O ENSINO DA ASSISTÊNCIA EDUCATIVA DE ENFERMAGEM

RESUMO E CONCLUSÕES

A educação é básica para o trabalho de saúde e a enfermagem constitui-se ponto chave, devido à atuação direta e por longo tempo, junto aos indivíduos sãos e doentes que serão focalizados por um programa de saúde.

A metodologia da educação para a saúde, as técnicas da comunicação educativa, são aspectos que não podem deixar de ser ensinados num curso de enfermagem. Procuramos mostrar neste trabalho, que a aprendizagem do aluno se faria muito mais profundamente se o ensino se fizesse de maneira integrada mas que, por dificuldades várias, não se conseguiu ainda no nosso meio. Procuramos mostrar, também, que o importante é dar esses aspectos logo no início do curso para que o aluno tenha oportunidade de po-los em prática, através dos anos subsequentes. Também, é mais importante, neste momento do curso, dar-lhe meios para que aprenda a identificar o problema educativo dentro da assistência integral de enfermagem, planejar a ação adequada e saber as bases da comunicação eficiente para cada caso. A habilidade em se comunicar, só se desenvolverá adequadamente, após algum treino junto aos pacientes o que deverá ocorrer, se for intensificada nos anos subsequentes.

Texto completo disponível apenas em PDF

ANEXO 1 ESCOLA DE ENFERMAGEM DA USP — ENFERMAGEM PREVENTIVA — (Programa para o 1.º ano)

ANEXO 2 COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE RELACIONADOS A FONTE E AO DESTINATÁRIO

Instruções

1. Observe, durante duas horas pessoas em comunicação falada, por gestos ou escrita (em conversa, entrevista, aula, demonstração, etc).

2. Escolha uma fonte ou comunicador de cada vez e acompanhe durante certo tempo a sua interação com outras pessoas (destinatário ou comunicando), mesmo que estas sejam várias, mas que naquele momento estejam em comunicação.

3. Analise cada processo, enquanto as pessoas forem as mesmas. Assinale:

   • — com um X na coluna SIM e NAO, se, de acordo com sua observação, os princípios foram seguidos, ou não.

   • — com um traço (—) na coluna SIM, se não houve necessidade ou oportunidade de aplicá-los.

4. Faça tantas folhas, quantos foram os processos observados, uma para cada observação.

ANEXO 3 ESCOLA DE ENFERMAGEM DA USP PROGRAMA DE ENFERMAGEM PREVENTIVA 1.º Ano — FUNDAMENTOS DE ENFERMAGEM

Unidade IV — Saúde e educação para a saúde

Estudo dirigido: conceito, princípios básicos e metodologia da educação para a saúde.

Segundo os peritos da OMS, (¹) as funções da enfermagem variam consideravelmente de um local para outro e estão condicionadas às características sócio-econômicas-sanitárias de cada país. Reconhecem entretanto que a função educativa deve estar sempre incluída em qualquer cuidado de enfermagem o que deve ser comum aos profissionais de enfermagem de todo o mundo. Isto porque a natureza das relações da enfermeira com pacientes adultos ou crianças coloca-a numa posição verdadeiramente invejável para grangear a confiança das pessoas, compreender seus problemas pessoais e familiares e ter mais base para um trabalho educativo.

A enfermagem, segundo Wanda Horta (²) "é a arte de assistir ao ser humano no atendimento de suas necessidades básicas, de torná-lo independente desta assistência, através da educação, de recuperar, manter e promover sua saúde em colaboração com outros profisisonais".

Este estudo dirigido visa levá-lo ao conhecimento do conceito, princípios básicos e a metodologia usada na educação para a saúde.

Leia com atenção cada item e procure respondê-lo suscintamente e com suas próprias palavras.

1. Conceitue, após ler Luiz Alves de Mattos, no seu "Sumário de Didática Geral", 5ª. edição (até página 65 do capítulo VII) o que entende por:

   • — ensino

   • — aprendizagem

2. Após ler a tradução mimeografada do artigo de W. Griffithe, "O processo educativo no trabalho de saúde", (até o final da página 5), responda o seguinte:

   • — o que entende por processo educativo no trabalho de saúde?

   • — Quais são as fases ou etapas necessárias para que haja mudança de comportamento com relação a conhecimentos, atitudes, hábitos de saúde?

   • — o que é percepção? Quais são as percepções em relação a conhecimentos, atitudes e hábitos de saúde de algumas pessoas que você conhece, inclusive de sua família? Cite 3.

   • — no seu trabalho educativo junto aos pacientes, o seu problema maior será criar percepções a respeito da saúde e não tanto mudá-las; por que?

   • — muitas vezes você sentirá que embora falando muito com as pessoas sobre práticas corretas de saúde, documentadas com fatos ou farto material ilustrativo, elas se recusam a mudar seu comportamento com relação às mesmas. Você conhece algum exemplo dentro da sua experiência de vida? Então cite-o e diga o que você acha que influi para que isto aconteça.

   • — cite apenas, quais são as necessidades biológicas, sociais e culturais que podem influenciar a mudança de comportamento, conhecimento, hábitos e atitudes com relação a saúde. Você conhece algum caso em que a motivação, foi responsável pela educação de alguém? Cite-o.

   • — durante o nosso trabalho como enfermeiros, veremos que muitas vezes as intenções das pessoas a quem ensinamos são boas e temos quase que certeza de que as mesmas seguirão o que recomendamos. Entretanto, vemos que deixam de completar o que pretendem fazer. É o caso, por exemplo de uma criança cuja mãe tem a intenção de levá-la ao médico para um exame mas que nunca o faz, não estando melhor que uma outra mãe que ignora a importância do mesmo exame. Como você acha que deve agir para que a mesma, passe da intenção para a ação?

3. Lendo o mesmo artigo, à pág. 4, diga:

   • — quais são os principais tipos de métodos utilizados para a mudança de comportamento em relação a saúde? Descreva suscintamente cada um deles.

4. Após ler:

   • — apostila sobre Técnicas Educativas e Material Audiovisual da Escola de Enfermagem da USP;

   • — a publicação da OMS "Educacion Higiênica dei publico, no apêndice, o capítulo sobre "Exemplos de métodos e meios"

   • — o livro do Dr. Brito Bastos sobre "Educação Sanitária", pág. 371 a 379.

   Cite 4 métodos e 5 tipos de material audiovisual utilizados em educação sanitária.

5. Após ler as mesmas publicações, assinale com um X a resposta certa, dos seguintes testes:

   • 5.1 as palestras, as conferências e as aulas expositivas devem ser utilizadas:

     • — quando queremos favorecer o espírito de grupo, pelo intercâmbio de idéias dos membros que assistem, entre sí;

     • — para informar, apenas, sobre um assunto, pois o público tende a passividade, não tendo oportunidade de participar;

     • — quando queremos mudar comportamentos rapidamente.

   • 5.2 o método de contacto individual (por exemplo a entrevista) é mais útil:

     • — quando se trata de mudanças difíceis, que levam em conta problemas pessoais e o indivíduo não reage bem em grupo;

     • — quando o tempo é curto para agrupar muitas pessoas juntas;

     • — nem uma e nem outra.

   • 5.3 a demonstração, é um método que emprega, principalmente,o seguinte princípio da aprendizagem:

     • — o de "aprender fazendo"

     • — o da "motivação"

     • — o da "repetição"

   • 5.4 a discussão de grupo deve ser utilizada principalmente,na educação para a saúde:

     • — quando contamos com elementos capazes de falar bem frente a grupos;

     • — quando queremos ganhar tempo, ensinando várias pessoas ao mesmo tempo;

     • — quando queremos que a aprendizagem seja pela troca de experiências e os problemas se resolvem democraticamente.

6. 6. Depois de ter lido o artigo de Griffiths até a pág. 4, para poder responder às perguntas do item 2, você estará capacitada a formular, com suas palavras, os princípios que você considera básicos para a educação de seus pacientes em matéria de saúde. Para que fique mais completo, leia também o folheto "Como as pessoas aprendem". Mas seja suscinta e claro!

(1)

OPAS — Comission de expertos en enfermeria: informe de la 1a. Sesion — Washington, DC, OPAS, 1951 — Série de informes ténicos n.º 24.

(2)

HORTA, W. A — Conceito de Enfermagem. Revista da Escola de Enfermagem da USP, 2 (2): 1-5, set. 1968.

ANEXO 4 ESCOLA DE ENFERMAGEM DA USP ENFERMAGEM PREVENTIVA (Programa para o 1.º ano

Unidade IV: Educação para a saúde

Roteiro para plano de assistência educativa de enfermagem

1. ANAMNESE (estudo e levantamento da situação): após entrar em contacto com o problema educativo, estude e especifique as características do grupo ao qual se destina a sua ação:

   • — idade, sexo, raça, grau de instrução, ocupação, religião, nível econômico cultura, etc.

   • — necessidades sentidas, percepções, interesses, etc.

   • — recursos humanos e materiais existentes: serviço e pessoal de saúde, outros recursos da comunidade, canais de lide-derança, meios de comunicação, etc.

   • — etiologia (causas) e proporções do problema, fatores con-dicionantes prováveis que o agravam, e suas conseqüências para a saúde.

2. DIAGNÓSTICO: após o estudo e levantamento; chegue a um diagnóstico educativo do problema apresentado, dizendo se ele se resume a:

   • — falta de informação?

   • — informação não científica?

   • — crenças, atitudes, hábitos negativos, opostos?

   • — percepção defeituosa?

   • — ausência de motivação ou interesse?

   • — desorganização grupai

   • — indecisão para agir?

   • — outros?

3. TRATAMENTO: após identificar o problema educativo (diagnóstico) determine:

   • 3.1 — os objetivas, isto é, qual o comportamento final desejado, a curto e a longo prazo;

   • 3.2 — os métodos e os meios auxüiares que utilizará para objetivar o seu ensino, dando as razões desta escolha. Planeje e confeccione um tipo de material audiovisual, pelo menos, seguindo as seguintes etapas:

     • — determinando os objetivos para o qual se destina;

     • — determinando o momento e o local da apresentação;

     • — determinando a quantidade a ser produzida;

     • — fazendo um esboço ("lay-out") do mesmo;

     • — procurando testá-lo;

     • — produzindo-o de acordo com o seu plano;

   • 3.3 — os meios de avaliação: que serão utilizados a curto e a longo prazo, para avaliar a eficiência da sua ação educativa.

   Nota: apresente o plano por escrito, com a descrição das etapas que seguir no roteiro, anexando o material confeccionado, a bibliografia consultada, contendo as dificuldades encontradas para elaboração deste trabaltho. Planeje, também, uma apresentação para ser feita em classe, para suas colegas.

ANEXO 5 ESCOLA DE ENFERMAGEM DA USP ENFERMAGEM PREVENTIVA (Fundamentos de Enfermagem — 1.º Ano)

Unidade IV — Saúde e Educação para a Saúde

AVALIAÇÃO DOS ALUNOS

O nosso objetivo para esta unidade foi o de capacitá-los, através do estudo de uma situação real, no campo, a diagnosticar os problemas educativos existentes, dando suas causas e planejando a ação educativa através da escolha de metodos, meios auxiliares e de avaliação mais adequados. Responda as perguntas:

BIBLIOGRAFIA

• BAGGALAY, O. La función de la enfermera en la educación sanitária dei publico. Boletin de la Oficina Sanitária Panamericana, 46 (6): 560-563, jan, 1959.
• BASTOS, B. N. C. - Educação Sanitária. Fundamentos, objetivos e métodos. Ed. preliminar, Guanabara, FSESP, 1963.
• BERLO, D. - O processo da comunicação, R. Janeiro - F. Cultura.
• CASTRO, R. R. - O pediatra na educação sanitária da coletividade. Atualidades Médico-Sanitárias, (53): 1981-1994, jan/mar. 1955.
• DARTY, W. A. - La educación sanitária como parte integrante de la atención total de enfermeria. Boletin de la Oficina Sanitária Panamericana
• DERRIBERRI, M. - Educação Sanitária. Seus objetivos e métodos. (Tradução mimeografada de Angélica Franco, Prefeitura Municipal de S. Paulo).
• GRIFFITHS, W. - O processo educativo no trabalho de saúde. Califórnia'S Health, 15 (2): dez. 1957. (Tradução mimeografada).
• HORTA, W. A. - Conceito de Enfermagem - Revista da Escola de Enfermagem da USP, 2 (2): 1-5, set. 1968.
• LIPTON, E. El nuevo papel de la enfermera en el equipo de salud. Boletin de la Oficina Sanitária Panamericana, 56 (1): 55-66, jan, 1964.
• OPAS, Comission de expertos en enfermeria, informe de la l.ª session. Washington, D. C, OPAS, 1951 - Série de informes técnicos n.º 24.
• SILVA. M. J. N. D. - Sugestões para melhor integração da educação sanitária no curso de graduação em enfermagem. Revista da Escola de Enfermagem da USP, 2 (1): 39-60, mar. 1968.

Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  Jan-Apr 1972