Novo registro de Micronycteris hirsuta (Peters) (Mammalia, Chiroptera, Phyllostomidae) na Mata Atlântica, Estado do Rio de Janeiro, Brasil

New record of Micronycteris hirsuta (Peters) (Mammalia, Chiroptera, Phyllostomidae) in Atlantic Forest, Rio de Janeiro State, Brazil

COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA

Novo registro de Micronycteris hirsuta (Peters) (Mammalia, Chiroptera, Phyllostomidae) na Mata Atlântica, Estado do Rio de Janeiro, Brasil

New record of Micronycteris hirsuta (Peters) (Mammalia, Chiroptera, Phyllostomidae) in Atlantic Forest, Rio de Janeiro State, Brazil

Carlos E. L. Esbérard

Projeto Morcegos Urbanos, Fundação RIOZOO. Quinta da Boa Vista, 20940-040 Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil. E-mail: [e-mail]

RESUMO

Duas novas ocorrências do morcego Phyllostomidae, Micronycteris hirsuta (Peters, 1869) são registradas na Mata Atlântica, ambas no Estado do Rio de Janeiro, sudeste do Brasil. Um casal foi capturado com rede ao entrar em um refúgio de alimentação em um oco de árvore, na Estação Ecológica Estadual Paraíso, Guapimirim. Uma outra fêmea foi capturada com redes de neblina em Paraíso do Tobias, Miracema, junto a um riacho, entre árvores frutíferas.

Palavras chave: Distribuição, Floresta Atlântica, ocorrência.

ABSTRACT

Two new occurrences of the phyllostomid bat Micronycteris hirsuta (Peters, 1869) are reported in Atlantic Forest, both in Southeastern Brazil. A couple was netted entering in a feeding roost in a hollow tree, in Estação Ecológica Estadual Paraíso, Guapimirim. Another female was caught with mist net in Paraíso do Tobias, Miracema, near a stream, around fruiting trees.

Key words: Atlantic Forest, distribution, occurrence.

Micronycterishirsuta (Peters, 1869) tem sua distribuição conhecida para o norte da América do Sul e na América Central (EISENBERG 1989, GENOWAYS & WILLIAMS 1986, PERACCHI & ALBUQUERQUE 1985, KOOPMAN 1993). No Brasil, ela ocorre no estado do Amazonas (PERACCHI & ALBUQUERQUE 1985). Sua ocorrência na Mata Atlântica foi recentemente relatada por PERACCHI & ALBUQUERQUE (1993), baseados em um exemplar capturado em Linhares, Espírito Santo, sudeste do Brasil (19ºS, 40ºW). Esta espécie tem sido capturada em florestas primárias e secundárias, em baixas altitudes (GENOWAYS & WILLIAMS 1986, SIMMONS & VOSS 1998). Dados sobre a biologia da espécie indicam que se refugia em ocos de árvores e alimenta-se principalmente de insetos (SIMMONS & VOSS 1998).

Durante amostragem realizada na Estação Ecológica Estadual de Paraíso (22º29,22'S, 42º12,15'W, 80 m de altitude), Guapimirim, região serrana do Estado do Rio de Janeiro confirmamos a ocorrência desta espécie. Dois exemplares foram capturados em 20/04/1997, com redes de espera armadas junto a oco de "castanheira" (Lecythidaceae), com abertura a cerca de 30 cm do solo, que era utilizado como poleiro de alimentação desta espécie. O primeiro exemplar, uma fêmea inativa com medidas de comprimento do antebraço de 41,15 mm e peso 14 g, foi capturado 38 minutos após o pôr-do-sol. As fezes coletadas e analisadas eram compostas por fragmentos de insetos. O segundo exemplar capturado, um macho com testículos abdominais e medidas de comprimento do antebraço de 42,95 mm e peso 15 g foi capturado 51 minutos após o pôr-do-sol. Este exemplar trazia um exemplar de Blattidae ainda vivo. Os animais foram mantidos em cativeiro por sete dias, e consumiram insetos vivos e mortos, além de camundongos jovens abatidos.

Um terceiro exemplar, uma fêmea inativa com medidas de comprimento do antebraço de 42,99 mm e peso 12,7 g, foi capturado em 03/VIII/2002 em Paraíso do Tobias, Miracema, noroeste do Estado do Rio de Janeiro (21º25,53'S, 42º6,03'W, 629 m de altitude). Esta fêmea foi capturada em rede armada em pomar, junto a um pequeno riacho às 21:20 h, apresentando fezes com restos de Coleoptera.

A ocorrência desta espécie nas localidades descritas representa o registro mais austral da espécie e um aumento na área de distribuição na América do Sul em cerca de 500 km.

Os animais estão depositados na coleção de referência do Projeto Morcegos Urbanos (IBAMA, Processo número 1755/1989) e foram tombados sob os números PMU1691, 1706 e 3130.

AGRADECIMENTOS

Agradeço ao Dr. Adriano L. Peracchi e Dr. Renato Gregorin, a confirmação da identificação da espécie. Agradeço ao Dr. Alcides Pissinati a permissão para coleta na Estação Ecológica Estadual Paraíso e ao apoio recebido para trabalho de campo.

Recebido em 29.VIII.2003; aceito em 05.V.2004

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Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  09 Ago 2004
• Data do Fascículo
  Jun 2004

Histórico

• Aceito
  05 Maio 2004
• Recebido
  29 Ago 2003