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Novas espécies, nova sinonímia e novo registro em Cerambycidae (Coleoptera) do México e da América do Sul

Resumos

São descritos três novos táxons de Cerambycinae do Brasil: em Cerambycini, Iuati gen. nov., espécie-tipo, I. spinithorax sp. nov. (Rondônia); em Trachyderini, Ancylosternus annulicorne sp. nov. (Mato Grosso). Em Lamiinae são descritas três espécies novas: em Apomecynini, Ptericoptus avanyae sp. nov. (Brasil, Paraíba); em Desmiphorini, Estoloides (Estoloides) aurantius sp. nov. (México, Quintana Roo); Mimestoloides fasciatus sp. nov. (México, Guerrero). Butherium scabricolle Nonfried, 1895 é considerada sinônimo de Coleoxestia corvina (Germar, 1824). Trachyderomorpha notabilis Tippmann, 1960 é registrada para o Peru.

Apomecynini; Cerambycinae; Cerambycini; Desmiphorini; Lamiinae; Trachyderini


New species, new synonymy and new record in Cerambycidae (Coleoptera) from Mexico and South America. Three new taxa of Cerambycinae from Brazil are described: in Cerambycini, Iuati gen. nov., type species, I. spinithorax sp. nov. (Rondônia); in Trachyderini, Ancylosternus annulicorne sp. nov. (Mato Grosso). In Lamiinae are described three new species: in Apomecynini, Ptericoptus avanyae sp. nov. (Brazil, Paraíba); in Desmiphorini, Estoloides (Estoloides) aurantius sp. nov. (Mexico, Quintana Roo); Mimestoloides fasciatus sp. nov. (Mexico, Guerrero). Butherium scabricolle Nonfried, 1895 is considered a synonym of Coleoxestia corvina (Germar, 1824). Trachyderomorpha notabilis Tippmann, 1960 is recorded for Peru.

Apomecynini; Cerambycinae; Cerambycini; Desmiphorini; Lamiinae; Trachyderini


Novas espécies, nova sinonímia e novo registro em Cerambycidae (Coleoptera) do México e da América do Sul

Ubirajara R. MartinsI,III; Maria Helena M. GalileoII,III

IMuseu de Zoologia, Universidade de São Paulo. Caixa Postal 42.494, 04218-970, São Paulo, SP, Brasil. E-mail: urmsouza@usp.br

IIMuseu de Ciências Naturais, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul. Caixa Postal 1.188, 90001-970, Porto Alegre, RS, Brasil. E-mail: galileo@fzb.rs.gov.br

IIIPesquisador do CNPq

RESUMO

São descritos três novos táxons de Cerambycinae do Brasil: em Cerambycini, Iuati gen. nov., espécie-tipo, I. spinithorax sp. nov. (Rondônia); em Trachyderini, Ancylosternus annulicorne sp. nov. (Mato Grosso). Em Lamiinae são descritas três espécies novas: em Apomecynini, Ptericoptus avanyae sp. nov. (Brasil, Paraíba); em Desmiphorini, Estoloides (Estoloides) aurantius sp. nov. (México, Quintana Roo); Mimestoloides fasciatus sp. nov. (México, Guerrero). Butherium scabricolle Nonfried, 1895 é considerada sinônimo de Coleoxestia corvina (Germar, 1824). Trachyderomorpha notabilis Tippmann, 1960 é registrada para o Peru.

Palavras-chave: Apomecynini; Cerambycinae; Cerambycini; Desmiphorini; Lamiinae;Trachyderini.

ABSTRACT

New species, new synonymy and new record in Cerambycidae (Coleoptera) from Mexico and South America. Three new taxa of Cerambycinae from Brazil are described: in Cerambycini, Iuati gen. nov., type species, I. spinithorax sp. nov. (Rondônia); in Trachyderini, Ancylosternus annulicorne sp. nov. (Mato Grosso). In Lamiinae are described three new species: in Apomecynini, Ptericoptus avanyae sp. nov. (Brazil, Paraíba); in Desmiphorini, Estoloides (Estoloides) aurantius sp. nov. (Mexico, Quintana Roo); Mimestoloides fasciatus sp. nov. (Mexico, Guerrero). Butherium scabricolle Nonfried, 1895 is considered a synonym of Coleoxestia corvina (Germar, 1824). Trachyderomorpha notabilis Tippmann, 1960 is recorded for Peru.

Keywords: Apomecynini; Cerambycinae; Cerambycini; Desmiphorini; Lamiinae; Trachyderini.

INTRODUÇÃO

As espécies sul-americanas de Cerambycini foram divididas por Martins & Monné (2002) em duas subtribos: Cerambycina e Sphallotrichina. A subtribo Sphallotrichina estava representada na América do Sul por 17 gêneros (Martins & Monné, 2005), aos quais Tavakilian (2004) acrescentou Cevaeria. As espécies conhecidas de Sphallotrichina são de dimensões avantajadas e nenhuma delas está munida de espinho nos lados do protórax; descrevemos nessa subtribo Iuati gen. nov. que se caracteriza por apresentá-lo.

Butherium scabricolle Nonfried, 1895 (Cerambycini, Sphallotrichina) foi descrita com base em único exemplar, procedente do "Amazonas" e jamais foi coletada depois da descrição original. Estabelecemos sua sinonímia com Coleoxestia corvina (Germar, 1824), espécie comum e com vasta distribuição geográfica.

Trachyderina está representada em toda América por 125 gêneros (Monné & Hovore, 2006). O gênero Ancylosternus Dupont, 1834 agrupa única espécie, com duas subespécies, ao qual acrescentamos a segunda espécie. O gênero Trachyderomorpha Tippmann, 1960 tem única espécie, T. notabilis Tippmann, 1960, descrita e registrada para a Bolívia que ora é assinalada para o Peru.

O gênero Ptericoptus Lepeletier & A.-Serville, 1830 (Apomecynini, Lamiinae) ocorre em toda América (exceto nas Antilhas) e conta com 14 espécies, das quais apenas P. acuminatus (Fabricius, 1801) era conhecida do nordeste do Brasil. Acrescentamos uma nova espécie desse gênero para a fauna dessa área brasileira.

O gênero Ptericoptus Lepeletier & A.-Serville, 1830 (Apomecynini, Lamiinae) ocorre em toda América (exceto nas Antilhas) e conta com 14 espécies; apenas P. acuminatus (Fabricius, 1801) está registrada para o nordeste do Brasil e descrevemos a segunda espécie para essa região.

Espécies da tribo Desmiphorini (Lamiinae) também ocorrem na América, inclusive no Caribe. O gênero Estoloides (s. str.) Breuning, 1940, ocorrente no México, América Central e norte da América do Sul, agrupa 22 espécies e o gênero Mimestoloides Breuning, 1974 envolve duas espécies, respectivamente, do México e das Antilhas. Descrevemos, do México, uma espécie em cada gênero.

MATERIAL E MÉTODOS

Abreviaturas das coleções que citamos no texto correspondem a: ACMS, American Coleoptera Museum, San Antonio, Texas; ISNB, Institut Royal des Sciences Naturelles de Belgique, Bruxelas; MNRJ, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro; MZUSP, Museu de Zoologia, Universidade de São Paulo, São Paulo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Cerambycini

Coleoxestia corvina (Germar, 1824) (Fig. 1)


 






Cerambyx (Stenocorus) corvinus Germar, 1824:508.

Criodion corvinum; Audinet-Serville, 1833:572.

Xestia corvina; Gahan, 1892:32.

Coleoxestia corvina; Aurivillius, 1912:64 (cat.); Monné, 2005:62 (cat.).

Butherium scabricolle Nonfried, 1895:307 syn. nov.

Nonfried (1895) descreveu Butherium scabricolle do Brasil (Amazonas); a única referência a essa espécie é de Fragoso (1982:144) quando afirmou "No example from the type locality found to date, type not located". A descoberta da localização do holótipo de B. scabricolle nos permite a proceder a sinonímia acima.

O holótipo (Fig. 1) gentilmente cedido para estudo por A. Drumont (ISNB) não traz etiquetas que o identificam como tipo nem indicação de "Amazonas". Entretanto, possui rótulo verde (Fig. 1), do punho de Nonfried, que não deixa dúvidas sobre sua identidade. Além desse rótulo, o holótipo possui uma etiqueta com "Coll.Nonfried/Brasília" e outra etiqueta onde consta "Coll. R. I. Sc. N. B./Brazil".

Iuati gen. nov.

Espécie-tipo: Iuati spinithorax sp. nov.

Etimologia: Tupi, îu-atĩ = espinho; gênero masculino; referente ao espinho nos lados do protórax.

Fronte transversal, muito elevada em relação aos lobos oculares. Sutura clípeo-frontal profunda e curva. Sutura coronal muito evidente entre os tubérculos anteníferos. Vértice com carena. Tubérculos anteníferos distantes entre si, pouco elevados, arredondados no topo. Olhos sem pelos entre os omatídios. Lobos oculares inferiores mais distantes entre si do que a inserção das maxilas; lobos oculares superiores mais afastados entre si do que a largura de um lobo. Genas com ápice arredondado. Antenas atingem o terço apical dos élitros. Escapo subcilíndrico aproxima-se, mas não atinge a orla anterior do pronoto. Antenômero III um terço mais longo do que o IV; IV mais curto que o V; VI-XI com comprimento gradualmente crescente.

Protórax mais largo do que longo com espinho lateral; partes laterais do protórax com os pontos simples, contíguos e densos. Grande área do pronoto lisa. Dorso do pronoto com algumas depressões puntiformes grandes, arredondadas e, às vezes, anastomosadas, que encerram pontos crateriformes (Fig. 2); áreas látero-basais com pontos iguais aos discais, densamente agrupados; restante das partes laterais com pontos simples e abundantes. Prosterno com pontuação fina. Escutelo em forma de triângulo obtusângulo.

Élitros glabros, chagrinados e com tegumento unicolor; extremidades arredondadas, com projeção mínima no ângulo sutural. Fêmures fusiformes, com abas apicais arredondadas. Centro do dorso dos metafêmures com pelos amarelados e duros. Meso- e metatíbias com espinho curto no lado posterior. Borda apical do urosternito V arredondada.

Discussão: A presença de espinho nos lados do protórax distingue Iuati gen. nov. de todos os gêneros conhecidos em Sphallotrichina. Pelos metafêmures fusiformes e pelos fêmures desarmados nos ápices, assemelha-se a Butherium Bates, 1870. Distingue-se pelo vértice não convexo, pela ausência de gibosidades látero-basais no pronoto, pelo disco pronotal com pontos crateriformes, pelo escutelo em triângulo obtusângulo, pelas meso- e metatíbias com espinho curto no lado posterior. Em Butherium, o vértice é acentuadamente convexo, o pronoto (fêmea) apresenta gibosidade arredondada, a cada lado, o disco pronotal é quase liso, o escutelo tem a forma de um triângulo equilátero e o espinho das meso- e metatíbias é longo.

Iuati spinithorax sp. nov. (Fig. 2)

Etimologia: The specific name refers to the spine of the thorax.

Tegumento preto: cabeça, antenas, protórax, élitros, ápice dos fêmures e base das tíbias; tegumento avermelhado: fêmures, tíbias (menos a base), metasterno e urosternitos. Esternos mesotorácicos e metepisternos preto-avermelhados.

Fronte finamente pontuada; a pontuação mais adensada para os lados. Vértice com carena lisa e bifurcada em pequena extensão entre os tubérculos anteníferos; densamente pontuado. Escapo com pontuação fina e esparsa. Lado inferior dos flagelômeros com pelos amarelados mais concentrados no ápice.

Fêmures pontuados principalmente perto da extremidade. Urosternitos finamente pontuados.

Dimensões em mm: Comprimento total, 35,7; comprimento do protórax, 7,0; maior largura do protórax, 9,8; comprimento do élitro, 25,2; largura umeral, 11,0.

Material-tipo: Holótipo fêmea, BRASIL, Rondônia: Porto Velho (Parque Ecológico), 09.XI.2008, sem nome do coletor, armadilha Malaise (MZUSP).

Trachyderini

Ancylosternus annulicorne sp. nov. (Fig. 3)

Cabeça com tegumento vermelho-vinho. Fronte lisa com sulco profundo no centro, que continua pelo vértice. Clípeo aprofundado em relação à fronte. Vértice liso. Tubérculos anteníferos projetados. Genas pontuadas. Olhos divididos. Antenas atingem o ápice dos élitros no meio do antenômero X. Escapo com os três quartos basais avermelhados e o quarto apical preto; esparsamente pontuado. Pedicelo preto. Antenômero III com anel basal preto, região central avermelhada e apical preta. Antenômeros IV a IX branco-amarelados com extremidades pretas. Antenômero X amarelado; XI amarelado com a ponta acastanhada.

Protórax vermelho-vinho, liso, com tubérculo lateral rombo. Quarto anterior do pronoto com sulco transversal profundo; centro do terço posterior elevado; quarto posterior com sulco transversal que se estende até as partes laterais do protórax. Projeção anterior do prosterno ligeiramente curva para trás. Processo prosternal elevado depois do sulco, com ápice arredondado e projetado. Processo mesosternal elevado, anteriormente truncado e entalhado no ápice. Metasterno com pontos finos e esparsos e pelos finos, semelhantes ao dos urosternitos. Escutelo vermelho-vinho.

Élitros vermelho-vinhos, gradualmente mais enegrecidos para o ápice. Extremidades elitrais transversalmente truncadas com espinho externo e pequena projeção no ângulo sutural.

Fêmures com a metade basal avermelhada e a metade apical preta. Extremidades dos mesofêmures com espinho longo no lado interno. Extremidades dos metafêmures com dois espinhos longos de comprimento subigual. Centro da parte dorsal dos metafêmures com pelos amarelados.

Dimensões em mm: Comprimento total, 24,3; comprimento do protórax, 6,0; maior largura do protórax, 8,3; comprimento do élitro, 16,3; largura umeral, 8,3.

Material-tipo: Holótipo fêmea, BRASIL, Mato Grosso: Barra do Tapirapé, XII.1962, B. Malkin col. (MZUSP).

Discussão: Ancylosternus annulicorne sp. nov. difere de A. morio morio (Fabricius, 1787) e de A. morio albicornis Erichson, 1847 pelo colorido geral da cabeça e élitros vermelho-vinho; pelas antenas com escapo e antenômero III pretos e vermelhos e IV-IX com anel apical preto, pelos espinhos dos meso- e metafêmures sensivelmente alongados. Em A. m. morio e A. m. albicornis a cabeça e os élitros são pretos, os antenômeros II a IX são inteiramente brancos e os espinhos dos meso- e metafêmures são curtos.

Trachyderomorpha notabilis tippmann, 1960

Trachyderomorpha notabilis Tippmann, 1960:150, est. 8, fig. 20f; Monné, 2005:663 (cat.).

Até o momento essa espécie só era conhecida da Bolívia. Foi descrita com base num exemplar fêmea da região Chaparé. Huedepohl (1985:96) examinou um macho da Bolívia sem localidade precisa. A presença do holótipo no MNRJ foi confirmada por Julio et al. (2000:29). Assinalamos agora para o Peru.

Material examinado: PERU, Junín: Satipo (Paraíso - Tuncama, 1800 m), macho, III.2009, R. Koike col. (MZUSP).

Apomecynini

Ptericoptus avanyae sp. nov. (Fig. 4)


 




Etimologia: O epíteto é uma homenagem à Profª. Maria Avany Bezerra de Gusmão do Departamento Sistemática e Ecologia, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, Paraíba que doou o holótipo para o MZUSP.

Tegumento castanho-escuro; pelos brancos, rígidos em todo o corpo. Cabeça revestida por pubescência amarelo-acastanhada. Antenas atingem o quarto apical dos élitros. Escapo revestido por pubescência amarelo-acastanhada. Flagelômeros indistintamente escurecidos em direção ao ápice. Protórax com tegumento preto. Pronoto revestido por pubescência castanho-amarelada; regiões ao lado do meio com faixa amarelada, pouco contrastante, da margem anterior até a posterior. Élitros cobertos pubescência castanhoamarelada; mancha sutural preta, curta, que se inicia próximo ao escutelo e termina no terço basal; mancha de pubescência castanho-escura ocupa os ápices; faixa de pubescência amarelo-esbranquiçada inicia-se no úmero, dirige-se obliquamente para a sutura que atinge no terço anterior, segue pela sutura até o terço apical onde se volta para a margem à frente da mancha apical. Extremidade elitrais truncadas com projeção curta no lado externo. Face ventral revestida por pubescência castanho-amarelada densa. Fêmures e tíbias com pubescência castanho-amarelada entremeada por pontos glabros. Tarsos com pubescência castanhoamarelada, e conforme a incidência da luz, pretos.

Dimensões em mm: Comprimento total, 9,4; comprimento do protórax, 2,0; maior largura do protórax, 2,6; comprimento do élitro, 6,8; largura umeral, 2,9.

Material-tipo: Holótipo fêmea, BRASIL, Paraíba: São João do Cariri, 15.IV.2006, M. A. B. Gusmão col. (MZUSP).

Discussão: Ptericoptus avanyae sp. nov. é característica por apresentar o meio do pronoto sem área preta contrastante e a faixa preta da sutura elitral sutural curta. Em outras espécies do gênero, o meio do pronoto tem larga faixa preta ou duas faixas centrais pretas e a faixa da sutura elitral estende-se até quase o ápice.

Desmiphorini

Estoloides (Estoloides) aurantius sp. nov. (Fig. 5)

Cabeça e protórax com tegumento preto. Escapo, pernas e face ventral castanho-avermelhados. Flagelômeros amarelados e escurecidos nos ápices.

Cabeça com pubescência alaranjada. Fronte com pontuação fina, contrastante e razoavelmente densa. Vértice com pontuação mais esparsa e pontos contrastantes. Antenas das fêmeas atingem os ápices dos élitros na ponta do antenômero IX. Escapo gradualmente engrossado para o ápice; lado externo do terço apical com rugosidades transversais. Lado interno dos flagelômeros com pelos mais curtos que a largura do artículo.

Lados do protórax com espinho central desenvolvido. Pronoto coberto por pubescência alaranjada, exceto sobre os pontos que são abundantes e contrastantes. Partes laterais do protórax com o mesmo tipo de pubescência e pontuação. Prosterno com alguns pontos no centro, revestido por pubescência esbranquiçada. Processo prosternal com pelos amarelados, esparsos e longos. Escutelo revestido por pubescência esbranquiçada.

Élitros com pubescência alaranjada; pontuação abundante e contrastante, não organizada em fileiras; setas muito curtas, bem visíveis em vista lateral. Extremidades elitrais arredondadas.

Fêmures e face ventral com pubescência esbranquiçada. Sulco das mesotíbias apenas indicado.

Dimensões em mm: Comprimento total, 18,5; comprimento do protórax, 3,4; maior largura do protórax, 5,3; comprimento do élitro, 13,5; largura umeral, 6,5.

Material-tipo: Holótipo fêmea, MÉXICO, Quintana Roo: Bacalar (18º44,52'N 88º21,58W), 21.VI.2006, D. Thomas & D. Robacker col. (ACMS).

Discussão: Estoloides (E.) aurantius sp. nov. caracterizase pelo conjunto de caracteres: pubescência da face dorsal do corpo alaranjada, entremeada por pontos pretos, contrastantes e numerosos; escapo com rugosidades no lado externo do ápice e escutelo revestido por pubescência branca.

Mimestoloides fasciatus sp. nov. (Fig. 6)

Cabeça revestida por pubescência amarelada, densamente pontuada, os pontos glabros e contrastantes. Antenas do macho atingem os ápices dos élitros na base do antenômero VI. Escapo revestido por pubescência amarelada, com pontos glabros e contrastantes. Ápice do antenômero III atinge quase o ápice do terço basal dos élitros; III e IV mais longos que os seguintes; ponta do antenômero IV atinge a base do terço apical dos élitros; antenômeros X e XI com abundantes pelos longos no lado interno.

Tubérculo lateral do protórax desenvolvido e aguçado. Pronoto e partes laterais do protórax com pubescência amarelada, muito densamente pontuados, os pontos pretos e contrastantes. Prosterno com pubescência branco-amarelada, sem pontos. Metasterno com pontos contrastantes

Escutelo revestido por pubescência amarelada densa, exceto na região centro-basal com pelos esparsos. Élitros sem pelos eretos, cobertos por pubescência amarelada organizada em fileiras longitudinais do quarto basal terço anterior até antes da extremidade; essas fileiras entremeadas por outras de pubescência mais esparsa e encimadas por linhas longitudinais de pontos pequenos. Quarto basal dos élitros com pontos contrastantes e muito próximos entre si, não organizados em fileiras, intercalados por pubescência amarelada. Extremidades elitrais arredondadas.

Cavidades coxais intermediárias abertas. Fêmures revestidos por pubescência amarelada e pontos rasos e contrastantes.

Urosternitos com pontos contrastantes.

Dimensões em mm: Comprimento total, 16,3; comprimento do protórax, 3,1; maior largura do protórax, 4,9; comprimento do élitro, 11,8; largura umeral, 5,2.

Material-tipo: Holótipo macho, MÉXICO, Guerrero: Highway 134, 67 km NE da junção 200, 14.VII. 1985, J. E. Wappes col. (ACMS).

Discussão: O gênero Mimestoloides foi definido por Breuning (1974:158) como Estoloides, porém com o antenômero III tão longo quanto o IV, pontuação elitral em fileiras e cavidades coxais intermediárias fechadas. Mimestoloides contém duas espécies, M. benardi Breuning, 1980 de Guadeloupe e da Martinica e M. andresi Breuning, 1974 (espécie-tipo) de "New México, San Andrés de la Sierra". Esta localidade consta nos catálogos como "México" (Monné & Hovore, 2006); segundo consultor (a quem agradecemos): "Provavelmente, a localidade é San Andrea Mountains, Sierra Company (companhia mineradora), New Mexcio, USA."

A espécie que ora descrevemos enquadra-se na curta descrição do gênero e, portanto, deve ser incluída em Mimestoloides. Em M. fasciatus, a pubescência elitral é interrompida e entremeada por outras fileiras de pubescência mais esparsa e encimadas por linhas longitudinais de pontos.

AGRADECIMENTOS

A James Wappes (ACMS) e Alain Drumont (ISNB) pelo envio do material para estudo. A Eleandro Moysés (Bolsista IC/CNPq/FZBRS) pela execução e tratamento digital das imagens.

Recebido em: 28.10.2009

Aceito em: 20.01.2010

Impresso em: 31.03.2010

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    22 Set 2010
  • Data do Fascículo
    2010

Histórico

  • Recebido
    28 Out 2009
  • Aceito
    20 Jan 2010
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