Acessibilidade / Reportar erro

Prevalência de infecção do colo do útero pelo HPV no Brasil: revisão sistemática

Prevalencia de infección de cuello de útero por HPV en Brasil: revisión sistemática

Resumos

OBJETIVO: Analisar a prevalência de infecção pelo vírus do papiloma humano (HPV) em mulheres no Brasil. MÉTODOS: Revisão sistemática que incluiu artigos recuperados em busca livre nos portais PubMed e Biblioteca Virtual em Saúde, em abril/2009, utilizando-se os termos "human papillomavirus", "HPV", "prevalence" e "Brazil". Dos 155 artigos identificados, 82 permaneceram após leitura de título e resumo e foram submetidos à leitura integral, sendo selecionados 14 artigos. RESULTADOS: Os artigos sobre o tema foram publicados entre 1989 e 2008. Os 14 artigos representaram estudos de quatro regiões brasileiras (Sudeste 43%, Sul 21,4%, Nordeste 21,4% e Norte 7,1%). Nove artigos relatavam estudos transversais. Em oito utilizaram-se técnicas moleculares para tipagem do HPV e em sete deles utilizou-se captura híbrida para detecção do HPV. As populações estudadas variaram de 49 a 2.329 mulheres. A prevalência geral de infecção do colo do útero pelo HPV variou entre 13,7% e 54,3%, e para as mulheres com citologia normal, variou entre 10,4% e 24,5%. Quatro estudos relataram os tipos de HPV mais freqüentes, segundo resultado de citologia. CONCLUSÕES: As técnicas de citologia disponíveis resultam em diversas classificações e estimativas de prevalência do HPV. Contudo, considerando separadamente os estudos segundo a técnica utilizada, observa-se que a prevalência do HPV tem aumentado. O HPV16 foi o tipo mais freqüente entre as mulheres, independentemente do resultado de citologia. A concentração dos estudos na região Sudeste do País, especialmente nas regiões metropolitanas, mostra que investigações adicionais serão necessárias para aumentar a abrangência das informações disponíveis sobre as mulheres brasileiras.

Infecções por Papillomavirus; Neoplasias do Colo do Útero; Publicações Científicas e Técnicas; Revisão


OBJETIVO: Analizar la prevalencia de infección por el virus de papiloma humano en mujeres en Brasil. MÉTODOS: Revisión sistemática que incluyó artículos recuperados en búsqueda libre en las páginas de datos PubMed y Biblioteca Virtual en Salud, en abril/2009, utilizándose los términos "human papillomavirus", "HPV", "prevalence" y "Brazil". De los 155 artículos identificados 82 se mantuvieron luego de leer el título y el resumen y fueron leídos de forma íntegra, siendo seleccionados 14 artículos. RESULTADOS: Los artículos sobre el tema fueron publicados entre 1989 y 2008. Los 14 artículos representaron estudios de cuatro regiones brasileras (Sureste - 43%, Sur - 21,4%, Noreste - 21,4% y Norte - 7,1%). Nueve artículos relatan estudios transversales. En ocho se utilizaron técnicas moleculares para tipaje del HPV e siete de ellos se utilizó captura híbrida para detección del HPV. Las poblaciones estudiadas variaron de 49 a 2.329 mujeres. La prevalencia general de infección de cuello de útero por el HPV varió entre 13,7% y 54,3%, y para las mujeres con citología normal, varió entre 10,4% y 24,5%. Cuatro estudios relataron los tipos de HPV más frecuentes, según resultado de citología. CONCLUSIONES: Las técnicas de citología disponibles resultan en diversas clasificaciones y estimaciones de prevalencia del HPV. Sin embargo, considerando separadamente los estudios según la técnica utilizada, se observa que la prevalencia del HPV ha aumentado. El HPV16 fue el tipo más frecuente entre las mujeres, independientemente del resultado de citología. La concentración de los estudios en la región Sureste del Brasil, especialmente en las regiones metropolitanas, muestra que las investigaciones adicionales serán necesarias para aumentar la amplitud de las informaciones disponibles sobre las mujeres brasileñas.

Infecciones por Papillomavirus; Neoplasias del Cuello Uterino; Publicaciones Científicas y Técnicas; Revisión


OBJECTIVE: To assess the prevalence of human papillomavirus (HPV) infection in women in Brazil. METHODS: A systematic literature review was conducted with an active search in PubMed and Virtual Health Library databases using the terms "human papillomavirus," "HPV," "prevalence," and "Brazil". Of 155 articles retrieved, 82 were selected after reading their title and abstract. After a thorough examination, 14 articles were included in the study. RESULTS: The 14 articles selected were published between 1989 and 2008 and comprised studies from four Brazilian macroregions (Southeast 43%; South 21.4%; Northeast 21.4%; and North 7.1%). Nine were cross-sectional studies. Eight articles used polymerase chain reaction and seven used hybrid capture for HPV detection. The study samples ranged from 49 to 2,329 women. The overall prevalence of HPV cervical infection was between 13.7% and 54.3%; and women with cytologically normal results had 10% to 24.5% prevalence of HPV cervical infection. Four articles described the most common HPV types. CONCLUSIONS: The cytology techniques available use different classifications leading to different HPV prevalence estimates. However, considering the studies individually according to the detection technique used, the HPV prevalence has increased. HPV16 was the most prevalent type among women, regardless of the cytology result. The concentration of studies in the Southeast region, especially in metropolitan regions, evidences that further investigations are needed to improve information coverage of Brazilian women.

Papillomavirus Infections; Uterine Cervical; Neoplasms; Scientific and Technical Publications; Review


REVISÃO

Prevalência de infecção do colo do útero pelo HPV no Brasil: revisão sistemática

Prevalencia de infección de cuello de útero por HPV en Brasil: revisión sistemática

Andréia Rodrigues Gonçalves AyresI; Gulnar Azevedo e SilvaII

IPrograma de Pós-graduação em Saúde Coletiva. Instituto de Medicina Social (IMS). Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Rio de Janeiro, RJ, Brasil

IIIMS-UERJ. Rio de Janeiro, RJ, Brasil

Correspondência | CorrespondenceCorrespondência | Correspondence: Andréia Rodrigues Gonçalves Ayres R. Aramã, 9 Bento Ribeiro 21550-350 Rio de Janeiro, RJ, Brasil E-mail: andreia.ayres@saude.rj.gov.br

RESUMO

OBJETIVO: Analisar a prevalência de infecção pelo vírus do papiloma humano (HPV) em mulheres no Brasil.

MÉTODOS: Revisão sistemática que incluiu artigos recuperados em busca livre nos portais PubMed e Biblioteca Virtual em Saúde, em abril/2009, utilizando-se os termos "human papillomavirus", "HPV", "prevalence" e "Brazil". Dos 155 artigos identificados, 82 permaneceram após leitura de título e resumo e foram submetidos à leitura integral, sendo selecionados 14 artigos.

RESULTADOS: Os artigos sobre o tema foram publicados entre 1989 e 2008. Os 14 artigos representaram estudos de quatro regiões brasileiras (Sudeste 43%, Sul 21,4%, Nordeste 21,4% e Norte 7,1%). Nove artigos relatavam estudos transversais. Em oito utilizaram-se técnicas moleculares para tipagem do HPV e em sete deles utilizou-se captura híbrida para detecção do HPV. As populações estudadas variaram de 49 a 2.329 mulheres. A prevalência geral de infecção do colo do útero pelo HPV variou entre 13,7% e 54,3%, e para as mulheres com citologia normal, variou entre 10,4% e 24,5%. Quatro estudos relataram os tipos de HPV mais freqüentes, segundo resultado de citologia.

CONCLUSÕES: As técnicas de citologia disponíveis resultam em diversas classificações e estimativas de prevalência do HPV. Contudo, considerando separadamente os estudos segundo a técnica utilizada, observa-se que a prevalência do HPV tem aumentado. O HPV16 foi o tipo mais freqüente entre as mulheres, independentemente do resultado de citologia. A concentração dos estudos na região Sudeste do País, especialmente nas regiões metropolitanas, mostra que investigações adicionais serão necessárias para aumentar a abrangência das informações disponíveis sobre as mulheres brasileiras.

Descritores: Infecções por Papillomavirus, epidemiologia. Neoplasias do Colo do Útero, prevenção & controle. Publicações Científicas e Técnicas. Revisão.

RESUMEN

OBJETIVO: Analizar la prevalencia de infección por el virus de papiloma humano en mujeres en Brasil.

MÉTODOS: Revisión sistemática que incluyó artículos recuperados en búsqueda libre en las páginas de datos PubMed y Biblioteca Virtual en Salud, en abril/2009, utilizándose los términos "human papillomavirus", "HPV", "prevalence" y "Brazil". De los 155 artículos identificados 82 se mantuvieron luego de leer el título y el resumen y fueron leídos de forma íntegra, siendo seleccionados 14 artículos.

RESULTADOS: Los artículos sobre el tema fueron publicados entre 1989 y 2008. Los 14 artículos representaron estudios de cuatro regiones brasileras (Sureste - 43%, Sur - 21,4%, Noreste - 21,4% y Norte - 7,1%). Nueve artículos relatan estudios transversales. En ocho se utilizaron técnicas moleculares para tipaje del HPV e siete de ellos se utilizó captura híbrida para detección del HPV. Las poblaciones estudiadas variaron de 49 a 2.329 mujeres. La prevalencia general de infección de cuello de útero por el HPV varió entre 13,7% y 54,3%, y para las mujeres con citología normal, varió entre 10,4% y 24,5%. Cuatro estudios relataron los tipos de HPV más frecuentes, según resultado de citología.

CONCLUSIONES: Las técnicas de citología disponibles resultan en diversas clasificaciones y estimaciones de prevalencia del HPV. Sin embargo, considerando separadamente los estudios según la técnica utilizada, se observa que la prevalencia del HPV ha aumentado. El HPV16 fue el tipo más frecuente entre las mujeres, independientemente del resultado de citología. La concentración de los estudios en la región Sureste del Brasil, especialmente en las regiones metropolitanas, muestra que las investigaciones adicionales serán necesarias para aumentar la amplitud de las informaciones disponibles sobre las mujeres brasileñas.

Descriptores: Infecciones por Papillomavirus, epidemiología. Neoplasias del Cuello Uterino, prevención & control. Publicaciones Científicas y Técnicas. Revisión

INTRODUÇÃO

O câncer do colo do útero é o sexto tipo de câncer mais freqüente na população em geral e o segundo mais comum entre mulheres.39 No Brasil, estimam-se 20 mil casos novos de câncer de colo de útero ao ano, uma incidência estimada em 20/100 mil.ªa Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Coordenação de Prevenção e Vigilância. Estimativa 2008: Incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro; 2007. As taxas de mortalidade estão estáveis, com redução significativa nas capitais.60,bb Gamarra CJ. Magnitude da mortalidade por câncer do colo do útero no Brasil, 1996-2005 [tese de doutorado]. Rio de Janeiro: Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro; 2009. Evidências epidemiológicas comprovaram que a infecção pelo vírus do papiloma humano (HPV) é causa necessária, mas não suficiente, para a ocorrência do câncer do colo do útero.5,35 Baixas coberturas do exame de rastreamento e modificações na exposição aos fatores de risco para infecção pelo HPV têm sido descritos nas análises da situação epidemiológica do câncer do colo do útero.6,34

Os estudos de prevalência de infecção pelo HPV publicados no Brasil, em sua maioria, analisam dados de mulheres que procuraram serviços de saúde para rastreamento ou tratamento. Muitos apresentam dados exclusivamente de mulheres com resultados de exame citopatológico alterados. Os métodos de detecção do HPV e nomenclatura utilizada para os resultados têm sido aprimorados, o que pode influenciar a avaliação da exposição ao HPV e o diagnóstico citopatológico. Além disso, os achados não são analisados em conjunto, dificultando a compreensão da distribuição dessa infecção a partir do que está disponível na literatura especializada.

A falta de resultados sistematizados sobre a magnitude desse problema impõe limitações para o planejamento das ações de vigilância e controle. A análise crítica dos estudos sobre mulheres brasileiras sobre a prevalência estimada da infecção do HPV pode contribuir com o conhecimento epidemiológico necessário para o fortalecimento e redirecionamento das políticas de controle do câncer do colo do útero. Assim, o objetivo do presente estudo foi analisar a prevalência do HPV em mulheres brasileiras, sobretudo em mulheres com resultados normais para citologia, uma vez que essa estimativa se aproximaria da prevalência da exposição da população geral ao HPV.

MÉTODOS

Revisão sistemática de estudos sobre HPV em mulheres brasileiras. Foram analisadas publicações indexadas nas bases Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE), consultado por meio do PubMed; Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs); Cochrane e Scientific Electronic Library Online (SciELO). Não houve delimitação por período. As buscas foram realizadas por dois revisores independentes, definindo-se a estratégia de busca livre com termos "human papillomavirus", "prevalence" e "Brazil" e os operadores booleanos: "NOT HIV" e "NOT pregnant". A busca foi realizada em abril de 2009. Todos os artigos identificados no PubMed também o foram pela BVS.

As 155 referências recuperadas nas buscas foram avaliadas com base nos títulos e resumos, ordenadas por data de publicação (Figura). A maioria (133) era proveniente da busca no portal PubMed/MEDLINE. Foram selecionados 82 artigos que atenderam aos critérios de inclusão: ter sido realizado com mulheres brasileiras; apresentar resultados de exame citológico cervical, método de detecção do HPV, prevalência geral de HPV nas mulheres com resultado de citologia cervical e prevalência por tipo de HPV nessas mulheres.


Foram excluídos os estudos: referentes às mulheres com resultado de citologia cervical exclusivamente anormal; imunodeprimidas, histerectomizadas ou que sofreram processos excisórios de todo o útero ou parte que incluiu o colo; aqueles que se referem apenas a resultados de exames laboratoriais, sem referência à população de mulheres estudadas.

Após leitura completa dos artigos, foram acrescentados outros 22, encontrados nas referências bibliográficas, e o acesso ao conteúdo integral dos textos permitiu identificar critérios de exclusão não observados na etapa anterior, resultando na exclusão de alguns outros artigos. As publicações foram então submetidas ao processo de extração dos dados e avaliação da qualidade, por dois revisores, de modo independente.

Em se tratando de publicações com dados oriundos do mesmo estudo, optou-se por incluir o artigo que tivesse maior amostra, maior período de abrangência, mais recente ou com maior completude de dados. Ao final, foram selecionados 14 artigos.

O resultado da busca foi armazenado utilizando-se o aplicativo JabRef Reference Manager, versão 2.5, de acesso livre e gratuito.cc JabRef Reference Manager. [citado 2008 jun 17] Disponível em http://jabref.sourceforge.net/

As informações de descrição da metodologia e resultados do estudo das publicações foram coletadas em instrumento específico. Em três dos artigos, os autores foram contatados para completar informações necessárias.

Na avaliação da qualidade, foi utilizado instrumento de avaliação composto de 24 itens, adaptado dos 22 critérios propostos pelo STROBE Statement, em sua observância a princípios de investigação epidemiológica.64 Essa avaliação visou identificar a pertinência dos artigos para a elaboração de um painel em que as informações pudessem ser facilmente identificadas e captadas, a fim de orientar recomendações para futuros estudos.

Dezoito itens relacionavam-se à avaliação da qualidade do estudo e seis itens à disponibilidade de dados para extração. Para cada questão, foi atribuída a pontuação "zero", mediante resposta "não" ao item, e pontuação "um", mediante resposta "sim". A pontuação máxima para os artigos que informaram identificação do HPV com captura híbrida (HC) foi 23, e para aqueles que informaram reação em cadeia de polimerase (PCR) foi 24, devido à aplicabilidade do item 12 apenas a esses artigos. A concordância entre os resultados foi avaliada utilizando-se o coeficiente de correlação intraclasse (CCI), seguindo a escala proposta por Shrout58 (1998) e calculado no aplicativo SPSS, versão 17.0.

RESULTADOS

A Tabela 1 mostra a distribuição dos artigos incluídos na revisão. Três deles foram publicados entre os anos de 1989 e 1995;63,18,19 os demais, a partir do ano 2000.4,7,8,22,25,28,31,32,41,44,61 A distribuição segundo idioma do periódico de publicação foi de três artigos publicados em periódicos em português e 11 em inglês.

Estudos realizados nos estados da região Sudeste foram a maioria, seguidos pelas regiões Sul e Nordeste, com três estudos cada, e a região Norte, com um estudo. Um artigo refere-se a estudo realizado em duas regiões, Sudeste e Nordeste.

Quanto ao desenho do estudo, nove foram transversal, em dois coorte, em dois caso-controle e um experimental. Quatro artigos apresentaram a prevalência do HPV em mulheres com qualquer resultado de citologia, e dez informaram a prevalência em mulheres segundo resultado de citologia, incluindo mulheres com citologia normal.

A população de estudo variou de 49 a 2.329 mulheres;7,63 oito artigos estudaram até mil mulheres e seis mais que mil. Em 11 artigos, descreve-se a estratificação dos grupos de mulheres segundo resultado de citologia cervical, enquanto nos demais não há referências a esse respeito.

A idade mínima foi "maior de 10 anos" e a idade máxima foi de 84 anos,7,32 e quatro artigos informaram apenas a média de idade das mulheres estudadas. Em 12 artigos, as mulheres foram captadas por demanda espontânea das unidades de saúde, e em dois artigos, em estudos de base populacional.

Com relação à avaliação de qualidade, a pontuação média atribuída pelos observadores para todos os artigos foi 19,18 pontos. Para o conjunto de artigos, foram atendidos pelo menos 15 dos 18 itens de observância aos princípios de investigação epidemiológica e foi possível obter informação de ao menos quatro dos itens definidos para extração.

A concordância entre a pontuação atribuída pelos revisores foi substancial, com CCI = 0,81 (IC 95%: 0,408;0,939, p = 0,003).

Em relação à técnica de citologia empregada, a maioria dos artigos relatou uso de citologia cervical convencional. Três artigos mencionaram a utilização da citologia convencional e em meio líquido no mesmo estudo e nas mesmas mulheres, e um artigo refere-se à técnica como "citologia", não sendo possível identificar o tipo empregado. Quanto à nomenclatura dos resultados de citologia cervical, houve relato de adoção da classificação Bethesda em dez artigos, classificação Bethesda associada à Richart em dois artigos, classificação de Papanicolaou em um artigo e outro artigo não mencionou a classificação.

Com referência ao método de identificação do HPV nas mulheres, oito artigos relatam emprego do PCR para tipagem do HPV e sete utilizaram captura híbrida (HC) para detecção do HPV. Dois artigos descrevem uso de ambas as técnicas e um artigo relata uso da hibridização in situ, não empregado atualmente.

As Tabelas 2 a 4 apresentam as estimativas de prevalência de HPV obtidas nos estudos. A Tabela 2 mostra os artigos que relataram uso do PCR para tipagem do HPV. Seis deles relatam uso do primer MY09/11, um outro utilizou primer GP5/GP6 e outro, um probe genérico.

   

A prevalência geral entre mulheres não estratificadas pelo resultado de citologia cervical variou de 16,8% (Trottier et al61 2006) a 28,6% (Krambeck et al28 2008). Os artigos de Eluf-Neto et al (1994)18 e Lorenzato et al32 (2000) não foram incluídos na apresentação das prevalências gerais de HPV por serem estudos caso-controle. Contudo, os dados referentes aos controles foram inseridos na Tabela 2, que apresenta os artigos com mulheres sem lesão. Nos artigos que incluíram mulheres com citologia normal e que foram testadas com PCR para o HPV, o número de mulheres variou de 5728 a 1.099.19

Dois artigos apresentaram a prevalência geral do HPV segundo os tipos identificados pelo PCR (Tabela 4). Franco et al19 (1995) mostram que, no grupo de tipos de HPV de baixo risco, a prevalência geral variou de 0,2% (HPV54 e HPV68) a 2,3% (HPV11). No mesmo estudo, dentre os HPV de alto risco, a variação da prevalência geral esteve entre 0,2% (HPV68) e 5,3% (HPV16); 4,0% era de tipos não identificados de HPV. No estudo de Rosa et al44 (2008), o grupo de HPV de alto risco apresentou prevalências gerais de 3,3% (HPV18) a 18,6% (HPV16).

Dois estudos estimaram a prevalência de tipos de HPV segundo resultado de citologia, incluindo mulheres com citologia inalterada (Tabela 4). No artigo de Eluf-Neto et al18 (1994), a prevalência foi de 50,0% para HPV de alto risco (HPV 18) no grupo com lesão intraepitelial de baixo grau (LSIL), um tipo de lesão de baixo potencial para malignização e alto potencial para cura. Nas mulheres com citologia normal, a prevalência de HPV de baixo risco foi de 0,5% (HPV6), 6,3% de prevalência de múltiplos tipos e 10,0% de prevalência de tipos de HPV não identificados; a prevalência de tipos de HPV de alto risco variou de 0,5% (HPV18) a 5,3% (HPV16). No grupo de mulheres com citologia normal, Krambeck et al28 (2008) estimaram prevalências de HPV de baixo risco em 2,0% (HPV6 e HPV54) e de 4,0% (HPV72). A prevalência de HPV CP4773 foi de 2,0%, sem classificação de risco. Para as mulheres com LSIL, a prevalência de HPV de baixo risco foi de 4,5% (HPV11, HPV62 e HPV81), assim como para os HPV de alto risco (HPV45, HPV52 e HPV66); 9,0% de tipos de HPV não foram identificados. Nas mulheres com lesão intraepitelial de alto grau (HSIL), englobando lesões displásicas moderadas a severas, precancerosas e carcinoma in situ, a prevalência foi de 67,0% (HPV16).

Os artigos que usaram a HC para detecção do HPV estão mostrados na Tabela 3. A prevalência para todas as mulheres varia de 13,7%22 a 54,3%.8 O número de mulheres com citologia normal variou de 6728 a 2.080.41 Um artigo31 que utilizou HC descreve somente a prevalência geral, não sendo possível acessar a prevalência em mulheres com citologia inalterada. Nas mulheres testadas com HC, a prevalência de infecção pelo HPV variou de 10,4%22 a 14,3%.41 Dois artigos relatam grupos de HPV detectados nas mulheres com citologia normal, estratificando-os em alto e baixo risco. Os estudos de Girianelli et al22 (2006) e Holanda et al25 (2006) apresentaram prevalências de HPV para exames coletados pelos profissionais e autocoletados. Dois estudos relatam as prevalências do HPV segundo grupos de risco: dentre as mulheres com citologia normal as estimativas variam entre 1,8% e 3,2% para grupo de HPV de baixo risco e de 7,2% a 7,4% para o grupo de HPV de alto risco.8,22

Apenas um estudo7 identificou o HPV por ambos os métodos (PCR e captura híbrida), sem diferenciar as prevalências segundo o método. Nesse estudo, a prevalência geral foi de 42,8%, e nas mulheres com citologia normal (n = 30), a prevalência foi de 29,0%. Trata-se de estudo de considerável relevância, por apresentar a prevalência em uma população bastante específica, a de mulheres indígenas.7

DISCUSSÃO

A prevalência geral de infecção do colo do útero pelo HPV variou de 13,7% a 54,3%. Para as mulheres com citologia normal, a prevalência de infecção pelo HPV no colo do útero variou entre 10,4% e 24,5%. Meta-análises realizadas em outros cenários ou que incorporaram dados da América do Sul, incluindo o Brasil, mostraram prevalências para mulheres com citologia normal estimadas entre 10,0% e 15,9%.2,16

Os artigos selecionados diferiram entre si em relação aos seguintes aspectos: técnica empregada na citologia cervical, nomenclatura adotada para classificação dos resultados de citologia e métodos utilizados para identificação (detecção ou tipagem) do HPV.

Nas mulheres com citologia normal, os artigos relatam detecção e tipagem de DNA-HPV de alto e baixo risco para câncer do colo do útero. A valorização de estudos com mulheres de citologia normal decorre da maior aproximação de estimativas obtidas em estudos de base populacional. Estudos que incluem apenas mulheres com citologia anormal, referidas a unidades de saúde por apresentarem alterações prévias ou queixas clínicas, tendem a superestimar a prevalência da infecção na população geral. Estudos que incluem mulheres captadas em unidades de assistência para planejamento familiar ou avaliação ginecológica rotineira tendem a estimar prevalências intermediárias ou baixas.

Assim, as estimativas de prevalência obtidas em populações recrutadas em serviços de saúde podem estar super ou subestimadas,65 e a compreensão da dinâmica da infecção pelo HPV nas mulheres com resultado de citologia inalterado produz expectativa de minimização do viés de seleção.16 O conhecimento da distribuição do HPV na população é essencial para subsidiar o desenvolvimento de novos testes para o HPV e para avaliar os efeitos das vacinas introduzidas nos diferentes cenários de ocorrência da infecção.62

Analisando a distribuição dos estudos ao longo do tempo, observa-se um aumento do número de artigos publicados a partir do ano 2000. Isso coincide com o crescimento da pesquisa epidemiológica relacionada à infecção pelo HPV, após a determinação de sua relação causal com o câncer do colo do útero. Além disso, a evolução temporal das tecnologias e dos métodos empregados na detecção e tipagem tem influenciado as estimativas obtidas.

As técnicas de citologia disponíveis resultam em diversas classificações e estimativas de prevalência do HPV, impossibilitando a comparação direta entre os resultados. O tipo de HPV prevalente varia conforme o resultado da citologia cervical, normal ou não. Dentre as anormalidades citológicas, também ocorre variação na prevalência do HPV (prevalência específica por tipo do HPV, por tipo de resultado de citologia ou para ambas).2,14 Outro aspecto é a variação encontrada mediante uso de certos primers para identificação do HPV, que podem ser mais sensíveis para alguns tipos virais do que para outros.13 Portanto, a questão amostral deve ser abordada do ponto de vista estatístico e inferencial. A inobservância desses aspectos pode introduzir vieses nas estimativas calculadas.40

O aumento da utilização da citologia em meio líquido e da captura híbrida nos anos recentes resultou em estimativas mais baixas, quando comparadas às descritas nos artigos que utilizam citologia convencional e PCR. Tais divergências, que por vezes ocorrem dentro de um mesmo grupo de mulheres, confirmam os de outros estudos que encontraram diferenças na sensibilidade e no valor preditivo positivo das técnicas de citologia, modo de coleta (autocoletada ou realizada por profissional) e métodos de identificação do HPV, comparando-os entre si e freqüentemente à colposcopia com biópsia, tomando o resultado histopatológico como referência.1,26,68

No presente estudo, as prevalências estimadas pelo PCR são em geral mais altas que aquelas pela HC, embora não haja diferenças na variabilidade entre as estimativas obtidas com PCR e HC (análise de variância, p > 0,2861). Os artigos que utilizaram HC são mais freqüentes nos últimos anos e mostram estimativas mais baixas.4,8,22,25,31,41 Esses artigos referem populações de estudo maiores (956 a 2.300 mulheres), se comparados aos que utilizaram PCR (84 a 2.050 mulheres). Apenas os estudos de Trottier et al61 (2006) e Rosa et al44 (2008) avaliaram amostras com mais de mil mulheres, o que pode influenciar na precisão da estimativa obtida. Assim, o emprego do método PCR parece aumentar a estimativa de prevalência da infecção pelo HPV. Por exemplo, Becker et al4 (2000) mostram 23,0% de prevalência obtida com PCR e 14,0% se obtida com HC, numa mesma população de 956 mulheres. A técnica de detecção do HPV por HC parece produzir estimativas mais consistentes, variando menos ao longo do tempo. Contudo, considerando separadamente os estudos segundo a técnica utilizada, observa-se maior prevalência do HPV nos estudos mais recentes. Para os artigos publicados que utilizaram PCR, o primeiro, em 1994,18 mostrou prevalência de 17% e o último, em 2008,44 de 24,5%. Entre os que utilizaram HC, observou-se prevalência de 11,6% em 20004 e 14,3% em 2008.42

As estimativas de prevalência do HPV segundo tipos e resultados de citologia nesta revisão coincidem parcialmente com achados da literatura científica. Em meta-análise67 realizada com mulheres de todos os continentes, o HPV16 foi o tipo mais freqüente entre as mulheres, independentemente do resultado de citologia. No entanto, as estimativas de prevalência do HPV entre mulheres com citologia normal descritas nesses artigos divergem quanto à importância do HPV18 dentre as mulheres, ao mostrarem que esse tipo sucede outros numa escala de prevalências. Nos estudos com emprego de HC, a prevalência de HPV de alto risco foi cerca de duas vezes maior que a prevalência de HPV de baixo risco. Quanto aos tipos de baixo risco, foram encontradas baixas prevalências de HPV6 entre as mulheres com citologia normal, contrapondo-se aos dados de outro estudo,67 que o identificaram apenas nas mulheres com LSIL. Embora oito estudos tenham empregado PCR, e com isso tenham possibilitado identificar os tipos do vírus encontrado em todas as mulheres estudadas, apenas dois estudos relataram o tipo encontrado para mulheres com citologia normal. Esse fato aponta a necessidade de estimular pesquisas que identifiquem as prevalências dos tipos de HPV, considerando outros estados e regiões no País e a heterogeneidade nas estimativas que pode estar presente em função das diferenças populacionais regionais.

A análise das características da prevalência e dos tipos de HPV segundo idade foi prejudicada pela diversidade de divisão etária e indisponibilidade de dados para cada grupo entre os estudos.

Houve concentração de estudos em mulheres da região Sudeste, seguida pela Sul, menor nas regiões Nordeste e Norte, e sem relatos para a região Centro-Oeste. Foram identificados dois grandes grupos de estudos de desenho longitudinal, com vários estudos sobre a mesma amostra: Latin American Screening Study (LAMS)17,23,24,29,30,38,42,50,51,59 e Ludwig-McGill.20,21,27,33,45-48,53-57 Ambos os grupos delinearam seus trabalhos a partir de coortes prospectivas para a consolidação do conhecimento sobre incidência, persistência e regressão da infecção pelo HPV.

Embora tenham sido identificados grupos de pesquisa sobre o tema no Rio de Janeiro,9-11 Minas Gerais3,36,37 e Distrito Federal,12,15 seus artigos não ofereciam estimativas de prevalência incluindo mulheres com citologia normal; portanto, não atendiam aos objetivos do presente estudo.

A concentração dos estudos na região Sudeste do País, especialmente nas regiões metropolitanas, mostra que investigações adicionais serão necessárias para aumentar a abrangência das informações disponíveis sobre as mulheres brasileiras. Num país de grandes dimensões e diversidade socioeconômica e cultural, é razoável assumir que as populações de mulheres apresentem riscos diferentes para os fatores associados à infecção pelo HPV. As ações de vigilância do câncer do colo do útero devem considerar tais diversidades, e as decisões devem ser tomadas levando em conta o contexto regional e a capacidade resolutiva da atenção à saúde. A ampliação do alcance do rastreamento com garantia de tratamento e seguimento adequado sem dúvida criarão um cenário mais otimista.52,66

Os artigos incluídos nesta revisão não permitem realizar uma meta-análise, visto que o período em que os artigos foram publicados coincidiu com o de grande aprimoramento das técnicas de biologia molecular. Esse fato em si pode acarretar o cálculo de uma medida sumária baseada em estudos que variam em função da melhoria tecnológica alcançada em termos diagnósticos. Portanto, uma meta-análise nessas circunstâncias produziria resultados imprecisos e de difícil interpretação. Revisão sistemática com 22 artigos, realizada em 2005, nos Estados Unidos, apontou argumentos semelhantes para a não realização de meta-análise.43

É possível que uma das limitações desta revisão tenha sido não ter selecionado artigos que de interesse que não foram identificados nas estratégias de busca utilizadas. No entanto, como as principais bases de dados foram consultadas e os artigos secundários foram captados, é pouco provável que esta situação possa ter ocorrido.49

Em relação aos artigos selecionados, a análise da incompletude de dados deve considerar que nem sempre os artigos descrevem todos os dados dos estudos; assim, dos sete autores consultados, três enviaram dados complementares. Ainda, o delineamento de alguns estudos não permite estimativas de prevalência, pois referiam o número de lâminas de citologia cervical examinadas e não ao total de mulheres incluídas.

Concluindo, deve-se estimular a condução de estudos no País que estimem a prevalência e a distribuição dos tipos de HPV entre mulheres com citologia normal, especialmente em áreas economicamente carentes e de difícil acesso a serviços de saúde. Além disso, é essencial conhecer os fatores que contribuem para a regressão, progressão e persistência da infecção do colo do útero pelo HPV, na perspectiva de identificar os grupos de maior vulnerabilidade e risco para a doença, e assim avançar em estratégias para sua prevenção e controle.

Recebido: 30/9/2009

Aprovado: 22/2/2010

Os autores declaram não haver conflito de interesses.

  • 1. Alves VAF, Bibbo M, Schmidt FCL, Milanezi F, Longatto Filho A. Comparison of manual and automated methods of liquid-based cytology. A morphologic study. Acta Cytologica. 2004;48(2):187-93.
  • 2. Bao YP, Li N, Smith JS, Qiao YL, ACCPAB members. Human papillomavirus type distribution in women from Asia: a meta-analysis. Int J Gynecol Cancer. 2008;18(1):71-9. DOI:10.1111/j.1525-1438.2007.00959.x
  • 3. Barcelos AC, Adad SJ, Michelin MA, Murta EF. Atypical squamous cells of undetermined significance: analysis of microbiology, cytological criteria and clinical conduct. Tumori. 2006;92(3):213-8.
  • 4. Becker Jr E, Edelweiss MI, Nonnenmacher B, Bozzetti MC. Prevalence and epidemiologic correlates of atypical squamous cells of undetermined significance in women at low risk for cervical cancer. Diagn Cytopathol. 2000;24(4):276-82. DOI:10.1002/dc.1059
  • 5. Bosch FX, Lorincz A, Muñoz N, Meijer CJ, Shah KV. The causal relation between human papillomavirus and cervical cancer. J Clin Pathol. 2002;55(4):244-65.
  • 6. Bosch FX, Burchell AN, Schiffman M, Giuliano AR, de Sanjose S, Bruni L, et al. Epidemiology and natural history of human papillomavirus infections and type-specific implications in cervical neoplasia. Vaccine. 2008;26 (Suppl 10):K1-16. DOI:10.1016/j.vaccine.2008.05.064
  • 7. Brito EB, Silva ID, Stávale JN, Taromaru E, Menezess RC, Martins SJ. Amerindian women of the Brazilian Amazon and STD. Eur J Gynaecol Oncol. 2006;27(3):279-81.
  • 8. Carestiato FN, Silva KC, Dimetz T, Oliveira LH, Cavalcanti SM. Prevalence of human papillomavirus infection in the genital tract determined by hybrid capture assay. Braz J Infect Dis. 2006;10(5):331-6. DOI:10.1590/S1413-8670200600050000
  • 9. Cavalcanti SMB, Frugulhetti ICPP, Passos MRL, Fonseca MEF, Oliveira LHS. Prevalence of human papilomavírus DNA in female cervical lesions from Rio de Janeiro, Brazil. Mem Inst Oswaldo Cruz. 1994;89(4):575-80. DOI:10.1590/S0074-02761994000400013
  • 10. Cavalcanti SMB, Deus FCC, Zardo LG, Frugulhetti ICPP, Oliveira LHS. Human papillomavirus infection and cervical cancer in Brazil: a retrospective study. Mem Inst Oswaldo Cruz. 1996;91(4):433-40. DOI:10.1590/S0074-02761996000400009
  • 11. Cavalcanti SM, Zardo LG, Passos MR, Oliveira LH. Epidemiological aspects of human papillomavirus infection and cervical cancer in Brazil. J Infect. 2000;40(1):80-7. DOI:10.1053/jinf.1999.0596
  • 12. Cerqueira DM, Camara GN, Cruz MR, Silva EO, Brígido MM, Carvalho LG, et al. Variants of human papillomavirus types 53, 58 and 66 identified in Central Brazil. Virus Genes. 2003;26(1):83-7. DOI:10.1023/A:1022386323921
  • 13. Clifford GM, Gallus S, Herrero R, Muñoz N, Snijders PJF, Vaccarella S, et al. Worldwide distribution of human papillomavirus types in cytologically normal women in the International Agency for Research on Cancer HPV prevalence surveys: a pooled analysis. Lancet. 2005;366(9490):991-8. DOI:10.1023/A:1022386323921
  • 14. Clifford GM, Smith JS, Plummer M, Muñoz N, Franceschi S. Human papillomavirus types in invasive cervical cancer worldwide: a meta-analysis. Br J Cancer. 2003;88(1):63-73. DOI:10.1038/sj.bjc.6600688
  • 15. Cruz MR, Cerqueira DM, Cruz WB, Camara GNL, Brígido MM, Silva EO, et al. Prevalence of human papillomavirus type 16 variants in the Federal District, Central Brazil. Mem Inst Oswaldo Cruz. 2004;99(3):281-2. DOI:10.1590/S0074-02762004000300007
  • 16. de Sanjosé S, Diaz M, Castellsagué X, Clifford G, Bruni L, Muñoz N, et al. Worldwide prevalence and genotype distribution of cervical human papillomavirus DNA in women with normal cytology: a meta-analysis. Lancet Infect Dis. 2007;7(7):453-9. DOI:10.1016/S1473-3099(07)70158-5
  • 17. Derchain SFM, Rabelo-Santos SH, Sarian LO, Zeferino LC, Zambeli ERO, Westin MCA, et al. Human papillomavírus DNA detection and histological findings in women referred for atypical glandular cells or adenocarcinoma in situ in their Pap smears. Gynecol Oncol. 2004;95(3):618-23. DOI:10.1016/j.ygyno.2004.08.033
  • 18. Eluf-Neto J, Booth M, Muñoz N, Bosch FX, Meijer CJ, Walboomers JM. Human papillomavirus and invasive cancer in Brazil. Br J Cancer 1994;69(1):114-9.
  • 19. Franco EL, Villa LL, Ruiz A, Costa MC. Transmission of cervical human papillomavirus infection by sexual activity: differences between low and high oncogenic risk types. J Infect Dis. 1995;172(3):756-63.
  • 20. Franco E, Villa L, Rohan T, Ferenczy A, Petzl-Erler M, Matlashewski G. Design and methods of the Ludwig-McGill longitudinal study of the natural history of human papillomavirus infection and cervical neoplasia in Brazil. Rev Panam Salud Publica. 1999;6(4):223-33.
  • 21. Franco EL, Villa LL, Sobrinho JP, Prado JM, Rousseau MC, Désy M, et al. Epidemiology of acquisition and clearance of cervical human papillomavirus infection in women from a high risk area for cervical cancer. J Infect Dis. 1999;180(5):1415-23. DOI:10.1086/315086
  • 22. Girianelli VR, Thuler LCS, Szklo M, Donato A, Zardo LMG, Lozana JA, et al. Comparison of human papillomavirus DNA tests, liquid-based cytology and conventional cytology for the early detection of cervix uteri cancer. Eur J Cancer Prevention. 2006;15(6):504-10. DOI:10.1086/315086
  • 23. Gontijo RC, Derchain SFM, Montemor EBL, Sarian LOZ, Serra MMP, Zeferino LC, et al. Citologia oncológica, captura de híbridos II e inspeção visual no rastreamento de lesões cervicais. Cad Saude Publica. 2005;21(1):141-9. DOI:10.1590/S0102-311X2005000100016
  • 24. Gontijo RC, Derchain SF, Roteli-Martins C, Bragança JF, Sarian LO, Morais SS, et al. Human papillomavirus (HPV) infections as risk factor for cytological and histological abnormalities in baseline PAP smear-negative women followed-up for 2 years in the LAMS Study. Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol. 2007;133(2):239-46. DOI:10.1016/j.ejogrb.2006.05.012
  • 25. Holanda Jr F, Castelo A, Veras TM, de Almeida FML, Lins MZ, Dores GB. Primary screening for cervical cancer through self sampling. Int J Gynaecol Obstetr. 2006;95(2):179-84. DOI:10.1016/j.ijgo.2006.07.012
  • 26. Karwalajtys T, Howard M, Sellors JW, Kaczorowski J. Vaginal self sampling versus physician cervical sampling for HPV among younger and older woman. Sex Transm Infect. 2006;82(4):337-9. DOI:10.1136/sti.2005.019430
  • 27. Kim JJ, Kuntz KM, Stout NK, Mahmud S, Villa LL, Franco EL, et al. Multiparameter calibration of a natural history model of cervical cancer. Am J Epidemiol. 2007;166(2):137-50. DOI:10.1093/aje/kwm086
  • 28. Krambeck WM, Cadidé RM, Dalmarco EM, de Cordova CM. HPV detection and genotyping as an earlier approach in cervical cancer screening of the female genital tract. Clin Exp Obstet Gynecol 2008;35(3):175-8.
  • 29. Longatto-Filho A, Eren M, Branca M, Roteli-Martins C, Naud P, Derchain SF, et al. Human papillomavirus testing as an optional screening tool in low-resource settings of Latin America: experience from the Latin American Screening Study. Int J Gynecol Cancer. 2006;16(3):955-62. DOI:10.1111/j.1525-1438.2006.00582.x
  • 30. Longatto-Filho A, Roteli-Martins C, Hammes L, Etlinger D, Pereira SM, Eren M, et al. Self-sampling for human papillomavirus (HPV) testing as cervical cancer screening option. Experience from the LAMS study. Eur J Gynaecol Oncol 2008;29(4):327-32.
  • 31. Lopes F, Latorre MRDO, Pignatari ACC, Buchalla CM. Prevalência de HIV, papilomavírus humano e sífilis na Penitenciária Feminina da Capital, São Paulo, 1997-1998. Cad Saude Publica. 2001;17(6):1473-80. DOI:10.1590/S0102-311X2001000600031
  • 32. Lorenzato F, Ho L, Terry G, Singer A, Santos LC, de Lucena Batista R, et al. The use of human papillomavirus in detection of cervical neoplasia in Recife (Brazil). Int J Gynecol Cancer. 2000;10(2):143-50. DOI:10.1046/j.1525-1438.2000.00007.x
  • 33. Maciag PC, Schlecht NF, Souza PS, Rohan TE, Franco EL, Villa LL. Polymorphisms of the human leukocyte antigen DRB1 and DQB1 genes and the natural history of human papillomavirus infection. J Infect Dis. 2002;186(2):164-72. DOI:10.1086/341080
  • 34. Martins LFL, Thuler LCS, Valente JG. Cobertura do exame de Papanicolaou no Brasil e seus fatores determinantes: uma revisão sistemática da literatura. Rev Bras Ginecol Obstet 2005;27(8):485-92. DOI:10.1590/S0100-72032005000800009
  • 35. Muñoz N, Bosch FX, de Sanjosé S, Herrero R, Castellsagué X, Shah KV, et al. Epidemiologic classification of human papillomavirus types associated with cervical cancer. N Engl J Med. 2003;348(6):518-27. DOI:10.1056/NEJMoa021641
  • 36. Murta EFC, Lombardi W, Borges LS, Souza MAH, Adad SJ. Freqüência de infecção pelo papilomavírus humano em mulheres com ectopia cervical. Rev Bras Ginecol Obstet 1999;21(8):447-9.
  • 37. Murta EF, de Souza MA, Araújo Júnior E, Adad SJ. Incidence of Gardnerella vaginalis, Candida sp and human papillomavirus in cytological smears. Sao Paulo Med J. 2000;118(4):105-8. DOI:10.1590/S1516-31802000000400006
  • 38. Nonogaki S, Wakamatsu A, Longatto Filho A, Pereira SM, Utagawa ML, Ferreira Alves VA, et al. Hybrid capture II and polimerase chain reaction for identifying HPV infections in samples collected in a new collection medium: a comparison. Acta Cytol. 2004;48(4):514-20.
  • 39. Parkin DM, Bray F, Ferlay J, Pisani P. Global cancer statistics, 2002. CA Cancer J Clin. 2005;55(2):74-108. DOI:10.3322/canjclin.55.2.74
  • 40. Pearce N. Effect measures in prevalence studies. Environ Health Perspect. 2004;112(10):1047-50.
  • 41. Rama CH, Roteli-Martins CM, Derchain SFM, Longatto-Filho A, Gontijo RC, Sarian LOZ, et al. Prevalência do HPV em mulheres rastreadas para o câncer cervical. Rev Saude Publica. 2008;42(1):123-30. DOI:10.1590/S0034-89102008000100016
  • 42. Rama C, Roteli-Martins C, Derchain S, Longatto-Filho A, Gontijo R, Sarian L, et al. Rastreamento anterior para câncer do colo uterino em mulheres com alterações citológicas ou histológicas. Rev Saude Publica. 2008;42(3):411-9. DOI:10.1590/S0034-89102008000300004
  • 43. Revzina NV, Diclemente RJ. Prevalence and incidence of human papillomavirus infection in women in the USA: a systematic review. Int J STD AIDS 2005;16(8):528-37. DOI:10.1258/0956462054679214
  • 44. Rosa MI, Fachel JM, Rosa DD, Medeiros LR, Igansi CN, Bozzetti MC. Persistence and clearance of human papillomavirus infection: a prospective cohort study. Am J Obstet Gynecol. 2008;199(6):617.e1-7.
  • 45. Rousseau MC, Franco EL, Villa LL, Sobrinho JP, Termini L, Prado JM, et al. A cumulative case-control study of risk factor profiles for oncogenic and non-oncogenic cervical human papillomavirus infections. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev. 2000;9(5):469-76.
  • 46. Rousseau MC, Pereira JS, Prado JC, Villa LL, Rohan TE, Franco EL. Cervical coinfection with human papillomavirus (HPV) types as a predictor of acquisition and persistence of HPV infection. J Infect Dis. 2001;184(12):1508-17. DOI:10.1086/324579.
  • 47. Rousseau MC, Abrahamowicz M, Villa LL, Costa MC, Rohan TE, Franco EL. Predictors of cervical coinfection with multiple human papillomavirus types. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev. 2003;12(10):1029-37
  • 48. Rousseau MC, Villa LL, Costa MC, Abrahamowicz M, Rohan TE, Franco EL. Occurrence of cervical infection with multiple human papillomavirus types is associated with age and cytologic abnormalities. Sex Transm Dis. 2003;30(7):581-7. DOI:10.1097/00007435-200307000-00010
  • 49. Sampson M, Barrowman NJ, Moher D, Klassen TP, Pham B, Platt R, et al. Should meta-analysis search Embase in addition to Medline? J Clin Epidemiol. 2003;56(10):943-55. DOI:10.1016/S0895-4356(03)00110-0
  • 50. Sarian LO, Derchain SFM, Naud P, Roteli-Martins C, Longatto-Filho A, Tatti S, et al. Evaluation of visual inspection with acetic acid (VIA), Lugol's iodine (VILI), cervical cytology and HPV testing as cervical screening tools in Latin America. J Med. Screen. 2005;12(3):142-9. DOI:10.1258/0969141054855328
  • 51. Sarian LO, Hammes LS, Longatto-Filho A, Guarisi R, Derchain SF, Roteli-Martins C, et al. Increased risk of oncogenic human papillomavirus infections and incident high-grade cervical intraepithelial neoplasia among smokers: experience from the Latin American screening study. Sex Transm Dis. 2009;26(4):241-8. DOI:10.1097/OLQ.0b013e3181935a7d
  • 52. Schiffman M, Castle PE, Jeronimo J, Rodriguez AC, Wacholder S. Human papillomavirus and cervical cancer. Lancet. 2007;370(9590):890-907. DOI:10.1016/S0140-6736(07)61416-0
  • 53. Schlecht NF, Kulaga S, Robitaille J, Ferreira S, Santos M, Miyamura RA, et al. Persistent human papillomavirus infection as a predictor of cervical intraepithelial neoplasia. JAMA. 2001;286(24):3106-14. DOI:10.1001/jama.286.24.3106
  • 54. Schlecht NF, Platt RW, Duarte-Franco E, Costa MC, Sobrinho JP, Prado JC, et al. Human papillomavirus infection and time to progression and regression of cervical intraepithelial neoplasia. J Natl Cancer Inst. 2003;95(17):1336-43.
  • 55. Schlecht NF, Platt RW, Negassa A, Duarte-Franco E, Rohan TE, Ferenczy A, et al. Modeling the time dependence of the association between human papillomavirus infection and cervical cancer precursor lesions. Am J Epidemiol. 2003;158(9):878-86. DOI:10.1001/jama.286.24.3106
  • 56. Schlecht NF, Trevisan A, Baggio ML, Galan L, Duarte-Franco E, Greenberg MD, et al. Lack of agreement between cervicography and cytology and the effect of human papillomavirus infection and viral load. J Lower Genit Tract Dis. 2006;10(4):229-37. DOI:10.1097/01.lgt.0000225892.03613.2c
  • 57. Schlecht NF, Trevisan A, Duarte-Franco E, Rohan TE, Ferenczy A, Villa LL, et al. Viral load as a predictor of the risk of cervical intraepithelial neoplasia. Int J Cancer. 2003;103(4):519-24. DOI:10.1002/ijc.10846
  • 58. Shrout P. Measurement reliability and agreement in psychiatry. Stat Methods Med Res.1998;7(3):301-17. DOI:10.1191/096228098672090967
  • 59. Syrjänen K, Naud P, Derchain S, Roteli-Martins C, Longatto-Filho A, Tatti S, et al. Comparing PAP smear cytology, aided visual inspection, screening colposcopy, cervicography and HPV testing as optional screening tools in Latin America. Study and baseline data of the LAMS Study. Anticancer Res. 2005;25(5):3469-80.
  • 60. Thuler LCS, Mendonça GA. Estadiamento inicial dos casos de câncer de mama e colo do útero em mulheres brasileiras. Rev Bras Ginecol Obstet. 2005;27(11):656-60. DOI:10.1191/096228098672090967
  • 61. Trottier H, Mahmud S, Costa MC, Sobrinho JP, Duarte-Franco E, Rohan TE, et al. Human papillomavirus infections with multiple types and risk of cervical neoplasia. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev. 2006;15(7):1274-80. DOI:10.1158/1055-9965.EPI-06-0129
  • 62. Vaccarella S, Herrero R, Dai M, Snijders PJF, Meijer CJLM, Thomas JO, et al. Reproductive factors, oral contraceptive use, and human papillomavirus infection: pooled analysis of the IARC HPV prevalence surveys. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev. 2006;15(11):2148-53. DOI:10.1158/1055-9965.EPI-06-0556
  • 63. Villa LL, Franco EL. Epidemiologic correlates of cervical neoplasia and risk of human papillomavirus infection in asymptomatic women in Brazil. J Natl Cancer Inst 1989;81(5):332-40. DOI:10.1093/jnci/81.5.332
  • 64. von Elm E, Altman DG, Egger M, Pocock SJ, Gøtzsche PC, Vandenbroucke JP. The Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology (STROBE) statement: guidelines for reporting observational studies. PloS Med. 2007;4(10):e296. DOI:10.1371/journal.pmed.0040296
  • 65. Weller CS, Stanberry LR. Estimating the population prevalence of HPV. JAMA. 2007;297(8):876-8. DOI:10.1001/jama.297.8.876
  • 66
    World Health Organization. International Agency for Research on Cancer. Cervix cancer screening. Lyon; 2005. (IARC Handbooks of cancer prevention, 10).
  • 67. WHO/ICO Information Centre on HPV and Cervical Cancer. HPV and cervical cancer in the 2007 report. Vaccine. 2007;25(Suppl 3):C1-230.
  • 68. Wright Jr TC, Denny L, Kuhn L, Pollack A, Lorincz A. HPV DNA testing of self-collected vaginal samples compared with cytologic screening to detect cervical cancer. JAMA. 2000;283(1):81-6. DOI:10.1001/jama.283.1.81
  • Correspondência | Correspondence:
    Andréia Rodrigues Gonçalves Ayres
    R. Aramã, 9 Bento Ribeiro
    21550-350 Rio de Janeiro, RJ, Brasil
    E-mail:
  • a
    Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Coordenação de Prevenção e Vigilância. Estimativa 2008: Incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro; 2007.
  • b
    Gamarra CJ. Magnitude da mortalidade por câncer do colo do útero no Brasil, 1996-2005 [tese de doutorado]. Rio de Janeiro: Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro; 2009.
  • c
    JabRef Reference Manager. [citado 2008 jun 17] Disponível em
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      20 Set 2010
    • Data do Fascículo
      Out 2010

    Histórico

    • Aceito
      22 Fev 2010
    • Recebido
      30 Set 2009
    Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo Avenida Dr. Arnaldo, 715, 01246-904 São Paulo SP Brazil, Tel./Fax: +55 11 3061-7985 - São Paulo - SP - Brazil
    E-mail: revsp@usp.br