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Arritmias fetais

Arritmias Fetais

Lilian Maria Lopes, Marcelo Zugaib

São Paulo, SP

O interesse nas arritmias cardíacas fetais tem aumentado nos últimos anos, conseqüente à maior utilização dos métodos de monitorização fetal 1. Deixando de ter cunho exclusivamente acadêmico, trabalhos recentes demonstram a precisão diagnóstica das arritmias pela ecocardiografia (ECO), bem como os resultados animadores em termos de tratamento com antiarrítmicos 2-5.

Sistema de condução e fisiologia miocárdica

O sistema de condução do coração fetal está funcionalmente maduro ao redor da 16ªsemana. O nó sinusal encontra sua própria artéria para irrigação na 10ª semana e apresenta um pouco menos de colágeno, quando comparado ao nó sinusal de pessoa adulta. O nó atrioventricular (AV) é formado na 10ª semana, separadamente do feixe de Hiss, sendo que a união de ambos é feita secundariamente.

As cardiopatias congênitas com defeitos septais deslocam o sistema de condução, porém, raramente o interrompem. O sistema de condução é composto pelos seguintes elementos: nó sinusal; vias preferenciais atriais; nó AV; bifurcação dos ramos do feixe de Hiss em direito e esquerdo; rede ou fibras de Purkinje; miocárdio ventricular.

A principal característica da fisiologia miocárdica, determinante dos mecanismos de arritmia, é a automaticidade, que deve ser entendida como propriedade apenas das fibras miocárdicas especializadas, que formam o sistema de condução e não do miocárdio contráctil, como um todo. Refere-se à origem rítmica espontânea dos impulsos que são conduzidos para todas as partes do coração.

O miocárdio contráctil, por sua vez, apresenta, como característica, os períodos refratários relativo e absoluto. O período refratário absoluto é quando a fibra miocárdica, uma vez contraída, apresenta um intervalo de tempo finito durante o qual não pode ser estimulada novamente. Ao final desse tempo, começa o período refratário relativo, quando volta a apresentar, porém não completa, resposta frente a um estímulo. O período refratário absoluto é que protege o coração das arritmias.

A arritmia resulta, portanto, de uma automaticidade anormal, uma condução anormal ou da combinação de ambos.

Classificação

A classificação das arritmias diagnosticadas pela ECO fetal será suscintamente comentada, uma vez que o significado das arritmias diagnosticadas intra-útero é, freqüentemente, diferente daquelas diagnosticadas no período neonatal ou posterior 6.

Arritmias sinusais - Taquicardia sinusal - Freqüência cardíaca (FC) em torno de 180bpm, às vezes intermitente. Causas: hipóxia fetal, ansiedade materna, febre materna, ingestão materna de atropina, escopolamina ou isoxsuprina, infecção por citomegalovírus. Diagnóstico diferencial: taquicardia supraventricular.

Bradicardia sinusal - FC <100bpm. Causas: compressão de cordão umbilical ou cabeça fetal, hipotensão e convulsão materna; bloqueio anestésico paracervical, administração materna de propranolol ou reserpina. Diagnóstico diferencial: bloqueio atrioventricular (BAV).

Bloqueio sino-atrial - Queda da FC <60bpm, podendo ocorrer conseqüentemente, batimentos de escape. Causas: compressão importante da cabeça ou cordão umbilical, estímulo parassimpático, hiperpotassemia.

Arritmias supraventriculares -Extra-sistolia supraventricular -O diagnóstico é feito através da demonstração do batimento precoce seguido de pausa não compensatória pelo modo-M, passando o cursor pela parede atrial. Podem ocorrer a partir da 18ª semana de gestação e representam 3% a 5% das arritmias que ocorrem durante o trabalho de parto 7,8. Não são decorrentes de hipóxia e sua evolução é conhecidamente benigna, desaparecendo espontaneamente durante a 1ª semana de vida. Mesmo freqüentes, bigeminadas ou trigeminadas, não mudam a conduta no parto, que deve ser obstétrica e não indicam terapêutica antiarrítmica fetal. Uma forma interessante de extra-sistolia atrial é quando as mesmas se apresentam bigeminadas ou trigeminadas e não conduzidas para o ventrículo por serem precoces e encontrarem o nó AV ainda em período refratário (fig. 1). Pela bradicardia fixa que provocam são freqüentemente referidas para ECO fetal, com a hipótese diagnóstica de BAV. Entretanto, todos os nossos casos evoluíram de forma benigna com desaparecimento das extra-sístoles antes ou após o parto.


Taquicardia supraventricular - FC >200bpm, com intervalos regulares entre os batimentos. Pode ser não sustentada (paroxística) ou sustentada (contínua) 9 e pode causar insuficiência cardíaca (IC) fetal, hidropisia e morte súbita 10,11. Estudos com Doppler demonstram diminuição do débito cardíaco durante o período de taquicardia 11,12. Este tipo de arritmia deve ser encarado como "emergência" em cardiologia fetal, pois, sabe-se que, uma vez instalada a IC com hidropisia, o prognóstico é muito pobre 13,14. Conseqüentemente, o tratamento com antiarrítmicos deve ser introduzido rapidamente, quer seja transplacentário ou através de cordocentese 4,9,15-19. O esquema mais empregado é o que utiliza digoxina, baseando-se nas doses de ataque para crianças e adultos 9,20-22.

A digoxinemia materna deve ser monitorizada a cada dois dias quando se está na fase de dose de ataque, sabendo-se que a dose terapêutica fetal é atingida quando a digoxinemia materna atinge 1,5-2,0ng/mL. A possibilidade de intoxicação digitálica materna é real, sendo aconselhável que se faça todo este tratamento com monitorização materna em ambiente hospitalar. Na experiência dos autores, a porcentagem de reversão da taquicardia e evolução fetal favorável é de 93%. Apenas dois casos apresentaram evolução desfavorável seguida de óbito, atribuindo-se à hidropisia importante, já instalada por ocasião da referência da gestante 9.

Flutter e fibrilação atrial - FC atrial ao modo-M entre 300-460bpm. A condução para o ventrículo é sempre acompanhada de BAV variável com conseqüente FC ventricular irregular e em torno de 200bpm (fig. 2). Pode também levar à IC e hidropisia e a terapêutica fetal deve ser instituída rapidamente 5,9. O esquema terapêutico é similar ao da taquicardia supraventricular e a droga de escolha é também a digoxina.


Arritmias ventriculares - Extra-sístole ventricular - O diagnóstico é feito através da demonstração do batimento precoce seguido de pausa compensatória ao modo-M, passando o cursor pela parede ventricular. São bem mais raras que as extra-sístoles atriais mas, igualmente, benignas. A causa é desconhecida e não há indicação de terapêutica fetal (fig. 3).


Taquicardia ventricular - O diagnóstico é feito através da demonstração de três ou mais extra-sístoles ventriculares consecutivas, uma arritmia raramente observada em vida fetal, existindo na literatura apenas alguns relatos de caso 22,24.

Bloqueio atrioventricular - Convencionalmente, os BAV são divididos em 1º, 2º e 3º grau. O BAV de 1º grau além de ser raramente observado em fetos é de difícil comprovação pela impossibilidade técnica de se medir o intervalo P-R ao ecocardiograma que, no caso, encontra-se aumentado. O BAV de 2º grau tem sido documentado com facilidade e, algumas vezes, representa estágio evolutivo de uma colagenose materna que termina por provocar o BAV de 3º grau ou total 25,26.

Maior atenção tem sido dada ao BAV total, pois é o mais freqüente na vida fetal (fig. 4). Pode ocorrer isoladamente ou associado à cardiopatia. Quando isolado, a mãe freqüentemente é portadora de doença do tecido conectivo, clínica ou laboratorial, havendo presença de anticorpos anti-RO, que atravessam a placenta e podem causar lesão no sistema de condução fetal. Quando associado à cardiopatia, o prognóstico é muito pobre, especialmente se existe hidropisia ou síndrome de isomerismo atrial esquerdo 25,27,28.


Nenhum esquema terapêutico eficaz tem sido utilizado para tratar o BAV total de baixa freqüência, responsável por IC e hidropisia. Poucos trabalhos relatam o uso de simpaticomiméticos para aumentar a FC em fetos hidrópicos e sem maturidade pulmonar 28,29. A utilização de marcapasso diretamente no feto ou a estimulação transabdominal aplicada no abdome materno, não tem sido bem sucedida, embora seja um campo onde se desenvolvem muitas pesquisas e, provavelmente, com um futuro promissor 20.

Incidência

Na experiência dos autores, a incidência dos vários tipos de arritmias fetais encontradas difere do espectro de anormalidades encontradas no neonato e na criança. No período de julho/87 a abril/97 foram estudadas pela ECO fetal 3200 gestantes entre 11 a 42 semanas, tanto pela técnica transabdominal como pela técnica transvaginal. Desse total, as arritmias foram a segunda mais freqüente razão para indicação do exame (12,7%) (tab. I). A extra-sistolia atrial foi o tipo mais freqüentemente encontrado (62%), tendo evolução benigna e reversão em todos os casos exceto em um, que evoluiu para ritmo atrial caótico e encontra-se em acompanhamento.

Dentre os 47 fetos que se apresentaram com taquiarritmia supraventricular (taquicardia supraventricular em 41 casos e flutter atrial em seis), 16 foram do tipo não sustentada e 31 do tipo sustentada. O tratamento antiarrítmico nos últimos 35 casos, consistiu em protocolo: para o grupo não sustentada, dose de ataque de digoxina por via transplacentária (1mg VO por três dias), seguida de dose de manutenção até o parto (0,25-0,75mg VO por dia); e para o grupo sustentada, dose de ataque de digoxina combinando-se as vias transplacentária (1mg VO por três dias) e direta em veia umbilical fetal (0,04mg de deslanósido por kg de peso fetal somado ao placentário), seguida de dose de manutenção até o parto (0,25-0,75mg VO por dia). Os resultados mostraram que a ECO fetal foi capaz de diagnosticar, corretamente, os tipos de taquiarritmia, permitindo uma classificação tecnicamente simples, em não sustentada e sustentada, orientando a conduta terapêutica de forma adequada ao separar os grupos de acordo com a gravidade. O tempo de conversão da taquiarritmia para ritmo sinusal normal foi menor quando comparado com a literatura e o tratamento foi efetivo em 88% dos casos. A evolução perinatal deste grupo mostra que 80,7% das crianças apresentam-se vivas e bem e que existe uma tendência à normalização do ritmo cardíaco com o passar do tempo 9.

Dentre os 41 casos de BAV, 32 foram do tipo total e nove de 2º grau. Clinicamente dividimos estes fetos em dois grupos: 1) bloqueio associado com cardiopatia congênita complexa (1 caso) e síndrome do isomerismo atrial esquerdo (22 casos); 2) bloqueio em coração anatomicamente normal (19 casos). Dezoito óbitos ocorreram no 1º grupo e apenas três no 2º. A associação do 2º grupo com doença materna do tecido conectivo e presença de anticorpos anti-RO em sangue materno foi comprovada em 50% de nossos casos.

A administração direta em veia umbilical fetal de isoproterenol por cordocentese, foi tentada em três casos, como medida salvadora, dado o grau avançado de hidropisia fetal e freqüência ventricular extremamente baixa (entre 22 a 40bpm). Embora a FC tenha se elevado em 90% a 100% imediatamente após a cordocentese, esse aumento na freqüência ventricular não foi associado com diminuição dos edemas em nossos fetos 29.

Em todos os casos de BAV indicou-se parto operatório, em razão da impossibilidade de se monitorizar o trabalho de parto.

A tabela I demonstra formas raras e complexas de arritmias, que provavelmente foram triadas para nosso Centro de Referência em Medicina e Cardiologia Fetal, por serem mais sintomáticas. Por outro lado, sabe-se que muitas destas arritmias, se não tratadas, causam hidropisia, morte súbita e óbito fetal, sendo provavelmente esta a razão da sua baixa incidência nos berçários.

Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP - São Paulo

Correspondência: Lilian Maria Lopes - Rua Batista Caetano, 79/111 - 04108-130 - São Paulo, SP

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    09 Fev 2001
  • Data do Fascículo
    Set 1997
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