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O orientador

EDITORIAL

Professor Titular do Dep. de Cirurgia da Fac. de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Docente-Livre de Clínica Cirúrgica

Qual será o papel do orientador? Na pós-graduação senso lato, na residência médica, ou na vida profissional? Vejamos a pós-graduação. Temos a convicção de que o futuro do mestrando ou doutorando depende diretamente da postura de quem o orienta. Ou seja:

1. O orientador indiferente ignora seu subordinado, como se ele não existisse. Não o procura, não insiste, não pergunta, e quando solicitado demonstra total descaso e adiciona mais dificuldades àquelas comumente encontradas.

2. O interesseiro em ser prestigiado porta-se como "bonzinho" deixando o orientado ao "bel prazer", não aborrecendo, não exigindo, fazendo apenas questão que na capa do trabalho a ser submetido à comissão julgadora conste seu nome como "ORIENTADOR".

3. O maçante, sempre desagradável, colocando e criando tantos empecilhos quanto possa, para quem tudo é difícil: não pode, não tem tempo, não concorda.

4. O perfeccionista deseja transformar o trabalho alheio em algo irretocável, perfeito e por isto encontra defeitos em tudo. Sempre.

5. O "dono da verdade" nada permite ao seu infeliz orientando, que não pode ter idéias próprias, e deve sim seguir à risca o que "ele" determina, sem discussão, sem ponderações.

Afinal, como definir o verdadeiro orientador? É quem

- indica a posição adequada ao orientando;

- ajuda a adaptar ou ajustar a direção a seguir, ou seja, indica o norte e acerta o rumo; - encaminha, ouve; - corrige desvios;

- soma, constrói junto;

- permite idéias próprias, discute-as; - cobra - soma - ajuda.

Em síntese. O orientador é educador. Deve estabelecer com o orientando relação educativa, o que pressupõe TRABALHO CONJUNTO, em que ambos cresçam. Trata-se de relação de enriquecimento recíproco. É fundamental a ausência de quaisquer formas de opressão ou submissão. O orientando não deve pesquisar exclusivamente assunto de interesse do orientador ou sob rígido esquema por ele determinado, nem ficar inteiramente solto, em total independência ou até perdido ou abandonado.

Este é o orientador verdadeiro.

É o que deve ser indicado ao aluno de pós-graduação. Feliz quem consegue um.

  • O orientador

    Fares Rahal, TCBC
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      28 Jul 2010
    • Data do Fascículo
      Jun 1998
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