Acessibilidade / Reportar erro

Notas taxonômicas sobre os Brachiacanthini neotropicais (Coleoptera, Coccinellidae, Hyperaspinae)

Taxonomical notes on neotropical Brachiacanthini (Coleoptera, Coccinellidae, Hyperaspinae)

Resumos

Brachiacantha Chevrolat in Dejean, 1837, Hinda Mulsant, 1850, Cyra Mulsant, 1850 e Tiphysa Mulsant, 1850 foram estudados e é fornecida uma chave para os gêneros. Cleothera loricata Mulsant, 1850 é designada espécie-tipo de Cyra. O lectótipo de Brachiacantha sellata é designado. Três novas combinações são feitas: Cyra loricata (Mulsant, 1850), Cyra scapulata (Mulsant, 1853) e Cyra turbata (Mulsant, 1850). Estão incluídas diagnoses e ilustrações dos caracteres.

Lectótipo; Brachiacantha; Hinda; Cyra; Tiphysa


Brachiacantha Chevrolat in Dejean, 1837, Hinda Mulsant, 1850, Cyra Mulsant, 1850 and Tiphysa Mulsant, 1850 were studied, and a key to genera is added. Cleothera loricata Mulsant, 1850 is designated type species of Cyra. The lectotype of Brachiacantha sellata is designated. Three new combinations are proposed: Cyra loricata (Mulsant, 1850), Cyra scapulata (Mulsant, 1853) and Cyra turbata (Mulsant, 1850). Diagnosis and illustrations of characters are provided.

Lectotype; Brachiacantha; Hinda; Cyra; Tiphysa


Notas taxonômicas sobre os Brachiacanthini neotropicais (Coleoptera, Coccinellidae, Hyperaspinae)

Taxonomical notes on neotropical Brachiacanthini (Coleoptera, Coccinellidae, Hyperaspinae)

Julianne MilléoI; Lúcia M. de AlmeidaII

IDepartamento de Biologia Geral, Universidade Estadual de Ponta Grossa, 84300-900 Ponta Grossa, PR, Brasil. (jmilleo@hotmail.com)

IIDepartamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná, Caixa Postal 19020, 81531-980 Curitiba, PR, Brasil. (lalmeida@ufpr.br)

RESUMO

Brachiacantha Chevrolat in Dejean, 1837, Hinda Mulsant, 1850, Cyra Mulsant, 1850 e Tiphysa Mulsant, 1850 foram estudados e é fornecida uma chave para os gêneros. Cleothera loricata Mulsant, 1850 é designada espécie-tipo de Cyra. O lectótipo de Brachiacantha sellata é designado. Três novas combinações são feitas: Cyra loricata (Mulsant, 1850), Cyra scapulata (Mulsant, 1853) e Cyra turbata (Mulsant, 1850). Estão incluídas diagnoses e ilustrações dos caracteres.

Palavras-chave: Lectótipo, Brachiacantha, Hinda, Cyra, Tiphysa.

ABSTRACT

Brachiacantha Chevrolat in Dejean, 1837, Hinda Mulsant, 1850, Cyra Mulsant, 1850 and Tiphysa Mulsant, 1850 were studied, and a key to genera is added. Cleothera loricata Mulsant, 1850 is designated type species of Cyra. The lectotype of Brachiacantha sellata is designated. Three new combinations are proposed: Cyra loricata (Mulsant, 1850), Cyra scapulata (Mulsant, 1853) and Cyra turbata (Mulsant, 1850). Diagnosis and illustrations of characters are provided.

Keywords: Lectotype, Brachiacantha, Hinda, Cyra, Tiphysa.

A subfamília Hyperaspinae foi estabelecida por DUVERGER (1989), que a dividiu em duas tribos, Hyperaspini e Brachiacanthini, esta última com os gêneros Brachiacantha Chevrolat in Dejean, 1837, Hinda Mulsant, 1850 e Cyra Mulsant, 1850. O gênero Tiphysa Mulsant, 1850, que anteriormente pertencia à tribo Hyperaspini, foi transferido por MILLÉO & ALMEIDA (2003) para Brachiacanthini. Estes quatro gêneros são constituídos por espécies predadoras com representantes principalmente neotropicais.

Com o objetivo de apresentar chave para o reconhecimento destes gêneros, analisou-se a espécie-tipo e estudou-se a morfologia comparada de nove espécies. Propõe-se a designação de Cleothera loricata Mulsant, 1850 como espécie-tipo do gênero Cyra e três combinações novas com diagnose e ilustração da genitália.

O material estudado pertence às seguintes instituições: The Natural History Museum, Londres, Inglaterra (BMNH); Coleção de Entomologia Pe. J. S. Moure, Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, Brasil (DZUP); Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil (MNRJ); University Museum of Zoology, Cambridge, Inglaterra (UMZC) e Zoologisk Museum, Universitetsparken, Copenhagen, Dinamarca (ZMUC).

Devido à dificuldade de se obter todas as espécies representantes de alguns dos gêneros, optou-se pelo estudo da espécie-tipo.

Os gêneros Brachiacantha, Cyra, Hinda e Tiphysa possuem em comum o corpo oval, com superfície dorsal glabra; olhos emarginados; antenas com 11 artículos; labro aparente, sub-retangular; mandíbulas assimétricas; último artículo do palpo maxilar securiforme; mento cordiforme; processo prosternal com duas carenas em forma de "V"; epipleura com escavação para recepção dos ápices femurais médio e posterior; abdome com sete esternitos visíveis no macho e seis na fêmea; genitália da fêmea com espermateca alantóide, com infundíbulo e coxitos transversais. Os gêneros diferem entre si principalmente pela coloração, forma da tíbia anterior, garras tarsais e pelo padrão de genitália.

Chave para identificação dos quatro gêneros neotropicais de Brachiacanthini

1. Coloração verde-azulada metálica (Fig. 1); tíbia anterior larga, com ângulo externo arredondado, desenvolvido e projeção foliácea apical evidente (Fig. 7) ......................................................................... Tiphysa Mulsant, 1850 1'.

Coloração predominante amarela, preta ou marrom, com máculas pretas ou amarelas; tíbia anterior de outra forma .................................................... 2

2.

Tíbia anterior sem ornamentação (Fig. 8) .......... Cyra Mulsant, 1850 (Figs. 2-4)

2'. Tíbia anterior com ornamentação ............................................................ 3 3. Tíbia anterior com longo espinho afilado no terço basal (Fig. 9) e escavação profunda para recepção dos tarsos; garras tarsais com dente basal interno foliáceo .............................. Brachiacantha Chevrolat in Dejean, 1837 (Fig. 5) 3'.

Tíbia anterior com borda anterior serrilhada (Fig. 10), com pequena projeção foliácea e escavação profunda para recepção dos tarsos; garras tarsais com dente basal subquadrado ................................... Hinda Mulsant, 1850 (Fig. 6)





Brachiacantha Chevrolat in Dejean, 1837

Brachiacantha CHEVROLAT IN DEJEAN, 1837:458; MELSHEIMER, 1847:178; LECONTE, 1852:130, 132 (em chave); BELICEK, 1976:292, 295, 319 (em chave); GORDON, 1985:556 (em chave); 1987:26 (cat.); FÜRSCH, 1989:6, 10; 1990:4, 8, 62 (cat.); DUVERGER, 1989:146; MILLÉO & ALMEIDA, 2000:69; ALMEIDA & MILLÉO, 2000:71.

Brachyacantha CHEVROLAT, 1842:705; MULSANT, 1850:520; CROTCH, 1873:377; 1874:210; CHAPUIS, 1876:228; GORHAM, 1894:184; WICKHAM, 1894:299, 304 (em chave); CASEY, 1899:116, 120 (em chave); BLATCHLEY, 1910:509 (em chave); LENG, 1911:279 (rev.); 1920:212; KORSCHEFSKY, 1931:202 (cat.); BLACKWELDER, 1945:448 (lista); WINGO, 1952:18, 27 (em chave); HATCH, 1961:161 (em chave); CHAPIN, 1966:280 (em chave); 1974:39, 44 (em chave); GORDON, 1987:26 (cat.).

Espécie-tipo: Coccinella dentipes Fabricius, 1801, por designação subseqüente de CROTCH (1873).

Este gênero apresenta distribuição neártica e neotropical e inclui 33 espécies descritas (BLACKWELDER, 1945). Distingue-se dos outros por apresentar longo e afilado espinho no terço basal da tíbia anterior e garras tarsais com dentes basais internos desenvolvidos e foliáceos.

Com base nos grupos discriminados por LENG (1911) e GORDON (1985) conclui-se que as quatro espécies estudadas estão incluídas nos seguintes grupos: B. bistripustulata (Fabricius, 1801) e B. dentipes pertencem ao grupo "1" e "2" de LENG (1911) e "dentipes" de Gordon (1985), por possuírem: tíbia anterior com projeção em forma de aba a partir do espinho, modificações no macho no 3º, 4º e 5º esternos abdominais e lobo-médio assimétrico com projeção lateral voltada para um dos lados. Brachiacantha sellata Mulsant, 1850 e B. bruchi Weise, 1906 pertencem ao grupo "6" de LENG (1911) e "ursina" de GORDON (1985), pois a tíbia anterior não possui a projeção em aba a partir do espinho; modificação abdominal apenas no 5º esterno e lobo-médio simétrico.

Brachiacantha dentipes (Fabricius, 1801)

(Figs. 5, 9)

Coccinella dentipes FABRICIUS, 1801:381 Brachiacantha dentipes DEJEAN, 1837:458; GORDON, 1985:564; DUVERGER: 1989:146.

Brachyacantha dentipes MULSANT, 1850:525; CROTCH, 1873:378; 1874:211; GORHAM, 1894:186; CASEY, 1899:120; LENG, 1911:300; KORSCHEFSKY, 1931:204; BLACKWELDER, 1945:449; WINGO, 1952:18; HATCH, 1961:161; CHAPIN, 1966:279; 1974:44; GORDON, 1987:26.

Brachyacantha socialis CASEY, 1899:119; WINGO, 1952:27 (sin.); GORDON, 1985:564.

Distribuição geográfica. Canadá, Estados Unidos e México.

Material examinado. ESTADOS UNIDOS, Utah: Willard, , 27.IV.1919, Brower col. (ZMUC).

Brachiacantha bistripustulata (Fabricius, 1801)

Coccinella bistripustulata FABRICIUS, 1801:383.

Brachyacantha bistripustula MULSANT, 1850:528; CASEY, 1899:120; LENG, 1911:290, 296; KORSCHEFSKY, 1931:203; BLACKWELDER, 1945:449.

Brachyacantha erythrocephala KORSCHEFSKY, 1931:203; BLACKWELDER, 1945:449.

Distribuição geográfica. México, Antilhas, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Costa Rica, Panamá, Trinidad e Tobago, Colômbia, Peru e Brasil.

Material examinado. HONDURAS, Tegucigalpa: Zamorano, , , 3.XII.1966 (MNRJ). BRASIL, 1ex. (UMZC).

Brachiacantha bruchi Weise, 1906

Brachyacantha bruchi WEISE, 1906a:196; Leng, 1911:293, 326; BRUCH, 1914:388; KORSCHEFSKY, 1931:204; BLACKWELDER, 1945:449.

Distribuição geográfica. Brasil e Argentina.

Material examinado. BRASIL, São Paulo: Campinas (Estação Experimental Loreto), , , 2.VIII.1935, Dr. A. Ogloblin col. (DZUP).

Brachiacantha sellata Mulsant, 1850

Brachyacantha sellata MULSANT, 1850:522; CROTCH, 1874:210; LENG, 1911:293, 325; WEISE, 1906a:196; KORSCHEFSKY, 1931:207; BLACKWELDER, 1945:449; GORDON, 1987:26.

Distribuição geográfica. Brasil.

Material-tipo. O síntipo de Brachiacantha sellata, com etiqueta manuscrita por Mulsant, foi estudado e está depositado no BMNH. O exemplar possui as seguintes etiquetas: [syntype] em azul, [1297 Brésil] em verde, [57 71] em azul claro, [f], [sellata Dej. Brésil] em verde, [named by Mulsant] e é aqui designado como lectótipo.

Material examinado. BRASIL, Lectótipo (BMNH); 1 ex., Pascoe col., 93-60 (BMNH); 2 exs. (BMNH); Pará: 1 ex. (BMNH); Espírito Santo: 2 exs., Fry col., 1905-100 (BMNH); Rio de Janeiro: 4 exs., Fry col., 1905-100 (BMNH); Rio de Janeiro (Represa Rio Grande), 2 exs., XII.1960, F. M. Oliveira col., Col. Campos Seabra (MNRJ); , Col. M. Alvarenga (DZUP); , 25.III.1961, Col. Campos Seabra (MNRJ). Sem procedência: 1 ex., 3261 (BMNH); 1 ex., Boweriing col., 63-47 (BMNH); 1 ex., Baly col. (BMNH).

Cyra Mulsant, 1850

Cyra MULSANT, 1850:544; CROTCH, 1874:213; KORSCHEFSKY, 1931:177 (sinonímia); CHAPIN, 1966:280 (em chave); DUVERGER, 1989:146; FÜRSCH, 1990:4, 62 (cat.); MILLÉO et al. 1997:391.

Espécie-tipo. Cleothera loricata Mulsant, 1850, aqui designada.

Este gênero não tem sido bem interpretado desde a citação de MULSANT (1850), que apenas comentou a forma do corpo ovalado e ao lado escreveu (G. Cyra), sem a descrição formal ou a inclusão de espécies. Como Cleothera loricata Mulsant, 1850 estava descrita logo abaixo da citação do gênero, alguns autores subseqüentes o consideraram válido, porém sem uma definição mais precisa.

DUVERGER (1989) comentou a falta da designação da espécie-tipo. Algumas espécies deste gênero já foram estudadas por MILLÉO et al. (1997) e, por esta ser a primeira espécie indicada para o gênero, fica designada Cleothera loricata como espécie-tipo do gênero Cyra.

Três espécies alocadas em Hyperaspis que estão sendo transferidos para Cyra, devido o formato alantóide da espermateca, têm distribuição neotropical: Cyra loricata (Mulsant, 1850), C. turbata (Mulsant, 1850) e C. scapulata (Mulsant, 1853). O gênero fica composto por sete espécies: C. ceciliae (Crotch, 1874), C. fuscomaculata (Mulsant, 1850), C. glyphica (Mulsant, 1850), C. hybridula (Crotch, 1874), C. loricata, C. scapulata e C. turbata.

Cyra loricata (Mulsant, 1850) comb. nov.

(Figs. 2, 3, 8)

Cleothera loricata MULSANT,1850:544; WEISE, 1906a:197. Hyperaspis loricata CROTCH, 1874:217; KORSCHEFSKY, 1931:191; BLACKWELDER, 1945:447; GORDON, 1987:27.

Diagnose. Comprimento: 5,5 mm, largura: 3,8 mm. Tegumento marrom-avermelhado escuro com máculas negras no pronoto e élitros. Pronoto: área central negra e duas faixas laterais marrom-alaranjadas, um pouco mais largas em direção ao ápice. Escutelo negro. Tíbia anterior com margem externa lisa (Fig. 8). Élitro com três máculas: a primeira sobre o calo umeral, oval, longitudinal; a segunda, na mesma direção da anterior mais na metade posterior elitral, oblíqua, acompanhando a direção da curvatura da margem elitral; a terceira, como uma faixa estendendo-se desde a base do escutelo, alargando-se no primeiro terço elitral e estreitando-se novamente até o ápice do élitro, formando uma faixa estreita na base do élitro, continuando-se da sutura elitral acompanhando a curvatura elitral até o início da segunda mácula (Fig. 2).

Genitália feminina. Coxitos largos com ápice franjado; espermateca alantóide muito estreita e curvada, com corno afilado e ramo muito pequeno; infundíbulo tricúspide de braços longos (Fig. 11).


Distribuição geográfica. Brasil e Argentina.

Material examinado. BRASIL, (UMZC).

Cyra turbata (Mulsant, 1850) comb. nov.

(Figs. 3, 12-14)

Cleothera turbata MULSANT, 1850: 601.

Hyperaspis turbata CROTCH, 1874:221; KORSCHEFSKY, 1931:198; BLACKWELDER, 1945:448; GORDON, 1987:27.

Diagnose. Comprimento: 3,5-4,6 mm, largura: 2,8-3,5 mm. Corpo oval, convexo. Tegumento: pronoto, escutelo e élitro marrom-avermelhados. Pronoto: macho com duas máculas amarelas laterais amplamente unidas, formando um pequeno prolongamento sobre a fronte até a metade do pronoto; fêmea com duas máculas laterais amarelas de bordas arredondadas e uma pequena mácula amarela alongada na região do ápice. Élitro com cinco máculas, a primeira basal, arredondada, próxima do escutelo; a segunda, arredondada, quase do mesmo tamanho da primeira e acompanhando a linha da sutura, no centro do disco elitral; a terceira subapical, oblíqua, alongada, acompanhando a curvatura do ápice elitral; a quarta, sub-retangular, basal, acompanhando a margem lateral sobre o calo umeral; a quinta, quadrangular, lateral, na metade elitral, ao lado da segunda mácula (Fig. 3).

Genitália. Macho: lobo-médio assimétrico, maior que os parâmeros, base larga, ápice com expansão lateral arredondada voltada para um dos parâmeros; parâmeros foliáceos, largos, com ápices arredondados e cerdas longas nas bordas (Fig. 12). Sifão alongado, curvo, base prolongada e ápice com espícula evidente (Fig. 13). Fêmea: coxitos largos, subtriangulares, com ápice franjado; espermateca alantóide, curvada, com corno afilado e ramo evidente; infundíbulo bicúspide com braços estreitos e longos (Fig. 14).

Variação. O tegumento pode ser negro e as máculas alaranjadas. Na fêmea, o pronoto tem a mácula amarela apical dividida pela área central negra que se estende até o ápice. A quarta e a quinta máculas dos élitros podem ser unidas lateralmente.

Distribuição geográfica. Brasil.

Material examinado. BRASIL, Santa Catarina: Seara (Nova Teutônia), , XI.1968, Fritz Plaumann col. (DZUP); , Fritz Plaumann col. (DZUP); 1 ex. (UMZC). Sem procedência, 1 ex. (UMZC).

Cyra scapulata (Mulsant, 1853) comb. nov.

(Figs. 14-17)





Cleothera scapulata MULSANT,1853:209.

Cleothera mercabilis MULSANT,1853:221.

Hyperaspis mercabilis CROTCH, 1874:228; KORSCHEFSKY, 1931:195 (sin.); GORDON, 1987:29.

Hyperaspis scapulata WEISE, 1906b:229; BLACKWELDER, 1945:448 Hyperaspis (Cleothera) scapulata WEISE, 1911:58.

Diagnose. Comprimento: 3,1-3,6 mm, largura: 2,3-2,8 mm. Tegumento: pronoto, escutelo e élitro negros. Pronoto com duas máculas laterais, alargadas na base, quase atingindo o ápice. Élitro com três máculas, a primeira basal, iniciando-se próximo ao escutelo, semi-circular, estreitando-se em direção ao calo umeral, seguindo paralela à margem lateral até a metade elitral, onde se expande abruptamente formando uma mácula subtriangular com ponta estendendo-se até quase atingir a segunda mácula, esta trapezoidal; terceira mácula subapical, oblíqua, alongada, acompanhando a curvatura do ápice elitral (Fig. 4).

Genitália. Macho: lobo-médio simétrico, menor que os parâmeros, base larga, ápice arredondado, de lados quase paralelos; parâmeros foliáceos, largos, com ápices arredondados e bordas rodeadas por cerdas longas e poucas cerdas internamente (Fig. 15). Sifão alongado, curvo, com ápice apresentando expansões membranosas arredondadas (Fig. 17). Fêmea: coxitos largos com ápice franjado; espermateca alantóide, curta, com corno truncado, ramo evidente; infundíbulo tricúspide com braço medial mais longo que os laterais (Fig. 16).



Variação. Nos exemplares da Argentina, a primeira mácula basal (Fig. 4) está separada lateralmente da do calo umeral, formando uma quarta mácula. Nos espécimes procedentes do Chile, a segunda mácula está unida à expansão da primeira.

Distribuição geográfica. Brasil, Chile e Argentina.

Material-tipo. Lectótipo de Cleothera scapulata, do Brasil, designado por GORDON (1987), depositado no UMZC, examinado, porta as seguintes etiquetas: [TYPE] em azul, [TYPE scapulata Bras] no verso [Chevrol], [LECTOTYPE Hyperaspis scapularis MULS GORDON, 1970], [LECTOTYPE Cleothera scapulata MULS, 1853 GORDON, 1987].

Material examinado. BRASIL, Lectótipo (UMZC); 1 ex. (UMZC). CHILE, 1 ex. (UMZC). ARGENTINA, Buenos Aires: Tigre, , , IV.1938, M. J. Viana col. (MNRJ).

Hinda Mulsant, 1850

Hinda MULSANT, 1850:518; CROTCH, 1874:213; CHAPUIS, 1876:232; WEISE, 1911:59; KORSCHEFSKY, 1931:177 (cat.); BLACKWELDER, 1945:446 (cat.); CHAPIN, 1966:280; GORDON, 1987:26 (cat.); FÜRSCH, 1989:6; 1990:4, 11 (cat.); DUVERGER, 1989:143; MILLÉO et al., 1997:391; ALMEIDA & MILLÉO, 2000:68 (rev.).

Hynda WEISE, 1895:127.

Espécie-tipo. Hinda designata Mulsant, 1850 por monotipia (Figs. 4, 16).

O gênero Hinda é muito característico por apresentar a tíbia anterior com margem externa serrilhada (Fig. 10). Este gênero foi revisado por Almeida & Milléo (2000), que incluíram chave de identificação para as dez espécies: H. buqueti (Mulsant, 1850), H. decas Weise, 1902, H. decemverrucata (Mulsant, 1850); H. designata Mulsant, 1850 (Fig. 6); H. humerata (Mulsant, 1850); H. joeli Almeida & Milléo, 2000; H. modesta Weise, 1910; H. regularis (Erichson, 1847); H. terminata (Gorham, 1894) e H. uncinata (Mulsant, 1853).

Tiphysa Mulsant, 1850

Tiphysa MULSANT, 1850:517; CROTCH, 1874:210; CHAPUIS, 1876:228, 232; KORSCHEFSKY, 1931:208 (cat.); BLACKWELDER, 1945:449 (lista); GORDON, 1987:26 (cat.); FÜRSCH, 1989:6, 20; 1990:4, 17, 62 (cat.); DUVERGER, 1989:146; MILLÉO & ALMEIDA, 2003:274 (rev.).

Espécie-tipo: Tiphysa plumbea Mulsant, 1850 designação por monotipia.

Composto por duas espécies, Tiphysa plumbea Mulsant, 1850 (Fig. 1) e T. egae Crotch, 1874, este gênero foi revisado por Milléo & Almeida (2003). Externamente Tiphysa, pela coloração e tamanho, assemelha-se ao gênero Thalassa Mulsant, 1850, da tribo Hyperaspini. Contudo, Thalassa apresenta o corpo mais arredondado, ausência da emarginação dos olhos, a tíbia anterior é estreita com ângulo externo liso e a espermateca é globular, sem infundíbulo.

Agradecimentos. Aos curadores das coleções pelo empréstimo de material para estudo; ao CNPq pela concessão das bolsas de doutorado (JM) e produtividade em pesquisa (LMA); a Dra. Iracilda Maria de Moura Lima pela revisão crítica do artigo.

Recebido em junho de 2006. Aceito em maio de 2007.

  • ALMEIDA, L. & MILLÉO J. 2000. Review of the genus Hinda Mulsant (Coleoptera, Coccinellidae Hyperaspinae, Brachiacanthadini). The Coleopterists Bulletin 54(1):68-87.
  • BELICEK, J. 1976. Coccinellidae of western Canada and Alaska with analyses of the transmontane zoogeographic relationships between the fauna of British Columbia and Alberta (Insecta: Coleoptera: Coccinellidae). Quaestiones Entomologicae 12:283-409.
  • BLACKWELDER, R. E. 1945. Checklist of the coleopterous insects of Mexico, Central America, the West Indies, and South America. Bulletin of the United States National Museum 185(3):343-550.
  • BLATCHLEY, W. S. 1910. The Coleoptera or beetles of Indiana. Bulletin of the Indiana Department of Geology and Natural Resources 1:1-1386.
  • BRUCH, C. 1914. Catálogo sistemático de los coleópteros de la República Argentina. Revista del Museo de La Plata 19:346-441.
  • CASEY, T. L. 1899. A revision of the American Coccinellidae. Journal of the New York Entomological Society 7:71-169.
  • CHAPIN, E. A. 1966. A new species of myrmecophilous Coccinellidae with notes on other Hyperaspini (Coleoptera). Psyche 73:278-283.
  • CHAPIN, J. B. 1974. The Coccinellidae of Louisiana (Insecta: Coleoptera). Louisiana State University Agricultural Experiment Station, Bulletin 682:1-87.
  • CHAPUIS, F. 1876. Histoire naturelle des insectes. Genera des Coléoptères. Paris, 12:1-424.
  • CHEVROLAT, L. A. 1842. In: dOrbigny, Dictionnaire Universel dHistoire Naturelle v.2. Paris, 796p.
  • CROTCH, G. R. 1873. Revision of Coccinellidae of the United States. Transactions of the American Entomological Society 4:363-382.
  • ___. 1874. A revision of the Coleopterous Family Coccinellidae London, E. W. Janson, 311 p.
  • DEJEAN, P. F. M. A. 1837. Catalogue des Coléoptères de la Collection de M. le comte Dejean v.5. Paris, 503p.
  • DUVERGER, C. 1989. Contribution à létude des Hyperaspinae. 1ère note. Bulletin de la Société Linnéenne de Bordeaux 17(3):143-157.
  • FABRICIUS, J. C. 1801. Systema eleutheratorum 1:1-506.
  • FÜRSCH, H. 1989. Newsletter for Systematic research in Coccinellids. 1(1):1-42.
  • ___. 1990. Newsletter for Systematic research in Coccinellids. 2(1):1-63.
  • GORDON, R. D. 1985. The Coccinellidae (Coleoptera) of America North of Mexico. Journal of the New York Entomological Society 93(1):352-599.
  • ___. 1987. A catalogue of the Crotch collection of Coccinellidae (Coleoptera). Occasional Papers on Systematic Entomology 3:1-46.
  • GORHAM, H. S. 1894. In: Biologia Centrali-Americana Insecta, Coleoptera, Coccinellidae 7:177-208.
  • HATCH, M. H. 1961. The beetles of the Pacific Northwest, part III: Pselaphidae and Diversicornia Seattle, University Washington. 503p.
  • KORSCHEFSKY, R. 1931. Coccinellidae I. In: Coleopterorum Catalogus Berlin, W. Junk. 118. 224p.
  • LECONTE, J. L. 1852. Remarks upon the Coccinellidae of the United States. Proceedings of the Academy of Natural Sciences of Philadelphia 6:129-145.
  • LENG, C. W. 1911. The species of Brachyacantha of North and South America. Bulletin of the American Museum of Natural History 30:279-333.
  • ___. 1920. Catalogue of the Coleoptera of America, north of Mexico New York, Mount Vernon, 470p.
  • MELSHEIMER, F. E. 1847. Descriptions of new species of Coleoptera of the United States. Proceedings of the Academy of Natural Sciences of Philadelphia 3:158-181.
  • MILLÉO, J. & ALMEIDA, L. M. 2000. Revisão do gênero Corystes Mulsant (Coleoptera, Coccinellidae, Hyperaspinae, Hyperaspini). Revista Brasileira de Zoologia 17(1):65-74.
  • ___. 2003. Revision of the genus Tiphysa Mulsant (Coleoptera, Coccinellidae, Hyperaspidinae). The Coleopterists Bulletin 57(3):274-280.
  • MILLÉO, J.; ALMEIDA, L. M. & LIMA, I. M. M. 1997. Contribuição ao estudo de Brachiacanthadini (Coleoptera, Coccinellidae, Hyperaspinae). Revista Brasileira de Zoologia 14(2):391-405.
  • MULSANT, M. E. 1850. Species des coléoptères triméres sécuripalpes. Annales des Sciences Physiques et Naturelles de Lyon 2:1-1104.
  • ___. 1853. Supplément a la monographie des coléoptères triméres sécuripalpes. Annales des Sciences Physiques et Naturelles de Lyon 2:129-334.
  • WEISE, J. 1895. Neue Coccinelliden, sowie Bemerkungen zu bekannten Arten. Annales de la Société Entomologique de Belgique 39:120-146.
  • ___. 1906a. Coccinellidae in Argentina, Chili et Brasilia e collectione domini Caroli Bruchi. Revista del Museo de La Plata 11:193-198.
  • ___. 1906b. Hispinae, Coccinellidae et Endomychidae Argentinia et vecinitate e colectione Bruchiana. Revista del Museo de La Plata 12:219-231.
  • ___. 1911. Aufzaehlung von Coccinellen aus dem Museu Paulista. Revista do Museu Paulista 8:54-63.
  • WICKHAM, H. F. 1894. The Coleoptera of Canada. The Canadian Entomologist 26:297-306.
  • WINGO, C. W. 1952. The Coccinellidae (Coleoptera) of the upper Mississsipi Basin. Journal of the Iowa Academy of Science 27:15-53.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    30 Jan 2008
  • Data do Fascículo
    Dez 2007

Histórico

  • Aceito
    Maio 2007
  • Recebido
    Jun 2006
Museu de Ciências Naturais Museu de Ciências Naturais, Secretária do Meio Ambiente e Infraestrutura, Rua Dr. Salvador França, 1427, Jardim Botânico, 90690-000 - Porto Alegre - RS - Brasil, Tel.: + 55 51- 3320-2039 - Porto Alegre - RS - Brazil
E-mail: iheringia-zoo@fzb.rs.gov.br