOFF, J. et alii (Orgs.). L’homme médiéval. Paris: Seuil, 1989. LE GOFF, J ; DE SETA, C. La città e le mura. Rome, Bari: Laterza, 1989.

Após esse período de confirmação profissional, marcado por dois grandes momentos (primeiramente a construção do plano de fundo teórico-metodológico, cronológico e geográfico que serviu como contorno geral para suas pesquisas - anos 60 e 70 - e posteriormente a construção de cenários reais e imaginários com os quais interagiram seus personagens históricos - anos 80), Le Goff traçou o perfil de dois de seus grandes personagens: Francisco de Assis e São Luís.12 12 LE GOFF, J. Saint Louis. Paris: Gallimard, 1996. LE GOFF, J. Saint François d’Assise. Paris: Le Grand livre du mois/Gallimard, 1999. Contudo, seu trato da biografia histórica, como seria de se esperar, não segue à risca os mesmos caminhos da historiografia da virada do século XX. Fiel a seu engajamento a uma história política renovada, Le Goff pretendia inserir os grandes homens que estudava em um panorama sociocultural mais amplo por meio de uma crítica histórica da produção documental.13 13 LE GOFF, J. Is Politics still the Backbone of History? Daedalus, inverno de 1971, p. 1-19. Reeditado em francês: LE GOFF, J. L’histoire politique est-elle toujours l’épine dorsale de l’histoire? In: LE GOFF, J. L’imaginaire médiéval. Essais. Paris: Gallimard, 1985. p. 333-349. Trata-se de uma história do “político”, do “poder”, em outros termos, uma “antropologia política histórica” (LE GOFF, J. L’appétit de l’Histoire…, p. 235). Sobre sua análise crítica da documentação biográfica ver LE GOFF, J. Mon ami le saint roi. Annales. Histoire, Sciences Sociales, 56e année, n. 2, p. 469-477, 2001. A mudança paradigmática do modelo de biografia histórica foi definida pelo próprio Le Goff: anteriormente uma biografia se preocupava em mostrar o brilho que um personagem lançava sobre a história; agora a biografia deve mostrar como a história esclarece o personagem. LE GOFF, J. L’appétit de l’Histoire…, p. 235. Outra marca do percurso editorial de Le Goff nos anos 90 é a preparação de obras voltadas ao grande público e aos debates que ocorriam na França naquele momento. Para tanto, o medievalista passou a explorar cada vez mais (a próxima década irá confirmar) as entrevistas como modo de divulgar seu pensamento.14 14 LE GOFF, J. La vieille Europe et la nôtre. Paris : Seuil, 1994. LE GOFF, J. Une vie pour l’histoire, (Entretiens avec Marc Heurgon). Paris: Ed. de la Découverte, 1996. LE GOFF, J. L’Europe racontée aux jeunes. Paris: Seuil, 1996. LE GOFF, J.; LOBRICHON, G. (Orgs.). Le Moyen Âge aujourd’hui. Trois regards contemporains sur le Moyen Âge : histoire, théologie, cinéma : actes de la rencontre de Cerisy-la-Salle, juillet 1991. Paris: Le Léopard d’or 7, 1997. LE GOFF, J. Pour l’amour des villes (Entretiens avec Jean Lebrun). Paris: Textuel, 1997. LE GOFF, J.; SCHMITT, J.-C. (Orgs.). Dictionnaire raisonné de l’Occident médiéval. Paris: Fayard, 1999. Finalmente, nessa década são reeditadas várias de suas obras anteriores.15 15 Exemplo dessa revalorização dos trabalhos de Le Goff na França dos anos 90 é o lançamento de uma única edição contendo diversas de suas obras já naquele momento clássicas, assim como de alguns textos que, embora importantes, tinham pouca circulação: Pour un autre Moyen Âge, L’Occident médiéval et le temps, L’imaginaire médiéval, La naissance du Purgatoire, Les limbes, La bourse et la vie, Le rire dans la société médiévale. LE GOFF, J. Un autre Moyen Âge. Paris: Gallimard, 1999.

Percurso historiográfico

A preparação dos livros foi permeada pela publicação de cerca de 300 artigos, verbetes de dicionários ou enciclopédias e prefácios, entre outros, ao longo de pouco mais de 60 anos de carreira. Essa vasta produção já foi objeto de sínteses variadas, geralmente coletivas e inseridas em alguma forma de comemoração. A primeira iniciativa partiu do próprio medievalista, que, em 1987, analisa seu “desejo pela história”, publicando um texto na coletânea de ego-história organizada por seu antigo colega Pierre Nora.16 16 LE GOFF, J. L’appétit de l’Histoire… Para a edição portuguesa, ver nota 9 acima. Entremeando sua experiência pessoal de vida com suas escolhas profissionais,17 17 É o próprio Le Goff que afirma ter sempre existido uma concordância sincrônica entre as experiências concretas de sua vida e suas atividades intelectuais. LE GOFF, J. L’appétit de l’Histoire…, p. 225-226. Le Goff explica, por exemplo, que seu incômodo com a mediocridade dos sermões eclesiásticos escutados durante sua infância teve papel importante no despertar de seu interesse pelos exempla; ou ainda, que seu apego à história das sensibilidades e dos ritos já se manifestava, de forma latente, em sua resistência ao ensino teológico durante seu catecismo.18 18 LE GOFF, J. L’appétit de l’Histoire…, p. 189-190. É também nesse relato que vemos explicitada uma característica fundamental de sua personalidade: a resistência ao tradicional mundo universitário francês, materializado pela renomada Sorbonne. Aspecto fundamental da sociologia do conhecimento da obra do medievalista, incluindo aí sua recepção no mundo acadêmico, esse traço de personalidade muitas vezes estará implícito nas críticas que receberá de seus pares.

O próprio Le Goff, analisando sua experiência profissional, anunciou os traços definidores de sua identidade intelectual. Uma identidade marcada pela repulsa não dos métodos tradicionais, mas de uma historiografia, representativa do meio universitário francês de meados do século XX (e também do início do século XXI), portadora de uma concepção restrita de documento histórico e/ou centrada na exploração exaustiva de casos isolados. Entre o historiador de sínteses e o especialista, há muitas vezes um diálogo de surdos.

Não é por acaso que Le Goff optou por um percurso profissional não universitário, mas ligado às grandes escolas francesas (como as prestigiosas EPHE, EHESS). Foi nesse universo atípico que pôde desenvolver suas pesquisas. Para tanto, foi necessário fazer uso de uma variedade documental bastante ampla, prática que não fazia parte do exercício corrente de muitos historiadores medievalistas franceses da época. A abertura documental era valorizada por uma abertura disciplinar.19 19 A reivindicação da abertura dos historiadores a outras modalidades documentais já aparece nos livros da década de 70 e é claramente posta em destaque na autoanálise realizada por Le Goff. LE GOFF, J. L’appétit de l’Histoire…, p. 228. Le Goff passou a desenhar uma história metodologicamente tributária da escola antropológica francesa (de Mauss a Lévi-Strauss) e do comparativismo praticado por Dumézil (por meio de uma metodologia que trouxe à luz a mentalidade tripartite indo-europeia), em que o conceito de “civilização” ocupava o espaço central.20 20 LE GOFF, J. L’appétit de l’Histoire…, p. 207-213 e 221. É essa configuração do campo de pesquisas que se habituou chamar de “história total” ou “história global”.

A autoconsciência, e mesmo o desejo, de se posicionar, digamos, marginalmente no panorama universitário francês é significativa para a carreira de Le Goff e não deve ser menosprezada. De fato, como bem demonstrou Bourdieu, o posicionamento do homo academicus em seu campo profissional é fundamental para a compreensão da produção do conhecimento.21 21 BOURDIEU, P. Homo Academicus. Paris: Éditions de Minuit, 1984. p. 46. Enquanto aguardamos o aparecimento de um trabalho de fôlego que vise explicitar a longa e complexa sociologia do conhecimento existente por detrás das obras desse medievalista, dispomos apenas das entrevistas concedidas por Le Goff (algumas delas deram origem a livros22 22 LE GOFF, J. Une vie pour l’histoire. Entretiens avec Marc Heurgon. Paris: Ed. de la Découverte, 1996. LE GOFF, J. Pour l’amour des villes. (Entretiens avec Jean Lebrun) Paris: Textuel, 1997. LE GOFF, J. Le Dieu du Moyen Âge. Entretiens avec Jean-Luc Pouthier. Paris: Bayard/Le Grand Livre du Mois, 2003. ) e de obras comemorativas feitas em sua homenagem.

Cerca de uma década após expor ao público seu “desejo pela história”, surge a primeira obra consagrada inteiramente ao pensamento de Le Goff.23 23 REVEL, J.; SCHMITT, J.-C. (Orgs.). L’ogre historien: autour de Jacques Le Goff. Paris: Gallimard, 1998. Nessa coletânea, ex-alunos e colegas se reúnem para homenagear o medievalista e celebrar seus 75 anos com uma série de trabalhos desenvolvidos, de uma forma ou de outra, a partir das sementes lançadas pelo mestre. Dividido em três partes, o livro apresenta testemunhos do convívio pessoal, das práticas de pesquisa e de difusão, do pensamento e de seus desenvolvimentos possíveis. No que interessa ao presente artigo, merecem destaque as contribuições de P. Nora (um sobrevoo da produção de Le Goff até o fim dos anos 70), de K. Pomian (sobre o papel de conceitos-chave como tempo, espaço, mentalidade e longa duração no pensamento “legoffiano”), de P. Toubert (sobre a renovação documental e metodológica necessária à constituição de uma história total necessariamente transdisciplinar), de B. Geremek (um breve, mas eficaz balanço historiográfico visando explicitar as influências das obras de Le Goff na medievalística daquele momento), de A. Boureau (sobre as formas retóricas existentes por trás da obra de Le Goff). Como vemos, o leque de contribuições era rico e variado; imagem do legado criado em torno do medievalista ao longo dos anos 80 e 90 e que atingia seu brilho máximo naquele momento.

Quase na mesma ocasião, vem do mundo anglo-saxônico o primeiro esforço para sintetizar a obra do medievalista francês.24 24 RUBIN, M. (Org.). The Work of Jacques le Goff and the Challenges of medieval History. Woodbridge: The Boydell Press, 1997. Tal projeto, na verdade um colóquio realizado em Cambridge, em 1994, associou a reflexão sobre o pensamento “legoffiano” à análise de seu impacto em diferentes países.25 25 Embora o colóquio tenha contado com mais de 50 participantes, apenas os textos de alguns deles foram publicados. Pretendia-se ainda traçar algumas perspectivas para o futuro. Tentando escapar do modelo meramente elogioso, os artigos publicados nesse livro visam analisar a atualidade do pensamento “legoffiano” na virada do século XXI, tomando-o não como um grande líder, mas como um representante, entre outros, de um grupo historiográfico particular, os Annales. De fato, a abertura a trabalhos nessa perspectiva possibilitou explorar as resistências encontradas pelas ideias da Nova História (de Le Goff em especial) em países como Espanha, Estados Unidos, Alemanha e Países Baixos. A vida urbana e intelectual, as relações entre cultura clerical e popular (reconhecidamente o tema mais polêmico já tratado por Le Goff até os anos 9026 26 Le Goff reconhece que suas interpretações sobre a cultura e a religião popular deram lugar a “debates inumeráveis”. Trata-se provavelmente do maior ponto de resistência acadêmica com o qual teve que se confrontar. LE GOFF, J. L’appétit de l’Histoire…, p. 230. ), o imaginário, o dinheiro, o tempo e o trabalho foram alguns dos temas abordados pelos participantes. Os conhecimentos de Le Goff sobre tais temas não serviam como ponto de chegada, mas sim como ponto de partida para as discussões. A inversão não é sem importância, uma vez que possibilita medir a evolução e o distanciamento das pesquisas desenvolvidas naquele momento em relação ao legado por ele deixado. Em suma, essa é a primeira obra coletiva a tratar Jacques Le Goff não como um grande personagem histórico, mas sim como uma peça (ainda que de grande importância) no grande quebra-cabeça da medievalística mundial da segunda metade do século XX. Como diria o próprio Le Goff, a respeito de seu modelo de biografia histórica, essa foi a primeira vez em que se tentou mostrar como a história esclarece o personagem e não como o personagem esclarece a história. Mesmo se tal resultado nem sempre foi plenamente alcançado, ainda assim é preciso marcar sua importância para a análise do percurso historiográfico das ideias de Le Goff, além de destacar o fato de a iniciativa não partir da França, e sim do outro lado do Canal da Mancha.

Em 2003, uma exposição na Galeria Nacional de Parma confirma os estreitos laços de Le Goff com os historiadores italianos, além de abrir uma nova etapa na celebração de sua memória. 27 27 ROMAGNOLI, D. (Org.) Il Medioevo europeo di Jacques Le Goff (Mostra, Parma, Galleria Nazionale, Voltoni del Guazzatoio, 28 settembre 2003-6 gennaio 2004). Cinisello Balsamo: Silvana, 2003. Il medioevo europeo di Jacques Le Goff expõe, por meio de objetos e imagens, a visão que o medievalista tem da Idade Média, com especial atenção para a Itália. Le Goff idealizou a mostra, escolheu as peças e as comentou, além de redigir a introdução da obra. O catálogo apresenta ainda pouco mais de 20 breves artigos escritos por grandes medievalistas vindos de diversos países e que apresentam temas, de uma maneira ou outra, ligados aos 50 anos de pesquisa do homenageado. De fato, como seria de se esperar, o catálogo é menos uma obra de discussão acadêmica do que uma celebração do poder de síntese e de divulgação do conhecimento histórico levado a cabo por Le Goff ao longo de sua longa carreira.

Os 80 anos de Le Goff deram ainda origem a outra celebração, dessa vez atravessando o Atlântico em direção ao hemisfério sul. Em 2003, a medievalística brasileira produziria um importante volume inteiramente consagrado a Le Goff na revista Signum da ABREM.28 28 Signum, n. 5, 2003. Mais uma vez, o tom predominante foi o de artigos fundados em objetos e metodologias diretamente dependentes das pesquisas realizadas por Le Goff. Apenas um artigo e uma “conversa” (entre historiadores, antropólogos e teólogos) visaram analisar o conjunto de sua obra. O volume apresenta ainda algumas resenhas de alguns dos livros mais recentes então publicados pelo medievalista e que viriam a ser traduzidos para o português nas décadas seguintes. Essa importante publicação, de fácil acesso ao público brasileiro, serve-nos de terminus post quem para as páginas que se seguem. Pretendemos, assim, retomar a reflexão sobre a obra de Jacques Le Goff a partir do último ponto de inflexão da medievalística nacional que comentou não só suas obras clássicas, como também suas mais recentes produções até aquele momento.

Pensando Jacques Le Goff hoje

Um dos melhores instrumentos para avaliar a recepção de um livro são as resenhas, notícias bibliográficas e notas de leitura que ele suscita. Entre 2003 e 2014 (data de sua morte), Le Goff publicou 14 livros (sob formas editoriais diversas como: obras de autoria própria, coletivas, entrevistas, coletâneas de artigos etc.). A temática continuou variada, versando sobre imagens, personagens históricos importantes, a Idade Média como objeto de pesquisa, o dinheiro, o corpo, a Europa, a temporalidade, entre outros.29 29 LE GOFF, J.; MONTREMY, J.-M. À la recherche du Moyen Âge. Paris: Louis Audibert, 2003. LE GOFF, J.; TRUONG, N. Une histoire du corps au Moyen Âge. Paris: Ed. Liana Levi, 2003. LE GOFF, J. L’Europe est-elle née au Moyen Âge? Paris: Le Seuil, 2003. LE GOFF, J. Le Dieu du Moyen Âge. Entretiens avec Jean-Luc Pouthier. Paris: Bayard/Le Grand Livre du Mois, 2003. LE GOFF, J. Héros du Moyen Âge. Le Saint et le roi. Paris: Gallimard, 2004. LE GOFF, J. Un long Moyen Âge. Paris: Tallandier, 2004. LE GOFF, J. Héros et merveilles du Moyen Âge. Paris: Seuil, 2005. LE GOFF, J.; SCHLEGEL, J.-L. Le Moyen Âge expliqué aux enfants. Paris: Seuil, 2006. LE GOFF, J. Avec Hanka. Paris: Gallimard, 2008. LE GOFF, J. À la recherche du temps sacré: Jacques de Voragine et la Légende dorée. Paris: Perrin, 2011. LE GOFF, J. Le Moyen Âge et l’argent: essai d’anthropologie historique. Paris: Le Grand Livre du Mois/Perrin, 2010/2011. LE GOFF, J. (Org.). Hommes et femmes du Moyen Âge. Paris: Flammarion, 2012. LE GOFF, J. Le Moyen Âge expliqué en images. Avec la collaboration de Jean-Louis Schlegel. Paris: Seuil, 2013. LE GOFF, J. Faut-il vraiment découper l’histoire en tranches? Paris: Seuil, 2014. Em função da data de publicação, não foram contabilizados aqui LE GOFF, J. Un Moyen Âge en images. Paris: Hazan, 2000, e LE GOFF, J. Cinq personnages d’hier pour aujourd’hui. Bouddha, Abélard, saint François, Michelet, Bloch. Paris: La Fabrique éditions, 2001. Esses dois últimos livros foram objeto de boas resenhas em Signum, n. 5, 2003.

Essas obras continuaram a ser bem acolhidas pelo grande público, mesmo se entre os medievalistas de profissão a recepção foi substancialmente mais tímida. A partir da análise dessa recepção, teremos indícios importantes não somente da atual influência de suas obras no campo medievalístico, como também da sociologia do conhecimento na qual suas obras mais recentes estão inseridas. Ao pesquisarmos os últimos 13 anos de mais de uma centena de revistas e magazines especializados, foram encontradas pouco mais de 40 resenhas (ou simples notícias bibliográficas e notas de leitura) de nove de seus livros.30 30 30 Foram exploradas as bases de dados mais importantes atualmente: JSTOR (<http://www.jstor.org/>), MUSE (<http://muse.jhu.edu/>), Persee (<http://www.persee.fr/web/guest/home>), Cairn (<http://www.cairn.info/>), Periodicals Archive Online (<http://pao.chadwyck.co.uk>), Periódicos Capes (<http://www.periodicos.capes.gov.br/>), SCIELO (<http://www.scielo.org/php/index.php>) etc.. Através dessas bases foram pesquisadas não só as mais importantes revistas especializadas em história medieval produzidas na França, país que nos interessa particularmente ao falarmos de Jacques Le Goff, mas também algumas das mais importantes revistas produzidas em outros países (Inglaterra, EUA, Alemanha, Espanha etc.). Algumas das revistas pesquisadas são: Annales, Médiévales, Revue Historique, Speculum, Past & Present, Le Moyen Âge, Cahiers de Civilisation Médiévale, Archives de Sciences Sociales des Religions, Revue d’histoire Ecclesiastique, Revue des Sciences Philosophiques et Théologiques, Journal of British Studies, History, The American Historical Review, American Journal of Sociology, Church History, Journal of Ecclesiastical History, Catholic Historical Review, Journal of Economic History, Francia, Signum etc. Foram ainda pesquisados magazines e jornais importantes como, por exemplo, Folha de S.Paulo, Le Monde, The Spectator.

Uma das marcas mais evidentes dos interesses do último Le Goff já havia sido enunciada por ele em meados da década de 80. Em contexto de efervescência das discussões sobre os rumos a se seguir para o estabelecimento concreto da União Europeia, Le Goff defendia a importância de se conceber a Europa como uma realidade cultural. Caso contrário, segundo ele, a união dos Estados independentes nunca seria viável. Combativamente, o medievalista abraçava a causa europeia dizendo ainda que sua convicção europeia é o resultado de seu ofício de historiador.31 31 LE GOFF, J. L’appétit de l’Histoire…, p. 223. Foi em torno desse tema (e com esse engajamento político) que publicou em 2003 seu livro sobre as origens medievais da Europa na coleção Faire de l’Europe, dirigida por ele mesmo.32 32 LE GOFF, J. L’Europe est-elle née au Moyen Âge? Paris: Seuil, 2003. Entre 2002 e 2003 era elaborada a Constituição europeia. A obra foi um de seus trabalhos mais comentados nos últimos anos, tendo a primeira reação aparecido já no ano seguinte. Em 2004, uma breve nota de leitura descritiva e elogiosa insere o livro em seu contexto militante, sem deixar de indicar certa falta de clareza em algumas partes do livro.34 34 Resenha de M. Werth publicada em Études, v. 3, n. 400, 2004. A revista (na verdade, um magazine) Études é uma publicação mensal de cultura contemporânea fundada e dirigida por jesuítas. Uma notícia bibliográfica do mesmo livro foi publicada em 2007 na Revista Historia Crítica (número 33) da Universidad de Los Andes.

Duas resenhas da edição inglesa (2005) se seguiram a esse primeiro contato. A. Traver segue a fórmula tradicional de uma recensão e descreve o livro capítulo por capítulo, chamando a atenção para o que seria o seu fio condutor: uma história fundada no método regressivo que, ao partir das mudanças na política europeia contemporânea, visa buscar, na Idade Média, os aspectos fundamentais para o estabelecimento institucional da nascente União Europeia.35 35 Resenha de A. Traver publicada em History: Review of New Books, v. 33, n. 4, 2005. Para o crítico, o livro é útil tanto para especialistas como para o público em geral. E. Christiansen, escrevendo em um magazine conservador britânico, é muito mais ácido.36 36 Resenha de E. Christiansen publicada em The Spectator, 29 de janeiro de 2005. Uma breve notícia bibliográfica de Hilário Franco Júnior, publicada na Folha de S.Paulo, no caderno Mais! de 11 de março de 2007, apresenta um contraponto à leitura de Christiansen ao lembrar, por exemplo, que Le Goff não desconhece o valor da “mestiçagem e [da] aculturação” O tom antieuropeu de Christiansen é claro. Ele denuncia a visão elogiosa que Le Goff tem de seu objeto. O crítico aponta a preferência do medievalista pela porção positiva da matéria comum europeia (universidades, cultura livresca, secularização etc.), e não por suas máculas (cruzadas, perseguição religiosa, colonização, totalitarismos, genocídios etc.). Criticam-se com isso as escolhas realizadas e o caráter generalista do livro. Caráter que, segundo Christiansen, torna dolorosa a leitura dos trechos voltados à Europa do norte e em particular à Grã-Bretanha. Divertidos são a seu ver os momentos em que Le Goff não leva em consideração o papel centralizador da nascente União Europeia, bem como a quase total ausência da palavra crise para narrar o surgimento dos Estados Nacionais.

Vem do continente, justamente do eixo franco-alemão (que capitaneava a criação da União Europeia), um breve artigo que busca comparar o livro de Le Goff com outros versando sobre o mesmo tema.37 37 PAULY, M. Quelle Europe est-elle née au Moyen Âge. Francia, v. 32, n. 1, 2005. Os outros livros analisados são: MITTERAUER, M. Warum Europa? Mittelalterliche Grundlagen eines Sonderwegs. Munique: C.H. Beck, 2003; BORGOLTE, M. (Org.). Das europäische Mittelalter im Spannungsbogen des Vergleichs. Zwanzig internationale Beiträge zu Praxis, Problemen und Perspektiven der historischen Komparatistik. Berlin: Akademie, 2001. Para M. Pauly, o livro do medievalista francês nada mais faz do que afirmar e descrever seu objeto, quando deveria explicá-lo por meio de comparações entre regiões da Europa e dessa com outras regiões do globo. A lacuna explicativa seria também tributária da falta de relações hierárquicas entre os diferentes aspectos analisados. Para o autor, Le Goff deixa o leitor não especializado perdido em meio a uma quantidade impressionante de fenômenos isolados. Faltaria, sobretudo, desenvolvimento argumentativo às formulações elípticas de Le Goff. O comentário poderia ser de pouca importância não fosse o fato de o medievalista ter declarado reiteradas vezes ser um seguidor da linha analítica traçada por Marc Bloch, sendo comumente reconhecido como um dos principais expoentes da chamada Nova História (famosa justamente por combater as pesquisas históricas meramente descritivas). Para além da correção de alguns erros factuais, Pauly faz coro com aqueles que sentem falta, na Europa medieval proposta por Le Goff, de uma Europa fragmentada em principados e dividida por crises que levaram à fundação dos Estados Nacionais europeus (e de suas divisões ou uniões ao longo dos séculos). Em suma, Le Goff confundiria os elementos que existem na Europa com os elementos que fazem a Europa. Dito de outra maneira, o texto do medievalista francês é tido como uma propaganda da União Europeia, da Idade Média e da História.

As críticas de Pauly são duras, mas são índices de certa distância que se instaurou entre Le Goff e seus pares espalhados pelo mundo na virada do século XXI. De fato, ainda em 2005, vem do Brasil mais uma resenha que visa reparar algumas de suas interpretações, especialmente no que concerne à Alta Idade Média.38 38 Resenha de M. C. da Silva publicada em Signum, n. 7, 2005. São criticadas as opiniões do medievalista a respeito do ordálio, da economia, da demografia, do peso da cultura bárbara, da violência dos camponeses e das sobrevivências pagãs nos primeiros séculos do período medieval. Como Christiansen e Pauly já haviam indicado anteriormente, o risco de uma história como a apresentada por Le Goff é o de negligenciar os conhecimentos específicos adquiridos pelos medievalistas nas últimas décadas nos quatro cantos do mundo e assim cair nos três maiores pecados da tribo dos historiadores: o anacronismo, a teleologia, e a parcialidade na análise documental. O texto de M. C. da Silva se encerra de forma provocativa quando sugere que o pensamento do ícone Le Goff deveria então ser relegado ao passado, à história da historiografia.

Com uma escrita mais conciliadora, L. M. Bitel traça, em 2006BITEL, L. M. Journal of British Studies, v. 46, n. 1, 2006., uma descrição analítica do livro, valorizando o faro do ogro historiador e seu poder de apresentar ideias novas de maneira extremamente convincente.39 39 Resenha de L. M. Bitel publicada em Journal of British Studies, v. 46, n. 1, 2006. No entanto, essas qualidades não impediram a produção de uma crítica fundada na identificação de um alto teor teleológico na proposta do medievalista. Um vício que, segundo Bitel, adquire uma importância ainda maior em função da presença de uma bibliografia fundamentalmente francófona e certa resistência à presença inglesa no continente. Tais críticas levam a um veredito cortante que fecha a resenha: a Idade Média de Le Goff não deu a luz à Europa.

Vemos assim que a obra sobre as origens medievais da Europa é cercada por grande polêmica entre os medievalistas. Não só ela foi bastante comentada na última década, como recebeu um bom número de críticas, via de regra mordazes. Críticas direcionadas contra a sintonia do pensamento “legoffiano” com a política do momento. Nesse sentido, não é sem interesse constatar que as críticas negativas vieram de fora da medievalística francesa, que, por sua vez, guardou silêncio, abstendo-se de expor suas eventuais resistências ao livro.

Ao longo de 2003, Le Goff publicou outros três livros (dois deles são entrevistas concedidas pelo medievalista). Um, em especial, aproxima-se das questões europeias já comentadas através da evocação do que o medievalista chamou de “sua” Idade Média.40 40 LE GOFF, J.; MONTREMY, J.-M. À la recherche du Moyen Âge. Paris: Louis Audibert, 2003. Trata-se, novamente, de uma entrevista publicada sob a forma de livro. Além das resenhas apresentadas aqui, o livro foi objeto de ao menos dois comentários em língua portuguesa: o primeiro no número 5 (2003) da revista Signum, o segundo no Caderno 2/Cultura do jornal Estado de São Paulo, de 16 de outubro de 2005 (esse último quando da publicação da tradução). Se, no livro anterior, Le Goff buscava a formação da Europa na Idade Média, em À la recheche du Moyen Âge esse período da história é traçado a partir do olhar pessoal do medievalista; é, portanto, como dizia, mais uma história verdadeira do que uma verdade histórica. Tal concepção pode explicar a lacuna analítica francesa (já verificada em relação ao livro anterior). De fato, até onde pudemos constatar, a medievalística francesa do início do século XXI se interessou muito pouco pelas leituras da Idade Média recentemente produzidas por Le Goff. A frase é forte, mas bem ponderada. Ao apresentar o balanço de sua carreira e falar sobre a visão “legoffiana” da Idade Média, o livro não foi objeto de nenhuma resenha crítica nas grandes revistas especializadas na França. Não que a vasta bibliografia produzida pelo medievalista até então deixasse de ser interessante de um dia para outro, mas tal ausência, justamente no momento em que Le Goff buscava refletir sobre seu percurso pessoal e intelectual, indica uma mudança significativa no contexto sociológico de produção do conhecimento medievalístico francês na virada do século XXI. Em suma, essa Idade Média pessoal e politicamente ligada à Europa parece dizer pouco à nova geração de historiadores instalados nas universidades francesas.

Esse não é tanto o caso do mundo anglo-saxônico, que produziu três resenhas quando do lançamento da edição traduzida do livro em questão. A primeira delas é apenas uma notícia bibliográfica que descreve o livro chamando a atenção para o fato de Le Goff atentar para a complexidade e para as contradições da civilização medieval.41 41 Resenha de C. Rider publicada em The English Historical Review, v. 122, n. 496, 2007. Apesar de C. Rider reconhecer os limites de uma obra tão curta e com tal formato, o livro é visto como uma boa porta de entrada para a obra de Le Goff, além de oferecer diversas janelas, de onde é possível observar a medievalística francesa de uma época.

Por outro lado, a resenha de J. Rosenthal, apesar de constatar a fertilidade de alguns pensamentos, afirma que as questões formuladas por J.-M. de Montremy são demasiadamente laudatórias, impedindo qualquer tentativa de estudo aprofundado do livro.42 42 Resenha de J. Rosenthal publicada em The Medieval Review, 07.10.32, 2007. É criticada novamente certa parcialidade com que Le Goff aborda seu objeto. Rosenthal sugere a existência de interesses políticos (e editoriais) por trás da insistência do medievalista em buscar um humanismo no século XIII, deixando de lado a análise do papel da violência, da perseguição, e mesmo da escravidão no processo de união cultural europeu. Por fim, se Rosenthal elogia a revolucionária proposição de uma longa Idade Média, a insistência de Le Goff em reafirmá-la é desconfortável para um público leitor já convencido da limitação que a divisão cronológica tradicional entre Antiguidade, Idade Média e Idade Moderna impõe. São a eficácia das ideias de Le Goff junto ao público francês e o descompasso do medievalista com o presente que são aqui postos em questão, uma vez que Rosenthal não compreende a razão que levaria Le Goff a insistir sobre o que seria hoje um senso comum.

O desconforto causado pela insistência em certos lugares-comuns é também um dos comentários de Cobban, que, em sua resenha, identifica o público leigo (não pertencente ao meio acadêmico historiográfico) como principal destinatário do livro de Le Goff.43 43 Resenha de A. B. Cobban publicada em History, v. 92, n. 305, 2007. Além disso, para o crítico, a insistência em repetir reiteradas vezes algumas informações, somada ao tratamento superficial dado a muitas questões, faz do livro uma obra de forte caráter pessoal que pouco interessaria aos medievalistas. Tal configuração, associada ao gênero de entrevista realizado, tornaria a obra fechada em si mesma e, por isso, um tanto narcisística. Cobban é, assim, mais um a indicar, com certo tom negativo, que Le Goff não teria o meio universitário ou de pesquisa como público-alvo de seu livro.

O leitor não especialista é também o público-alvo de quatro outras publicações de Le Goff. Uma ainda não foi comentada, enquanto outras duas o foram de modo extremamente breve e descritivo, não aportando nada à reflexão sobre a recepção do pensamento de Le Goff, a não ser o fato de servirem de índices quantitativos da interação do medievalista com o grande público.44 44 A obra não comentada foi LE GOFF, J. Le Moyen Âge expliqué en images. Avec la collaboration de Jean-Louis Schlegel. Paris: Seuil, 2013. A resenha de D. Thiriet em Études, v. 5, n. 402, 2005, versa sobre uma coletânea de artigos publicados no magazine L’Histoire a partir de 1980: LE GOFF, J. Un long Moyen Âge. Paris: Tallandier, 2004. Por fim, em 16 de janeiro de 2009, N. Offenstadt apresentou, no caderno Le monde des livres, do jornal Le Monde, o livro que Le Goff escreveu em homenagem a sua esposa, destacando o forte desconcerto que o caráter intimista da obra em questão pode causar no leitor medievalista: LE GOFF, J. Avec Hanka. Paris: Gallimard, 2008. A última merece mais atenção não só por seu conteúdo, como por uma das resenhas que recebeu.45 45 LE GOFF, J. Le Dieu du Moyen Âge. Entretiens avec Jean-Luc Pouthier. Paris: Bayard/Le Grand Livre du Mois, 2003. Novamente sob a forma de uma entrevista, Le Goff buscou nesse livro traçar as concepções de Deus criadas pelos homens medievais entre o século IV e o XVII. A narrativa bíblica segue uma lógica histórica linear que a encarnação de Cristo vem confirmar e balizar. Deus se faz assim visível, diferentemente de outros monoteísmos, o que explica o surgimento da Igreja como instituição mediadora necessária. Assim, falar de Deus é falar dessa instituição e das modalidades de sua expansão. Interessa-nos aqui a resenha publicada na revista teológica de Navarra (após a tradução da obra para a língua espanhola) por considerar insuficiente a modalidade de abordagem empregada por Le Goff.46 46 Resenha de Á. F. de Córdova publicada em Scripta Theologica, v. 38, n. 3, 2006. A resenha de M. C. da Silva publicada na revista Signum, n. 7, 2005, apesar de evocar o livro de Le Goff, é na verdade centrada em L’Europe est-elle née au Moyen Âge? Por fim, em 2012 (Signum, v. 13, n. 2, por J. G. R. de Oliveira) encontramos uma resenha fundamentalmente descritiva preparada a partir da edição brasileira da obra (2007). Seu autor demonstra-se reticente à interpretação de que a Igreja, mediante o uso da língua latina e dos sacramentos, ancorou sua existência na concepção laica de dominium. Segundo o crítico, seria necessário incluir a noção de “serviço” no sistema interpretativo de Le Goff a fim de dar conta da “teologia da história” e da “história da salvação”. Por outro lado, A. F. de Córdova valoriza a análise que o medievalista faz do papel de dominação social da Igreja ao demonstrar a importância da encarnação de Cristo para o surgimento de um humanismo medieval. O principal interesse da obra seria, desse modo, o de compreender a experiência social do que se habituou chamar “fato religioso”.

A constatação de que o mundo acadêmico francês consagrou pouquíssima atenção a essa obra em seus mais prestigiados periódicos não causa admiração. A separação (refração, em muitos casos) entre o meio universitário francês e o mundo religioso remonta à Revolução Francesa e foi potencializada pela lei de separação das Igrejas e do Estado de 1905, verdadeiro marco da laicidade francesa ainda hoje frequentemente na ordem do dia. Apenas recentemente, a partir, sobretudo, das vias abertas por Le Goff, é que trabalhos sobre a eclesiologia medieval passaram a ocupar lugar de relevo entre os medievalistas. Exemplo disso e da relação de dependência dos estudos eclesiásticos franceses em relação ao mundo laico é o conceito de inecclesiamento proposto por M. Lauwers (2005LAUWERS, M. La naissance du cimetière: lieux sacrés et terre des morts dans l’Occident médiéval. Paris: Aubier, 2005. ) e inspirado na noção de incastellamento de P. Toubert (1973TOUBERT, P. Les structures du Latium médiéval: le Latium méridional et la Sabine du IXe à la fin du XIIe siècle. Roma: École française de Rome , 1973. ).47 47 LAUWERS, M. La naissance du cimetière. Lieux sacrés et terre des morts dans l’Occident médiéval. Paris: Aubier, 2005. TOUBERT, P. Les structures du Latium médiéval: le Latium méridional et la Sabine du IXe à la fin du XIIe siècle. Roma: École française de Rome, 1973. Para um bom e recente balanço da questão, ver LAUWERS, M. L’Église dans l’Occident médiéval: histoire religieuse ou histoire de la société? Quelques jalons pour un panorama de la recherche en France et en Italie au XXe siècle. Mélanges de l’École française de Rome. Moyen Âge, v. 121, n. 2, 2009, p. 267-290.

Outras notícias ou informações descritivas em revistas, magazines e jornais pelo mundo foram publicadas entre 2003 e 2014. Contudo, elas pouco contribuem para a reflexão sobre o acolhimento acadêmico da obra de Le Goff, ou escapam do recorte cronológico de nosso artigo.48 48 Entre elas, a nota de S. Héas em Corps, v. 1, n. 2, 2007, sobre LE GOFF, J.; TROUNG, N. Une histoire du corps au Moyen Âge. Paris: Liana Lévi, 2003. Lembramos ainda das resenhas críticas de V. Coutinho (LE GOFF, J. Un Moyen Âge en images. Paris: Hazan, 2000) e de R. C. G. Fernandes (Cinq personnages d’hier pour aujourd’hui: Bouddha, Abélard, saint François, Michelet, Bloch. Paris: la Fabrique, 2001) que foram publicadas no número 5 (2003) da revista Signum. Mais importantes são os comentários sobre À la recherche du temps sacré. Jacques de Voragine et la Légende dorée49 49 LE GOFF. À la recherche du temps sacré. Jacques de Voragine et la Légende dorée. Paris: Perrin, 2011. As notas de O. Marin (Études, v. 2, n. 416, 2012), G. Davis Jr (Choice, setembro 2014), S. G. Bruce (Journal of Ecclesiastical History, n. 66, 2015) são breves demais para serem aqui comentadas em detalhe. Não pudemos consultar os comentários de M. A. Inch (Journal of Interdisciplinary Studies, v. 27, n. 1-2, 2015) e A. Gies (Religious Studies Review, v. 41, n. 4, 2015). e Le Moyen Âge et l’argent: essai d’anthropologie historique.50 50 LE GOFF, J. Le Moyen Âge et l’argent: essai d’anthropologie historique. Paris: Le Grand Livre du Mois/Perrin, 2010/2011.

A primeira foi a obra mais analisada nos últimos anos (fato, sem dúvida, tributário à publicação, em 2014 - mesmo ano de falecimento de Le Goff -, da tradução em língua inglesa).51 51 K. D. Youmans (Christian Scholar’s Review, v. 45, n. 1, 2015), C. B. Bouchard (American Historical Review, v. 120, n. 4, 2015), K. Markman (Comitatus, A journal of Medieval and Renaissance Studies, n. 46, 2015), B. Häuptli (The Catholic Historical Review, v. 102, n. 2, 2016), C. Gasposchkin (The Medieval Review, 2015). Todas as análises foram realizadas após a morte de Le Goff e a partir da tradução em língua inglesa da obra em questão em 2014. Especialistas de renome optaram por escrever sobre o livro em publicações direcionadas ao público acadêmico (nenhuma outra obra aqui estudada ocupou o mesmo espaço). C. B. Bouchard destaca que não se trata de livro voltado aos medievalistas, indicando como seu limite o exclusivismo dedicado ao estudo da noção de tempo na Legenda e a aplicação de uma visão simplistas do cristianismo. C. Gaposchkin segue um caminho parecido ao mencionar a substituição da erudição por uma reflexão centrada sobre um único documento histórico e por criticar certa fixação de Le Goff em encontrar referenciais temporais em cada meandro de seu documento. B. Häuptli apresenta os comentários mais negativos ao livro. De fato, ao se distanciar do interesse sintético do medievalista, o resenhista (em poucas linhas) apresenta uma série de correções factuais e metodológicas, indicando os equívocos supostamente inerentes a uma análise genérica da fonte que deixe de atentar, por exemplo, para a preparação e para os usos dos manuscritos de uma região ou de momento para outro. K. Markman apresenta uma visão substancialmente mais elogiosa e compreensiva da proposta do autor, uma vez que reconhece no estudo da mentalidade temporal um desenvolvimento do tipo de história realizada por Le Goff ao longo dos anos. Isso não evita que a comentadora critique certo excesso de voluntarismo atribuído pelo medievalista ao autor do documento; ela acredita ainda que o livro em questão não deixa claro o que é invenção e o que é imitação na Legenda. Por fim, K. D. Youmans apresenta uma resenha que evita medir com exatidão a especificidade da proposta de Le Goff, sem deixar de indicar que a obra pode vir a não ser tão importante quanto O nascimento do Purgatório (ideia que já havia aparecido em outros comentadores).

De modo geral, podemos dizer que a leitura especializada da obra por um lado retoma críticas já existentes ao trabalho do medievalista (como o personalismo ensaístico e a generalização culturalista). Todos colocam, ainda, reticências quanto à demonstração da presença do tempo como elemento estruturante da Legenda, mas nenhum rejeita aquilo que é fundamental e relativamente inovador na análise de Le Goff: o fato de o documento em questão dever ser lido pelos medievalistas como uma espécie de Summa (de certa forma influenciada pelo pensamento escolástico) e não como uma simples coleção hagiográfica. Um dos aspectos mais instigantes do livro foi assim apenas citado pelos comentadores, que preferiram reforçar certas críticas e elogios pontuais e gerais, como vimos anteriormente, já explorados por outros estudiosos da obra de Jacques Le Goff.

Se a formação política da União Europeia serviu de pano de fundo para as reflexões do medievalista, a crise econômica e as profundas discussões sobre o papel das trocas financeiras dos últimos anos levaram-no a retornar a um tema antigo de pesquisa, optando por se centrar no estudo do dinheiro na Idade Média. A obra recebeu bastante atenção, já que pudemos identificar pelo menos oito comentários sobre ela.52 52 M. D. Hernando (Anuario de Estudios Medievales, v. 43, n. 1, 2013), L. W. Marvin (Canadian Journal of History, n. 49, 2014), N. J. Mayhew (Economic History Review, v. 66, n. 4, 2013), R. C. Figueira (Choice, outubro, 2013). A nota de leitura não assinada e publicada em Reference & Research Book News, agosto de 2013, não será analisada aqui em função de sua brevidade e da generalidade descritiva que apresenta. R. C. Figueira apresenta uma análise curta e descritiva, lembrando que o livro, segundo o próprio autor, deve ser lido como um esboço (sketch) e não como um trabalho monográfico. Para L. W. Marvin, o público leitor do livro não é claro, uma vez que, por um lado, Le Goff está preso a uma produção bibliográfica de décadas passadas, levando-o a não produzir nada de novo sobre o assunto, e, por outro, sua redação não apresenta uma estrutura narrativa que agrade ao leitor não especialista. Por sua vez, N. J. Mayhew encontra, no autor do livro, um mestre no uso da documentação primária, ainda que identifique uma importante lacuna (já indicada por comentadores de outras obras): as fontes inglesas. Tal configuração teria acarretado uma forte concentração na esfera da ideação (mentalidades), levando ao desconhecimento de algumas importantes práticas monetárias medievais. O veredito contrasta com a opinião de M. D. Hernando. Autor da mais dura resenha sobre o livro, Hernando afirma que Le Goff deu mais atenção à historiografia do que à documentação (talvez por isso reconheça na obra um ensaio e não uma investigação histórica - opinião que também encontra eco em outras análises sobre os últimos escritos do medievalista). O resultado seria um livro generalizador, sem as devidas nuanças ou especificidades históricas, revelando mais as intuições pessoais do medievalista do que os resultados de uma análise empírica. Lendo tais comentadores e ultrapassando as contradições existentes entre eles, podemos dizer que mais uma vez é o embate generalista/ensaísta/inspirador de novas pesquisas versus o especialista/monografista/demonstrador das nuanças históricas que está em jogo.

O assunto possibilitou ainda a demonstração do papel transdisciplinar sempre atual de Le Goff. No momento em que a crise econômica se fez sentir de forma aguda em diversos países europeus, os estudos sobre a economia medieval ganharam espaço em um mercado editorial mais amplo.53 53 ARNOUX, M. Le temps des laboureurs: travail, ordre social et croissance en Europe, XIe-XIVe siècle. Paris: A. Michel, 2012. LAUWERS, M. (Org.). La dîme, l’église et la société féodale. Turnhout: Brepols, 2012 (atas de encontros realizados em 2007 e 2008 em Nice). TODESCHINI, G. Ricchezza francescana. Dalla povertà volontaria alla società di mercato. Bolonha: Il Mulino, 2004 (tradução francesa: Richesse franciscaine de la pauvreté volontaire à la société de marché. Lagrasse: Verdier, 2008). Em 2012, a Revue Française de Science Politique publicou uma resenha de seu livro sobre o tema.54 54 Resenha de D. de Blic publicada em Revue Française de Science Politique, v. 62, n. 5-6, 2012. Redigida por D. de Blic, a resenha segue um padrão descritivo, sem problematizar ou indicar os pontos fortes e fracos do livro em questão. Seu interesse se encontra, como menciona o próprio crítico, na divulgação do livro de Le Goff para todos os estudiosos das Ciências Sociais que se interessam em compreender as condições de aparecimento do capitalismo (em particular, do papel exercido pelo dinheiro nesse processo). Não deve, então, causar estranhamento o fato de encontrarmos citações a esse livro sendo publicadas em revistas de interesse estritamente econômico.55 55 É o caso, por exemplo, do editorial escrito por L. Boyer para Management & Avenir, v. 4, n. 34, 2010. Em 2011, a revista Comptabilité - Contrôle - Audit (da Associação Francófona de Contabilidade) publica uma nota de leitura que descreve os objetos estudados por Le Goff e seus métodos.56 56 Resenha de Y. Lemarchand publicada em Comptabilité - Contrôle - Audit, v. 2, n. 17, 2011. A resenha está inserida entre apresentações de livros versando sobre a então atual crise financeira mundial. Desse encontro, o texto dá destaque à condenação da avareza, ao elogio da caridade e à exaltação da pobreza. Após anunciar a dupla temporalidade proposta por Le Goff (diminuição da circulação monetária entre os séculos IV e XII e sua retomada a partir do XIII), Lemarchand parte de um estudo de caso realizado por L. Clerici para apontar uma correção de fundo às proposições do medievalista: a circulação monetária não haveria avançado tanto no século XV quanto é reivindicado no livro.57 57 Ver CLERICI, L. Fonctions de la monnaie et formes de paiement en Italie du Nord dans la seconde moitié du XVe siècle. Les livres comptables de l’Hôpital des Proti de Vicence. Histoire et Mesure, v. 12, n. 1/2, p. 5-36, 1997. Segundo o crítico, houve um largo uso de diferentes formas de crédito e de débito a fim de contornar o risco inerente à circulação de moedas e de atenuar a insuficiência de liquidez. Lemarchand ensaia ainda uma lição de crítica documental digna de historiadores da escola dos Annales. Segundo ele, mesmo se as transações registradas nos livros de contas do século XV são expressas em moedas, o historiador deveria levar em conta que a atribuição de valores monetários é apenas um artifício de registro contábil, uma vez que as trocas se davam na verdade in natura. Evidentemente, aqui não é o lugar para o desenvolvimento de ponderações a respeito dessa temática. Trata-se, no entanto, de um caso emblemático da modalidade de críticas recebidas por Le Goff em seus últimos anos de vida: a oposição existente entre os conhecimentos de um especialista e o propósito analista, sintético, generalista e, por que não, “vulgarizador” de Le Goff. Duas vias de conhecimento que, ao invés de se anularem, poderiam, ao nosso ver, ser tomadas como complementares.

Por fim, uma breve menção à última obra publicada em vida por Le Goff: Faut-il vraiment découper l’histoire en tranches? Embora se trate de livro relativamente recente, já podemos contabilizar algumas resenhas.58 58 Th. Jobard (Sciences Humaines, n. 257, 2014/3), F. Dosse (Revue Historique, n. 672, 2014/4), W. Kaiser (The new York review of Books, 22 de outubro de 2015). Não obtivemos acesso a: J.-Th. Nordmann (Commentairei, n. 147, 2014/3), autor desconhecido (Études, 2014/4) e M. Lebiez (Critique, n. 815, 2015/4). Certamente outras virão à medida que a obra ganhe espaço em outras línguas (o tema amplo e o fato de se tratar do último testemunho historiográfico do medievalista podem potencializar a difusão do livro, assim como as análises a seu respeito). Assim, o que pode ser atualmente dito servirá apenas como uma espécie de abertura para o estudo da recepção da obra, devendo ser revisto nos próximos anos. Em uma resenha para o grande público, W. Kaiser analisa o texto de Le Goff em paralelo ao livro de A. Lee sobre o Renascimento.59 59 LEE, A. The Ugly Renaissance: Sex, Greed, Violence and Depravity in an Age of Beauty. New York: Doubleday, 2015. Destaca-se ali a intenção de Le Goff em defender a periodização como instrumento de análise em si, ainda que tal divisão deva ser manejada de maneira diferente da habitual (o caso da definição do Renascimento como divisor ou não de épocas é aqui capital). Th. Jobard, em sua nota breve e descritiva publicada em um magazine, segue o mesmo caminho quando cita algumas palavras do medievalista sobre o Renascimento: este não passaria de um último subperíodo de uma longa Idade Média. Por fim, F. Dosse apresenta uma visão bastante positiva do livro, uma vez que encontra nele a mesma abertura e perspectivas inspiradoras (já identificadas por comentadores de outras obras) como, por exemplo, a questão da temporalidade na historiografia. Após lembrar seus leitores de que recortes históricos são artefatos criados para pensar o tempo humano (e que, portanto, podem se alterados e corrigidos), o livro de Le Goff teria o mérito singular de oferecer a voz de um medievalista na discussão sobre a periodização histórica. De fato, contra o grande número de noções (praticadas por historiadores de profissão ou não) tributárias da construção temporal tradicional no Ocidente que imprime à Idade Média tons obscuros e negativos a partir dos pontos de vista Moderno e Contemporâneo, Le Goff teria defendido, fundamentando-se em seu conhecimento erudito sobre o período, a existência de uma continuidade importante entre o humanismo teológico do século XII e os pensadores do século XVI em diante. Pela primeira vez encontramos uma resenha preparada por um historiador que, ao invés de detectar as insuficiências de uma abordagem generalista e atenta às mentalidades, valoriza a contribuição proporcionada pelo poder de síntese do pensamento do medievalista. Muito ainda será escrito sobre esse livro, mas podemos dizer (ao menos por enquanto) que, mais uma vez, o último Le Goff se direciona menos ao público especialista em história medieval do que ao grande público (seja ele formado por historiadores, estudantes ou interessados em geral) e ali encontra seus interlocutores.

Hegemonia das margens: difusão do conhecimento como necessidade deontológica

A paixão de Jacques Le Goff pela síntese analítica e pelo grande público não é novidade entre os medievalistas. De fato, parte de seu renome vem exatamente de sua capacidade em articular esses dois aspectos do ofício do historiador de uma forma magistralmente criativa. Se nos anos 1960-1980 tal abordagem angariou importante apoio de seus pares no meio acadêmico mundial, o mesmo não se pode dizer de sua produção a partir dos anos 2000 (com uma inflexão de transição ao longo dos anos 1990, de resto momento-chave para a historiografia em geral e em âmbito mundial). Nesse sentido, nas últimas duas décadas, o medievalista foi gradativamente se afastando (fato comum no ciclo de vida de historiadores renomados) ou sendo afastado do mundo acadêmico de seu país (estudos sobre a velhice na academia que se dedicassem a traçar a inserção profissional e a recepção das ideias de cientistas sociais aposentados são mais do que aguardados por aqueles preocupados com a sociologia do conhecimento!). Como vimos, já nos anos 90 há, em sua trajetória, um aumento da prática de entrevistas como forma de divulgação científica, demonstrando um incremento no interesse de Le Goff em estreitar seus laços de comunicação com o grande público. A partir do ano 2000, o distanciamento parece consumado. Nenhum de seus livros recebeu grande atenção de algumas das mais importantes revistas especializadas nos estudos medievais na França. Situação diferente ao olharmos para revistas, magazines ou jornais estrangeiros. Nesse ambiente intelectual, Le Goff continua sendo figura de referência incontornável (ainda que para críticas).

A análise do pensamento produzido pelo medievalista nas últimas décadas deve necessariamente levar em consideração esses dois campos de ação sem confundi-los ou conferir a um deles as expectativas do outro. Assim, atribuir a seus últimos livros (sobre a herança medieval da Europa, a moeda na Idade Média e a temporalidade na Legenda Aurea, para citar alguns exemplos) algumas críticas típicas do meio profissional de especialistas é não compreender o verdadeiro sentido de sua produção naquele momento, a saber, comunicar-se com o grande público. Isso não significa que seus livros estejam livres de imprecisões factuais, cronológicas e metodológicas, bem como de generalizações simplificadoras. Tais deficiências são muitas vezes testemunhos, como vimos, de certas preferências personalistas, de certa teleologia e de certa falta de atualização ou de abertura à produção bibliográfica de outros países - pecados historiográficos que não devem de modo algum ser apagados! No entanto, sabemos que todo texto historiográfico pautado por uma reflexão sintética está exposto ao mesmo tipo de falhas e correções quando confrontado ao trabalho de especialistas, e o renomado medievalista não escapa à regra. De resto, a identificação de falhas não deve ocultar ou desvalorizar o objetivo e o interesse de Le Goff em se comunicar com o grande público, função sem dúvida capital para a existência de nosso ofício.

Como vimos, desde muito cedo, o tipo de história feito por Le Goff se distanciava consciente e voluntariamente do mundo universitário francês tradicional. Suas recusas em fazer uma Tese de Estado e suas críticas ao prazer da nota pela nota que encontrava em alguns historiadores comprovam que seu interesse intelectual se encontrava em outro lugar, em outra Idade Média, como dizia. Esse gosto pela marginalidade intelectual se manifesta na fórmula “minha Idade Média” (assim como na valorização de uma história verdadeira, mais do que uma verdade histórica) tantas vezes evocada por Le Goff nas últimas décadas e recentemente identificada como uma história personalista e narcisística por alguns dos críticos apresentados acima.

O interesse maior das obras atuais de Le Goff se encontra no convite, quase nunca aceito por seus críticos, a discutir o que se habitou chamar no meio acadêmico, com certo tom pejorativo, de “vulgarização” do conhecimento histórico. Um convite feito aos medievalistas para que saiam de seus feudos onde cultivaram (e cultivam ainda hoje) a arte da especialização sem muitas vezes conseguir se comunicar com o feudo vizinho. Um convite social de (re)encontro do mundo universitário com a população em geral (distanciamento que muitas vezes explica o fato de hoje, em diversas partes do mundo, o ensino de História sofrer com cortes nas escolas e nas universidades). Um convite científico à reflexão sobre as formas de “vulgarização” (por que não de ensino?) do conhecimento produzido pelos especialistas (belo tema para um colóquio que pretenda científica e socialmente homenagear a memória de Jacques Le Goff!). Um convite intelectual, enfim, a pensar as articulações possíveis entre síntese e especificidade histórica (outro belo tema para uma homenagem científica!).

As críticas feitas aos livros mais recentes de Le Goff enriquecem nossos conhecimentos específicos. Porém, a leitura de tais resenhas deixa evidente a existência de um diálogo de surdos. De um lado, especialistas focados em uma história formada por uma virtual infinidade de casos e, de outro, generalistas focados em sínteses aparentemente totais descoladas de realidades empíricas, cada um falando sua própria língua, para seu próprio clã. Menos importante do que escolher um dos dois campos e torcer para que o vencedor fique, ao final, com as batatas, é perceber que a diferença é na verdade de escala analítica e, portanto, merece a devida atenção reflexiva por parte dos historiadores de ofício. Dito de outro modo, as respostas variam em função das perguntas que são feitas. Mas as respostas alcançadas não devem a priori se anular mutuamente, pois elas podem oferecer, ao leitor, aspectos diferentes de uma mesma realidade.

Evidentemente, há limites para esse diálogo. A militância de Le Goff pela União Europeia foi o caso mais flagrante, pois tocou a deontologia do ofício de historiador. Enquanto alguns elogiaram o seu engajamento nos livros sobre as origens medievais da Europa, outros denunciaram o fato de que sua militância pró-Europa o teria levado a cometer generalizações que agrediram a realidade histórica. É no nível da ética profissional que se coloca em suma a questão da “vulgarização” científica. Os livros mais recentes de Jacques Le Goff colaboram assim para o desenvolvimento de mais um campo de discussão entre os historiadores. Aos garfos, concidadãos! O velho ogro historiador nos oferece novamente a possibilidade de um rico e delicioso banquete.

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Notas

  • Gabriel de Carvalho Godoy CASTANHO. Professor Adjunto - Instituto de História e Programa de Pós-graduação em História Social, UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro - Largo de São Francisco 1, Centro, Rio de Janeiro/RJ - Brasil - CEP: 20.051-070.
  • 1
    LE GOFF, J. Un étudiant tchèque à l’Université de Paris au XIVe siècle. Revue des Études Slaves, t. 24, p. 143-170, 1948LE GOFF, J. Un étudiant tchèque à l’Université de Paris au XIVe siècle. Revue des études slaves, Paris, t. 24, p. 143-170, 1948..
  • 2
    LE GOFF, J. Dépenses universitaires à Padoue au XVe siècle. Mélanges d’archéologie et d’histoire, Roma, École française de Rome, 1956LE GOFF, J. Dépenses universitaires à Padoue au XVe siècle. Mélanges d’archéologie et d’histoire. Roma: École française de Rome, 1956. . LE GOFF, J. Questionnaire pour une enquête sur le sel dans l’histoire du XIVe au XVIe siècle (em colaboração com P. Jeannin). Revue du Nord, Lille, n. XXXVIII, p. 225-233, 1956LE GOFF, J. Questionnaire pour une enquête sur le sel dans l’histoire du XIVe au XVIe siècle (em colaboração com P. Jeannin). Revue du Nord, Lille, v. XXXVIII, p. 225-233, 1956.. LE GOFF, J. Les archives des monts - de piété et des banques publiques d’Italie (à propos d’un ouvrage récent). Revue de la Banque, Bruxelas, v. I, p. 21-46, 1957LE GOFF, J. Les archives des monts-de piété et des banques publiques d’Italie (à propos d’un ouvrage récent). Revue de la banque, n. I, p. 21-46, 1957..
  • 3
    Le Goff continuou, nos anos 60, a publicar suas pesquisas sobre a circulação do sal na Idade Média. Ele chegou mesmo a abordar o tema em uma tese que nunca se realizou. LE GOFF, J. Orientation de recherches sur la production et le commerce du sel en Méditerranée au Moyen Âge. Bulletin Philologique et Historique (jusqu’en 1610) du comité des travaux historiques et scientifiques, Paris, v. I, p. 303-314, 1961LE GOFF, J. Orientation de recherches sur la production et le commerce du sel en Méditerranée au Moyen Âge. Bulletin philologique et historique (jusqu’en 1610) du comité des travaux historiques et scientifiques, Paris, v. I, p. 303-314, 1961. . LE GOFF, J. Une enquête sur le sel dans l’histoire. Annales ESC, Paris, v. XVI, p. 959-961, 1961LE GOFF, J. Une enquête sur le sel dans l’histoire. Annales ESC, Paris, v. XVI, p. 959-961, 1961. . LE GOFF, J. Le sel dans les relations internationales au Moyen Âge et à l’époque moderne. In: LE GOFF, J. Le rôle du sel dans l’histoire. Paris: Presses Universitaires de France, 1968LE GOFF, J. Le sel dans les relations internationales au Moyen Âge et à l’époque moderne. In: Le rôle du sel dans l’histoire. Paris: Presses Universitaires de France, 1968. p. 235-245. (Publications de la Faculté des Lettres et Sciences Humaines de Paris-Sorbonne, 37). . p. 235-245. (Publications de la Faculté des Lettres et Sciences humaines de Paris-Sorbonne, 37.) Além do sal, o mundo do trabalho, em especial o intelectual, também seduzia. Le Goff chegou mesmo a iniciar outra tese sobre “les idées et les attitudes à l’égard du travail au Moyen Âge”. LE GOFF, J. L’appétit de l’Histoire. In: NORA, P. (Org.). Essais d’Ego-histoire. Paris: Gallimard, 1987. p. 215.
  • 4
    LE GOFF, J.LE GOFF, J. Marchands et banquiers du Moyen Âge. Paris: PUF, 1956. Marchands et banquiers du Moyen Âge. Paris : PUF, 1956LE GOFF, J. Questionnaire pour une enquête sur le sel dans l’histoire du XIVe au XVIe siècle (em colaboração com P. Jeannin). Revue du Nord, Lille, v. XXXVIII, p. 225-233, 1956.. LE GOFF, J. Les intellectuels au Moyen Âge. Paris: Seuil, 1957. Essas duas obras foram publicadas em coleções destinadas ao grande público ou aos estudantes universitários.
  • 5
    LE GOFF, J. La civilisation de l’Occident médiéval. Paris: Arthaud, 1964LE GOFF, J. La civilisation de l’Occident médiéval. Paris: Arthaud, 1964. . Sobre a importância dessa obra na trajetória de Le Goff, até ao menos meados dos anos 70, ver CAMPOS, F. de. Cidade e civilização: luzes e fronteiras da Idade Média. Signum, São Paulo, n. 5, p. 293-313, 2003CAMPOS, F. de. Cidade e civilização: luzes e fronteiras da Idade Média. Signum, São Paulo, n. 5, p. 293-313, 2003..
  • 6
    LE GOFF, J.; NORA, P. (Orgs.). Faire de l’histoire. Paris: Gallimard, 1974LE GOFF, J.; NORA, P. (Orgs.). Faire de l’histoire. Paris: Gallimard, 1974. 3v.. 3v.
  • 7
    LE GOFF, J.; CHARTIER, R.; REVEL, J. (Orgs.). La Nouvelle Histoire. Paris: Retz, 1978LE GOFF, J.; CHARTIER, R.; REVEL, J. (Orgs.). La Nouvelle Histoire. Paris: Retz, 1978..
  • 8
    LE GOFF, J. Pour un autre Moyen Âge. Temps, travail et culture en Occident. Paris: Gallimard, 1977LE GOFF, J. Pour un autre Moyen Âge. Temps, travail et culture en Occident. Paris: Gallimard , 1977..
  • 9
    “…foi para escrever livros melhores que abandonei a tese”. LE GOFF, J. O desejo pela História. In: NORA, P. (Org.). Ensaios de Ego-História. Lisboa: Ed. 70, 1989LE GOFF, J. O desejo pela História. In: NORA, P. et al. (Orgs.). Ensaios de Ego-História. Lisboa: Ed. 70, 1989. p. 171-235.. p. 215. Edição francesa: LE GOFF, J. L’appétit de l’Histoire…, p. 218.
  • 10
    LE GOFF, J. La naissance du Purgatoire. Paris: Gallimard, 1981LE GOFF, J. La naissance du Purgatoire. Paris: Gallimard , 1981..
  • 11
    As obras em destaque são: LE GOFF, J. La bourse et la vie. Economie et religion au Moyen Âge. Paris: Hachette, 1986LE GOFF, J. La bourse et la vie. Economie et religion au Moyen Âge. Paris: Hachette, 1986..LE GOFF, J. L’imaginaire médiéval. Essais. Paris: Gallimard, 1985LE GOFF, J. L’imaginaire médiéval. Essais. Paris: Gallimard , 1985. . As demais obras são: LE GOFF, J. Intervista sulla storia. Bari: Laterza, 1982LE GOFF, J. Intervista sulla storia. Bari: Laterza, 1982. . LE GOFF, J. L’apogée de la Chrétienté: v. 1180 - v. 1330. Paris: Bordas, 1982LE GOFF, J. L’apogée de la Chrétienté: v. 1180 - v. 1330. Paris: Bordas, 1982. (reeditado em 1994 com o título Le XIIIe siècle: L’apogée de la Chrétienté, v.1180-v. 1330). LE GOFF, J.; CHEDEVILLE, A.; ROSSIAUD, J. (Orgs.). La ville en France au Moyen Âge: des Carolingiens à la Renaissance. In: DUBY, G. (Org.). L’Histoire de la France urbaine. t. II. Paris: Seuil, 1980LE GOFF, J.; CHEDEVILLE, A.; ROSSIAUD, J. (Orgs.). Histoire de la France urbaine: 2 - La ville médiévale: des Carolingiens à la Renaissance. Paris: Seuil , 1980.. LE GOFF, J.; SCHMITT, J.-C. Le Charivari. Paris: Ed. de l’EHESS, 1981LE GOFF, J.; SCHMITT, J.-C. Le Charivari. Paris: Ed. de l’EHESS, 1981.. LE GOFF, J.; KOPECZI, B. (Orgs.). Objet et méthodes de l’histoire de la culture. Colloque franco-hongrois de Tihani, 10-14 octobre 1977. Paris: Ed. du CNRS/Budapest, Akademiai Kiado, 1982LE GOFF, J.; SCHMITT, J.-C.; KOPECZI, B. (Orgs.). Objet et méthodes de l’histoire de la culture. Colloque franco-hongrois de Tihani, 10-14 octobre 1977. Paris: Ed. du CNRS/Budapest, Akademiai Kiado, 1982. . LE GOFF, J.; BREMOND, C.; SCHMITT, J.-C. L’Exemplum. Turnhout: Brepols, 1982LE GOFF, J.; BREMOND, C.; SCHMITT, J.-C. L’Exemplum. Turnhout: Brepols , 1982. . LE GOFF, J.; KOPECZI, B. (Orgs.). Intellectuels français, intellectuels hongrois: XIIe-XXe siècle: actes du colloque franco-hongrois d’histoire sociale à Matrafured, 1980LE GOFF, J.; KOPECZI, B. (Orgs.). Intellectuels français, intellectuels hongrois: XIIe-XXe siècle: actes du colloque franco-hongrois d’histoire sociale à Matrafured, 1980. Paris: Ed. du CNRS/ Budapest, Akademiai Kiado, 1985. . Paris: Ed. du CNRS/Budapest, Akademiai Kiado, 1985LE GOFF, J.; GUIEYSSE, L. (Orgs.). Crise de l’urbain, futur de la ville (Colloque de Royaumont, 1984, R.A.T.P.-Université-recherche). Paris: Economica, 1985. . LE GOFF, J.; GUIEYSSE, L. (Orgs.). Crise de l’urbain, futur de la ville (Colloque de Royaumont, 1984, R.A.T.P.-Université-recherche). Paris: Economica, 1985LE GOFF, J.; GUIEYSSE, L. (Orgs.). Crise de l’urbain, futur de la ville (Colloque de Royaumont, 1984, R.A.T.P.-Université-recherche). Paris: Economica, 1985. . LE GOFF, J.; RÉMOND, R. et alii (Orgs.). Histoire de la France religieuse. Paris: Seuil, 1988LE GOFF, J.; RÉMOND, R. et alii (Orgs.). Histoire de la France religieuse. Paris: Seuil , 1988. 4v.. 4v. LE GOFF, J.; BURGUIÈRE, A.; REVEL, J. (Orgs.). L’Histoire de la France. Paris: Seuil, 1989LE GOFF, J.; BURGUIÈRE, A.; REVEL, J. (Orgs.). L’Histoire de la France. Paris: Seuil , 1989. 2v..199 2v. LE GOFF, J. et alii (Orgs.). L’homme médiéval. Paris: Seuil, 1989LE GOFF, J. et alii (Orgs.). L’homme médiéval. Paris: Seuil , 1989. . LE GOFF, J ; DE SETA, C. La città e le mura. Rome, Bari: Laterza, 1989LE GOFF, J.; DE SETA, C. La città e le mura. Rome, Bari: Laterza, 1989..
  • 12
    LE GOFF, J. Saint Louis. Paris: Gallimard, 1996LE GOFF, J. Saint Louis. Paris: Gallimard , 1996.. LE GOFF, J. Saint François d’Assise. Paris: Le Grand livre du mois/Gallimard, 1999LE GOFF, J. Saint François d’Assise. Paris: Le Grand livre du mois/Gallimard, 1999..
  • 13
    LE GOFF, J. Is Politics still the Backbone of History? Daedalus, inverno de 1971LE GOFF, J. Is Politics still the Backbone of History? Daedalus, p. 1-19, inverno de 1971. , p. 1-19. Reeditado em francês: LE GOFF, J. L’histoire politique est-elle toujours l’épine dorsale de l’histoire? In: LE GOFF, J. L’imaginaire médiéval. Essais. Paris: Gallimard, 1985LE GOFF, J. L’imaginaire médiéval. Essais. Paris: Gallimard , 1985. . p. 333-349. Trata-se de uma história do “político”, do “poder”, em outros termos, uma “antropologia política histórica” (LE GOFF, J. L’appétit de l’Histoire…, p. 235). Sobre sua análise crítica da documentação biográfica ver LE GOFF, J. Mon ami le saint roi. Annales. Histoire, Sciences Sociales, 56e année, n. 2, p. 469-477, 2001LE GOFF, J. Mon ami le saint roi. Annales. Histoire, Sciences Sociales, Paris, 56e année, n. 2, p. 469-477, 2001. . A mudança paradigmática do modelo de biografia histórica foi definida pelo próprio Le Goff: anteriormente uma biografia se preocupava em mostrar o brilho que um personagem lançava sobre a história; agora a biografia deve mostrar como a história esclarece o personagem. LE GOFF, J. L’appétit de l’Histoire…, p. 235.
  • 14
    LE GOFF, J. La vieille Europe et la nôtre. Paris : Seuil, 1994LE GOFF, J. La vieille Europe et la nôtre. Paris: Seuil , 1994.. LE GOFF, J. Une vie pour l’histoire, (Entretiens avec Marc Heurgon). Paris: Ed. de la Découverte, 1996LE GOFF, J. Une vie pour l’histoire. Entretiens avec Marc Heurgon. Paris: Ed. de la Découverte, 1996. . LE GOFF, J. L’Europe racontée aux jeunes. Paris: Seuil, 1996LE GOFF, J. L’Europe racontée aux jeunes. Paris: Seuil , 1996. . LE GOFF, J.; LOBRICHON, G. (Orgs.). Le Moyen Âge aujourd’hui. Trois regards contemporains sur le Moyen Âge : histoire, théologie, cinéma : actes de la rencontre de Cerisy-la-Salle, juillet 1991LE GOFF, J.; LOBRICHON, G. (Orgs.). Le Moyen Âge aujourd’hui. Trois regards contemporains sur le Moyen Âge: histoire, théologie, cinéma: actes de la rencontre de Cerisy-la-Salle, juillet 1991. Paris: Le Léopard d’or 7, 1997. . Paris: Le Léopard d’or 7, 1997. LE GOFF, J. Pour l’amour des villes (Entretiens avec Jean Lebrun). Paris: Textuel, 1997LE GOFF, J. Pour l’amour des villes (Entretiens avec Jean Lebrun). Paris: Textuel, 1997. . LE GOFF, J.; SCHMITT, J.-C. (Orgs.). Dictionnaire raisonné de l’Occident médiéval. Paris: Fayard, 1999LE GOFF, J.; SCHMITT, J.-C. (Orgs.). Dictionnaire raisonné de l’Occident médiéval. Paris: Fayard, 1999..
  • 15
    Exemplo dessa revalorização dos trabalhos de Le Goff na França dos anos 90 é o lançamento de uma única edição contendo diversas de suas obras já naquele momento clássicas, assim como de alguns textos que, embora importantes, tinham pouca circulação: Pour un autre Moyen Âge, L’Occident médiéval et le temps, L’imaginaire médiéval, La naissance du Purgatoire, Les limbes, La bourse et la vie, Le rire dans la société médiévale. LE GOFF, J. Un autre Moyen Âge. Paris: Gallimard, 1999LE GOFF, J. Saint François d’Assise. Paris: Le Grand livre du mois/Gallimard, 1999..
  • 16
    LE GOFF, J. L’appétit de l’Histoire… Para a edição portuguesa, ver nota 9 acima.
  • 17
    É o próprio Le Goff que afirma ter sempre existido uma concordância sincrônica entre as experiências concretas de sua vida e suas atividades intelectuais. LE GOFF, J. L’appétit de l’Histoire…, p. 225-226.
  • 18
    LE GOFF, J. L’appétit de l’Histoire…, p. 189-190.
  • 19
    A reivindicação da abertura dos historiadores a outras modalidades documentais já aparece nos livros da década de 70 e é claramente posta em destaque na autoanálise realizada por Le Goff. LE GOFF, J. L’appétit de l’Histoire…, p. 228.
  • 20
    LE GOFF, J. L’appétit de l’Histoire…, p. 207-213 e 221.
  • 21
    BOURDIEU, P. Homo Academicus. Paris: Éditions de Minuit, 1984BOURDIEU, P. Homo Academicus. Paris: Éditions de Minuit, 1984.. p. 46.
  • 22
    LE GOFF, J. Une vie pour l’histoire. Entretiens avec Marc Heurgon. Paris: Ed. de la Découverte, 1996. LE GOFF, J. Pour l’amour des villes. (Entretiens avec Jean Lebrun) Paris: Textuel, 1997LE GOFF, J. Pour l’amour des villes (Entretiens avec Jean Lebrun). Paris: Textuel, 1997. . LE GOFF, J. Le Dieu du Moyen Âge. Entretiens avec Jean-Luc Pouthier. Paris: Bayard/Le Grand Livre du Mois, 2003LE GOFF, J. Le Dieu du Moyen Âge. Entretiens avec Jean-Luc Pouthier. Paris: Bayard/Le Grand Livre du Mois, 2003. .
  • 23
    REVEL, J.; SCHMITT, J.-C. (Orgs.). L’ogre historien: autour de Jacques Le Goff. Paris: Gallimard, 1998REVEL, J.; SCHMITT, J.-C. (Orgs.). L’ogre historien: autour de Jacques Le Goff. Paris: Gallimard , 1998..
  • 24
    RUBIN, M. (Org.). The Work of Jacques le Goff and the Challenges of medieval History. Woodbridge: The Boydell Press, 1997RUBIN, M. (Org.). The Work of Jacques Le Goff and the Challenges of medieval History. Woodbridge: The Boydell Press, 1997..
  • 25
    Embora o colóquio tenha contado com mais de 50 participantes, apenas os textos de alguns deles foram publicados.
  • 26
    Le Goff reconhece que suas interpretações sobre a cultura e a religião popular deram lugar a “debates inumeráveis”. Trata-se provavelmente do maior ponto de resistência acadêmica com o qual teve que se confrontar. LE GOFF, J. L’appétit de l’Histoire…, p. 230.
  • 27
    ROMAGNOLI, D. (Org.) Il Medioevo europeo di Jacques Le Goff (Mostra, Parma, Galleria Nazionale, Voltoni del Guazzatoio, 28 settembre 2003-6 gennaio 2004). Cinisello Balsamo: Silvana, 2003ROMAGNOLI, D. (Org.). Il Medioevo europeo di Jacques Le Goff. (Mostra, Parma, Galleria Nazionale, Voltoni del Guazzatoio, 28 settembre 2003-6 gennaio 2004). Cinisello Balsamo: Silvana, 2003. .
  • 28
    Signum, n. 5, 2003CAMPOS, F. de. Cidade e civilização: luzes e fronteiras da Idade Média. Signum, São Paulo, n. 5, p. 293-313, 2003..
  • 29
    LE GOFF, J.; MONTREMY, J.-M. À la recherche du Moyen Âge. Paris: Louis Audibert, 2003LE GOFF, J. L’Europe est-elle née au Moyen Âge? Paris: Seuil , 2003. . LE GOFF, J.; TRUONG, N. Une histoire du corps au Moyen Âge. Paris: Ed. Liana Levi, 2003. LE GOFF, J. L’Europe est-elle née au Moyen Âge? Paris: Le Seuil, 2003LE GOFF, J. L’Europe est-elle née au Moyen Âge? Paris: Seuil , 2003. . LE GOFF, J. Le Dieu du Moyen Âge. Entretiens avec Jean-Luc Pouthier. Paris: Bayard/Le Grand Livre du Mois, 2003LE GOFF, J. Le Dieu du Moyen Âge. Entretiens avec Jean-Luc Pouthier. Paris: Bayard/Le Grand Livre du Mois, 2003. . LE GOFF, J. Héros du Moyen Âge. Le Saint et le roi. Paris: Gallimard, 2004LE GOFF, J. Héros du Moyen Âge. Le Saint et le roi. Paris: Gallimard , 2004. . LE GOFF, J. Un long Moyen Âge. Paris: Tallandier, 2004LE GOFF, J. Un long Moyen Âge. Paris: Tallandier, 2004. . LE GOFF, J. Héros et merveilles du Moyen Âge. Paris: Seuil, 2005LE GOFF, J. Héros et merveilles du Moyen Âge. Paris : Seuil, 2005.. LE GOFF, J.; SCHLEGEL, J.-L. Le Moyen Âge expliqué aux enfants. Paris: Seuil, 2006LE GOFF, J.; SCHLEGEL, J.-L. Le Moyen Age expliqué aux enfants. Paris: Seuil, 2006. . LE GOFF, J. Avec Hanka. Paris: Gallimard, 2008LE GOFF, J. Avec Hanka. Paris: Gallimard, 2008. . LE GOFF, J. À la recherche du temps sacré: Jacques de Voragine et la Légende dorée. Paris: Perrin, 2011LE GOFF, J. À la recherche du temps sacré: Jacques de Voragine et la Légende dorée. Paris: Perrin, 2011.. LE GOFF, J. Le Moyen Âge et l’argent: essai d’anthropologie historique. Paris: Le Grand Livre du Mois/Perrin, 2010/2011LE GOFF, J. Le Moyen Âge et l’argent: essai d’anthropologie historique. Paris: Le Grand Livre du Mois/ Perrin, 2010/2011.. LE GOFF, J. (Org.). Hommes et femmes du Moyen Âge. Paris: Flammarion, 2012LE GOFF, J. (Org.). Hommes et femmes du Moyen Âge. Paris: Flammarion, 2012.. LE GOFF, J. Le Moyen Âge expliqué en images. Avec la collaboration de Jean-Louis Schlegel. Paris: Seuil, 2013LE GOFF, J. Le Moyen Âge expliqué en images. Avec la collaboration de Jean-Louis Schlegel. Paris: Seuil , 2013. . LE GOFF, J. Faut-il vraiment découper l’histoire en tranches? Paris: Seuil, 2014LE GOFF, J. Faut-il vraiment découper l’histoire en tranches? Paris: Seuil , 2014.. Em função da data de publicação, não foram contabilizados aqui LE GOFF, J. Un Moyen Âge en images. Paris: Hazan, 2000LE GOFF, J. Un Moyen Âge en images. Paris: Hazan, 2000., e LE GOFF, J. Cinq personnages d’hier pour aujourd’hui. Bouddha, Abélard, saint François, Michelet, Bloch. Paris: La Fabrique éditions, 2001LE GOFF, J. Cinq personnages d’hier pour aujourd’hui. Bouddha, Abélard, saint François, Michelet, Bloch. Paris: La Fabrique éditions, 2001. . Esses dois últimos livros foram objeto de boas resenhas em Signum, n. 5, 2003CAMPOS, F. de. Cidade e civilização: luzes e fronteiras da Idade Média. Signum, São Paulo, n. 5, p. 293-313, 2003..
  • 30
    30 Foram exploradas as bases de dados mais importantes atualmente: JSTOR (<http://www.jstor.org/>), MUSE (<http://muse.jhu.edu/>), Persee (<http://www.persee.fr/web/guest/home>), Cairn (<http://www.cairn.info/>), Periodicals Archive Online (<http://pao.chadwyck.co.uk>), Periódicos Capes (<http://www.periodicos.capes.gov.br/>), SCIELO (<http://www.scielo.org/php/index.php>) etc.. Através dessas bases foram pesquisadas não só as mais importantes revistas especializadas em história medieval produzidas na França, país que nos interessa particularmente ao falarmos de Jacques Le Goff, mas também algumas das mais importantes revistas produzidas em outros países (Inglaterra, EUA, Alemanha, Espanha etc.). Algumas das revistas pesquisadas são: Annales, Médiévales, Revue Historique, Speculum, Past & Present, Le Moyen Âge, Cahiers de Civilisation Médiévale, Archives de Sciences Sociales des Religions, Revue d’histoire Ecclesiastique, Revue des Sciences Philosophiques et Théologiques, Journal of British Studies, History, The American Historical Review, American Journal of Sociology, Church History, Journal of Ecclesiastical History, Catholic Historical Review, Journal of Economic History, Francia, Signum etc. Foram ainda pesquisados magazines e jornais importantes como, por exemplo, Folha de S.Paulo, Le Monde, The Spectator.
  • 31
    LE GOFF, J. L’appétit de l’Histoire…, p. 223.
  • 32
    LE GOFF, J. L’Europe est-elle née au Moyen Âge? Paris: Seuil, 2003LE GOFF, J. L’Europe est-elle née au Moyen Âge? Paris: Seuil , 2003. . Entre 2002 e 2003 era elaborada a Constituição europeia.
  • 33
    Foram encontradas seis resenhas, notícias bibliográficas ou notas de leitura (três em francês; três em inglês). Empatada com outras seis ocorrências, temos Faut-il vraiment découper l’histoire en tranches?, última obra publicada em vida (2014 LE GOFF, J. Faut-il vraiment découper l’histoire en tranches? Paris: Seuil , 2014.- cinco em francês; uma em inglês). Contudo, com oito referências encontradas até o momento (outubro de 2016), Le Moyen Âge et l’argent: essai d’anthropologie historique (2010/2011 LE GOFF, J. Le Moyen Âge et l’argent: essai d’anthropologie historique. Paris: Le Grand Livre du Mois/ Perrin, 2010/2011.- três em francês; quatro em inglês; uma em espanhol) e À la recherche du temps sacré: Jacques de Voragine et la Légende dorée, com 10 análises (2011LE GOFF, J. À la recherche du temps sacré: Jacques de Voragine et la Légende dorée. Paris: Perrin, 2011. - uma em francês; nove em inglês), são as obras de Le Goff que receberam maior atenção nos últimos anos.
  • 34
    Resenha de M. Werth publicada em Études, v. 3, n. 400, 2004WERTH, M. Études , v. 3, n. 400, 2004. . A revista (na verdade, um magazine) Études é uma publicação mensal de cultura contemporânea fundada e dirigida por jesuítas. Uma notícia bibliográfica do mesmo livro foi publicada em 2007 na Revista Historia Crítica (número 33) da Universidad de Los Andes.
  • 35
    Resenha de A. Traver publicada em History: Review of New Books, v. 33, n. 4, 2005TRAVER, A. History: Review of New Books, v. 33, n. 4, 2005. . Para o crítico, o livro é útil tanto para especialistas como para o público em geral.
  • 36
    Resenha de E. Christiansen publicada em The Spectator, 29 de janeiro de 2005CHRISTIANSEN, E. The Spectator, 29 de janeiro de 2005. . Uma breve notícia bibliográfica de Hilário Franco Júnior, publicada na Folha de S.Paulo, no caderno Mais! de 11 de março de 2007, apresenta um contraponto à leitura de Christiansen ao lembrar, por exemplo, que Le Goff não desconhece o valor da “mestiçagem e [da] aculturação”
  • 37
    PAULY, M. Quelle Europe est-elle née au Moyen Âge. Francia, v. 32, n. 1, 2005PAULY, M. Quelle Europe est-elle née au Moyen Âge? Francia, v. 32, n. 1, 2005. . Os outros livros analisados são: MITTERAUER, M. Warum Europa? Mittelalterliche Grundlagen eines Sonderwegs. Munique: C.H. Beck, 2003; BORGOLTE, M. (Org.). Das europäische Mittelalter im Spannungsbogen des Vergleichs. Zwanzig internationale Beiträge zu Praxis, Problemen und Perspektiven der historischen Komparatistik. Berlin: Akademie, 2001.
  • 38
    Resenha de M. C. da Silva publicada em Signum, n. 7, 2005SILVA, M. C. Signum , n. 7, 2005. .
  • 39
    Resenha de L. M. Bitel publicada em Journal of British Studies, v. 46, n. 1, 2006BITEL, L. M. Journal of British Studies, v. 46, n. 1, 2006..
  • 40
    LE GOFF, J.; MONTREMY, J.-M. À la recherche du Moyen Âge. Paris: Louis Audibert, 2003LE GOFF, J. L’Europe est-elle née au Moyen Âge? Paris: Seuil , 2003. . Trata-se, novamente, de uma entrevista publicada sob a forma de livro. Além das resenhas apresentadas aqui, o livro foi objeto de ao menos dois comentários em língua portuguesa: o primeiro no número 5 (2003) da revista Signum, o segundo no Caderno 2/Cultura do jornal Estado de São Paulo, de 16 de outubro de 2005 (esse último quando da publicação da tradução).
  • 41
    Resenha de C. Rider publicada em The English Historical Review, v. 122, n. 496, 2007RIDER, C. The English Historical Review, v. 122, n. 496, 2007..
  • 42
    Resenha de J. Rosenthal publicada em The Medieval Review, 07.10.32, 2007ROSENTHAL, J. The Medieval Review , 07.10.32, 2007..
  • 43
    Resenha de A. B. Cobban publicada em History, v. 92, n. 305, 2007COBBAN, A. B. History, v. 92, n. 305, 2007..
  • 44
    A obra não comentada foi LE GOFF, J. Le Moyen Âge expliqué en images. Avec la collaboration de Jean-Louis Schlegel. Paris: Seuil, 2013. A resenha de D. Thiriet em Études, v. 5, n. 402, 2005THIRIET, D. Études , v. 5, n. 402, 2005. , versa sobre uma coletânea de artigos publicados no magazine L’Histoire a partir de 1980: LE GOFF, J. Un long Moyen Âge. Paris: Tallandier, 2004LE GOFF, J. Un long Moyen Âge. Paris: Tallandier, 2004. . Por fim, em 16 de janeiro de 2009, N. Offenstadt apresentou, no caderno Le monde des livres, do jornal Le Monde, o livro que Le Goff escreveu em homenagem a sua esposa, destacando o forte desconcerto que o caráter intimista da obra em questão pode causar no leitor medievalista: LE GOFF, J. Avec Hanka. Paris: Gallimard, 2008LE GOFF, J. Avec Hanka. Paris: Gallimard, 2008. .
  • 45
    LE GOFF, J. Le Dieu du Moyen Âge. Entretiens avec Jean-Luc Pouthier. Paris: Bayard/Le Grand Livre du Mois, 2003LE GOFF, J. Le Dieu du Moyen Âge. Entretiens avec Jean-Luc Pouthier. Paris: Bayard/Le Grand Livre du Mois, 2003. .
  • 46
    Resenha de Á. F. de Córdova publicada em Scripta Theologica, v. 38, n. 3, 2006CÓRDOVA, Á. F. Scripta Theologica, v. 38, n. 3, 2006. . A resenha de M. C. da Silva publicada na revista Signum, n. 7, 2005SILVA, M. C. Signum , n. 7, 2005. , apesar de evocar o livro de Le Goff, é na verdade centrada em L’Europe est-elle née au Moyen Âge? Por fim, em 2012 (Signum, v. 13, n. 2, por J. G. R. de Oliveira) encontramos uma resenha fundamentalmente descritiva preparada a partir da edição brasileira da obra (2007).
  • 47
    LAUWERS, M. La naissance du cimetière. Lieux sacrés et terre des morts dans l’Occident médiéval. Paris: Aubier, 2005LAUWERS, M. La naissance du cimetière: lieux sacrés et terre des morts dans l’Occident médiéval. Paris: Aubier, 2005. . TOUBERT, P. Les structures du Latium médiéval: le Latium méridional et la Sabine du IXe à la fin du XIIe siècle. Roma: École française de Rome, 1973. Para um bom e recente balanço da questão, ver LAUWERS, M. L’Église dans l’Occident médiéval: histoire religieuse ou histoire de la société? Quelques jalons pour un panorama de la recherche en France et en Italie au XXe siècle. Mélanges de l’École française de Rome. Moyen Âge, v. 121, n. 2, 2009, p. 267-290.
  • 48
    Entre elas, a nota de S. Héas em Corps, v. 1, n. 2, 2007, sobre LE GOFF, J.; TROUNG, N. Une histoire du corps au Moyen Âge. Paris: Liana Lévi, 2003LE GOFF, J. L’Europe est-elle née au Moyen Âge? Paris: Seuil , 2003. . Lembramos ainda das resenhas críticas de V. Coutinho (LE GOFF, J. Un Moyen Âge en images. Paris: Hazan, 2000) e de R. C. G. Fernandes (Cinq personnages d’hier pour aujourd’hui: Bouddha, Abélard, saint François, Michelet, Bloch. Paris: la Fabrique, 2001LE GOFF, J. Cinq personnages d’hier pour aujourd’hui. Bouddha, Abélard, saint François, Michelet, Bloch. Paris: La Fabrique éditions, 2001. ) que foram publicadas no número 5 (2003) da revista Signum.
  • 49
    LE GOFF. À la recherche du temps sacré. Jacques de Voragine et la Légende dorée. Paris: Perrin, 2011LE GOFF, J. À la recherche du temps sacré: Jacques de Voragine et la Légende dorée. Paris: Perrin, 2011.. As notas de O. Marin (Études, v. 2, n. 416, 2012MARIN, O. Études, v. 2, n. 416, 2012.), G. Davis Jr (Choice, setembro 2014DAVIS JR., G. Choice, setembro 2014.), S. G. Bruce (Journal of Ecclesiastical History, n. 66, 2015BRUCE, S. G. Journal of Ecclesiastical History, n. 66, 2015.) são breves demais para serem aqui comentadas em detalhe. Não pudemos consultar os comentários de M. A. Inch (Journal of Interdisciplinary Studies, v. 27, n. 1-2, 2015INCH, M. A. Journal of Interdisciplinary Studies, v. 27, n. 1-2, 2015.) e A. Gies (Religious Studies Review, v. 41, n. 4, 2015GIES, A. Religious Studies Review, v. 41, n. 4, 2015.).
  • 50
    LE GOFF, J. Le Moyen Âge et l’argent: essai d’anthropologie historique. Paris: Le Grand Livre du Mois/Perrin, 2010/2011.LE GOFF, J. Le Moyen Âge et l’argent: essai d’anthropologie historique. Paris: Le Grand Livre du Mois/ Perrin, 2010/2011.
  • 51
    K. D. Youmans (Christian Scholar’s Review, v. 45, n. 1, 2015YOUMANS, K. D. Christian Scholar’s Review, v. 45, n. 1, 2015), C. B. Bouchard (American Historical Review, v. 120, n. 4, 2015BOUCHARD, C. B. American Historical Review, v. 120, n. 4, 2015. ), K. Markman (Comitatus, A journal of Medieval and Renaissance Studies, n. 46, 2015MARKMAN, K. Comitatus, A journal of Medieval and Renaissance Studies, n. 46, 2015.), B. Häuptli (The Catholic Historical Review, v. 102, n. 2, 2016HÄUPTLI, B. The Catholic Historical Review, v. 102, n. 2, 2016. ), C. Gasposchkin (The Medieval Review, 2015GASPOSCHKIN, C. The Medieval Review, 2015. ). Todas as análises foram realizadas após a morte de Le Goff e a partir da tradução em língua inglesa da obra em questão em 2014.
  • 52
    M. D. Hernando (Anuario de Estudios Medievales, v. 43, n. 1, 2013HERNANDO, M. D. Anuario de Estudios Medievales, v. 43, n. 1, 2013.), L. W. Marvin (Canadian Journal of History, n. 49, 2014MARVIN, L. W. Canadian Journal of History , n. 49, 2014. ), N. J. Mayhew (Economic History Review, v. 66, n. 4, 2013MAYHEW, N. J. Economic History Review, v. 66, n. 4, 2013. ), R. C. Figueira (Choice, outubro, 2013FIGUEIRA, R. C. Choice , outubro 2013. ). A nota de leitura não assinada e publicada em Reference & Research Book News, agosto de 2013, não será analisada aqui em função de sua brevidade e da generalidade descritiva que apresenta.
  • 53
    ARNOUX, M. Le temps des laboureurs: travail, ordre social et croissance en Europe, XIe-XIVe siècle. Paris: A. Michel, 2012ARNOUX, M. Le temps des laboureurs: travail, ordre social et croissance en Europe, XIe-XIVe siècle. Paris: A. Michel, 2012. . LAUWERS, M. (Org.). La dîme, l’église et la société féodale. Turnhout: Brepols, 2012LAUWERS, M. (Org.). La dîme, l’église et la société féodale. Turnhout: Brepols, 2012. (Atas de encontros realizados em 2007 e 2008 em Nice). (atas de encontros realizados em 2007 e 2008 em Nice). TODESCHINI, G. Ricchezza francescana. Dalla povertà volontaria alla società di mercato. Bolonha: Il Mulino, 2004 (tradução francesa: Richesse franciscaine de la pauvreté volontaire à la société de marché. Lagrasse: Verdier, 2008).
  • 54
    Resenha de D. de Blic publicada em Revue Française de Science Politique, v. 62, n. 5-6, 2012BLIC, D. De. Revue Française de Science Politique, v. 62, n. 5-6, 2012..
  • 55
    É o caso, por exemplo, do editorial escrito por L. Boyer para Management & Avenir, v. 4, n. 34, 2010BOYER, L. Management & Avenir, v. 4, n. 34, 2010..
  • 56
    Resenha de Y. Lemarchand publicada em Comptabilité - Contrôle - Audit, v. 2, n. 17, 2011LEMARCHAND, Y. Comptabilité - Contrôle - Audit, v. 2, n. 17, 2011.. A resenha está inserida entre apresentações de livros versando sobre a então atual crise financeira mundial.
  • 57
    Ver CLERICI, L. Fonctions de la monnaie et formes de paiement en Italie du Nord dans la seconde moitié du XVe siècle. Les livres comptables de l’Hôpital des Proti de Vicence. Histoire et Mesure, v. 12, n. 1/2, p. 5-36, 1997.
  • 58
    Th. Jobard (Sciences Humaines, n. 257, 2014JOBARD, Th. Sciences Humaines, n. 257, 2014/3./3), F. Dosse (Revue Historique, n. 672, 2014DOSSE, F. Revue Historique, n. 672, 2014/4. /4), W. Kaiser (The new York review of Books, 22 de outubro de 2015KAISER, W. The new York review of Books, 22 de outubro de 2015. ). Não obtivemos acesso a: J.-Th. Nordmann (Commentairei, n. 147, 2014/3), autor desconhecido (Études, 2014/4) e M. Lebiez (Critique, n. 815, 2015/4).
  • 59
    LEE, A. The Ugly Renaissance: Sex, Greed, Violence and Depravity in an Age of Beauty. New York: Doubleday, 2015.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    25 Jun 2018
  • Data do Fascículo
    2018

Histórico

  • Recebido
    03 Fev 2017
  • Aceito
    04 Dez 2017
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