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Tecnoburocracia e classe social: algumas questões conceituais e mobilidade interna

Resumos

Este texto objetiva apresentar as principais interpretações a respeito do papel da tecnoburocracia no conjunto das relações sociais, como suporte para uma especulação sobre fatores como solidariedade e participação no produto do trabalho social, característicos deste grupo. Para tanto, desenvolve um levantamento inicial de alguns dos principais autores que se preocupam com o tema.

Tecnoburocracia; trabalho; marxismo; classe social; autogestão


This paper intends to present the mainly of the tecnobureaucracy pattern on the social relationship, as well as support factors of the solidariety and the participation of the social work product, characteristic of this group. For that, develops an inicial data of the most important authors who concern about this matter.

Tecnobureaucracy; work; marxism; social class; sel-government


NOTAS E COMENTÁRIOS

Tecnoburocracia e classe social: algumas questões conceituais e mobilidade interna

Gustavo Luis Gutierrez

Doutor em Organização e RH pela EAESP/FGV e professor de Sociologia do Trabalho da UNESP

RESUMO

Este texto objetiva apresentar as principais interpretações a respeito do papel da tecnoburocracia no conjunto das relações sociais, como suporte para uma especulação sobre fatores como solidariedade e participação no produto do trabalho social, característicos deste grupo. Para tanto, desenvolve um levantamento inicial de alguns dos principais autores que se preocupam com o tema.

Palavras-chave: Tecnoburocracia, trabalho, marxismo, classe social, autogestão.

ABSTRACT

This paper intends to present the mainly of the tecnobureaucracy pattern on the social relationship, as well as support factors of the solidariety and the participation of the social work product, characteristic of this group. For that, develops an inicial data of the most important authors who concern about this matter.

Key words: Tecnobureaucracy, work, marxism, social class, sel-government.

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1. SILVA, Benedicto. "A era do Administrador Profissional". Cadernos de Administração Pública, Rio de Janeiro, EBAP, 1954, pp.60-1.

2. URIS, Auren. Novos Rumos em Administração de Empresas. São Paulo, Cultrix, 1974, p.250.

3. DRUCKER, Peter. "O Novo Papel do 'Management' - O preço do sucesso". In: KHAN, Hermarn (org.). O Futuro da Empresa. São Paulo, Melhoramentos, 1975, p.48.

4. MANNHEIM, Karl. Diagnóstico do Nosso Tempo. Rio de Janeiro, Zahar, 1961, p.6; consultar também MANNHEIM, Karl. Liberdade, Poder e Planificação Democrática, São Paulo, Mestre Jou, 1972, por exemplo, p. 264.

5. ENGELS, Friedrich. "Classes Sociais Necessárias e Supérfluas". Temas de Ciências Humanas, São Paulo, Livr. Editora Ciências Humanas, 1978, p.15.

6. Idem, ibidem, p. 13.

7. ENGELS, Friedrich. Anti­Dühring. Madrid, Ciencia Nueva, 1968, p. 302.

8. MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política. São Paulo, Abril Cultural, 1983, livro 3, cap. XXIV, p.288; consultar também p.299.

9. PEREIRA, Luiz C. Bresser. Tecnoburocracia e Contestação. Petróplis, Vozes, 1972, p.30.

10. Para uma análise crítica da utilização, por Luiz Carlos Bresser Pereira, das categorias marxistas, consultar GIAN­NOTTI, José Arthur. Filosofia Miúda. São Paulo, Brasiliense, 1985, pp.70-5.

11. BERNARDO, João. Capital, Sindicatos e Gestores. São Paulo, Vértice, 1987, p.69.

12. MOTTA, Fernando C. Prestes. Organização e Poder. São Paulo, Atlas, 1986; BRUNO, Lúcia. "A Prática de uma Classe no Vácuo de uma Teoria". In: BRUNO, Lúcia & SACCARDO, Cleusa. Organização, Trabalho e Tecnologia. São Paulo, Atlas, 1986.

13. Este conceito de eficiência, como uma renovação conservadora inspira-se na definição de crise social adotada por Habermas, enquanto perturbações que atacam a integração sístêrnlca, Da mesma forma, procura-se incorporar no texto a interpretação que Habermas faz do conceito marxista de formação social, como uma "Sociedade determinada, em cada caso, por um princípio fundamental de organização, que estabelece um espaço abstrato de possibilidades de mudança social". HABERMAS, Jürgen. Problemas de legitimación en el Capitalismo Tardio. Buenos Aires, Amorrortu, 1975, p.23; consultar também p.16.

14. Se esta linha de raciocínio, onde o conflito entre os agentes sociais é destacado, for levada adiante, num primeiro instante, desloca o modelo de análise da percepção marxista de luta de classes (num sentido amplo), para o conceito liberal de homem em luta com os semelhantes para maximizar sua satisfação. Se este mesmo conceito for levado ao limite, ou seja, tomando a luta como um fim em si mesma, ou como um momento nobre da existência, chega-se à lógica de Nietzsche: "Quando se chega a uma certa independência, se quer mais: é feita uma seleção segundo o grau de força; o indivíduo não se coloca desde o início como um igual, senão que busca seus iguais e separa de. si os outros. Ao individualismo, se segue a formação de membros e órgãos, as tendências afins se reunem e trabalham como poder; entre estes centros de poder ocorrem atritos leves, guerras, reconhecimento de forças recíprocas, compensações, aproximações, definição de uma troca de prestações. Concluindo: Uma Hierarquia ... Se quer a liberdade enquanto não se tem, ainda, o poder. Quando se tem o poder, se quer o predomínio; se este não se consegue (por ser demasiado fraco para conquistá­lo), sequera Justiça', isto é: um podengual". NIETZSCHE, Fe" derico. Obras Completas: La Voluntad de Domímo. Buenos Aires, Aguilar, vol. X, 1958, p.44.

  • 1. SILVA, Benedicto. "A era do Administrador Profissional". Cadernos de Administração Pública, Rio de Janeiro, EBAP, 1954, pp.60-1.
  • 2. URIS, Auren. Novos Rumos em Administração de Empresas. São Paulo, Cultrix, 1974, p.250.
  • 3. DRUCKER, Peter. "O Novo Papel do 'Management' - O preço do sucesso". In: KHAN, Hermarn (org.). O Futuro da Empresa. São Paulo, Melhoramentos, 1975, p.48.
  • 4. MANNHEIM, Karl. Diagnóstico do Nosso Tempo. Rio de Janeiro, Zahar, 1961, p.6;
  • consultar também MANNHEIM, Karl. Liberdade, Poder e Planificação Democrática, São Paulo, Mestre Jou, 1972, por exemplo, p. 264.
  • 5. ENGELS, Friedrich. "Classes Sociais Necessárias e Supérfluas". Temas de Ciências Humanas, São Paulo, Livr. Editora Ciências Humanas, 1978, p.15.
  • 7. ENGELS, Friedrich. AntiDühring. Madrid, Ciencia Nueva, 1968, p. 302.
  • 8. MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política. São Paulo, Abril Cultural, 1983, livro 3, cap. XXIV, p.288;
  • 9. PEREIRA, Luiz C. Bresser. Tecnoburocracia e Contestação. Petróplis, Vozes, 1972, p.30.
  • 10. Para uma análise crítica da utilização, por Luiz Carlos Bresser Pereira, das categorias marxistas, consultar GIANNOTTI, José Arthur. Filosofia Miúda. São Paulo, Brasiliense, 1985, pp.70-5.
  • 11. BERNARDO, João. Capital, Sindicatos e Gestores. São Paulo, Vértice, 1987, p.69.
  • 12. MOTTA, Fernando C. Prestes. Organização e Poder. São Paulo, Atlas, 1986;
  • BRUNO, Lúcia. "A Prática de uma Classe no Vácuo de uma Teoria". In: BRUNO, Lúcia & SACCARDO, Cleusa. Organização, Trabalho e Tecnologia. São Paulo, Atlas, 1986.
  • 13. Este conceito de eficiência, como uma renovação conservadora inspira-se na definição de crise social adotada por Habermas, enquanto perturbações que atacam a integração sístêrnlca, Da mesma forma, procura-se incorporar no texto a interpretação que Habermas faz do conceito marxista de formação social, como uma "Sociedade determinada, em cada caso, por um princípio fundamental de organização, que estabelece um espaço abstrato de possibilidades de mudança social". HABERMAS, Jürgen. Problemas de legitimación en el Capitalismo Tardio. Buenos Aires, Amorrortu, 1975, p.23;
  • 14. Se esta linha de raciocínio, onde o conflito entre os agentes sociais é destacado, for levada adiante, num primeiro instante, desloca o modelo de análise da percepção marxista de luta de classes (num sentido amplo), para o conceito liberal de homem em luta com os semelhantes para maximizar sua satisfação. Se este mesmo conceito for levado ao limite, ou seja, tomando a luta como um fim em si mesma, ou como um momento nobre da existência, chega-se à lógica de Nietzsche: "Quando se chega a uma certa independência, se quer mais: é feita uma seleção segundo o grau de força; o indivíduo não se coloca desde o início como um igual, senão que busca seus iguais e separa de. si os outros. Ao individualismo, se segue a formação de membros e órgãos, as tendências afins se reunem e trabalham como poder; entre estes centros de poder ocorrem atritos leves, guerras, reconhecimento de forças recíprocas, compensações, aproximações, definição de uma troca de prestações. Concluindo: Uma Hierarquia ... Se quer a liberdade enquanto não se tem, ainda, o poder. Quando se tem o poder, se quer o predomínio; se este não se consegue (por ser demasiado fraco para conquistálo), sequera Justiça', isto é: um podengual". NIETZSCHE, Fe" derico. Obras Completas: La Voluntad de Domímo. Buenos Aires, Aguilar, vol. X, 1958, p.44.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    14 Jun 2013
  • Data do Fascículo
    Mar 1992
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