Acessibilidade / Reportar erro

Tumor do estroma gastrintestinal (GIST)

EDITORIAL

Tumor do estroma gastrintestinal (GIST)

Manoel de Souza Rocha

Doutor, Docente do Departamento de Radiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil. E-mail: manoelrocha@usp.br

Nesta década, muitos avanços ocorreram no reconhecimento e tratamento dos tumores do estroma gastrintestinal, denominados GISTs a partir da sigla em inglês, mas o mais significativo foi a descoberta de um tratamento especifico para esta neoplasia.

Inicialmente utilizado no tratamento da leucemia mielóide crônica, o mesilato de imatinib foi a seguir testado no tratamento dos GISTs com alta taxa de sucesso, o que foi considerado de tal relevância que suscitou uma rápida publicação no New England Journal of Medicine, sob a forma de um relato de caso(1), um tipo de publicação absolutamente incomum nesta que é considerada a mais conceituada revista de clínica médica do mundo.

Os GISTs são neoplasias raras e representam cerca de 1% dos tumores gastrintestinais, embora este número possa estar subestimado.

Mas o que torna este tumor relevante para os radiologistas?

Como demonstrado no trabalho publicado neste número da Radiologia Brasileira(2), boa parte dos tumores do estroma gastrintestinal se apresenta de maneira exofítica, o que dificulta o seu diagnóstico endoscópico.

Assim, os métodos seccionais de diagnóstico por imagem assumem um papel relevante na identificação das massas neoplásicas e permitem reconhecer os seus sítios de origem.

O estadiamento destas neoplasias também é baseado em métodos de diagnóstico por imagem e os radiologistas devem conhecer algumas peculiaridades destes tumores, como o fato de excepcionalmente, ou segundo alguns autores, nunca, apresentarem metástases linfonodais.

Outra característica muito peculiar dos GISTs é que as suas metástases podem apresentar um aspecto "cístico" desde o seu aparecimento, ou mais comumente após a introdução da terapêutica com o imatinib(3).

Embora a agressividade destes tumores seja variável e de difícil previsão, parece haver uma correlação entre o encontro pela tomografia de necrose na lesão e um pior prognóstico, comparativamente aos tumores mais homogêneos.

Algumas vezes, metástases que estão respondendo favoravelmente à terapêutica podem aumentar de volume em exames de tomografia. Desta forma, o radiologista deve valorizar o padrão interno da lesão, pois quando a doença volta a recrudescer podem ser vistas nodulações sólidas em meio à liquefação.

Publicações mais recentes têm destacado que parece existir boa correlação entre a diminuição na tomografia computadorizada da atenuação das metástases hepáticas de GISTs tratadas com imatinib e a diminuição da atividade metabólica detectada em exames de PET-CT(4).

Os radiologistas mais antigos se lembram que no passado muitos destes tumores estromais do trato gastrintestinal eram diagnosticados como leiomiomas ou leiomiossarcomas. As modernas técnicas de imuno-histoquímica permitiram reconhecer que a grande maioria dos tumores mesenquimais do trato digestivo são, na verdade, GISTs, porém um percentual menor de tumores corresponde a verdadeiros leiomiomas e leiomiossarcomas. Esta distinção é impossível de ser feita por outro método que não a imuno-histoquímica. Desta forma, o nosso papel como avaliadores de alterações macroscópicas é o de identificar uma lesão expansiva das camadas profundas da parede de um segmento do trato gastrintestinal e destacar a possibilidade de corresponder a um tumor mesenquimal. A identificação final do tipo de tumor requer um estudo anatomopatológico que inclua técnicas de imuno-histoquímica.

Referências

1.Joensuu H, Roberts PJ, Sarlomo-Rikala M, et al. Effect of the tyrosine kinase inhibitor STI571 in a patient with a metastatic gastrointestinal stromal tumor. N Engl J Med 2001;344:1052–1056.

2.Macedo LL, Torres LR, Faucz RA, et al. Tumor do estroma gastrintestinal: achados clínicos, radiológicos e anatomopatológicos. Radiol Bras 2007;40:149–153.

3.Chen MYM, Bechtold RE, Savage PD. Cystic changes in hepatic metastases from gastrointestinal stromal tumor (GISTs) treated with Gleevec (imatinib mesylate). AJR Am J Roentgenol 2002;179: 1059–1062.

4.Choi H, Charnsangavej C, Faria SC, et al. Correlation of computed tomography and positron emission tomography in patients with metastatic gastrointestinal stromal tumor treated at a single institution with imatinib mesylate: proposal of new computed tomography response criteria. J Clin Oncol 2007;25:1753–1759.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    27 Jul 2007
  • Data do Fascículo
    Jun 2007
Publicação do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem Av. Paulista, 37 - 7º andar - conjunto 71, 01311-902 - São Paulo - SP, Tel.: +55 11 3372-4541, Fax: 3285-1690, Fax: +55 11 3285-1690 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: radiologiabrasileira@cbr.org.br