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Da banalização do sofrimento à sua resignificação ética na organização do trabalho

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Da banalização do sofrimento à sua resignificação ética na organização do trabalho

Autora: Carmem Lúcia Colomé Beck

Orientadora: Maria Tereza Leopardi

RESUMO

Este estudo caracteriza-se como uma investigação da área humano-social, do tipo exploratório-descritiva, estruturada a partir de uma abordagem qualitativa. Foi realizado com vinte enfermeiras e 26 auxiliares de enfermagem de dois hospitais da cidade de Santa Maria -RS e em cinco unidades consideradas críticas, quais sejam: a unidade de terapia intensiva de adultos, o centro cirúrgico, o pronto-atendimento, a unidade e o ambulatório de hematooncologia. A triangulação foi usada na coleta de dados, incluindo a entrevista semi-estruturada, a observação nos três turnos de trabalho e o preenchimento de um formulário junto com os trabalhadores de enfermagem. O problema que suscitou a investigação foi a cerca dos efeitos que a organização do trabalho e os eventos situacionais provocam na vida dos trabalhadores e, como objetivos, a caracterização das unidades críticas, a identificação destes eventos vivenciados pelos trabalhadores e a repercussão no modo de enfrentamento do sofrimento, bem como as relações entre os eventos presentes na organização do trabalho e a produção do sofrimento, desconforto, desprazer dos trabalhadores da enfermagem. A tese que foi defendida é de que a organização do trabalhador, bem como os eventos situacionais específicos, decodificados ou não, vivenciados individual ou coletivamente, em unidades críticas, produzem efeitos sobre o modo de enfrentamento do sofrimento. Esses modos apresentaram-se através da utilização de mecanismo de defesa, como a negação e a sublimação do sofrimento ou a partir da banalização do sofrimento quando os trabalhadores fazem de conta que nada está acontecendo, ou como se os acontecimentos fossem esperados e não requeressem decisões. Outras estratégias defensivas foram mencionadas pelos trabalhadores para fazer frente ao sofrimento, tais com: esquecer a qualquer custo o sofrimento cotidiano; separar a vida social da vida do trabalho; vivenciar crises e adoecer, tendo em vista os sentimentos não conscientes; anular as emoções; utilizar "válvulas de escape" para aliviar a ansiedade, dentre outras. Nesta situação, é possível afirmar que estes trabalhadores ainda estão negando suas crises decorrentes do sofrimento do trabalho. Entretanto, percebi que alguns deles já buscam novas fórmulas de se relacionarem com o seu trabalho e de enfrentar o sofrimento e, portanto, já se situam na fase chamada "aumento da tensão", segundo Taylor (1992). As novas formas de enfrentamento do sofrimento incluem possibilidades como o reconhecimento da existência do mesmo; a necessidade de aprender a conviver com ele e de compartilhar essas experiências com os colegas; a busca do significado dessas vivências para a sua vida e o desejo de alcançar o equilíbrio entre sofrer sem limites, negar ou banalizar o sofrimento. A enfermagem permanece desempenhando o papel social esperado, ou seja, realizando aquilo que esperam dela "a qualquer custo". Outro achado importante foi o estado de alerta permanente revelado pelos trabalhadores, o qual precisa ser investigado com mais profundidade e associado às doenças apresentadas por eles, decorrentes do desenvolvimento do seu trabalho.

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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      18 Jun 2014
    • Data do Fascículo
      Out 2002
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