Acessibilidade / Reportar erro

Resistência de espécies e cultivares de algodão (Gossypium spp.) ao herbicida diuron

Resistance of cotton species and cultivars to the herbicide diuron

Resumos

Objetivando-se a verificação da resistência de genótipos de algodão ao herbicida diuron, foi conduzido um ensaio de casa-de-vegetação, na Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG. Utilizaram-se representantes das espécies G. hirsutum latifolium Hutch. (IAC-17 e BR-1), G. hirsutum marie galante Hutch. (C-71) e G. barbadense brasiliense Hutch . (Rim-de -Boi). O ensaio foi delineado em blocos ao acaso, com parcelas subdivididas e com quatro repetições. As parcelas foram as doses do herbicida 0,000; 0,048; 0,096; 0,357; 0,714 e 1,428 kg/ ha, aplicadas quando as plantas estavam no estádio de uma a duas folhas verdadeiras, na superfície do substrato, que foi de areia de rio lavada, evitando-se o contacto com a fitomassa hidratada epígea das plantas. As sub parcelas foram os genótipos de algodoeiro. Cada parcela era representada por uma caixa de madeira de 37,2cm x 40,7cm x 11,0cm de dimensões, preenchida com areia de rio, onde foram colocadas as sementes, por linha, de cada genótipo, previamente tratadas com ácido sulfúrico. Os resultados mostraram que os cultivar es IAC- 17 e BR-1 foram mais resistentes ao estresse químico causado pelo herbicida, que os demais genótipos testados, conforme foi revelado pelos valores obtidos para as variáveis: grau de fitotoxicidade, 15 dias após a aplicação do produto, altura plantular, peso da fitomassa hidratada, peso da fitomassa, taxa de elongação caulinar e taxa de crescimento relativo em fitomassa hidratada epígea. O cultivar Rim-de -Boi mostrou-se o mais sensível ao diuron tendo-se verificado que, com uma dose de 0,096 kg/ ha, o estresse já se transformava em dano. O cultivar C-71, que é um polihíbrico natural, envolvendo os genomas do G. hirsutum latifolium e do G. barbadense, apresentou -se intermediária, no que se refere à capacidade de resistir ao estress e químico provocado pelo diuron. Tais resultados evidenciam que na recomendação de doses do diuron para a cultura do algodão, deve-se levar em consideração, além dos demais fatores já sabidos, o cultivar a ser plantado.

Resistência; genótipos; algodão; diuron


To determine the resistance of cotton species and cultivars to the herbicide diuron, a green house test was conducted in Viçosa, Minas Gerais. Genotypes of the species Gossypium: hirsutum latifolium Hutch. ( cv IAC 17 and BR 1) , G. hirsutum marie galante Hutch. (cv Veludo C 17) , and G. barbadense brasiliense Hutch. (cv rim-de-boi ) were studied . A split plot in a randomized complete block design was utilized in this experiment. The main plots were the herbicid e dosage (0,0 0, 0,0 48, 0,0 96, 0, 35 7, 0, 71 4 an d 1, 42 8 kg a. i. /h a) applied to the sand subs trat when the plants had one or two true leaves, and the subplot were the genotypes. Each plot was represented by a wood bos (3 7 x 47 x 11/cm) filled with washed sand. The seeds were acid deslinted before planting. To measure the resistance several parameters were observed such as: Phitotoxicity level 15 days after application, plant height, fresh and dry weight of plants, rate of stem elongation and rate of relative growth of aerial part. The results showed that cv IAC 17 and BR -1 were the most resistant to the chemical stress of the herbicide, the cv Veludo C 71 had in termediate resistance being the cv Rim de Boi the kg a . i . /ha was ha rmful to the plants of this cultivar. The results indicates that one should consider the specie and cultivar, before recommend ingthe application of diuron to a cotton field.

Resistance; genotypes; cotton; diuron


Resistência de espécies e cultivares de algodão (Gossypium spp.) ao herbicida diuron* * Parte da tese do primeiro autor para obtenção do grau de "Doctor Scientiae" na Universidade Federal de Viçosa.

Resistance of cotton species and cultivars to the herbicide diuron

N. E. de M. BeltrãoI; J. F. da SilvaII; A. J. da SilveiraII; C. S. SediyamaII; L. M. da CostaII; M. A. OlivaI* * Parte da tese do primeiro autor para obtenção do grau de "Doctor Scientiae" na Universidade Federal de Viçosa.

IPesquisador da EMBRAPA, CNP -Algodão – 58.100– Campina Grande–PB

IIProfessores da Universidade Federal de Viçosa, 36.570 –Viçosa, HG

RESUMO

Objetivando-se a verificação da resistência de genótipos de algodão ao herbicida diuron, foi conduzido um ensaio de casa-de-vegetação, na Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG. Utilizaram-se representantes das espécies G. hirsutum latifolium Hutch. (IAC-17 e BR-1), G. hirsutum marie galante Hutch. (C-71) e G. barbadense brasiliense Hutch . (Rim-de -Boi). O ensaio foi delineado em blocos ao acaso, com parcelas subdivididas e com quatro repetições. As parcelas foram as doses do herbicida 0,000; 0,048; 0,096; 0,357; 0,714 e 1,428 kg/ ha, aplicadas quando as plantas estavam no estádio de uma a duas folhas verdadeiras, na superfície do substrato, que foi de areia de rio lavada, evitando-se o contacto com a fitomassa hidratada epígea das plantas. As sub parcelas foram os genótipos de algodoeiro. Cada parcela era representada por uma caixa de madeira de 37,2cm x 40,7cm x 11,0cm de dimensões, preenchida com areia de rio, onde foram colocadas as sementes, por linha, de cada genótipo, previamente tratadas com ácido sulfúrico. Os resultados mostraram que os cultivar es IAC- 17 e BR-1 foram mais resistentes ao estresse químico causado pelo herbicida, que os demais genótipos testados, conforme foi revelado pelos valores obtidos para as variáveis: grau de fitotoxicidade, 15 dias após a aplicação do produto, altura plantular, peso da fitomassa hidratada, peso da fitomassa, taxa de elongação caulinar e taxa de crescimento relativo em fitomassa hidratada epígea. O cultivar Rim-de -Boi mostrou-se o mais sensível ao diuron tendo-se verificado que, com uma dose de 0,096 kg/ ha, o estresse já se transformava em dano. O cultivar C-71, que é um polihíbrico natural, envolvendo os genomas do G. hirsutum latifolium e do G. barbadense, apresentou -se intermediária, no que se refere à capacidade de resistir ao estress e químico provocado pelo diuron. Tais resultados evidenciam que na recomendação de doses do diuron para a cultura do algodão, deve-se levar em consideração, além dos demais fatores já sabidos, o cultivar a ser plantado.

Palavras chave: Resistência, genótipos, algodão, diuron.

SUMMARY

To determine the resistance of cotton species and cultivars to the herbicide diuron, a green house test was conducted in Viçosa, Minas Gerais. Genotypes of the species Gossypium: hirsutum latifolium Hutch. ( cv IAC 17 and BR 1) , G. hirsutum marie galante Hutch. (cv Veludo C 17) , and G. barbadense brasiliense Hutch. (cv rim-de-boi ) were studied . A split plot in a randomized complete block design was utilized in this experiment. The main plots were the herbicid e dosage (0,0 0, 0,0 48, 0,0 96, 0, 35 7, 0, 71 4 an d 1, 42 8 kg a. i. /h a) applied to the sand subs trat when the plants had one or two true leaves, and the subplot were the genotypes. Each plot was represented by a wood bos (3 7 x 47 x 11/cm) filled with washed sand. The seeds were acid deslinted before planting. To measure the resistance several parameters were observed such as: Phitotoxicity level 15 days after application, plant height, fresh and dry weight of plants, rate of stem elongation and rate of relative growth of aerial part. The results showed that cv IAC 17 and BR -1 were the most resistant to the chemical stress of the herbicide, the cv Veludo C 71 had in termediate resistance being the cv Rim de Boi the kg a . i . /ha was ha rmful to the plants of this cultivar. The results indicates that one should consider the specie and cultivar, before recommend ingthe application of diuron to a cotton field.

Keywords: Resistance, genotypes, cotton, diuron.

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

LITERATURA CITADA

  • 1. Andersen, R.N. Differential response of corn inbreds to simazine and atrazine. Weeds 12: 60-61, 1964.
  • 2. Boulanger, J. & Pinheiro, D. Polymorprisme des types de cotonniere cultivé, relation genétiques entre ces types; origine des types "mocó" et "verdão". Cot. fib. Trop. 26: 319-353, 1971.
  • 3. Chandler, J.M. & Savage, K.E. Phitotoxic interaction between phenylurea herbicides in a cotton (Gossypium hirsutum) - soybean (Glycine max) sequence, Weed Sci. 28: 521-526, 1980.
  • 4. Cooke, A.R. A possible mechanism of action of the urea type herbicides. Weeds 4: 397398, 1956.
  • 5. Costa Neto, P.L.O. Estatística. São Paulo, SP. Editora Edgard Blucher Ltda. 1977. 264 p.
  • 6
    Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa do Algodão. Relatório Técnico Anual do CNP - Algodão, 1979. Campina Grande, Paraíba, 1980. 208 p.
  • 7. Haag, H.P. & Blanco, H.G. Efeitos dos herbicidas na nutrição miral das plantas. In: Camargo, P.N. de., de Coord. Texto básico de controle químico de plantas daninhas. 4.a edição. Piracicaba, SP. ESALQ. 1972. p. 267-270.
  • 8. Hardcastle, W.S. Differences in the tolerance of metribizim by varieties of soybeans. Weed Res. 14: 181-184, 1974.
  • 9. Hayes, R.M. & Wax, L.M. Differential intranspecific response of soybean cultivars to bentazon. Weed Sci. 23: 516-521, 1975.
  • 10. Hozumi. K.; Koyama, H. & Kira, T. Intranspecific competition among higher plants. Iv. A preliminary account on the interaction between adjacente individuals. Journ. Inst. Polytech. 6: 121-130, 1955.
  • 11. Johnson, C.M.; Stout, P.R.; Broyer, T.C. & Carlton, A.B. Comparative chlorine requerements of different plant species. Plant and Soil 8: 337-353, 1957.
  • 12. Le Clerg, E.L.; Leonard, W.H. & Clark, A.G. Field plot technique. Second Edition. Minnesota. USA. Burgess Publishing Company. 1962. p. 148-214.
  • 13. Millhollon, R.W. & Matherne, R.J. Tolerance of sugarcane varietes to herbicides. Weed Sci. 16: 300-303, 1968.
  • 14. Moreland, D.E. & Hill, K.L. Interference of herbicides with the hill reaction of isolated chloroplsats. Weeds 10: 229-236, 1962. 15. Moreland, D.E. Mechanisms of action of herbicides. Ann Rev. Plant. Physiol. 31: 1980.
  • 16. Neves, O.S.; Gridi-Papp, I.L.; Cavaleri, P.A.; Ferraz, C.A.M.; Fuzato, M.G.; Silva, N.M.; Schmidt, W. & Corrêa, D.M. Distribuição geográfica atual dos algodoeiros perenes no Brasil. Primeiro levantamento parcial. Bragantia 27: 437-476, 1968.
  • 17. Osgood, R.V.; Romanowski, R.R. & Hilton, H.W. Differential tolerance of hawaiian sugarcane cultivares to diuron. Weed Sci. 20: 537-539, 1972.
  • 18. Peng, S.Y. & Yed, H.J. Determination of the varietal tolerance of pre-emergence diuron and atrazine. Weed Res. 10: 218-229, 1970.
  • 19. Ponte, J.J. Influência do ácido sulfúrico concentrado (densidade 1,84) sobre a germinação das sementes de algodão mocó, Gossypium hirsutum marfe galante Hutch. B. 5.ş C. Cearen. Agron. 1: 67-72, 1960.
  • 20. Renger, T. The action of 3 - (3,4-dichoriphenyl) - 1,1-dimwthylurea on the water-splitting enzine system y of protosynthesis. Biochim Biophys Acta. 314: 113-116, 1973.
  • 21. Rogers, R.L. & Funderburk Jr., H.H. Physiological aspects of fluometuron in cotton and cucumber. J. Agr. Food Chem. 16: 434-440, 1968.
  • 22. Ries, S.K. Sobtoxic effects on plants. In: Audus, L.J., ed. Hercides: physiology, biochemistry, ecology, vol. 2. London, Academic Press In, 1976. p. 313-244.
  • 23. Santos, D.M. Resposta de seis linhagens puras de milho (Zea mays L.) a tratamentos herbicídicos. In: Seminário Brasileiro de Herbicidas e Ervas Daninhas, XII, Fortaleza, 1978. Resumo Técnico, p. 135-136.
  • 24. Santos, E.B. Morfologia do algodoeiro. In: Curso sobre Pesquisa e Experimentação com os Algodoeiros Herbáceo é Arbóreo, I, Centro Nacional de Pesquisa do Algodão, Campina Grande, Paraíba, 1979. 59 p.
  • 25. Smith, J.W. & Sheets, T.J. Uptake, distribution and metabolism of monuron and diuron by several plants. J. Agr. Food Chem. 15: 577-581, 1967.
  • 26. Swanson, C.R. & Swanson, H.R. Metabolic fate of monuron and diuron in isolated leaf discs. Weed Sci. 16: 137-143, 1968.
  • 27. Upchurch, R.P. The influence of soil factors on the phytotoxicity and plant selectivity of diuron. Weeds 6: 161-171, 1958.
  • *
    Parte da tese do primeiro autor para obtenção do grau de "Doctor Scientiae" na Universidade Federal de Viçosa.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      28 Maio 2012
    • Data do Fascículo
      Jun 1983
    Sociedade Brasileira da Ciência das Plantas Daninhas Departamento de Fitotecnia - DFT, Universidade Federal de Viçosa - UFV, 36570-000 - Viçosa-MG - Brasil, Tel./Fax::(+55 31) 3899-2611 - Viçosa - MG - Brazil
    E-mail: rpdaninha@gmail.com