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Novos táxons em Hemilophini (Coleoptera, Cerambycidae) com única carena elitral

New taxa in Hemilophini (Coleoptera, Cerambycidae) with a single elytral carina

Resumo

New taxa described from Bolivia (Santa Cruz): Canarana roseicollis sp. nov., Gagarinia melasma sp. nov., Hemioloapis ybyra sp. nov.; from Ecuador (Napo): Adesmus paradiana sp. nov., Hemiloapis endyba sp. nov; from Costa Rica: Sybaguasu cupreum sp. nov.; from Costa Rica and Panama: Cotycuara gen. nov., type species, C. albomarginata sp. nov.; Iatuca gen. nov., type species, I. brevicornis sp. nov. A key to the species of Hemiloapis Galileo & Martins, 2004 is added.

Cotycuara; Iatuca; Lamiinae; Neotropical; taxonomy


Cotycuara; Iatuca; Lamiinae; Neotropical; taxonomy

Novos táxons em Hemilophini (Coleoptera, Cerambycidae) com única carena elitral

New taxa in Hemilophini (Coleoptera, Cerambycidae) with a single elytral carina

Maria Helena M. GalileoI, III; Ubirajara R. MartinsII, III

IMuseu de Ciências Naturais, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, Caixa Postal 1188, 90001-970 Porto Alegre, RS, Brasil

IIMuseu de Zoologia, Universidade de São Paulo, Caixa Postal 42494, 04218-970 São Paulo, SP, Brasil

IIIPesquisador do CNPq

ABSTRACT

New taxa described from Bolivia (Santa Cruz): Canarana roseicollis sp. nov., Gagarinia melasma sp. nov., Hemioloapis ybyra sp. nov.; from Ecuador (Napo): Adesmus paradiana sp. nov., Hemiloapis endyba sp. nov; from Costa Rica: Sybaguasu cupreum sp. nov.; from Costa Rica and Panama: Cotycuara gen. nov., type species, C. albomarginata sp. nov.; Iatuca gen. nov., type species, I. brevicornis sp. nov. A key to the species of Hemiloapis Galileo & Martins, 2004 is added.

Keywords:Cotycuara, Iatuca, Lamiinae, Neotropical, taxonomy.

INTRODUÇÃO

A tribo Hemilophini envolve mais de duas centenas de espécies e 101 gêneros (MONNÉ & HOVORE, 2003) e, ao que parece, ainda está muito aquém do conhecimento de seus táxons. Objetiva-se descrever mais oito novas espécies e dois gêneros inéditos.

Para tanto, recebeu-se material de Jim Wappes, American Coleoptera Museum, que reuniu material de R. H. Turnbow e R. F. Morris e determinou o depósito dos holótipos no National Museum of Natural History, Washington; Frank T. Hovore, que reuniu as coleções do Inventário Faunístico da Costa Rica, Museu Nacional da Costa Rica e a ex-coleção de E. F. Giesbert e determinou que os holótipos contidos na sua coleção devem ser destinados à California Academy of Sciences, San Francisco. Os espécimes tratados são procedentes da Costa Rica, Panamá, Equador e Bolívia.

As siglas citadas no texto correspondem: American Coleoptera Museum, Bulverde, Texas (ACMB); California Academy of Sciences, San Francisco (CASC); Coleção F. T. Hovore, Santa Clarita, California (FTHC); Coleção R. F. Morris, Lakeland, Florida (RMLF); Coleção R. H. Turnbow, Fort Rucker, Alabama (RHTC); Instituto Nacional de Biodiversidad, Santo Domingo de Heredia, Costa Rica (INBIO); Museu de Ciências Naturais, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre (MCNZ); Museu Nacional da Costa Rica, San José (MNCR); Museu de Zoologia, Universidade de São Paulo, São Paulo (MZSP) e National Museum of Natural History, Washington (USNM).

Iatuca gen. nov.

Etimologia. Tupi, iatuca = curto. Alusivo ao comprimento das antenas.

Espécie-tipo. Iatuca brevicornis sp. nov.

Mandíbulas com ápice agudo. Fronte dos machos sem projeções. Olhos não divididos; lobos oculares superiores tão distantes entre si quanto o quádruplo da largura de um lobo () ou com o dobro da largura de um lobo (); lobos oculares inferiores tão longos quanto as genas. Antenas dos machos atingem o terço apical dos élitros. Escapo um terço mais curto que o antenômero III, atinge a orla anterior do protórax. Antenômero III não espessado, com franja de pêlos esparsos no lado interno; IV a XI com comprimentos gradualmente decrescentes. Protórax mais largo do que longo. Lados do protórax com uma projeção tuberculiforme, pequena, no nível do quarto basal e depois acentuadamente estreitados, assim a base do pronoto é a região mais estreita. Carena umeral dos élitros da base até o sexto apical; dorso dos élitros sem irregularidades; extremidades emarginadas com espinho curto no lado externo e no ângulo sutural. Urosternitos III-IV com manchas de pubescência densa (manchas lampiróides). Garras tarsais com dente interno subigual ao externo.

Discussão. Iatuca gen. nov. difere de Canarana Martins & Galileo, 1992 pelo tubérculo lateral do protórax muito próximo da base, pelo antenômero III dos machos não engrossado, pelas antenas que não atingem o ápice dos élitros e pela presença de manchas lampiróides nos urosternitos; de Melzerina Lane, 1966 difere pela posição mais posterior do tubérculo lateral do protórax, pelo antenômero III um terço mais longo do que o escapo; pelo pronoto sem tubérculos; pelo ápice dos élitros com projeções nos ângulos sutural e externo. Em Canarana, o tubérculo lateral do protórax é desenvolvido e situa-se no meio (fig. 2); as antenas dos machos são mais longas do que o corpo; o antenômero III é engrossado e os urosternitos não têm manchas lampiróides. Em Melzerina, o comprimento do antenômero III é maior que o dobro do escapo; pronoto com dois tubérculos látero-anteriores pouco elevados e o ápice elitral é arredondado.



Iatuca brevicornis sp. nov.

(Fig. 1)

Etimologia. Latim, brevis = curto; cornu = chifre. Alusivo às antenas curtas.

Cabeça com tegumento preto. Fronte e genas cobertas por pubescência branco-amarelada. Vértice com faixas de pubescência amarelada gradualmente alargadas para trás. Antenas pretas; lado interno do terço apical do escapo, base do pedicelo e dos antenômeros III-X com anel de tegumento amarelado. Pronoto com faixa centro-longitudinal preta que se alarga por toda a base; no lado externo da metade anterior da faixa central, área coberta por pubescência esbranquiçada; lados do pronoto cobertos por pubescência rósea que envolve mancha de pubescência branca; partes laterais do protórax com pubescência rósea. Prosterno, mesosterno e base do metasterno amarelados. Mesepisternos, mesepimeros, metepisternos e metasterno, pretos. Élitros com tegumento preto coberto por pubescência esbranquiçada; friso sutural estreitamente coberto por pubescência branco-amarelada mais densa; margem abaixo da carena umeral com pubescência branco-amarelada até quase o ápice. Pro- e mesofêmures com tegumento amarelado. Metafêmures pretos no meio e amarelados nos extremos apical e basal. Protíbias pretas e, na margem interna, amareladas. Meso- e metatíbias pretas com a base interna amarelada. Tarsômeros I, II e V pretos com base amarelada. Urosternitos I e II pretos, urosternitos III a V com densa pubescência amarelada.

Dimensões em mm, respectivamente /. Comprimento total, 11,3/10,4; comprimento do protórax, 2,1/2,0; maior largura do protórax, 3,1/2,8; comprimento elitral, 8,6/7,6; largura umeral, 3,4/3,2.

Material-tipo. Holótipo , PANAMÁ, Panamá: 8-10 N El Llano, 24.V-2.VI.1992, E. Giesbert col. (FTHC). Parátipos: COSTA RICA, Puntarenas: Peninsula de Osa (Corcovado National Park), , 21-30.XI.1977, D. H. Janzen col., INBIO 001 686693 (INBIO); Santa Elena (6 km S, 1100 m), , , 22.VIII.1987. H. & A. Howden col. (MZSP, FTHC); Guanacaste: Cerro El Hacha (12 km SE La Cruz, 300 m), , XI-XII.1991, E. Spinoza col. (L-N 329200, 368000) (INBIO); Est. Los Almendros (Parque Nacional Guanacaste, 300 m), , 04-20.XI.1994, E.E. López col. (334800 -369800 # 3324) (MCNZ).

Canarana roseicollis sp. nov.

(Fig. 2)

Cabeça com tegumento castanho. Pubescência amarelada: fronte, genas e faixa atrás dos lobos oculares superiores gradualmente alargada para trás. Antenas não atingem o ápice dos élitros (fêmea). Escapo enegrecido no lado externo; pedicelo e flagelômeros acastanhados com anel basal branco. Protórax com grande tubérculo lateral pouco atrás do meio. Centro do pronoto acastanhado, essa área mais alargada anteriormente e gradualmente estreitada para a base; região basal transversalmente castanha revestida por pubescência esparsa esbranquiçada; lado externo da área central com pubescência rósea; tubérculo lateral revestido por pubescência branca. Partes laterais do protórax com mancha grande, anterior de pubescência rósea. Pronoto regularmente convexo. Escutelo e estreita área circum-escutelar amarelados. Élitros acastanhados com pubescência branca sobre o friso sutural e entre a carena e a epipleura. Extremidades dos élitros transversalmente truncadas com espículo externo. Carena manifesta do úmero até o sexto apical. Mesosterno amarelado. Metasterno, metepisternos, urosternitos I e V com tegumento castanho; urosternitos II-IV com pubescência amarela, densa. Pro- e mesofêmures amarelados; metafêmures amarelados e acastanhados no meio da face externa. Protíbias pretas junto à margem interna; mesotíbias pretas junto à margem externa. Tarsos amarelados.

Dimensões em mm. Comprimento total, 11,2; comprimento do protórax, 2,0; maior largura do protórax, 3,3; comprimento do élitro, 8,5; largura umeral, 3,5.

Material-tipo. Holótipo , BOLÍVIA, Santa Cruz: Buena Vista (4 a 6 km SSE, Hotel Flora e Fauna), 1-4.V.2003, R. Clark col. (USNM).

Discussão. Canarana roseicollis sp. nov. separa-se das espécies do gênero pelo colorido róseo nos lados do pronoto e pelas manchas de pubescência amarela, compacta, nos urosternitos II-IV.

Cotycuara gen. nov.

Etimologia. Tupi, coty = ao lado de; alusivo à semelhança com o gênero Poticuara Martins & Galileo, 1991.

Espécie-tipo, Cotycuara albomarginata sp. nov.

Fronte dos machos sem projeções; tubérculos anteníferos não projetados e distantes; vértice não deprimido. Mandíbulas com ápice acuminado. Lobos oculares superiores, nos machos, pouco mais afastados entre si do que a largura de um lobo; nas fêmeas, tão afastados entre si quanto o dobro da largura de um lobo. Antenas com 11 artículos; nos machos, atingem o ápice dos élitros na ponta do antenômero VIII e, nas fêmeas, pouco mais curtas que o corpo. Escapo cilíndrico, ultrapassa a margem anterior do pronoto; cerca de 0,8 vezes o comprimento do antenômero III. Antenômero III linear, um terço mais longo que o IV, não engrossado e com franja interna de pêlos esparsos. Protórax tronco-cônico, sem gibosidade pronunciada nos lados. Pronoto convexo. Processo prosternal laminiforme entre as procoxas. Processo mesosternal muito estreito, com um quarto da largura de uma mesocoxa. Metasterno com sulco na sutura metasternal e esse sulco mais profundo na parte posterior e acentuadamente elevado nos lados; nas fêmeas, a sutura metasternal é aprofundada e posteriormente não tem elevações nos lados. Élitros com carena umeral prolongada até o sexto apical; epipleura com franja de pêlos; extremidades arredondadas. Fêmures com lados paralelos. Unhas tarsais com garra interna tão longa quanto a externa.

Discussão. Cotycuara gen. nov. assemelha-se a Poticuara MARTINS & GALILEO, 1991 pelo sulco longitudinal no metasterno dos machos. Desconhecem-se as fêmeas de Poticuara mas, a exemplo de Cotycuara, podem apresentar metasterno com sulco longitudinal não elevado nos lados posteriormente. Cotycuara difere de Poticuara (Martins & Galileo, 1991:612, fig.4) pelos élitros sem costas no dorso e não alargado lateralmente no terço apical e pelo antenômero III não engrossado nas antenas do macho.

Cotycuara albomarginata sp. nov.

(Fig. 3)

Etimologia. Latim, albo = branco; marginata = dotado de uma margem. Alusivo às margens pronotais e elitrais com pubescência branca.

Macho. Cabeça com tegumento preto, revestida por pubescência branca exceto pequena mancha atrás dos lobos oculares inferiores e duas faixas largas atrás dos lobos oculares superiores. Antenas pretas, exceto mancha no lado interno do escapo, amarelada. Metade basal do pedicelo, anel basal e metade apical do antenômero III, antenômeros IV-VI menos o ápice e o anel basal do antenômero VII, amarelados. Protórax preto; lados do protórax com faixa longitudinal de pubescência branca continuada pela parte dorsal dos mesepisternos, mesepimeros e margem lateral dos élitros onde os pêlos são mais longos. Élitros com friso sutural branco. Coxas e trocanteres amarelados; fêmures amarelados com o extremo apical preto; tíbias pretas com o lado interno das bases amarelado; metade basal dos tarsômeros amarelada e metade apical preta.

Fêmea. Pubescência de maneira geral branco-amarelada; faixa lateral de pubescência amarelada do protórax invade acentuadamente o pronoto. Antenas muito delgadas; pretas com a metade interna do escapo e do antenômero III amareladas; antenômeros IV e V amarelados com o ápice preto; antenômeros VI e VII com a metade basal amarelada; antenômero VIII com anel basal amarelado.

Dimensões em mm, /. Comprimento total, 10,0-10,1/10,5; comprimento do protórax, 1,6-1,8/1,9; largura apical do protórax, 1,8-2,0/2,2; largura basal do protórax, 2,1-2,3/2,4; comprimento do élitro, 7,5-7,8/7,8; largura umeral, 2,7-2,8/2,9. No macho com 10,0 de comprimento, comprimento do escapo, 1,8; antenômero III, 2,2.

Material-tipo. Holótipo , COSTA RICA, Puntarenas: Monteverde, 19-26.IV.1988, E. Giesbert col. (CASC). Parátipos: COSTA RICA, Puntarenas: Monteverde ("cloud forest"), 2 , 22-24.V.1985, F. T. Hovore col. (FTHC, MZSP); La Palma (não localizada, existem três topônimos com essa denominação), , 1931 (MNCR); PANAMÁ, Chiriqui: 7 km NE Fortuna Dam (3000 pés), , 18.V.1987, E. Giesbert col. (FTHC); Continental Divide Trail (8°47'N, 82°12'W, 1268 m), , 3.VII.1997, R. Turnbow col. (RHTC); , 11-15.V.1999, Morris & Wappes col. (RFMC); , 12-14.V.1999, Wappes & Morris col. (ACMB).

Sybaguasu cupreum sp. nov.

(Fig. 4)

Cabeça, protórax e face ventral com tegumento avermelhado. Cabeça revestida por pubescência amarelada visível conforme a incidência da luz. Antenas, nos machos, atingem o ápice dos élitros, aproximadamente, no ápice do antenômero VIII e, nas fêmeas, do mesmo comprimento do corpo. Antenas pretas ou com o escapo avermelhado. Antenômeros V e VI brancos; nos machos, metade basal do VII branca e, nas fêmeas, o VII branco com o ápice preto; franja interna, nos machos, com pêlos apenas mais esparsos do que nas fêmeas. Protórax mais estreito na base principalmente nas fêmeas. Pronoto com pubescência amarelada de distribuição variável: faixa longitudinal de cada lado ou com uma adicional no centro. Partes laterais do protórax com faixa longitudinal avermelhada recoberta por pubescência amarelada mais esparsa. Metasterno com áreas de tegumento preto. Metepisternos e lados do metasterno com pontos muito esparsos. Élitros com tegumento preto revestidos por pubescência vermelho-acobreada e brilhante. Carena umeral estende-se até perto do ápice. Extremidades dos élitros emarginadas com espinho no ângulo marginal. Urosternitos IV e V revestidos por pubescência amarelada, densa, apenas nas fêmeas. Fêmures desde inteiramente avermelhados até pretos com base avermelhada. Tíbias inteiramente pretas ou com base e ápice avermelhados ou totalmente avermelhadas. Tarsos pretos.

Dimensões em mm, / respectivamente. Comprimento total, 11,1-12,3/12,4; comprimento do protórax, 2,0-2,2/2,3; maior largura do protórax, 2,2-2,4/2,8; comprimento do élitro, 8,5-9,2/9,1; largura umeral, 2,4-3,3/3,2.

Material-tipo. Holótipo , COSTA RICA, Puntarenas: Monteverde (cloud forest), 5-7.V.1968, F. T. Hovore col. (CASC). Parátipos: COSTA RICA, Heredia: Vara Blanca (6 km ENE, 1950-2050 m, 10°11'N, 84°07'W, INBIO-OET-ALAS transect), , 9.IV.2002, 20/M/16/076 transect (MZSP); , ditto, 20/M/13/073 transect (MCNZ);, ditto, 20/M/12/072 transect (FTHC); , ditto, 20/M/17/077 transect (INBIO); , , ditto, 22.III.2002, 20/M/01/041 transect (INBIO,MZSP); Puntarenas: Pr Monteverde, , 12-15.VI.1996, F. T. Hovore col (FTHC); Guanacaste: Tenorio (Rio San Lorenzo, 1050 m, Tierras Morenas),, 23.III-21.IV.1992, M. Segura col. (L-N 287800.427600) (INBIO); ditto, (Cordillera Guanacaste), ,VII.1991, C. Alvarado col. (L-N- 287800, 427600) (INBIO); Estación Cacao (SW side Volcán Cacao, 1000-1400 m), , , 1988-1989, GNP Biodiv. Survey (323300, 375700) (, MCNZ; , INBIO); ditto, , V.1991, Elfin rainforest 91 (L-N-323300, 375700) (FTHC); ditto, , 21-29.V.1992, M.A. Zumbado col. (L-N 323300, 375700) (MZSP); ditto, , V.1992, III curso Parataxon. col. (L-N 323700, 376700) (INBIO).

Discussão. Sybaguasu cupreum sp. nov. assemelha-se a S. anemum Martins & Galileo pelo antenômero VI inteiramente branco e difere pela pubescência vermelho-acobreada que recobre os élitros; pela franja de pêlos no lado interno dos antenômeros mais esparsa e pela coloração dos fêmures inteiramente avermelhados ou com partes avermelhadas. Em S. anemum, os élitros são recobertos por pubescência castanho-escura; a franja interna dos antenômeros é muito densa e os fêmures são pretos.

Gagarinia melasma sp. nov.

(Fig. 5)

Etimologia. Grego, melasma = mancha preta. Alusivo às duas pequenas manchas da base dos élitros.

Cabeça com tegumento avermelhado, recoberto por pubescência branco-amarelada; mais larga que o protórax no nível dos lobos oculares inferiores. Labro com área central deprimida, elíptica e pubescente. Fronte e vértice pontuados. Antenas com 12 artículos; escapo avermelhado com ápice preto; pedicelo e flagelômeros alaranjados. Protórax avermelhado; lados do pronoto com faixa larga de pubescência branco-amarelada da base até quase o ápice; uma gibosidade muito pouco elevada no meio; pontuação fina. Élitros com tegumento avermelhado, cada um com uma pequena mancha circular preta, dorsal, no sexto basal; uma mancha de pubescência compacta, branco-amarelada, dorsal, no meio, precedida e seguida por áreas triangulares pretas; mancha alongada de pubescência compacta branco-amarelada, dorsal, no sexto apical. Carena umeral da base até o quarto apical. Extremidades elitrais obliquamente truncadas e desarmadas. Mesepimeros pontuados. Metade posterior dos metepisternos e lados do mestasterno com grande mancha de pubescência compacta branco-amarelada. Pernas vermelho-alaranjadas. Dente interno da garra tarsal com o mesmo comprimento do externo. Face ventral do corpo avermelhada. Urosternito I com pequena mancha lateral de pubescência branco-amarelada compacta. Urosternitos II-V com manchas de pubescência compacta branco-amarelada gradualmente maiores.

Dimensões em mm. Comprimento total, 12,9; largura da cabeça, 3,4; comprimento do protórax, 2,7; maior largura do protórax, 2,7; largura da constrição basal do protórax, 2,4; comprimento do élitro, 9,0; largura umeral, 3,5.

Material-tipo. Holótipo , BOLÍVIA, Santa Cruz: Buena Vista (4-6 km SSE, Hotel Flora e Flora), 17-25.IX.2003, R. Clark col. (USNM).

Discussão. Gagarinia melasma tem colorido característico pela cabeça sem revestimento de pubescência branca, pelas duas faixas de pubescência branco-amarelada nos lados do protórax e pela presença de quatro manchas de pubescência branco-amarelada nos élitros. Em Gagarinia borgmeieri (Bondar, 1938), G. aureolata Lane, 1950 e G. miszechii (Chabrillac, 1857), a cabeça tem pubescência branca, principalmente, no vértice; o protórax só tem duas faixas de pubescência branca em G. miszechii, mas são bordejadas internamente por colorido preto e vão da base até o ápice; os élitros de todas as espécies do gênero têm seis manchas de pubescência branca.

Adesmus paradiana sp. nov.

(Fig. 6)

Etimologia. Grego, para = perto; alusivo à semelhança com Adesmus diana (Thomson, 1860).

Colorido geral castanho-avermelhado; flagelômeros e pernas amareladas. Região posterior do vértice e occipício com faixa transversal de pubescência compacta e branca. Pronoto com quatro pequenas manchas de pubescência branca: duas no nível do estreitamento anterior e duas na base mais próximas entre si do que as anteriores. Lados do pronoto e partes laterais do protórax cobertas por pubescência branca. Cada élitro com áreas e manchas de pubescência branca: (1) faixa transversal localizada junto à base, algo sinuosa, que envolve o escutelo e vai até a carena umeral; (2) duas manchas circulares no meio, uma mais próxima da sutura e a outra perto da carena umeral e situada para trás da anterior; (3) mancha junto da sutura no terço apical; (4) faixa ante-apical em forma de "C" que atinge a carena umeral para além da qual emite um ramo curto até a margem; (5) mancha pequena subumeral ao lado dos élitros. Na face ventral, a pubescência branca recobre o lado externo das procoxas, mesepimeros e mesepisternos; mancha da base ao meio dos metepisternos; lado externo das mesocoxas e grande mancha nos lados do metasterno do terço anterior até o meio; pequena mancha branca nos lado dos urosternitos III e IV.

Dimensões em mm. Comprimento total, 11,6; comprimento do protórax, 2,1; maior largura do protórax, 2,6; comprimento do élitro, 8,3; largura umeral, 3,4.

Material-tipo. Holótipo , EQUADOR, Napo: Reserva Étnica Waorani (1 km S Onkone Gare Camp, 00°39'10"S, 76°26'W, 220 m, Trans. Ent.), 26.VI.1996, T. L. Erwin et al. col., "insecticidal fogging of mothly bare green leaves, some with covering of lichenous or bryophytic plant in terre firme forest. At trans 7, station 5, Project MAXUS, Lot 1585" (USNM).

Discussão. Adesmus paradiana sp. nov. assemelha-se a A. diana (Thomson, 1860); distingue-se pela presença de quatro manchas de pubescência branca no pronoto; pelas quatro manchas pequenas do meio dos élitros; pela mancha apical em forma de "C". Em A. diana, o pronoto não tem manchas; as manchas do meio dos élitros são apenas duas e a mancha apical é oblíqua.

Hemiloapis Galileo & Martins, 2004

Hemiloapis GALILEO & MARTINS, 2004:250.

Gênero recentemente proposto para alojar H. yandaira Galileo & Martins, 2004. O exame de material adicional procedente da Bolívia e do Equador oportunizou o reconhecimento de mais duas espécies.

Chave para as espécies de Hemiloapis Galileo & Martins, 2004

1. Pronoto com pubescência avermelhada e apenas os frisos anterior e posterior finamente cobertos por pubescência branco-amarelada; franja interna de pêlos das antenas dos machos densa e constituída por pêlos avermelhados; escutelo revestido por pubescência alaranjada (fig. 7). Equador ..... H. endyba sp. nov.

Pronoto com faixas de pubescência amarelada como na figura 8; franja interna de pêlos das antenas, em ambos os sexos, constituída por pêlos pretos e mais esparsos; escutelo revestido por pubescência amarelada. Bolívia ................ 2

2(1). Partes laterais do protórax com faixa preta oblíqua e larga; faixa de pubescência branca no meio dos metepimeros continuada pelos lados do metasterno; flagelômeros preto-avermelhados H. yandaira Galileo & Martins, 2004

Partes laterais do protórax inteiramente recobertas por pubescência amarelada; lados do metasterno com área grande coberta por pubescência amarelada que vai até as metacoxas; flagelômeros amarelados (fig. 8) ...... H. ybyra sp. nov.



Hemiloapis endyba sp. nov.

(Fig. 7)

Etimologia. Tupi, endyba = barba. Alusivo à franja de pêlos nos antenômeros basais.

Margens dos olhos e do clípeo com faixa estreita de pubescência branca. O centro da fronte largamente coberto por pubescência alaranjada com pêlos mais longos na parte superior entre os tubérculos anteníferos (macho). Vértice com pubescência alaranjada. Escapo vermelho-alaranjado, pedicelo e antenômeros III-V pretos; VI-XI amarelados. Antenômeros III-VII com franja muito densa de pêlos alaranjados; III-V com pêlos curtos e pretos. Protórax com tegumento preto transversalmente no meio e avermelhado nas margens anterior e posterior; faixa de pubescência branca, estreita, nos frisos anterior e posterior. Metade posterior dos mesepimeros com faixa de pubescência branca. Região central do metepisterno e região central das partes laterais do metasterno revestidos por pubescência branca. Escutelo com pubescência alaranjada. Cada élitro com duas faixas estreitas de pubescência branca: uma triangular, no terço anterior, oblíqua em sentido descendente da sutura para a margem e outra transversal no terço apical; pubescência de maneira geral alaranjada; atrás da primeira faixa, uma outra faixa de pubescência esbranquiçada e esparsa; pequena faixa de pubescência branca do úmero até o friso marginal. Fêmures vermelho-alaranjados. Lado interno das protíbias, metade interna dos tarsômeros I e II, pretos. Meso- e metatíbias e meso- e metatarsos alaranjados.

Urosternitos com tegumento enegrecido. Urosternito I com faixa estreita de pubescência branca junto à margem apical.

Dimensões em mm. Comprimento total, 10,2-10,3; comprimento do protórax, 2,0-2,2; maior largura do protórax, 2,2-2,3; comprimento do élitro, 6,7-7,0; largura umeral, 3,7-3,8.

Material-tipo. Holótipo , EQUADOR, Napo: Reserva Étnica Waorani (1 km S Onkone Gare Camp, 00°39'10"S, 76°26'W, 220 m, Trans. Ent.), 8.II.1996, T. L. Erwin col., "insecticidal fogging of mothly bare green leaves, some with covering of lichenous or bryophytic plant in terre firme forest. At trans 8, station 2, Project MAXUS, Lot 1472" (USNM). Parátipo , EQUADOR, Napo: Orellana, (Parque Nacional Tiiputini Stá., Senduc Charonogo, bosque tierra firme), 29.IX.2000, P. Araujo col. (MZSP).

Discussão. Hemiloapis endyba sp. nov. distingue-se das demais espécies do gênero pelo padrão de pubescência do pronoto restrita à faixa de pubescência branca contrastante nos frisos anterior e posterior.

Hemiloapis ybyra sp. nov.

(Fig. 8)

Etimologia. Tupi, ybyra = irmão. Alusivo à semelhança com H. yandaira.

Pubescência amarelada reveste a fronte menos numa mancha de pubescência castanha em forma de ferradura que se prolonga pelo centro do vértice; atrás dos lobos oculares superiores uma mancha de cada lado de tegumento preto. Escapo e pedicelo avermelhados; flagelômeros amarelados. Franja interna de pêlos acastanhados pouco mais longos que a largura dos flagelômeros. Protórax com tegumento preto, mais avermelhado na base. No pronoto, a pubescência amarelada reveste: orla anterior com curto prolongamento, triangular, central; faixa estreita, oblíqua e curva, de cada lado que não alcança o centro; uma faixa curta longitudinal, de cada lado, no terço basal; mancha triangular à frente do escutelo. Partes laterais do protórax e escutelo revestidos por pubescência amarelada. Élitros com tegumento dos dois terços basais avermelhado e do terço apical preto; cada élitro com uma mancha de pubescência amarelada, compacta, que se inicia por dois ramos paralelos entre o escutelo e o úmero, alarga-se à frente do terço anterior e segue obliquamente para a sutura; uma faixa de pubescência amarelada compacta, estreita, ligeiramente curva, localizada atrás do meio e oblíqua em sentido ascendente da margem para a sutura; ápices dos élitros revestidos por pubescência esbranquiçada; duas manchas de pubescência amarelada: uma sob os úmeros e outra abaixo da carena umeral que vai do quarto ao terço anterior. Prosterno e mesosterno com tegumento alaranjado; mesepisternos e mesepimeros revestidos por pubescência amarelada. Metasterno avermelhado com manchas irregulares pretas na base e pubescente na parte posterior dos lados. Metepisternos revestidos por pubescência branco-amarelada. Urosternitos com tegumento preto; lado externo dos urosternitos I a IV com faixa estreita de pubescência branca na borda apical. Pernas amareladas.

Dimensões em mm. Comprimento total, 10,4; comprimento do protórax, 2,1; maior largura do protórax, 2,7; comprimento do élitro, 7,8; largura umeral, 3,7.

Material-tipo. Holótipo , BOLÍVIA, Santa Cruz: Buena Vista (proximidades do Hotel Flora e Fauna), 27-31.X.2002, Morris & Wappes col. (USNM).

Agradecimentos. Jim Wappes (ACMB), R. H. Turnbow (RHTC), R. F. Morris (RMLF) e Frank T. Hovore (FTHC) pelo empréstimo do material para estudo; a Rafael Santos de Araujo (MCNZ) pela execução das fotos; à Rejane Rosa (MCNZ) pela execução dos desenhos.

Recebido em julho de 2004. Aceito em outubro de 2004.

  • GALILEO, M. H. M. & MARTINS, U. R. 2004. Novos Hemilophini (Coleoptera, Cerambycidae, Lamiinae) da Região Neotropical. Iheringia, Série Zoologia, Porto Alegre, 94(3):247-252.
  • MARTINS, U. R. & GALILEO, M. H. M. 1991. Revisão dos gêneros relacionados com Themistonoe Thomson, 1864 (Coleoptera, Cerambycidae, Lamiinae, Hemilophini). Revista Brasileira de Entomologia, São Paulo, 35(3):607-617.
  • MONNÉ, M. A. & HOVORE, F. T. 2003. Checklist of the Cerambycidae and Disteniidae (Coleoptera) of the Western Hemisphere Part II: Lamiinae through Disteniinae. Frank Hovore & Associates, Electronic Version, 2002.1, 119 p. Disponível em: <http://www.hovore.com>. Acesso em: setembro de 2004.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    23 Jun 2005
  • Data do Fascículo
    Dez 2004

Histórico

  • Aceito
    Out 2004
  • Recebido
    Jul 2004
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