Acessibilidade / Reportar erro

Sistema ABO e formas anatomoclínicas da doença de Chagas crônica

Resumos

Estudou-se a distribuição do sistema ABO em 222 controles e em 148 chagásicos crônicos, assintomáticos e sintomáticos, com diferentes formas anatomoclinicas (insuficiência cardíaca congestiva, visceromegalias e morte súbita). O foi calculado a partir de tabelas de contingência e pelo método de Woolf. OX², obtido por estes dois métodos, demonstra que a freqüência do grupo OX² foi significativamente menor nos chagásicos sintomáticos considerados como um todo e naqueles com "megas", em relação aos controles. Nos chagásicos falecidos subitamente observou-se maior freqüência de grupos B que nos controles, sendo o X² significativo apenas quando calculado por tabelas de contingência. A relativa proteção aparentemente conferida aos chagásicos do grupo O, no que se refere à evolução para formas sintomáticas da doença, se explicaria por antigenicidade cruzada entre populações do Trypanosoma cruzi e o sistema ABO ou por outros fatores que se deixam influenciar ou influenciam a distribuição dos grupos sangüíneos.

Doença de Chagas; Grupos sangüíneos; Sistema ABO


ABO blood group distribution was studied in 222 Controls and in 148 symptomatic and symptomless patients with chronic Chagas' disease with different anatomo-clinics forms (congestive heart failure, visceromegalias and sudden death). The X² was estimated from contingency table and by Woolfs method. The X² obtained by these two methods showed that the group O frequency was significantly less in the symptomatic chagasic group as a whole and in those with "megas" when compared with the controls. B blood group was observed to be more frequent in chagasics with sudden death but the X² was only significant when calculated for contingency tables. The apparent relative protection confered by the O blood group to chagasics with respect to its evolution to symptomatic forms of the disease, could be explained by cross antigenicity among T. cruzi populations and ABO blood group or by other factors influencing or being influenced by the blood group distribution.

Chagas' disease; Blood group; ABO blood group


ARTIGOS

Sistema ABO e formas anatomoclínicas da doença de Chagas crônica

Vicente de Paula Antunes Teixeira; Elizabeth Martins; Hipolito de Oliveira Almeida; Sheila Soares; Hélio Moraes de Souza; César Augusto de Morais

RESUMO

Estudou-se a distribuição do sistema ABO em 222 controles e em 148 chagásicos crônicos, assintomáticos e sintomáticos, com diferentes formas anatomoclinicas (insuficiência cardíaca congestiva, visceromegalias e morte súbita). O foi calculado a partir de tabelas de contingência e pelo método de Woolf. OX2, obtido por estes dois métodos, demonstra que a freqüência do grupo OX2 foi significativamente menor nos chagásicos sintomáticos considerados como um todo e naqueles com "megas", em relação aos controles. Nos chagásicos falecidos subitamente observou-se maior freqüência de grupos B que nos controles, sendo o X2 significativo apenas quando calculado por tabelas de contingência. A relativa proteção aparentemente conferida aos chagásicos do grupo O, no que se refere à evolução para formas sintomáticas da doença, se explicaria por antigenicidade cruzada entre populações do Trypanosoma cruzi e o sistema ABO ou por outros fatores que se deixam influenciar ou influenciam a distribuição dos grupos sangüíneos.

Palavras-chave: Doença de Chagas. Grupos sangüíneos. Sistema ABO.

ABSTRACT

ABO blood group distribution was studied in 222 Controls and in 148 symptomatic and symptomless patients with chronic Chagas' disease with different anatomo-clinics forms (congestive heart failure, visceromegalias and sudden death). The X2 was estimated from contingency table and by Woolfs method. The X2 obtained by these two methods showed that the group O frequency was significantly less in the symptomatic chagasic group as a whole and in those with "megas" when compared with the controls. B blood group was observed to be more frequent in chagasics with sudden death but the X2 was only significant when calculated for contingency tables. The apparent relative protection confered by the O blood group to chagasics with respect to its evolution to symptomatic forms of the disease, could be explained by cross antigenicity among T. cruzi populations and ABO blood group or by other factors influencing or being influenced by the blood group distribution.

Keywords: Chagas' disease. Blood group. ABO blood group.

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

Recebido para publicação em 1/3/86.

Disciplina de Patologia Geral e Serviço de Hematologia do Hospital-Escola da Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro, Uberaba-MG.

  • 1. Aird I, Bentall HH, Mehigan JA, Roberts JAF. The blood groups in relation to peptic ulceration and carcinoma of colon, rectum, breast and bronchus. British Medical Journal 2:315-321, 1954.
  • 2. Barbosa CAA. Associação entre grupo sangüíneo A e esquistossomose mansônica. Revista de Saúde Pública de São Paulo 16:346-348, 1982.
  • 3. Camus D, Bina JC, Carlier Y, Santoro F, Figueiredo JFM, Prata A, Capron A. Grupos sangüíneos ABO e formas clínicas da esquistossomose mansônica. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo 19:77- 79, 1977.
  • 4. Escobar AS, Febrillet SC, Falcon JC, BorbollaE, Carbajal MG, Pomar F. Grupos sangüíneos en la giardiasis. Revista Cubana de Medicina Tropical 36:88-93, 1984.
  • 5. Henry JB. Diagnósticos clínicos em conduta terapêutica por exames laboratoriais. 16a edição, Editora Manole Ltda, São Paulo, 1983.
  • 6. Krieger H, Barbosa CAA. Smallpox and the ABO system association: A critical review. Revista Brasileira de Biologia 39:195-199, 1979.
  • 7. Lima Pereira FE, Bortolini ER, Carneiro JLA, Silva CRM, Neves RC. ABO blood groups and hepatosplenic form of schistosomiasis mansoni (Symmer's fibrosis) Transactions of the Royal Society Tropical Medicine and Hygiene 73:283-286, 1979.
  • 8. Miziara LJ, Almeida HO, Chapadeiro E, Yamamoto I. Aspectos raciais dos "megas" e da cardiopatia na doença de Chagas crônica. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 14:1-5, 1981.
  • 9. Oliver-González J, González LM. Release of the A2 isoagglutinogen - like substance of infectious organisms into human blood serum. Journal of Infectious Disease 85:66-71, 1949.
  • 10. Vogel F. ABO blood groups and disease. The American Journal of Human Genetics 22:464-475, 1970.
  • 11. Vogel F, Kriiger J, Song YK, Flatz G. ABO blood groups, leprosy and serum proteins. Humangenetic 7:149-162, 1969.
  • 12. Wiener AS: Blood groups and disease. The American Journal of Human Genetics 22: 476-483, 1970.
  • 13. Woolf B. An estimating the relations between blood group and disease. Annals of Human Genetics 19:251-253, 1955.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    05 Jun 2013
  • Data do Fascículo
    Set 1987

Histórico

  • Recebido
    01 Mar 1986
  • Aceito
    01 Mar 1986
Sociedade Brasileira de Medicina Tropical - SBMT Caixa Postal 118, 38001-970 Uberaba MG Brazil, Tel.: +55 34 3318-5255 / +55 34 3318-5636/ +55 34 3318-5287, http://rsbmt.org.br/ - Uberaba - MG - Brazil
E-mail: rsbmt@uftm.edu.br