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A construção de uma referência acadêmica

EDITORIAL

A construção de uma referência acadêmica

A rotina de consultório, apesar de suas variações, é bastante corriqueira na grande maioria das clínicas. Seja em sua diversidade de afecções, seja nos problemas e dificuldades a serem suplantadas para atingirmos um certo êxito em nossas condutas. Afora a dura incerteza e pressão dada pela necessidade de um diagnóstico correto, hoje ainda temos que saber lidar com a realidade econômica e, principalmente, com os planos e convênios de saúde. Algumas vezes a lógica imposta pela atividade médica não é exatamente a dos planos de assistência. Há alguns dias tive uma experiência que considero emblemática: o paciente havia sofrido um trauma nasal, teve direito a tratamento em pronto socorro de 1º. nível e diagnóstico ¾ fratura nasal ¾ o clínico optou por conduta conservadora e procura de um especialista. Passados 20 dias o paciente esteve em meu consultório. Diagnóstico: fratura nasal com afundamento de pirâmide, laterorinia e desvio septal provocando obstrução nasal. Conduta: rinoseptoplastia. Uma vez solicitada a internação vem a resposta do plano, "e a nasofibroscopia? " Neste momento me veio uma indagação, "para avaliar o nariz é obrigatória uma nasofibroscopia? Qual é a condição de uma auditoria médica questionar a indicação de um médico especialista apenas com um exame em mãos?

Este caso nos mostra o quanto temos necessidade de referências teóricas seguras. Aonde está escrito o que seria o procedimento mínimo para se fazer o diagnóstico e definir um tratamento. É certo que as diretrizes organizadas pelas diversas sociedades de especialidade podem servir de ponto de partida para o manuseio de algumas afecções, mas mesmo assim são bastante gerais em seus apontamentos. E os casos específicos? Como vamos decidir? Deixamos para os auditores? Há diversas maneiras de nos sentirmos fundamentados no que fazemos. Há a opinião de nossos pares, os trabalhos científicos bem estruturados, os chamados consensos de especialidade e há os livros de referência. A revista Brasileira de ORL se sente honrada por servir de guia para muitas decisões pessoais e disputas legais dentro da ORL e é, sem dúvida, um dos fatores primordiais dentre os citados como referência para os profissionais da área médica. Não obstante, a Sociedade Brasileira tem se preocupado com a permanente construção de referências científicas e intelectuais para os otorrinolaringologistas brasileiros e tem preparado consensos e diretrizes em diversos temas como amigdalites, apnéia, otites, etc. O trabalho é dinâmico e deve permanecer inacabado. Porém, faltava um livro de referência. Aquele onde o trabalho dos autores fosse dirigido por colegas com experiência e conhecimento das dificuldades específicas da nossa atividade profissional e que tivesse como lema a completude e aprofundamento. Para que o livro fosse confeccionado a contento, foram muitas horas de reunião entre os seus organizadores, todos professores de faculdades médicas, para determinar os temas a serem desenvolvidos e os nomes ideais para abordá-los. O produto final surge, após cerca de dois anos de trabalho, com um tratado de cerca de 4500 páginas, francamente ilustrado, com cerca de 1500 fotografias e 2000 desenhos, todos redesenhados para apresentar homogeneidade de apresentação, coloridos em sua maioria. O tratado tem cerca de 580 autores contribuidores, tendo uma amostra bastante abrangente da inteligência brasileira na área. Por sua magnitude, decidimos dividi-lo em 5 volumes com a seguinte lógica. O primeiro volume estabeleceria os fundamentos e abarcaria os temas básicos gerais e de cada uma das subespecialidades ¾ Otologia, Rinologia, Cirurgia estética e reconstrutora da face, Faringoestomatologia, Laringologia, Cabeça e pescoço, Cirurgia da base do crânio e ORL pediátrica ¾ o segundo, terceiro e quarto volumes conteriam as doenças de cada uma das especialidades e ficariam assim separados ¾ Otologia e base do crânio (II), Rinologia, Faringoestomatologia e cirurgia estética e reconstrutora da face (III), Laringologia e Cabeça e pescoço (IV); e finalmente o quinto volume onde teríamos as técnicas cirúrgicas e terapias especiais.

Aí está apresentado o mais novo bebe da SBORL. Isto sim é uma referência!!!! A programação de lançamento está entre Agosto e Setembro deste ano.

Bem amigos, desculpem-me o entusiasmo, mas vocês não perdem por esperar.

Saudações

Henrique Olival Costa

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    16 Ago 2002
  • Data do Fascículo
    Maio 2002
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