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Significado prognóstico da deiscência e infecção da ferida operatória no carcinoma epidermóide das vias aerodigestivas superiores

Prognostic implications of dehiscence and infection of operative wound in patients with squamous cell carcinoma of upper aerodigestive tract

Resumos

OBJETIVO: Avaliar o efeito da infecção e da deiscência da ferida operatória sobre o controle local do carcinoma epidermóide das vias aerodigestivas superiores, identificando fatores associados à ocorrência destas complicações. MÉTODO: Estudo retrospectivo de 239 pacientes com carcinoma epidermóide de boca, orofaringe e hipofaringe tratados cirurgicamente no Departamento de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e Otorrinolaringologia do Hospital Heliópolis entre 1990 e 1996, onde foram avaliados o hemograma e o proteinograma pré-operatório em relação ao risco de desenvolvimento de deiscência e infecção da ferida operatória e comparadas as taxas de recidiva local entre os pacientes com e sem deiscência/infecção da ferida operatória. RESULTADOS: A doença em estádio avançado (estádio IV) e a relação albumina/globulina inferior a 1,2 foram mais freqüentes entre os pacientes que desenvolveram deiscência/infecção (DI) da ferida operatória. A taxa de recidiva local foi de 49% nos pacientes que apresentaram DI e 42% naqueles sem DI. CONCLUSÃO: os pacientes com doença em estádio avançado e aqueles com relação albumina/globulina inferior a 1,2 apresentam maior risco de deiscência/infecção da ferida operatória. A presença de deiscência/infecção não apresentou relação com as taxas de recidiva local.

Prognóstico; Deiscência da ferida operatória; Infecção da ferida operatória; Carcinoma de células escamosas; Neoplasias de cabeça e pescoço; Cirurgia; Complicações


BACKGROUND:To evaluate the effect of infection and dehiscence of operative wound in local control of squamous cell carcinoma of upper aerodigestive tract, identifying factors related to these complications. METHODS: A retrospective study of 239 patients with squamous cell carcinoma of mouth, oropharynx and hypopharynx treated at Departament of Surgery of Head and Neck Surgery and Otorrinolaringology of Heliópolis Hospital between 1990 and 1996. Preoperative hemogram and proteinogram were evaluated in relation to the risk of dehiscence and infection of the operative wound. The rates of local recurrence were compared among patients with and without dehiscence/infection of the operative wound. RESULTS: Advanced stage disease (stage IV) and albumin/globulin ratio less than 1.2 were more frequent among patients that developed dehiscence/infection (DI) of the operative wound. The rate of local recurrence was 49% for patients with DI and 42% for those without DI. CONCLUSIONS: Patients with advanced stage disease and those with albumin/globulin ratio less than 1.2 have a higher risk of dehiscence /infection of the operative wound. Dehiscence and/or infection did not demonstrate relationship with local recurrence.

Prognostic; Dehiscence surgical wound; Infection surgical wound; Carcinoma, squamous cell; Head and Neck neoplasms; Complications; Surgery


ARTIGO ORIGINAL

Significado prognóstico da deiscência e infecção da ferida operatória no carcinoma epidermóide das vias aerodigestivas superiores

Prognostic implications of dehiscence and infection of operative wound in patients with squamous cell carcinoma of upper aerodigestive tract

Ali AmarI; Lincoln MiyahiraII; Abrão Rapoport, TCBC-SP III; Sérgio Altino FranzIV

IMestre em Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Hospital Heliópolis, Hosphel, São Paulo

IIResidente do Departamento de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e Otorrinolaringologia do Hospital Heliópolis, Hosphel, São Paulo

IIIDocente Livre em Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Hospital Heliópolis, Hosphel, São Paulo

IVChefe do Departamento de Oncologia do Hospital Heliópolis, Hosphel, São Paulo

Endereço para correspondência Endereço para correspondência: Prof. Dr. Abrão Rapoport Praça Amadeu Amaral, 47 - cj. 82 - Paraíso 01327-010 - São Paulo - SP E-mail: cpgcp.hosphel@attglobal.net

RESUMO

OBJETIVO: Avaliar o efeito da infecção e da deiscência da ferida operatória sobre o controle local do carcinoma epidermóide das vias aerodigestivas superiores, identificando fatores associados à ocorrência destas complicações.

MÉTODO: Estudo retrospectivo de 239 pacientes com carcinoma epidermóide de boca, orofaringe e hipofaringe tratados cirurgicamente no Departamento de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e Otorrinolaringologia do Hospital Heliópolis entre 1990 e 1996, onde foram avaliados o hemograma e o proteinograma pré-operatório em relação ao risco de desenvolvimento de deiscência e infecção da ferida operatória e comparadas as taxas de recidiva local entre os pacientes com e sem deiscência/infecção da ferida operatória.

RESULTADOS: A doença em estádio avançado (estádio IV) e a relação albumina/globulina inferior a 1,2 foram mais freqüentes entre os pacientes que desenvolveram deiscência/infecção (DI) da ferida operatória. A taxa de recidiva local foi de 49% nos pacientes que apresentaram DI e 42% naqueles sem DI.

CONCLUSÃO: os pacientes com doença em estádio avançado e aqueles com relação albumina/globulina inferior a 1,2 apresentam maior risco de deiscência/infecção da ferida operatória. A presença de deiscência/infecção não apresentou relação com as taxas de recidiva local.

Descritores: Prognóstico; Deiscência da ferida operatória; Infecção da ferida operatória; Carcinoma de células escamosas; Neoplasias de cabeça e pescoço; Cirurgia; Complicações.

ABSTRACT

BACKGROUND:To evaluate the effect of infection and dehiscence of operative wound in local control of squamous cell carcinoma of upper aerodigestive tract, identifying factors related to these complications.

METHODS: A retrospective study of 239 patients with squamous cell carcinoma of mouth, oropharynx and hypopharynx treated at Departament of Surgery of Head and Neck Surgery and Otorrinolaringology of Heliópolis Hospital between 1990 and 1996. Preoperative hemogram and proteinogram were evaluated in relation to the risk of dehiscence and infection of the operative wound. The rates of local recurrence were compared among patients with and without dehiscence/infection of the operative wound.

RESULTS: Advanced stage disease (stage IV) and albumin/globulin ratio less than 1.2 were more frequent among patients that developed dehiscence/infection (DI) of the operative wound. The rate of local recurrence was 49% for patients with DI and 42% for those without DI.

CONCLUSIONS: Patients with advanced stage disease and those with albumin/globulin ratio less than 1.2 have a higher risk of dehiscence /infection of the operative wound. Dehiscence and/or infection did not demonstrate relationship with local recurrence.

Key words: Prognostic;Dehiscence surgical wound; Infection surgical wound;Carcinoma, squamous cell; Head and Neck neoplasms; Complications; Surgery.

INTRODUÇÃO

A infecção e a deiscência da ferida operatória são complicações graves e ocorrem freqüentemente nos pacientes com carcinoma das vias aerodigestivas superiores, devido à desnutrição e à realização de operações contaminadas ou potencialmente contaminadas. Embora estas complicações tenham menor repercussão sistêmica nos pacientes submetidos a operações da cabeça e pescoço em relação à cavidade torácica e abdominal, pela sua imediata exteriorização, estes eventos retardam a reabilitação e o tratamento irradiante complementar. Além da morbi-mortalidade associada à deiscência e infecção, estas acarretam uma elevação dos custos do tratamento, com o aumento da permanência hospitalar, necessidade de medicamentos e complexidade dos curativos. Apesar dos efeitos deletérios, alguns estudos sugerem que a infecção possa ter alguma influência benéfica no controle local das neoplasias malignas. Em 1906, Coley1 relatou a regressão de sarcomas após a inoculação de toxina bacteriana intra-tumoral em uma série de 31 pacientes. Ruckdeschel et al2 , relataram um aumento da sobrevida em pacientes com carcinoma de pulmão que evoluíram com empiema pleural após a ressecção. Papachristou et al 3, em pacientes submetidos a ressecção de melanoma, observou que aqueles que cursaram com infecção da ferida operatória tiveram maior taxa de controle local, embora sem repercussão na sobrevida. Nos pacientes com carcinoma epidermóide das vias aero-digestivas superiores, o significado da infecção da ferida operatória ainda não está estabelecido, com resultados contraditórios nos poucos estudos realizados4-8.

Este estudo tem por objetivo avaliar o efeito da infecção e da deiscência da ferida operatória sobre o controle local da doença, identificando fatores associados à ocorrência destas complicações em pacientes com carcinoma epidermóide das vias aerodigestivas superiores.

MÉTODO

Foram analisados retrospectivamente os prontuários de 239 pacientes com carcinoma epidermóide de boca, orofaringe e hipofaringe. Os pacientes eram virgens de tratamento e foram submetidos à ressecção da lesão primária associada a esvaziamento cervical, com ou sem radioterapia complementar. Foram excluídos 93 pacientes assintomáticos ou que faleceram sem sinais de recidiva local e com seguimento inferior a dois anos, restando 146 pacientes. Quanto ao sexo, 132 eram masculinos e 14 femininos. A idade apresentou média de 54 anos e o sítio primário mais freqüente foi a boca (89 casos), seguida da orofaringe (35 casos) e da hipofaringe (22 casos).

Foram considerados o estadiamento TNM (UICC/AJCC - 1997), a idade, a realização de transfusão sangüínea peri-operatória e, entre os exames complementares, o hemograma e o proteinograma pré-operatório. O diagnóstico de infecção e/ou deiscência considerou os registros nos prontuários. A deiscência foi caracterizada como abertura da ferida operatória com exposição de planos profundos, com ou sem formação de fístula, não sendo valorizadas as deiscências limitadas à pele como abertura da ferida operatória. A infecção foi definida pela presença de sinais flogísticos (dor, calor local, rubor e edema) e secreção purulenta na ferida operatória. A deiscência e a infecção da ferida operatória foram consideradas conjuntamente.

A análise estatística empregou o teste de qui-quadrado com correção de Yates para as variáveis qualitativas. Foram consideradas significativas as diferenças com erro alfa inferior a 5%.

RESULTADOS

Entre os 146 pacientes, 57 (39%) apresentaram deiscência e/ou infecção (DI) da ferida operatória. A idade média foi de 53 anos no grupo com DI, e 54 anos no grupo sem DI. A tabela 1 mostra a distribuição conforme o estádio clínico da doença nos dois grupos (Tabela 1).

No grupo de pacientes com DI, 42 (82%) receberam transfusão sangüínea, com média de 2,8 unidades/paciente, enquanto no grupo sem DI, 54 (71%) pacientes receberam transfusão, com média de 2,4 unidades/paciente. A contagem linfocitária pré-operatória apresentou média de 1960 linfócitos/mm3 nos pacientes com DI e 2350 linfócitos/mm3 nos pacientes sem DI.

Entre as variáveis analisadas, a relação albumina/globulina inferior a 1,2 e o estádio clínico IV apresentaram relação com o risco de deiscência e infecção (Tabela 2).

A recidiva no sítio primário foi diagnosticada em 66 (45%) pacientes. Não houve relação entre a ocorrência de deiscência/infecção da ferida operatória e a recidiva da doença no sítio primário (Tabela 3).

DISCUSSÃO

A análise conjunta da deiscência e da infecção considerou o fato de que estas complicações geralmente estão associadas. A infecção costuma cursar com deiscência e esta última, por sua vez, está associada a infecção localizada. Não houve diferença significativa nas taxas de controle local entre os grupos com e sem deiscência/infecção (DI). Os resultados ligeiramente piores entre os pacientes com DI refletem o predomínio de pacientes com doença em estádio avançado neste grupo. Um percentual significativo dos pacientes recebeu transfusão sangüínea, um reflexo do grande número de pacientes com doença em estádio avançado submetidos à ressecções extensas, bem como à existência de critérios menos rígidos para indicação de transfusão no período avaliado. A transfusão sangüínea pode estar relacionada a um maior risco de infecção e também a um maior risco de recidiva da doença, embora a magnitude deste efeito ainda não seja conhecida9,10. Devido ao efeito imunossupressor do componente leucocitário11, é recomendável o uso de sangue deleucotizado (irradiação e/ou filtração) se houver necessidade de transfusão em pacientes com câncer.

A ocorrência de deiscência e infecção também podem retardar o início da radioterapia complementar, comprometendo a sua eficiência, mas este parâmetro não foi avaliado no presente estudo.

Os pacientes com carcinoma das vias aerodigestivas superiores não constituem uma amostra adequada para comprovar o efeito da infecção sobre a recidiva tumoral, considerando a heterogeneidade deste grupo e a multiplicidade de fatores envolvidos na recidiva da doença.

O processo inflamatório desencadeado pela infecção bacteriana poderia destruir as células neoplásicas remanescentes na margem da ressecção, ou mesmo possíveis êmbolos tumorais nas adjacências do tumor, porém não afetaria o desenvolvimento de um segundo tumor. As alterações pré-neoplásicas existentes na mucosa remanescente (campo de cancerização) podem estar relacionadas ao surgimento de um novo tumor, que não pode ser clinicamente distinguido de uma doença residual ao acometer a mesma região anatômica12. Por outro lado, a resposta inflamatória pode facilitar o processo de invasão tumoral através da ativação de metaloproteinases, como também estimular a neoangiogênese tumoral mediante a produção de citoquinas pró-inflamatórias13,14. Estudos recentes também demonstram a possibilidade de uma resposta paradoxal do sistema imunológico frente às infecções, quando os mediadores inflamatórios podem favorecer o crescimento bacteriano15.

As neoplasias malignas causam diminuição dos níveis séricos de albumina, seja por aumento do extravasamento capilar ou por diminuição da síntese hepática associada ao estado catabólico16. As globulinas, por sua vez, podem estar aumentadas, causando uma alteração mais pronunciada na relação albumina/globulina nos pacientes com câncer. Um relação A/G inferior a 1,2 permitiu identificar os pacientes com maior risco de desenvolverem deiscência ou infecção da ferida operatória. Uma elevação nos níveis séricos das globulinas pode representar uma resposta imunológica ao tumor, mas também está relacionada com a doença de estádio mais avançado.

Pôde-se concluir que a deiscência ou infecção da ferida operatória não apresentam efeito prejudicial sobre o controle local dos carcinomas epidermóides de vias aerodigestivas superiores. A relação albumina/globulina inferior a 1,20 é um fator de risco para ocorrência de deiscência ou infecção da ferida operatória, assim como a presença de doença em estádio clínico avançado.

Recebido em 29/04/2002

Aceito para publicação em 17/09/2002

Trabalho realizado no Departamento de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e Otorrinolaringologia do Hospital Heliópolis, Hosphel./SP (Patrocínio da Fundação Oncocentro de São Paulo).

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  • Endereço para correspondência:
    Prof. Dr. Abrão Rapoport
    Praça Amadeu Amaral, 47 - cj. 82 - Paraíso
    01327-010 - São Paulo - SP
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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      20 Mar 2008
    • Data do Fascículo
      Ago 2003

    Histórico

    • Aceito
      17 Set 2002
    • Recebido
      29 Abr 2002
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