Acessibilidade / Reportar erro

Revisão do gênero Neotropical Myiotabanus Lutz (Diptera, Tabanidae) com descrição de uma espécie nova

Revision of the Neotropical genus Myiotabanus Lutz (Diptera, Tabanidae) with description of a new species

Resumos

O gênero Myiotabanus Lutz, 1928 é revisado. M. barrettoi Fairchild, 1969 e M. muscoideus (Hine, 1907) são redescritas de lectótipos (presente designação) e M. sarcophagoides Lutz, 1928 é redescrita do holótipo. M. amazonicus sp. nov. é descrita da bacia amazônica e do pantanal, Brasil, a partir da exuvia pupal e de quatro fêmeas adultas.

Bacia amazônica; mutucas; taxonomia


Three previously described and one new species are treated. M. amazonicus sp. nov. from the Brazilian Amazon Basin and the Pantanal is described from pupal exuvia and four adult females. M. barrettoi Fairchild, 1969 and M. muscoideus (Hine, 1907) are redescribed from lectotypes, here designated, and M. sarcophagoides Lutz, 1928 is redescribed from holotype. An illustrated key for female adults and for known pupae species are provided.

Amazon Basin; horseflies; taxonomy


Revisão do gênero Neotropical Myiotabanus Lutz (Diptera, Tabanidae) com descrição de uma espécie nova

Revision of the Neotropical genus Myiotabanus Lutz (Diptera, Tabanidae) with description of a new species

José Albertino RafaelI, II; Ruth Leila Menezes FerreiraI

IInstituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. Caixa Postal 478, 69011-970 Manaus, Amazonas, Brasil. E-mail: jarafael@inpa.gov.br; ruth@inpa.gov.br

IIBolsista do CNPq

RESUMO

O gênero Myiotabanus Lutz, 1928 é revisado. M. barrettoi Fairchild, 1969 e M. muscoideus (Hine, 1907) são redescritas de lectótipos (presente designação) e M. sarcophagoides Lutz, 1928 é redescrita do holótipo. M. amazonicus sp. nov. é descrita da bacia amazônica e do pantanal, Brasil, a partir da exuvia pupal e de quatro fêmeas adultas.

Palavras chave: Bacia amazônica, mutucas, taxonomia.

ABSTRACT

Three previously described and one new species are treated. M. amazonicus sp. nov. from the Brazilian Amazon Basin and the Pantanal is described from pupal exuvia and four adult females. M. barrettoi Fairchild, 1969 and M. muscoideus (Hine, 1907) are redescribed from lectotypes, here designated, and M. sarcophagoides Lutz, 1928 is redescribed from holotype. An illustrated key for female adults and for known pupae species are provided.

Key words: Amazon Basin, horseflies, taxonomy.

Os adultos das espécies de Myiotabanus Lutz, 1928 são semelhantes aos sarcofagídeos (Diptera) pela coloração do escudo torácico cinzento-esbranquiçada, com faixas longitudinais de pruinosidade cinza intercaladas com faixas escuras (Fig. 10). O gênero foi descrito com base em um espécime coletado em Aragua, norte da Venezuela (LUTZ 1928). A descrição original causou instabilidade nomenclatural porque a figura de M. sarcophagoides Lutz, 1928 saiu com o nome genérico alterado para Leucotabanus sarcophagoides (página 132) (este nome genérico consta, também, no fichário dos tipos depositados no Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro). O uso do nome Leucotabanus Lutz, 1913 fez com que BORGMEIER (1933) fizesse a seguinte colocação sobre Myiotabanus: "acho que se trata de um sinônimo de Leucotabanus". Em seguida KRÖBER (1934), sem analisar o material, aceitou a colocação de Borgmeier (1933) e tratou M. sarcophagoides no gênero Leucotabanus. Posteriormente, a espécie foi transferida para Stenotabanus (FAIRCHILD 1941, 1942). Myiotabanus foi definitivamente aceito e redescrito por BARRETTO (1949) e por FAIRCHILD (1950). Este último autor, mesmo sem conhecer o trabalho de BARRETTO (1949), reconsiderou sua posição anterior (FAIRCHILD 1941, 1942) e aceitou Myiotabanus como válido. O gênero contém espécies raras, pouco representadas nas coleções. Até o momento existiam três espécies com distribuição neotropical bem disjuntas: M. sarcophagoides descrita para o norte da Venezuela e cujo tipo foi considerado perdido por FAIRCHILD (1969); M. muscoideus (Hine, 1907) descrita da Guatemala e com registro para a Costa Rica e M. barrettoi FAIRCHILD, 1971 descrita do sul do Brasil e com registros na Argentina, Paraguai e Bolívia (FAIRCHILD & BURGER 1994). A última espécie chegou a ser identificada erroneamente como M. sarcophagoides por BARRETTO (1949), até que FAIRCHILD (1971) no catálogo das espécies neotropicais, dá um nome novo, tratando-a como M. barrettoi. Recentemente foram capturados dois exemplares na Amazônia brasileira, um em Mato Grosso identificado como M. barrettoi por HENRIQUES (1995) e o outro do Amazonas, criado a partir de larva coletada nas proximidades de Manaus e dois no Pantanal, municípios de Corumbá e Miranda, Mato Grosso do Sul. Após a comparação desses exemplares com os síntipos de M. barrettoi ficou constatado que são espécies diferentes. A revisão das demais espécies veio confirmar o "status" de espécie nova para os exemplares da Amazônia brasileira e do Pantanal, descrita da exúvia pupal e quatro fêmeas adultas.


O material utilizado pertence às seguintes instituições: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Manaus (INPA); Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro (IOC); Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém (MPEG); Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, São Paulo (MZSP) e "Ohio State University", Columbus (OSU). Um espécime de M. sarcophagoides do "Museum of Comparative Zoology" (MCZ), Harvard, sob empréstimo à coleção "Florida State Collection", Gainesville não foi estudado

A terminologia segue MCALPINE (1981) para adulto e GOODWIN & MURDOCH (1974) para larva. As fotos e escalas foram obtidas com máquina digital Nikon Coolpix 880 através da ocular de microscópio estereoscópico Wild MZ8. Informações que não constam nas etiquetas são adicionadas entre colchetes [] e as informações entre diferentes etiquetas são separadas por uma barra (/).

Myiotabanus Lutz, 1928

Myiotabanus Lutz, 1928: 58; espécie-tipo: M. sarcophagoides Lutz, 1928 (mon.); Barretto, 1949: 81; Fairchild, 1950: 123; Fairchild, 1969: 208, 230; Fairchild, 1971: 51; Coscarón, 1975: 31; Coscarón & Papavero, 1993: 9, 23; Fairchild & Burger, 1994: 81; Chainey et al., 1994: 340.

Leucotabanus; Borgmeier, 1933: 295, 297 (part.); Kröber, 1934: 275 (part.).

Diagnose. Mutucas miméticas de dípteros da família Sarcophagidae, variando de 7 a 9 mm de comprimento (excluindo as antenas). Fronte de lados paralelos (Figs 1, 4, 7 e 9). Tubérculo ocelar marrom-escuro a preto, sem ocelos. Face, gena, pós-gena e pós-crânio com pruinosidade cinza. Antena (Figs 2, 5) curta com dente obtuso no primeiro flagelômero (placa basal). Palpo (Figs 3, 6) curto, inflado, aproximadamente metade do comprimento da probóscide, amarelo com cerdas brancas e delgadas ventralmente e branco-amareladas, geralmente intercaladas com cerdas pretas, dorsal e lateralmente. Labelo parcialmente esclerotinizado. Lobo pós-pronotal amarelo a castanho-claro, com pruinosidade cinza e cerdas brancas delgadas. Mesonoto (Fig. 10) castanho-escuro a preto com três faixas longitudinais castanho-escuras com cerdas pretas e pruinosidade castanha a certa luz, sendo uma faixa mediana, larga, desde a região anterior até a base do escutelo; uma sublateral que se inicia logo atrás do lobo pós-pronotal, onde é mais larga, e atinge a base do escutelo e uma lateral, estreita, que vai da sutura transversa até o lobo pós-alar unindo-se à faixa submediana anterior e posteriormente. Intercaladas às faixas escuras há faixas esbranquiçadas com pruinosidade cinza e cerdas brancas a branco-amareladas. Notopleura bicolorida, castanho-escura com cerdas pretas na região ventral e pruína cinza e cerdas branco-amareladas na dorsal. Pernas castanho-escuras com coxas recobertas com pruinosidade cinza e cerdas brancas, às vezes, intercaladas com cerdas pretas. Asa hialina, basicosta nua, pterostigma amarelo-claro, veias castanhas, veia R1 com cerdas espiniformes na face dorsal, às vezes presentes na Sc. Bifurcação das veias R4 e R5 sem apêndice. Caliptra levemente enfuscada. Abdômen (Fig. 8) com bandas de pruinosidade cinza e ápice agudo (fêmea).

Distribuição: da Guatemala ao norte da Argentina, excluindo as partes altas dos Andes e provavelmente o Chile.

Myiotabanusamazonicus sp. nov.

Figs 1-3, 11-13

Myiotabanusbarrettoi; Henriques, 1995: 76; Barros & Gorayeb, 1996: 548.

Descrição. Holótipo fêmea: comprimento do corpo 9 mm (excluindo a antena).

Olho preto. Índice frontal 3,3. Fronte (Fig. 1) com pruinosidade cinza na ½ inferior e castanha na superior, com cerdas amarelas, curtas. Calo frontal castanho, brilhante, aproximado das bordas da fronte, sua maior largura cerca de 2/3 da largura da fronte e altura cerca de 2/5 da altura da fronte. Subcalo castanho, brilhante medianamente e pruinosidade cinza lateralmente. Antena (Fig. 2) com escapo e pedicelo amarelos; flagelo amarelo-escuro. Palpo como na figura 3.

Mesonoto segue o padrão descrito para o gênero, exceto pelas cerdas negras que apresentam reflexos esverdeados quando a luz incide frontalmente. Escutelo castanho-escuro a preto com cerdas pretas de reflexos esverdeados com luz frontal e pruinosidade cinza visível em vista posterior. Mesopleura castanha, mais escura medianamente, com pruinosidade cinza na periferia e cerdas amarelas na margem posterior do anepisterno, brancas na face dorsal do anepímero, brancas e castanhas na face dorsal do catepímero e branco-amareladas em todo catatergito. Halter castanho-escuro.

Abdômen castanho-escuro tornando-se castanho-claro nos segmentos posteriores. Segmentos mais escuros com cerdas pretas de reflexos esverdeados quando a luz incide frontalmente. Pruinosidade cinza presente amplamente no tergito 1 mediana, posterior e lateralmente; amplamente no tergito 2; tergitos 3-5 com bandas esmaecidas na margem posterior, mais largas mediana e lateralmente; tergitos 6-7 castanhos com pruinosidade castanha. Esternitos 1-5 castanho-escuros na parte basal, com bandas de pruinosidade cinza na parte distal, tornando-se mais estreitas nos segmentos posteriores. Esternitos 6-7 castanhos com pruína castanha.

Macho: desconhecido.

Pupa verde (em vida) (Fig.11). Exúvia pupal (Fig. 12) marrom-clara, exceto espiráculos torácicos e abdominais marrom-escuros. Comprimento 13,5 mm. Bainha antenal triangular, sem segmentação distinta, de ápice arredondado, seu comprimento (0,3 mm) aproximadamente da largura da base e seu ápice não atinge a sutura epicranial. Fronte com duas cerdas frontais delgadas de cada lado. Sutura frontal esclerotinizada, em forma de L invertido. 2 cerdas orbitais anteriores, 2 orbitais posteriores e 1 vertical. Tórax liso. Espiráculo protuberante, projetado lateralmente, seu comprimento (0,5 mm) aproximadamente da largura da base. Cerdas mesonotais: 1 anterior, 1 posterior e 1 alar basal. Metanoto com 3 cerdas separadas. Abdômen. Segmento I, VI e VII com espiráculos não protuberantes. Segmento I com cerdas pleurais, sendo 2 laterodorsais e 2 lateroventrais. Segmentos II-VII com unisérie mediana de cerdas espiniformes bem desenvolvidas, mais curtas dorsalmente. Segmento VIII (anal) com 3-4 cerdas na série dorsolateral, 3-4 na série lateral e 3 na série ventrolateral, as duas primeiras com as cerdas dorsais mais fortes e a última com a cerda ventral mais forte. Áster (Fig. 13) com tubérculo lateral mais longo, projetado lateralmente; tubérculo dorsal com ápice levemente voltado para baixo e tubérculo ventral mais curto, com ápice voltado para cima. Lobo anal levemente protuberante.

Bionomia: larva foi coletada em 29 de novembro de 2001, em raízes de Pistia stratiotes Linn. (Araceae). No laboratório foram criadas individualmente em recipientes plásticos com a forma mais jovem da planta hospedeira e alimentadas com larvas de culicídeos.

Hospedeiro: nenhum registrado.

Registro geográfico: Brasil (Amazonas, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul).

Material examinado. Holótipo fêmea (INPA). BRASIL, Amazonas, Manaus, Igarapé Cururu, 29.XI.2001, R.L.M. Ferreira & U.C. Barbosa [leg.] (etiqueta branca, impressa)/ pupa 15 a 17/XII/[20]01, adulto 22 a 23/ XII/[20]01 (etiqueta branca, impressa)/ Holótipo , Myiotabanus amazonicus Rafael & Ferreira (etiqueta vermelha, impressa).

Parátipos: MT [Mato Grosso], Cáceres, P. Esperidião, Armadilha Suspensa, 02.IX.1984, Sebastião Marcolino [leg]/ Myiotabanus barrettoi, det.: I.S.Gorayeb & G.B. Fairchild, 1987 (1 INPA); MS [Mato Grosso do Sul], Corumbá, Rio Paraguai, Bico do Papagaio [dentro do barco], 02.VI.1991, A.T.M. Barros [leg.]/ Myiotabanus barrettoi Fchld, det. I.S. Gorayeb, 1991 (1 MPEG)); MS, Miranda, Faz[enda] Guaicurus, Ca[nopy] Ma[ta], [octenol], 14.IV.2002, W. Koller [leg.] (1 MZSP). As informações entre colchetes para os parátipos foram fornecidas pelo Dr. Antonio Thadeu Barros.

Variações: os exemplares de Mato Grosso do Sul variam no índice frontal menor (3.0) e extremidade abdominal com castanho mais acentuado. Antenas perdidas.

Etimologia. O nome específico é alusivo à maior área geográfica de ocorrência da espécie.

Myiotabanusbarrettoi Fairchild, 1969

Figs 4-6

Myiotabanussarcophagoides; Barretto, 1949: 83, figs 1, 2 (identif. err.).

Tabanus muscoideus; Kröber, 1929.

Stenotabanus (Myiotabanus) sarcophagoides; Philip, 1967: 123.

Myiotabanusbarrettoi Fairchild, 1969: 51; Fairchild & Burger, 1994: 81; Coscarón, 1975: 33; Chainey et al., 1994: 331; Coscarón et al. 1996: 21 (larva e pupa); Barros & Gorayeb, 1996: 548, 550.

Redescrição. Lectótipo (pres. desig.) fêmea: comprimento do corpo 7 mm (excluindo a antena). Olho preto, descrito originalmente como verde-escuro com banda verde-azulada e com pubescência fina e escassa. Índice frontal 2,3. Fronte (Fig. 4) com pruinosidde cinza e pequenas cerdas amarelas intercaladas com cerdas castanhas. Calo frontal castanho, brilhante, em forma de clava, cerca de 1/3 da largura da fronte e cerca de ½ da altura da fronte. Subcalo castanho, brilhante medianamente, com pruinosidade cinza lateralmente. Antena (Fig. 5) com escapo e pedicelo amarelo-claros; flagelo amarelo-escuro, com dente obtuso. Palpo como na figura 6.

Escutelo castanho-avermelhado, com pruinosidade cinza e cerdas pretas e amarelas intercaladas. Mesopleura predominantemente com pruinosidade cinza levemente mais escura no nível das suturas anepisterno/catepisterno/anepímero, com tufos de cerdas delgadas, branco-amareladas na margem posterior do anepisterno, dorsal do anepímero e do catepisterno e em todo o catatergito. Halter amarelo com haste levemente mais escura.

Abdômen castanho-escuro com pruinosidade cinza-azulada sobre quase todo tergitos 1-2, na margem posterior dos tergitos 3-5, alargadas mediana e lateralmente; na margem posterior dos tergitos 6-7. Esternitos castanho-escuros com pruína cinza-esbranquiçada na margem posterior; revestimento piloso branco intercalados com algumas cerdas pretas na parte basal dos esternitos 3-5.

Macho: descrito por COSCARÓN (1975).

Larva e pupa descritos por COSCARÓN (1975).

Hospedeiro: homem, em armadilha Shannon (BARRETTO 1949).

Registro geográfico: Brasil (São Paulo, Mato Grosso do Sul), Argentina, Paraguai, Bolívia (FAIRCHILD & BURGER 1994, BARROS & GORAYEB 1996).

Material examinado. Lectótipo (pres. desig. para manter a estabilidade da identidade da espécie) ( MZSP): [BRASIL], Vila Queiróz, S[ão] Paulo, [M.P.] Barretto col., XI. [19]39 (etiqueta branca, manuscrita)/ Myotabanus (sic) sarcophagoides Lutz, Barretto det., X.[19]44 (etiqueta branca, manuscrita)/ Cotipo (etiqueta vermelha com borda preta, impressa)/ Myiotabanus barrettoi Fairch[ild] (etiqueta branca, manuscrita)/ Lectótipo , Myiotabanus barrettoi Fairchild, desig. Rafael & Ferreira (etiqueta vermelha, impressa). Paralectótipos: 2 fêmeas, mesmos dados do lectótipo (MZSP).

Myiotabanus muscoideus (Hine, 1907)

Figs 7-8

Tabanusmuscoideus Hine, 1907: 222.

Stenotabanusmuscoideus; Fairchild, 1942: 301.

Myiotabanusmuscoideus; Fairchild, 1969: 51; Fairchild & Burger, 1994: 81.

Redescrição. Lectótipo (pres. desig.) fêmea: comprimento do corpo 9 mm (excluindo a antena). Olho preto. Índice frontal 2,6. Fronte (Fig. 7) com pruinosidde cinza e pequenas cerdas amarelas intercaladas com cerdas castanhas. Calo frontal castanho, brilhante, um tanto oval, cerca de metade da largura da fronte e menos da metade da altura da fronte. Subcalo com pruinosidade cinza. Antena com escapo e pedicelo castanhos; flagelo amarelo com dente obtuso.

Escutelo (Fig. 8) castanho-escuro com cerdas pretas e pruinosidade cinza. Mesopleura castanha, mais escura medianamente, com pruinosidade cinza em torno da periferia e tufo de cerdas delgadas, branco-amareladas na margem posterior do anepisterno, dorsal do anepímero e em todo catatergito. Halter amarelo com ápice levemente mais claro.

Abdômen com tegumento castanho-escuro e pruinosidade cinza como na figura 8. Cerdas amarelas presentes no meio do tergito 2 e cerdas esbranquiçadas na margem posterior dos tergitos 2-6. Esternitos castanho-escuros na base e com pruinosidade cinza na margem posterior.

Macho: desconhecido.

Imaturo: desconhecido.

Hospedeiro: eqüino (HINE 1907).

Registro geográfico: Guatemala, Costa Rica.

Material examinado. Lectótipo (pres. desig. para manter a estabilidade da identidade da espécie) ( OSU). Panzios, GUAT[EMALA], 3.18.05 [18.III.1905] (etiqueta branca, manuscrita)/ Type (etiqueta vermelha, impressa)/ Tabanus muscoideus Hine (etiqueta branca, pautada, com borda cinza, manuscrita)/ Lectótipo , Myiotabanus muscoideus (Hine), desig. Rafael & Ferreira (etiqueta vermelha, manuscrita). Paralectótipos: 2 fêmeas com os mesmos dados do lectótipo (OSU).

Myiotabanussarcophagoides Lutz, 1928

Figs 9-10

Myiotabanussarcophagoides Lutz, 1928: 58 (descr. fêmea); Fairchild, 1961: 228; Fairchild, 1971: 51 (cat.); Briceño, 1956: 264; Pino-D., 1980: 90. Fairchild & Burger, 1994: 81 (cat.).

Leucotabanussarcophagoides; Borgmeier, 1933: 295, 297; Kröber, 1934: 275; Anduze et al., 1947: 8.

Stenotabanussarcophagoides; Fairchild, 1941: 630; Fairchild, 1942: 301.

Redescrição. Holótipo fêmea: comprimento do corpo 9 mm (excluindo a antena). Olho preto, descrito originalmente como castanho com uma banda diagonal verde. Índice frontal 2,6. Fronte (Fig. 9) com pruinosidade cinza e pequenas cerdas amarelas. Calo frontal castanho-claro, brilhante, em forma de clava, sua maior largura cerca de metade da largura da fronte e altura cerca de 3/5 da altura da fronte. Subcalo castanho-claro, brilhante medianamente e pruinosidade cinza lateralmente. Antena com escapo e pedicelo amarelos; flagelo perdido, descrito originalmente como "de coloración castaño-rojiza; primer artejo: subcilíndrico y ligeramente piloso; segundo: ciatiforme; tercero: com diente obtuso".

Mesonoto (Fig. 10). Escutelo castanho-escuro a preto com cerdas pretas e pruinosidade cinza concentrada na metade posterior, visível em vista posterior. Mesopleura castanha, mais escura medianamente, com pruinosidade cinza em torno da periferia e indício de cerdas esbranquiçadas na margem posterior do anepisterno, dorsal do anepímero e em todo catatergito. Halteres perdidos, descritos originalmente como "balancines castaños, con brillo blanco em la cara convexa superior".

Abdômen danificado, com coloração esmaecida. Segue interpretação com base na descrição e figura original. Tergitos negros com pruinosidade cinza no tergito 1, visível lateralmente; em quase toda extensão do tergito 2; margem posterior dos tergitos 3-7 alargadas mediana e lateralmente com cerdas amareladas visíveis a certa luz, principalmente lateralmente. Esternitos escuros na metade basal, amarelados na distal (provavelmente esbranquiçados originalmente) e cerdas brancas na margem posterior.

Macho: desconhecido.

Imaturos: desconhecidos.

Hospedeiro: nenhum registrado.

Registro geográfico: Venezuela.

Material Examinado. Holótipo fêmea (IOC). VENEZUELA, Aragua, próx[imo] Lago Taguay-guay, VII.1925 (etiqueta branca, impressa, adicionada ao espécime por J.A. Rafael)/ N[úmero] T[ipo] 1499, Inst[ituto] O[svaldo] Cruz, Coleção A[dolpho] Lutz (etiqueta branca com borda preta, impressão borrada)/ Myiotabanus sarcophagoides Lutz, Holotype (etiqueta vermelha quebrada, manuscrita por G.B. Fairchild)/ Holótipo 0, Myiotabanus sarcophagoides Lutz (etiqueta vermelha, impressa, adicionada por J.A. Rafael).

Chave para as espécies de Myiotabanus (fêmeas adultas)

1. Subcalo inteiramente pruinoso (Fig. 7). América Central (Costa Rica, Guatemala) ............................................................................................... M. muscoideus

1'. Subcalo brilhante medianamente (Figs 1, 4, 9). América do Sul ......................... 2

2. Escudo, escutelo e primeiros tergitos abdominais com cerdas de reflexos esverdeados em luz frontal. Índice frontal (altura/largura na base) acima de 3,0. Calo frontal cerca de 2/3 da largura da fronte (Fig. 1). Brasil (Amazonas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul) .......................................................................... M. amazonicus

2'. Escudo, escutelo e primeiros tergitos abdominais sem cerdas de reflexos esverdeados. Índice frontal 2,2-2,7. Calo frontal menos de 2/3 da largura da fronte.... 3

3. Calo frontal estreito, menos da metade da largura da fronte (Fig. 4). Escutelo inteiramente revestido de pruína cinza quando observado em vista dorsal. Comprimento do corpo (sem antena) cerca de 7 mm. Centro-sul do Brasil, norte da Argentina, Paraguai, Bolívia ............................................................................ M. barrettoi

3' Calo frontal mais largo do que metade da largura da fronte (Fig. 9). Escutelo revestido de pruína cinza somente nas bordas quando observado em vista dorsal. Comprimento do corpo (sem antena) cerca de 9 mm. Venezuela .............................. .......................................................................................... M. sarcophagoides

Chave para as espécies com pupas conhecidas

1. Duas cerdas frontais de cada lado (Fig. 12) ................................. M. amazonicus

1'. Uma cerda frontal de cada lado ................................................... M. barrettoi

AGRADECIMENTOS

Ao Dr. Norman F. Johnson e P.W. Kovarik (OSU, Columbus), Dr. Sebastião José de Oliveira (IOC, Rio de Janeiro) e Dra. Sônia A. Casari (MZSP, São Paulo) pelo empréstimo do material tipo. Ao Dr. Antonio Thadeu M. Barros (Embrapa, Corumbá) pelo empréstimo de duas fêmeas e autorização para depósito das mesmas (parátipos) no MZSP e MPEG. Ao Dr. Augusto Loureiro Henriques (INPA, Manaus) pela checagem da chave e leitura do manuscrito. Ao Doutorando Arlindo Serpa (curso de pós-graduação do INPA) pelo transporte do tipo do IOC. À REMAN/Petrobrás e CT-Petro/CNPq, processo 460993/00-3, pelo apoio financeiro.

Recebido em 05.I.2004; aceito em 02.VI.2004

  • ANDUZE, P.J.; F. PIFANO C. & E.G. VOGELSANG. 1947. Nomina de los artropodos vulnerantes conocidos actualmente em Venezuela. Boletin de Entomologia Venezolana, Caracas: 1-16.
  • BARRETTO, M.P. 1949. Estudos sobre tabânidas brasileiros. IX. Sobre o gênero Myiotabanus Lutz, 1928 (Diptera, Tabanidae). Anais da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo, 24: 81-86.
  • BARROS, A.T.M. & I.S. GORAYEB. 1996. Chave de identificação para tabanídeos (Diptera: Tabanidae) do pantanal, sub-região da Nhecolândia, Mato Grosso do Sul, Brasil. Revista brasileira de Biologia, Rio de Janeiro, 56 (3): 547-551.
  • BORGMEIER, T. 1933. A proposito da nomenclatura dos Tabanidae da região neotropical. Revista de Entomologia, Rio de Janeiro, 3 (3): 286-303.
  • BRICEÑO, L. 1956. Contribución al estudio de los tabánidos de Venezuela. Memória Sociedad de Ciencias naturales La Salle, Caracas, 16 (45): 258-267.
  • CHAINEY, J.E.; M.J.R. HALL; J.L. ARAMAYO-B & P. BETTELLA. 1994. A preliminary checklist and key to the genera and subgenera of Tabanidae (Diptera) of Bolivia with particular reference to Santa Cruz Departament. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 89 (3): 321-345.
  • COSCARÓN, S. 1975. Notas sobre tabánidas argentinos IX. Los géneros Stenotabanus Lutz y Myiotabanus Lutz (Diptera, Insecta). Comisión de Investigaciones Científicas de la Província de Buenos Aires, La Plata, 16: 1-39.
  • COSCARÓN, S. & N. PAPAVERO. 1993. An illustrated manual for the identification of the neotropical genera and subgenera of Tabanidae (Diptera). Belém, Museu Paraense Emílio Goeldi, Coleção Emilie Snethlage, 150p.
  • COSCARÓN, S.; L.C. COSCARÓN-ARIAS & O.A. MANCEBO. 1996. THE IMMature stages of Myiotabanus barrettoi Fairchild (Tabanidae-Diptera-Insecta). Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 91 (1): 21-26.
  • FAIRCHILD, G.B. 1941. Notes on Tabanidae (Dipt.) from Panama IV. The genus Leucotabanus Ad. Lutz. Annals of the Entomological Society of America, Lanham, 34 (3): 629-638.
  • ________. 1942. Notes on Tabanidae (Dipt.) from Panama IX. The genera Stenotabanus Lutz, Lepiselaga Macquart and related genera. Annals Entomological Society of America, Lanham, 35 (3): 289-309.
  • ________. 1950. The generic names for Tabanidae (Diptera) proposed by Adolfo Lutz. Psyche, Cambridge, 57 (4): 117-127.
  • ________. 1961. The Adolpho Lutz collection of Tabanidae (Diptera). The described genera and species, condition of the collection, and selection of lectotypes. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 59 (2): 185-249, 2 pl.
  • ________.1969. Notes on Neotropical Tabanidae XII. Classification and distribution, with keys to genera and subgenera. Arquivos de Zoologia, São Paulo, 17 (4): 199-255.
  • ________.1971. Family Tabanidae. In: A catalogue of the Diptera of the Americas South of the United States. São Paulo, Departamento de Zoologia, Secretaria de Agricultura, vol. 28, 163p.
  • FAIRCHILD, G.B. & J.F. BURGER. 1994. A catalog of the Tabanidae (Diptera) of the Americas South of the United States. Memoirs of the American Entomological Institute, Gainesville, 55: 1-249.
  • GOODWIN, J.T. & W.P. MURDOCH. 1974. A study of some immature neotropical Tabanidae (Diptera). Annals of the Entomological Society of America, Lanham, 67 (1): 85-133.
  • HENRIQUES, A.L. 1995. A coleção de Tabanidae (Insecta:Diptera) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Manaus, Amazonas, Brasil. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, série Zoologia, Belém, 11 (1): 57-99.
  • HINE, J.S. 1907. Descriptions of new north american Tabanidae. The Ohio Naturalist, Columbus, 7 (2): 221-230.
  • KRÖBER, O. 1929. Die Ausbeute der Deutschen Chaco-Expedition. 1925/26. Diptera. XI-XIII. Konowia, Wien, 8: 170-193.
  • _______. 1934. Catálogo dos Tabanidae da América do Sul e Central, incluindo o México e as Antilhas. Revista de Entomologia, Rio de Janeiro, 4 (2): 222-276.
  • LUTZ, A. 1928. Tabanidae, p. 51-64. In: A. LUTZ & M. NUÑEZ-TOVAR (EDS). Estudios de Zoologia y Parasitologia venezolanas. Rio de Janeiro, Instituto Oswaldo Cruz, 133p.
  • MCALPINE, J.F. 1981. Morphology and terminology — adults, p. 9-63. In: J.F. MCALPINE; B.V. PETERSON; G.E. SHEWELL; H.J. TESKEY; J.R. VOCKEROTH & D.M. WOOD (Eds). Manual of Nearctic Diptera. Ottawa, Research Branch, Agriculture Canada, monograph n 27, vol. 1, VI+674p.
  • PHILIP, C.B. 1967. Descriptions of new Neotropical Tabanidae and new records for Argentina. Acta Zoologica Lilloana, Tucumán, 22: 105-132.
  • PINO-D., G. 1980. Estudios sobre tabanos de Venezuela (Diptera: Tabanidae). 2. Elenco sistematico preliminar. Memória Sociedad de Ciencias naturales La Salle, Caracas, 114 (40): 79-127.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      09 Ago 2004
    • Data do Fascículo
      Jun 2004

    Histórico

    • Aceito
      02 Jun 2004
    • Recebido
      05 Jan 2004
    Sociedade Brasileira de Zoologia Caixa Postal 19020, 81531-980 Curitiba PR Brasil, Tel./Fax: +55 41 3266-6823, - Curitiba - PR - Brazil
    E-mail: sbz@bio.ufpr.br