Acessibilidade / Reportar erro

Meiose em Tripsacum australe Cutler e Anderson (T. dactyhides subsp. hispidum Hitchcock)

Resumos

Depois de uma breve introdução, mostrando a importância que o gênero Tripsacum desempenha hoje nos problemas da origem do milho, fizemos um estudo detalhado da meiose na nova espécie Tripsacum australe, descrita recentemente por CUTLER e ANDERSON (3) e espécie esta encontrada em estado selvagem na América do Sul. Todas as fases da meiose mostraram-se normais e o número cte cromosômios, facilmente determinado nas fases diacinese, metáfase I, metáfase II, é de 18 para a fase haplóide. Esta espécie não difere, quanto ao número de cromosômios, da forma diplóide Tripsacum dactyloide e da espécie Tripsacum floridanum, estudadas por LONGLEY (5). Segundo MANGELSDORF e REEVES (10) as formas de Tripsacum encontradas na América Central têm 72 cromosômios e são consideradas como autotetraplóides. Entretanto, no que se refere à presença de "knobs" nos cromosômios, esta espécie parece diferir da espécie estudada por LONGLEY (5). Tripsacum australe não apresenta "knobs" nas extremidades dos cromosômios e provavelmente também nas outras regiões pois as figuras que puderam ser examinadas não mostraram essa estrutura. Segundo MANGELSDORF e REEVES (10) os "knobs" presentes no milho teriam vindo de Tripsacum, por meio de cruzamento entre estes dois gêneros. Assim sendo, os tipos de milho cultivados próximos ao centro de distribuição das espécies de Tripsacum até então conhecidas, e que é a região da América Central, principalmente o México, deveriam se apresentar bastante contaminados por este gênero e apresentariam mais "knobs" do que aqueles tipos de milho cultivados ionge da referida região. Observações de vários autores (6, 7, 9, 20, 11 e 12) confirmam esta hipótese, inclusive aquelas realizadas por um dos autores deste trabalho (Graner, não publicado) em material sul-americano. Tendo sido encontrada agora esta nova espécie de Tripsacum na América do Sul, aparentemente sem "knobs", torna-se interessante verificar se ela não poderia ter contribuido para o estabelecimento das formas de milho sem "knobs" encontradas na América do Sul. Cruzamentos entre milho e Tripsacum australe foram realizados por um dos autores (Addison), não lendo porém produzido sementes. Outras pesuisas tornam-se então necessárias afim de que se possa tirar conclusões a respeito de tão importante assunto.


The meiosis of Tripsacum australe, a new specie native in South America and described by CUTLER and ANDERSON (3) was studied in detail. All stages were found to be normal and the chromosome number equal to 18 in the haploid phase. The most peculiar fact found in this plant was the absence of knobs, mainly at the end of chromosomes and shown in figs. 1 to 4. According to the above observations, this specie seems to be different from the species studied by LONGLEY (5) and the importance of this point regarding the problems of origin of maize was emphasized.


Meiose em Tripsacum australe Cutler e Anderson (T. dactyhides subsp. hispidum Hitchcock)

E. A. Graner e G. Addison

Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", Universidade de São Paulo

RESUMO

Depois de uma breve introdução, mostrando a importância que o gênero Tripsacum desempenha hoje nos problemas da origem do milho, fizemos um estudo detalhado da meiose na nova espécie Tripsacum australe, descrita recentemente por CUTLER e ANDERSON (3) e espécie esta encontrada em estado selvagem na América do Sul.

Todas as fases da meiose mostraram-se normais e o número cte cromosômios, facilmente determinado nas fases diacinese, metáfase I, metáfase II, é de 18 para a fase haplóide. Esta espécie não difere, quanto ao número de cromosômios, da forma diplóide Tripsacum dactyloide e da espécie Tripsacum floridanum, estudadas por LONGLEY (5). Segundo MANGELSDORF e REEVES (10) as formas de Tripsacum encontradas na América Central têm 72 cromosômios e são consideradas como autotetraplóides.

Entretanto, no que se refere à presença de "knobs" nos cromosômios, esta espécie parece diferir da espécie estudada por LONGLEY (5). Tripsacum australe não apresenta "knobs" nas extremidades dos cromosômios e provavelmente também nas outras regiões pois as figuras que puderam ser examinadas não mostraram essa estrutura.

Segundo MANGELSDORF e REEVES (10) os "knobs" presentes no milho teriam vindo de Tripsacum, por meio de cruzamento entre estes dois gêneros. Assim sendo, os tipos de milho cultivados próximos ao centro de distribuição das espécies de Tripsacum até então conhecidas, e que é a região da América Central, principalmente o México, deveriam se apresentar bastante contaminados por este gênero e apresentariam mais "knobs" do que aqueles tipos de milho cultivados ionge da referida região. Observações de vários autores (6, 7, 9, 20, 11 e 12) confirmam esta hipótese, inclusive aquelas realizadas por um dos autores deste trabalho (Graner, não publicado) em material sul-americano.

Tendo sido encontrada agora esta nova espécie de Tripsacum na América do Sul, aparentemente sem "knobs", torna-se interessante verificar se ela não poderia ter contribuido para o estabelecimento das formas de milho sem "knobs" encontradas na América do Sul. Cruzamentos entre milho e Tripsacum australe foram realizados por um dos autores (Addison), não lendo porém produzido sementes. Outras pesuisas tornam-se então necessárias afim de que se possa tirar conclusões a respeito de tão importante assunto.

ABSTRACT

The meiosis of Tripsacum australe, a new specie native in South America and described by CUTLER and ANDERSON (3) was studied in detail. All stages were found to be normal and the chromosome number equal to 18 in the haploid phase.

The most peculiar fact found in this plant was the absence of knobs, mainly at the end of chromosomes and shown in figs. 1 to 4. According to the above observations, this specie seems to be different from the species studied by LONGLEY (5) and the importance of this point regarding the problems of origin of maize was emphasized.

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

LITERATURA CITADA

  • 1) BRIEGER, F. G. (1944) Origem do milho. Revista de Agricultura. 18: 409-418.
  • 2) BRIEGER, F. G. (1944) Estudos experimentais sobre a origem do milho. Anais da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz". (Em impressão).
  • 3) CUTLER, H. C. and E. ANDERSON (1941) A preliminary Survey of the Genus Tripsacum. Annals of Missouri Botanical Garden. 28: 249-269.
  • 4) LONGLEY A. E. (1924) Chromosomes in Maize and Maize Relatives. Journal of Agricultural Research. 28: 673-681.
  • 5) LONGLEY, A. E. (1937) Morphological Characters of Teo-sinte Chromosomes. Journal of Agricultural Research. 54: 835-862.
  • 6) LONGLEY, A. E. (1938) Chromosome of Maize from North American Indians. Journal of Agricultural Research. 56: 177-195.
  • 7) LONGLEY, A. E. (1939) Knob position on corn chromosomes. Journal of Agricultural Research. 59: 475-490.
  • 8) LONGLEY, A. E. (1941) Knob positions on teosinte chromosomes. Journal of Agricultural Research. 62: 401-413.
  • 9) LONGLEY, A. E. (1941) Chromosome morphology in maize and its relatives. Botanical Review. 7: 263-289.
  • 10) MANGELSDORF, P. C. and R. G. REEVES (1939) The origin of indian corn and its relatives. Texas Agricultural Experiment Station. Bulletin N. 574.
  • 11) MANGELSDORF, P. C. and J. W. CAMERON (1942) Western Guatemala, a secondary center of origin of cultivate maize varieties. Botanical Museum Leaflets, Harvard University. 10: 217-252.
  • 12) REEVES, R. G. (1944) Chromosome knobs in relation to the origin of maize. Genetics. 29: 141-147.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    26 Fev 2013
  • Data do Fascículo
    1944
Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura Av.Páduas Dias, 11, C.P 9 / Piracicaba - São Paulo, Brasil, tel. (019)3429-4486, (019)3429-4401 - Piracicaba - SP - Brazil
E-mail: scientia@esalq.usp.br