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Avaliação do equilíbrio corporal em idosas praticantes de atividade física segundo a idade

Postural balance assessment in elderly practitioners of physical activity in different strata age

Evaluación del equilibrio corporal en ancianas que practican actividad física por grupos de edad

Resumo

O objetivo foi verificar a relação do equilíbrio corporal, conforme a idade e os estratos etários, de idosas praticantes de atividade física.

Método:

Foram divididas 130 idosas em quatro estratos etários: de 60 a 64 anos (G1); de 65 a 69 (G2); de 70 a 74 (G3); e de 75 a 79 (G4). Foram usados os testes Timed Up and Go (TUG), Apoio Unipodal (AU), Sentar e Levantar (SL5) e Alcance Funcional (AF). Para análise estatística, usaram-se a correlação de Spearman e o teste de Kruskal-Wallis.

Resultados:

Houve correlação entre a idade e os testes TUG e AU. Apresentaram-se diferenças estatisticamente significativas no TUG entre o G1 e G4 e no AU entre o G1 e G4 e G2 e G4.

Conclusão:

Quanto menor a idade da idosa, melhor o seu desempenho nos testes de equilíbrio TUG e AU.

PALAVRAS-CHAVE
Idoso; Equilíbrio postural; Atividade motora

Abstract

The aim was to verify the relationship of body balance, according to age and groups of age in elderly women engaged in physical activity.

Method:

130 elderly divided into four age groups: from 60 to 64 years (G1); 65-69 (G2); 70-74 (G3); and 75 to 79 (G4). For assessment was used the Timed Up and Go test (TUG), One Leg Stand (OLS) Sit back and Lift 5 times (CS5) and Functional Reach (FR). For statistical analysis, we used Spearman correlation and Kruskal-Wallis.

Results:

There was a correlation between age and the TUG and AU tests. It showed a statistically significant difference in the TUG between G1 and G4 and for OLS, between G1 and G4 and G2 and G4.

Conclusion:

unger seniors have better performance in balance tests like TUG and OLS.

KEYWORDS
Aged; Postural balance; Motor activity

Resumen

El objetivo fue verificar la relación de equilibrio del cuerpo de acuerdo con la edad y los grupos de edad de las ancianas que participan en actividades físicas.

Método:

130 ancianas divididas en cuatro grupos de edad: de 60 a 64 años (G1); 65-69 (G2); 70-74 (G3), y 75-79 (G4). Se utilizaron Timed Up and Go (TUG), One Leg Stand (OLS), Chair Stand 5 Times (CS5) y Functional Reach (FR). Para el análisis estadístico se utilizó la correlación de Spearman y la de Kruskal-Wallis.

Resultados:

se observó una correlación entre la edad y las pruebas de TUG y OLS. Se demostró una diferencia estadísticamente significativa en el TUG entre G1 y G4, y en la OLS entre G1 y G4, y G2 y G4.

Conclusión:

cuanto menor es la edad de las personas de edad, mejor será su rendimiento en el logro de las pruebas de equilibrio, como el TUG y la OLS.

PALABRAS CLAVE
Anciano; Equilibrio corporal; Actividad motriz

Introdução

No processo natural do envelhecimento, a capacidade funcional diminui e um dos componentes associados é o equilíbrio corporal, que é fundamental para as atividades diárias por parte dos idosos (Silva e Menezes, 2014Silva NA, Menezes TN. Capacidade funcional e sua associação com idade e sexo em uma população idosa. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum. 2014;16(3):359-70.). O controle do equilíbrio depende da ação eficaz dos sistemas visual, vestibular e somatosensorial, é definido como estático ou dinâmico (Maciel e Guerra, 2005Guerra RO. Prevalência e fatores associados ao déficit de equilíbrio em idosos. RBCM. 2005;13(1):37-44.; Gonçalves, Ricci & Coimbra, 2009Gonçalves DFF, Ricci NA, Coimbra AMV. Equilíbrio funcional de idoso da comunidade: comparação em relação ao histórico de quedas. Rev Bras Fisioter. 2009;13(4):316-23.). É possível encontrar na literatura diferentes tipos de avaliações para o equilíbrio de idosos. Dentre eles os testes mais usados são Timed Up and Go (TUG), Alcance Funcional (AF), Escala de Equilíbrio de Berg (EEB) e Performance Oriented Mobility Assessment (POMA), os quais visam à aplicabilidade prática, a capacidade de avaliar os diferentes tipos de equilíbrio, e apresentam alta confiabilidade (Karuka, Silva & Navega, 2011Karuka AH, Silva JAMG, Navega MT. Análise da concordância entre instrumentos de avaliação do equilíbrio corporal em idosos. Rev Bras Fisioter. 2011;15(6):460-6.; Figueiredo, Lima & Guerra, 2007Figueiredo KMOB, Lima KC, Guerra RO. Instrumentos de Avaliação do Equilíbrio Corporal em Idosos. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum. 2007;9(4):408-13.).

Com o envelhecimento, todos os sistemas do organismo apresentam uma redução da sua funcionalidade, provocam prejuízos no equilíbrio postural e causam aumento da instabilidade e risco de queda (Alves e Scheicher, 2011Alves NB, Scheicher ME. Equilíbrio postural e risco para queda em idosos da cidade de Garça, SP. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2011;114(4):763-8.; Gonçalves, Ricci & Coimbra, 2009Gonçalves DFF, Ricci NA, Coimbra AMV. Equilíbrio funcional de idoso da comunidade: comparação em relação ao histórico de quedas. Rev Bras Fisioter. 2009;13(4):316-23.). A manutenção do equilíbrio é importante para que o idoso tenha autonomia e segurança em sua mobilidade funcional (Ribeiro et al., 2009Ribeiro F, Gomes S, Teixeira F, Brochado G, Oliveira J. Impacto da prática regular de exercício físico no equilíbrio, mobilidade funcional e risco de queda em idosos institucionalizados. Rev Port Cien Desp. 2009;9(1):36-42.). Quando se observa um déficit no equilíbrio, a probabilidade de ocorrência de desequilíbrio aumenta e interfere na qualidade de vida desse idosos (Ruwer et al., 2005Ruwer SL, Rossi AG, Simon LF, Equilíbrio do, Idoso. Rev Bras Otorrinolaringol. 2005;71(3):298-303.). As causas associadas ao desequilíbrio corporal são multifatoriais, como deficiência em um dos três sistemas do equilíbrio, uso de medicamentos, quedas, doenças e fatores extrínsecos (Tuunainen et al., 2014Tuunainen E, Rasku J, Jäntti P, Pyykko I. Risk factors of falls in community dwelling active elderly. Auris Nasus Larynx. 2014;41:10-6.; Bittar et al., 2007Bittar RSM, Simoceli L, Pedalini MEB, Bottino MA. Repercussão das medidas de correção das comorbidades no resultado da reabilitação vestibular de idosos. Rev Bras Otorrinolaringol. 2007;73(3):295-8.).

Pesquisas indicam que a prevalência de desequilíbrio é mais comum em idosos com idade mais avançada, do sexo feminino e sedentários, que na sua maioria apresentam comprometimento da autonomia das atividades diárias (Silva et al., 2013Silva JMN, Barbosa MFS, Castro POCN, Noronha MM. Correlação entre o risco de queda e autonomia funcional em idosos institucionalizados. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2013;16(2):337-46.; Stevens et al., 2008Stevens KN, Lang IA, Guralnik JM, Melzer D. Epidemiology of balance and dizziness in a national population: findings from the English Longitudinal Study of Ageing. Age Ageing. 2008;37:300-5.; Pimentel e Scheicher, 2009Pimentel RM, Scheicher ME. Comparação do risco de queda em idosos sedentários e ativos por meio da escala de equilíbrio de Berg. Fisioter. Pesqui. 2009;16(1):6-10.). Com o passar dos anos, o nível de atividade física diminui e o sedentarismo tende a aumentar em idosos, influenciando na sua independência (Dogra et al., 2012Dogra S, Stathokostas L. Sedentary behavior and physical activity are independent predictors of successful aging in middle-aged and older adults. J Aging Res. 2012;:1-8.).

Em estudo feito com 53 idosas, as quais foram submetidas a avaliação por meio do Timed Up and Go, o estrato etário de 60 a 69 anos apresentou melhor desempenho em comparação com o estrato etário de 70 a 80 anos, refletiu diretamente na sua saúde e independência (Valduga et al., 2016Valduga R, Lopes BS, Farias DL, Nascimento DDC, Vieira DCL, Valduga LVA, et al. Risco de quedas e sua relação com a funcionalidade e medo de cair em idosas. RBCM. 2016;24(1):153-66.). Além da influência sobre a saúde, o comportamento sedentário também está relacionado com o baixo desempenho nos testes de equilíbrio em comparação com o desempenho de idosos ativos (Pimentel e Scheicher, 2009Pimentel RM, Scheicher ME. Comparação do risco de queda em idosos sedentários e ativos por meio da escala de equilíbrio de Berg. Fisioter. Pesqui. 2009;16(1):6-10.; Dogra et al., 2012Dogra S, Stathokostas L. Sedentary behavior and physical activity are independent predictors of successful aging in middle-aged and older adults. J Aging Res. 2012;:1-8.).

Na literatura investigada relacionada ao tema equilíbrio e idade, é comum encontrar estudos com amostras de idosos sedentários (Valduga et al., 2016Valduga R, Lopes BS, Farias DL, Nascimento DDC, Vieira DCL, Valduga LVA, et al. Risco de quedas e sua relação com a funcionalidade e medo de cair em idosas. RBCM. 2016;24(1):153-66.), institucionalizados (Yümin et al., 2011Yümin ET, Simsek TT, Sertel M, Öztürk A, Yümin M. The effect of functional mobility and balance on health-related quality of life (HRQoL) among elderly people living at home and those living in nursing home. Arch Gerontol Geriatr. 2011;52:180-4.) ou da comunidade (Lopez et al., 2012Lopez SR, Nilsson C, Lund R, Montero P, Fernandes-Ballesteros R, Avlund K. Social inequality in dynamic balance performance in an early old age Spanish population: the role of health and lifestyle associated factors. Arch Gerontol Geriatr. 2012;54:139-45.; Pinheiro et al., 2013Pinheiro PAP, Passos TDO, Coqueiro RS, Fernandes MH, Barbosa AR. Desempenho motor de idosos do Nordeste Brasileiro: diferenças entre idade e sexo. Rev Esc Enferm USP. 2013;47(1):128-36.). Contudo, idosos praticantes de atividade física são pouco investigados em relação a esse tema. Além disso, cabe ressaltar que nessas populações o sexo feminino também está associado a um maior desequilíbrio corporal (Garber et al., 2010Garber CE, Greaney ML, Riebe D, Nigg CR, Burbank PA, Clark PG. Physical and mental health-related correlates of physical function in community dwelling older adults: a cross sectional study. BMC Geriatrics. 2010;10(1):6.; Barbosa et al., 2005Barbosa AR, Souza JMP, Lebrao ML, Laurenti R, Marucci MFN. Functional limitations of Brazilian elderly by age and gender differences: data fram SABE survey. Cad Saúde Pública. 2005;21(4):1177-85.) e que cada teste de equilíbrio apresenta particularidades e limitações distintas. Dessa forma, há a necessidade de aplicação conjunta desses testes (Karuka, Silva & Navega, 2011Karuka AH, Silva JAMG, Navega MT. Análise da concordância entre instrumentos de avaliação do equilíbrio corporal em idosos. Rev Bras Fisioter. 2011;15(6):460-6.). Desse modo, tem-se como objetivo deste estudo verificar a relação de distintos métodos de avaliação do equilíbrio corporal, conforme a idade e os estratos etários de idosas praticantes de atividade física.

Material e métodos

População e amostra

A população deste estudo foi composta por idosas praticantes de atividades físicas no Grupo de Estudos da Terceira Idade (Geti) da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). No Geti os idosos optam por participar de atividades como hidroginástica, natação, musculação, pilates, dança e ginástica. No programa, são incluídos idosos a partir de 55 anos de ambos os sexos.

Os critérios de inclusão para o estudo foram: sexo feminino, idade entre 60 a 79 anos, praticante de atividade física e estar apta para fazer os testes de equilíbrio. Os critérios de exclusão foram: sexo masculino e apresentar tontura no momento de qualquer um dos testes. Desse modo, a amostra deste estudo foi composta por 130 idosas praticantes de atividade física, entre 60 a 79 anos.

Instrumentos de coleta de dados

Para a avaliação do equilíbrio foram usados os seguintes testes: Timed Up and Go (TUG), Apoio Unipodal (AU), Sentar e Levantar 5 vezes (SL5) e Alcance Funcional (AU). Esses testes foram escolhidos porque avaliam o equilíbrio em diversas formas, como equilíbrio dinâmico, estático, equilíbrio na habilidade de sentar e levantar e no deslocamento à frente (Karuka, Silva & Navega, 2011Karuka AH, Silva JAMG, Navega MT. Análise da concordância entre instrumentos de avaliação do equilíbrio corporal em idosos. Rev Bras Fisioter. 2011;15(6):460-6.).

Além dos testes de equilíbrio, foi elaborado um questionário com questões referentes aos dados pessoais dos participantes como sexo e idade. As idades das idosas foram registradas e, posteriormente, categorizadas em estratos etários: Grupo 1 (60 a 64 anos); Grupo 2 (65 a 69 anos), Grupo 3 (70 a 74 anos) e Grupo 4 (75 a 79 anos).

Questões éticas

O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética Envolvendo Seres Humanos da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) com o protocolo nº 052406/2015. Para esta pesquisa foram cumpridos os princípios éticos de acordo com a resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde. Todos os participantes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido.

Coleta de dados

Inicialmente, os idosos foram convidados a participar de testes físicos e de equilíbrio. Também foi explicado o objetivo da pesquisa, foram agendados data, horário e local de aplicação dos testes. A coleta de dados ocorreu no ginásio esportivo do Centro de Ciências da Saúde e do Esporte (Cefid) da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), na qual os testes de equilíbrio foram aplicados às idosas, individualmente, por pesquisadores treinados, os quais seguiram os protocolos de cada teste. Além desses, aplicou-se individualmente o questionário em forma de entrevista.

Tratamento de dados

Para a análise estatística, foi usada a estatística descritiva (média e desvio padrão) para as variáveis numéricas. A normalidade dos dados foi verificada por meio do teste de Kolgomorov-Smirnov. Devido à distribuição não normal dos dados, para verificar a relação entre idade e os testes de equilíbrio, usou-se o teste de correlação de Spearman. Os estratos etários das idosas foram categorizados em quatro grupos: 60 a 64 anos (G1), 65 a 69 (G2), 70 a 74 (G3) e 75 a 79 (G4). Para a comparação entre os testes de equilíbrio e os estratos etários aplicou-se o teste de Kruskal-Wallis. O nível de significância adotado foi de 5%.

Resultados

Participaram deste estudo 130 idosas entre 60 a 79 anos, com média de 67,8 ± 5,01 anos, praticantes de atividade física. A tabela 1 apresenta a relação entre os testes de equilíbrio e a idade das participantes do estudo. Verifica-se relação entre os testes Timed Up and Go (TUG) e Apoio Unipodal (AU) com a idade das idosas praticantes de atividade física. Dessa forma, observa-se que quanto menor a idade da idosa, melhor o seu desempenho nos testes de equilíbrio dinâmico (TUG) e estático (AU).

Tabela 1
Relação entre os testes de equilíbrio e a idade das participantes do estudo (n = 130)

A tabela 2 apresenta a comparação dos testes de equilíbrio corporal com os estratos etários das idosas. Verifica-se que houve diferença significativa entre o teste TUG e os estratos etários das idosas (G1 e G4) e observa-se que o tempo médio despendido no teste para o G1 foi em média de 6,69 (± 0,83) segundos e para o G4 de 7,93 (± 1,77) segundos. Esses achados demonstram que com o aumento da idade ocorre um pior desempenho no equilíbrio dinâmico (quadro 1).

Tabela 2
Comparação dos testes de equilíbrio corporal entre os estratos etários (n = 130) (Kruskal-Wallis)
Quadro 1
Testes para a avaliação do equilíbrio corporal

Também o teste AU apresentou diferenças significativas entre os estratos etários G1 e G4 e G2 e G4. Os estratos etários G1 (23,3 ± 8,64 segundos) e G2 (20,7 ± 9,74 segundos) apresentaram média maior no tempo de execução do teste, demonstrando que as idosas com maior idade apresentam menor equilíbrio estático quando comparadas com as mais novas.

Discussão

O presente estudo observou que há relação entre os testes de equilíbrio dinâmico Timed Up and Go (TUG) e de equilíbrio estático Apoio Unipodal (AU) com a idade das idosas praticantes de atividade física, visto que, quanto menor a idade, melhor o desempenho nos testes. Também verificou diferença significativa entre o teste TUG e os estratos etários das idosas (G1 e G4) e do teste AU entre os estratos etários G1 e G4 e, G2 e G4, demonstrou-se que as idosas com maior idade apresentam menor equilíbrio estático e dinâmico do que as mais novas.

No presente estudo, o estrato etário de 75 a 79 anos apresentou baixo desempenho nos testes TUG e AU, visto que foi observada diferença significativa com os estratos de 60 a 64 anos (G1) e 65 a 69 anos (G2) para o teste AU. Esse achado vai ao encontro do estudo de Maciel e Guerra (2005)Guerra RO. Prevalência e fatores associados ao déficit de equilíbrio em idosos. RBCM. 2005;13(1):37-44., feito com idosos residentes na comunidade de ambos os sexos, que apresentou como ponto de corte 75 anos com declínio mais acentuado do equilíbrio corporal em idosas. Eles também observaram no teste de AU que os déficits de equilíbrio foram encontrados com maior frequência em idosas da faixa acima de 75 anos, explicaram que o grupo etário mais velho apresenta 6,23 vezes mais probabilidade em ter redução da qualidade de equilíbrio em relação aos idosos de faixa etária mais jovem.

Os estudos mencionados acima também corroboram estudo de Langhammer e Stanghelle (2011)Langhammer B, Stanghelle JK. Functional Fitness in elderly Norwegians measured with the Senior Fitness Test. Adv Physiother. 2011;13:137-44., que, ao avaliar idosos noruegueses de ambos os sexos de 60 a 87 anos por meio do Senior Fitness Test (SFT), observaram que a partir da faixa de 70 a 75 anos ocorre um declínio do equilíbrio corporal. Marques et al. (2014)Marques EA, Baptista F, Santos R, Vale S, Santos DA, Silva AM, et al. Normative Functional Fitness Standards and Trends of Portuguese Older Adults: Cross-Cultural Comparisons. J Aging Phys Act. 2014;22:126-37., em estudo com idosos de ambos os sexos entre 65 e 103 anos, reforçam esse resultado por meio de teste de equilíbrio dinâmico do SFT, pois verificaram que o grupo etário de 75 a 79 anos é o que apresenta maior declínio no equilíbrio corporal. Ricci, Gazzola & Coimbra (2009)Ricci NA, Gazzola JM, Coimbra IB. Sistemas sensoriais no equilíbrio corporal de idosos. Arq bras ciênc Saúde. 2009;34(2):94-100. afirmam que idosas com a faixa acima de 75 anos estão mais suscetíveis à redução das funções do organismo, devido ao processo de envelhecimento e às alterações nos sistemas sensoriais. Dessa forma, achados corroboram os resultados da presente pesquisa, indicam que possivelmente a partir dos 75 anos, haja um maior déficit no equilíbrio corporal.

Outros estudos que incluíram amostras acima de 80 anos também indicam que idosos mais velhos apresentam menor equilíbrio corporal (Pinheiro et al., 2013Pinheiro PAP, Passos TDO, Coqueiro RS, Fernandes MH, Barbosa AR. Desempenho motor de idosos do Nordeste Brasileiro: diferenças entre idade e sexo. Rev Esc Enferm USP. 2013;47(1):128-36.; Barbosa et al., 2005Barbosa AR, Souza JMP, Lebrao ML, Laurenti R, Marucci MFN. Functional limitations of Brazilian elderly by age and gender differences: data fram SABE survey. Cad Saúde Pública. 2005;21(4):1177-85.). Estudo de Pinheiro et al. (2013)Pinheiro PAP, Passos TDO, Coqueiro RS, Fernandes MH, Barbosa AR. Desempenho motor de idosos do Nordeste Brasileiro: diferenças entre idade e sexo. Rev Esc Enferm USP. 2013;47(1):128-36. feito com idosos de ambos os sexos residentes no Nordeste brasileiro apontou diferença estatística entre o equilíbrio e grupo etário no teste Tandem e Sentar e Levantar, no qual idosas com 80 anos ou mais apresentaram déficit de equilíbrio em relação às idosas de faixa entre 60 a 69 anos. Essa relação de idosos com baixo controle de equilíbrio e com idade mais avançada também foi observada no estudo de Barbosa et al. (2005)Barbosa AR, Souza JMP, Lebrao ML, Laurenti R, Marucci MFN. Functional limitations of Brazilian elderly by age and gender differences: data fram SABE survey. Cad Saúde Pública. 2005;21(4):1177-85., no qual os grupos de idosas de 70 a 79 anos e com 80 anos ou mais apresentaram pior desempenho no teste de Sentar e Levantar quando comparado com o grupo etário de 60 a 69 anos.

Cabe ressaltar que a maioria das pesquisas sobre equilíbrio corporal é feita com pessoas sedentárias ou que têm alguma interferência intrínseca no equilíbrio (Bretan et al., 2013Bretan O, Junior JES, Ribeiro OR, Corrente JE. Risco de queda em idosos da comunidade: avaliação com o teste Timed Up and Go. Rev Bras Otorrinolaringol. 2013;79(1):18-21.; Pimentel e Scheicher, 2009Pimentel RM, Scheicher ME. Comparação do risco de queda em idosos sedentários e ativos por meio da escala de equilíbrio de Berg. Fisioter. Pesqui. 2009;16(1):6-10.). Dessa forma, este estudo propôs avaliar participantes praticantes de atividade física que na sua maioria apresentaram um bom desempenho nos testes de equilíbrio corporal. Isso vai ao encontro de resultados obtidos no estudo de Buranello et al. (2011)Buranello MC, Campos ASO, Quemelo PV, Silva AV. Equilíbrio corporal e risco de queda em idosas que praticam atividades físicas e sedentárias. Rev Bras de Ciên do Envelh Hum. 2011;8(3):313-23., no qual foi avaliado o equilíbrio de idosas praticantes de atividade física por meio do teste Timed Up and Go (TUG) e Escala de Equilíbrio de Berg, confirmou-se que idosas ativas têm melhor equilíbrio corporal comparadas com as sedentárias.

Outros estudos que utilizaram a Escala de Equilíbrio de Berg (EEB) verificaram correlação entre as idades das participantes e o equilíbrio (Dias et al., 2009Dias BB, Mota RS, Genova TC, Tamborelli V, Pereira VV, Puccini PT. Aplicação da Escala de Equilíbrio de Berg para verificação do equilíbrio de idosos em diferentes fases do envelhecimento. Rev Bras de Ciên do Envelh Hum. 2009;6(2):213-24.; Gazzola et al., 2009Gazzola JM, Aratani MC, Doná F, Macedo C, Fukujima MM, Ganança MM, et al. Factors relating depressing symptoms among elderly people with chronic vestibular dysfunction. Arquivos de Neuro-psiquiatria 2009; 67(2b): 416-22.). Estudo de Dias et al. (2009)Dias BB, Mota RS, Genova TC, Tamborelli V, Pereira VV, Puccini PT. Aplicação da Escala de Equilíbrio de Berg para verificação do equilíbrio de idosos em diferentes fases do envelhecimento. Rev Bras de Ciên do Envelh Hum. 2009;6(2):213-24. verificou que as idosas com mais de 80 anos apresentam maior perda de equilíbrio quando comparadas com o grupo de 65 a 79 anos. Gazzola et al. (2006)Gazzola JM, Rodrigues M, Ganança PMM, Ganança FF. Fatores associados ao equilíbrio funcional em idosos com disfunção vestibular crônica. Rev Bras Otorrinolaringol. 2006;72(5):683-90. apontaram que o acometimento do equilíbrio corporal é proporcional ao avanço da idade. Apesar de a EBB não ter sido usada no presente estudo, devido ao alto índice de efeito teto em idosos saudáveis (Karuka, Silva & Navega, 2011Karuka AH, Silva JAMG, Navega MT. Análise da concordância entre instrumentos de avaliação do equilíbrio corporal em idosos. Rev Bras Fisioter. 2011;15(6):460-6.), como é o caso dos praticantes de atividades físicas, observa-se que também na aplicação desse teste foi verificado o comprometimento do equilíbrio com o processo de envelhecimento.

É importante destacar que a ausência de comparações entre diferentes atividades físicas praticadas pode ser considerada uma limitação do estudo, visto que poderia mostrar qual modalidade pode influenciar mais o equilíbrio corporal. Contudo, não foi feita essa comparação visto que alguns idosos trocaram de modalidade nos últimos meses, o que pode causar um viés para o resultado da pesquisa.

Conclusão

Entre diferentes testes de avaliação do equilíbrio corporal, os testes Timed Up and Go (TUG) e Apoio Unipodal (AU) foram os que apresentaram relação significativa com a idade das idosas praticantes de atividade física, visto que, quanto menor a idade, melhor o desempenho nos testes. Também, verificou diferença significativa entre o teste TUG e os estratos etários das idosas (60 a 64 anos e 75 a 79 anos) e do teste AU entre os estratos de 60 a 64 anos e 75 a 79 anos e de 65 a 69 anos e 75 a 79 anos, demonstrou-se que as idosas com maior idade apresentam menor equilíbrio estático e dinâmico do que as mais novas.

Dessa forma, os achados deste estudo podem auxiliar os profissionais da área da saúde em suas avaliações e intervenções, visto que, ao trabalhar com idosas mais longevas, deve-se priorizar o treinamento de equilíbrio, pois com o aumento da idade há perda desse, que pode ocasionar limitações físicas e funcionais. Recomendam-se estudos a fim de verificar os motivos e as possíveis interferências relacionadas à diminuição de equilíbrio corporal para o estrato etário de 75 anos ou mais longevas.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Oct-Dec 2018

Histórico

  • Recebido
    13 Out 2016
  • Aceito
    21 Mar 2018
  • Publicado
    9 Jun 2018
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