Distribuição geográfica dos principais vetores de endemias no Estado do Ceará. - I - Triatomíneos

Alencar, J.E.; Santos, A.R.; Bezerra, O.F.; Saraiva, T.M.

doi:10.1590/S0037-86821976000500003

Resumos

São apresentadas as principais informações de ordem geográfica do Estado, que é dividido em 23 micro-regiões e 141 municípios. Desses, em 129 foram encontrados triatomíneos, de acordo com informações obtidas em diversos organismos de pesquisa, de 1957 a 1974. A espécie principal no Estado é o Triatoma brasiliensis, semi-doméstico, encontrado nas casas de 91,5% dos municípios (129), suas taxas de infecção variam de 1,0 a 40,4% (média de 8,2%), o P. megistus é a terceira espécie e é encontrado em 61,7% dos municípios (87), com uma taxa de infecção muito variável, com média de 3,9% e máxima de 25,9%. Em áreas restritas como a do Cariri essa taxa subirá para 24,5%. A segunda espécie, menos doméstica que as duas primeiras é o T. pseudomaculata, encontrado em 68,8% dos municípios e taxas de infecção variando de 0,3% a 7,1% e uma média de 4,2%. A quarta espécie é o Rhodnius nasutus, encontrado em 17,7% dos municípios e infectado em 1,0%. Penetrando na casa (não foram encontradas ninfas) há uma quinta espécie, o Panstrongylus lutzi capturado em algumas casas de 26 municípios (18,4%) e com elevadas taxas de infecção: 17,9%. Com taxas globais de triatomíneos infectados por T. cruzi acima de 10% estão 12 municípios, dos quais mais da metade constitui as 4 micro-regiões centrais do Estado: Sertão de Quixeramobim, Sertão de Senador Pompeu, Sertão dos Inhamuns e Médio Jaguaribe.

The paper shows some geographical informations about the State of Ceará, Brasil, that is divided in 23 micro-regions and 141 counties. In 129 of these counties were collected triatomines (91,5%), according all the informations published from 1957 to 1974. The main species is the Triatoma brasiliensis, semi-domestic, 1,0 to 40,4% of them infected. The second species is the Triatoma pseudomaculata (68,8% of the counties); the infection rates are between 0,3 and 7,1%. The third species is the Panstrongylus megistus (61,7% of the counties) with rates of intection between 3,9% and 25,9%. The fourth species is the Rhodnius nasutus (17,7% of the counties) infected 1,0%. The last species, Panstrongylus lutzi, a sylvatic, is seen inside houses in 18,4% of the counties, but only adult forms and showing high rates of intection (17,9%). The most infected micro-regions of the State are: "sertão" of Senador Pompeu, "sertão" of Inhamuns and "baixo " Jaguaribe.

Distribuição geográfica dos principais vetores de endemias no Estado do Ceará. - I - Triatomíneos

J.E. Alencar^I; A.R. Santos^II; O.F. Bezerra^III; T.M. Saraiva^III

^IProfessor de Parasitologia. Departamento de Patologia e Medicina Legal do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Ceará

^IIChefe do Setor Ceará da SUCAM. Ministério da Saúde

^IIIZoólogo-Pesquisador da SUCAM. Ministério da Saúde

RESUMO

São apresentadas as principais informações de ordem geográfica do Estado, que é dividido em 23 micro-regiões e 141 municípios. Desses, em 129 foram encontrados triatomíneos, de acordo com informações obtidas em diversos organismos de pesquisa, de 1957 a 1974. A espécie principal no Estado é o Triatoma brasiliensis, semi-doméstico, encontrado nas casas de 91,5% dos municípios (129), suas taxas de infecção variam de 1,0 a 40,4% (média de 8,2%), o P. megistus é a terceira espécie e é encontrado em 61,7% dos municípios (87), com uma taxa de infecção muito variável, com média de 3,9% e máxima de 25,9%. Em áreas restritas como a do Cariri essa taxa subirá para 24,5%. A segunda espécie, menos doméstica que as duas primeiras é o T. pseudomaculata, encontrado em 68,8% dos municípios e taxas de infecção variando de 0,3% a 7,1% e uma média de 4,2%. A quarta espécie é o Rhodnius nasutus, encontrado em 17,7% dos municípios e infectado em 1,0%. Penetrando na casa (não foram encontradas ninfas) há uma quinta espécie, o Panstrongylus lutzi capturado em algumas casas de 26 municípios (18,4%) e com elevadas taxas de infecção: 17,9%.

Com taxas globais de triatomíneos infectados por T. cruzi acima de 10% estão 12 municípios, dos quais mais da metade constitui as 4 micro-regiões centrais do Estado: Sertão de Quixeramobim, Sertão de Senador Pompeu, Sertão dos Inhamuns e Médio Jaguaribe.

ABSTRACT

The paper shows some geographical informations about the State of Ceará, Brasil, that is divided in 23 micro-regions and 141 counties. In 129 of these counties were collected triatomines (91,5%), according all the informations published from 1957 to 1974. The main species is the Triatoma brasiliensis, semi-domestic, 1,0 to 40,4% of them infected. The second species is the Triatoma pseudomaculata (68,8% of the counties); the infection rates are between 0,3 and 7,1%. The third species is the Panstrongylus megistus (61,7% of the counties) with rates of intection between 3,9% and 25,9%. The fourth species is the Rhodnius nasutus (17,7% of the counties) infected 1,0%. The last species, Panstrongylus lutzi, a sylvatic, is seen inside houses in 18,4% of the counties, but only adult forms and showing high rates of intection (17,9%). The most infected micro-regions of the State are: "sertão" of Senador Pompeu, "sertão" of Inhamuns and "baixo " Jaguaribe.

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Recebido para publicação em 23-9-1976.

1. ALBUQUERQUE, A.F.R., BRITO, S. & MORAES, M.O. - Importante foco de mal de Chagas e Leishmaniose Visceral Americana no Vale do Cariri (Estados do Ceará e Pernambuco). Hospital (Rio de Janeiro). 27:61-69, 1942.
2. ALENCAR, J.E., ALMEIDA, J.O., SHER- LOCK, V., FRANÇA, A.P. & LEITE, L. - Estudos sobre a epidemiologia da Doença de Chagas no Ceará. II Novos dados. Rev. Bras. Malariol. D. Trop. 75:551-565, 1963.
3. ALENCAR, J.E. - Estudos sobre a epidemiologia da Doença de Chagas no Ceará. III Região do Baixo Jaguaribe. Rev. Bras. Malariol. D. Trop. 17:149-158, 1965.
4. ALENCAR, J.E. & SHERLOCK, V.A. - Triatomíneos capturados em domicílios no Estado do Ceará - Brasil. Bol. Soc. Cear. Agron., 3:49-54, 1962.
5. BUSTAMANTE, F.M. - Distribuição geográfica dos transmissores da doença de Chagas no Brasil e sua relação com certos fatores climáticos. Epidemiologia e profilaxia da enfermidade. Rev. Bras. Malariol. D. Trop. 9:191-211, 1957.
6. CORRÊA, R.R. - Informe sobre a Doença de Chagas no Brasil e em especial no Estado de São Paulo - Rev. Bras. Malariol. D. Trop., 20:39-81, 1968.
7. DEANE, L.M. & DEANE, M.P. - Notas sobre transmissores e reservatórios do Trypanosoma cruzi no Noroeste do Estado do Ceará. Rev. Bras. Malariol. D. Trop. 9:577-595, 1957.
8. FUNDAÇÃO, I.B.G.E. - Sinópse preliminar do censo demográfico. VIII Recenseamento Geral, 1970.
9. GONZAGA, A. - Climatologia e Nosologia do Ceará, 1925. Rio de Janeiro, 171 pp. Ed. Baptista de Sousa.
10. MACHADO, H. - Identificação de triatomíneo infectado com tripanosomas capturados no Município de Redenção - Ceará. Sessão Centro M. Cear. 24 Janeiro, 1951.
11. MACHADO, H. & PINTO, O.S. - Contribuição ao conhecimento da distribuição geográfica dos triatomíneos domiciliários e de seus índices de infecção natural no Estado do Ceará, Brasil. Rev. Bras. Malariol. D. Trop., 4:157-170, 1952.
12. JUCÁ, A. & CUNHA, R.V. - Contribuição ao estudo da Doença de Chagas no Ceará. Ceará Médico, 29:36-38, 1950.
13. SALES, J.B. - Geografia Médica do Estado do Ceará. Distribuição geográfica da Doença de Chagas. Rev. Bras. Med., 19:788-789, 1952.
14. SUCAM - Ministério da Saúde - Dados sobre captura de triatomíneos no Estado do Ceará. Papéis datilografados (1966).

Datas de Publicação

Publicação nesta coleção
11 Jun 2013
Data do Fascículo
Out 1976

Histórico

Recebido
23 Set 1976
Aceito
23 Set 1976

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[1] 1. ALBUQUERQUE, A.F.R., BRITO, S. & MORAES, M.O. - Importante foco de mal de Chagas e Leishmaniose Visceral Americana no Vale do Cariri (Estados do Ceará e Pernambuco). Hospital (Rio de Janeiro). 27:61-69, 1942.

[2] 2. ALENCAR, J.E., ALMEIDA, J.O., SHER- LOCK, V., FRANÇA, A.P. & LEITE, L. - Estudos sobre a epidemiologia da Doença de Chagas no Ceará. II Novos dados. Rev. Bras. Malariol. D. Trop. 75:551-565, 1963.

[3] 3. ALENCAR, J.E. - Estudos sobre a epidemiologia da Doença de Chagas no Ceará. III Região do Baixo Jaguaribe. Rev. Bras. Malariol. D. Trop. 17:149-158, 1965.

[4] 4. ALENCAR, J.E. & SHERLOCK, V.A. - Triatomíneos capturados em domicílios no Estado do Ceará - Brasil. Bol. Soc. Cear. Agron., 3:49-54, 1962.

[5] 5. BUSTAMANTE, F.M. - Distribuição geográfica dos transmissores da doença de Chagas no Brasil e sua relação com certos fatores climáticos. Epidemiologia e profilaxia da enfermidade. Rev. Bras. Malariol. D. Trop. 9:191-211, 1957.

[6] 6. CORRÊA, R.R. - Informe sobre a Doença de Chagas no Brasil e em especial no Estado de São Paulo - Rev. Bras. Malariol. D. Trop., 20:39-81, 1968.

[7] 7. DEANE, L.M. & DEANE, M.P. - Notas sobre transmissores e reservatórios do Trypanosoma cruzi no Noroeste do Estado do Ceará. Rev. Bras. Malariol. D. Trop. 9:577-595, 1957.

[8] 8. FUNDAÇÃO, I.B.G.E. - Sinópse preliminar do censo demográfico. VIII Recenseamento Geral, 1970.

[9] 9. GONZAGA, A. - Climatologia e Nosologia do Ceará, 1925. Rio de Janeiro, 171 pp. Ed. Baptista de Sousa.

[10] 10. MACHADO, H. - Identificação de triatomíneo infectado com tripanosomas capturados no Município de Redenção - Ceará. Sessão Centro M. Cear. 24 Janeiro, 1951.

[11] 11. MACHADO, H. & PINTO, O.S. - Contribuição ao conhecimento da distribuição geográfica dos triatomíneos domiciliários e de seus índices de infecção natural no Estado do Ceará, Brasil. Rev. Bras. Malariol. D. Trop., 4:157-170, 1952.

[12] 12. JUCÁ, A. & CUNHA, R.V. - Contribuição ao estudo da Doença de Chagas no Ceará. Ceará Médico, 29:36-38, 1950.

[13] 13. SALES, J.B. - Geografia Médica do Estado do Ceará. Distribuição geográfica da Doença de Chagas. Rev. Bras. Med., 19:788-789, 1952.

[14] 14. SUCAM - Ministério da Saúde - Dados sobre captura de triatomíneos no Estado do Ceará. Papéis datilografados (1966).