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Novos táxons de Cerambycidae (Coleoptera) neotropicais da coleção Herbert Schmid, Viena, Áustria

Resumos

São descritos novos táxons: Cerambycinae, Hesperophanini: Paracorupella gen. nov., espécie-tipo, P. pallida sp. nov., daVenezuela; Ibidionini, Compsina: Stenoidion schmidi sp. nov., da Guiana Francesa; Necydalopsini: Eucharassus nigratus sp. nov., da Colômbia. Lamiinae, Pteropliini: Kuauna gen. nov., espécie tipo, K. schmidi sp. nov., da Venezuela; Apomecynini, Rosalba suiaba sp. nov., do Brasil; Desmiphorini: Malthonea piraiuba sp. nov., da Costa Rica; Colobotheini: Sangaris spilota sp. nov., do Equador; Hemilophini: Adesmus icambi sp. nov., Icaunauna gen. nov., espécie-tipo, I. aurantium sp. nov., Cotysomerida gen. nov., espécie-tipo, C. lampyroides.

Cerambycinae; Lamiinae; Neotropical; Novos taxa


New taxa are described: Cerambycinae, Hesperophanini: Paracorupella gen. nov., type species, P. pallida sp. nov., from Venezuela; Ibidionini, Compsina: Stenoidion schmidi sp. nov., from French Guiana; Necydalopsini: Eucharassus nigratus sp. nov., from Colombia. Lamiinae, Pteropliini: Kuauna gen. nov., type species, K. schmidi sp. nov., from Venezuela; Apomecynini, Rosalba suiaba sp. nov., from Brazil; Desmiphorini: Malthonea piraiuba sp. nov., from Costa Rica; Colobotheini: Sangaris spilota sp. nov., from Ecuador; Hemilophini: Adesmus icambi sp. nov., Icaunauna gen. nov., type species, I. aurantium sp. nov., Cotysomerida gen. nov., type species, C. lampyroides sp. nov. all from Costa Rica.

Cerambycinae; Lamiinae; Neotropical; New taxa


Novos táxons de Cerambycidae (Coleoptera) neotropicais da coleção Herbert Schmid, Viena, Áustria

Ubirajara R. MartinsI,III; Maria Helena M. GalileoII,III

IMuseu de Zoologia, Universidade de São Paulo, Caixa Postal 42.494, 04218-970, São Paulo, SP, Brasil. E-mail: urmsouza@usp.br

IIMuseu de Ciências Naturais, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul. Caixa Postal 1.188, 90001-970, Porto Alegre, RS, Brasil. E-mail: galileo@fzb.rs.gov.br

IIIPesquisador do CNPq

RESUMO

São descritos novos táxons: Cerambycinae, Hesperophanini: Paracorupella gen. nov., espécie-tipo, P. pallida sp. nov., daVenezuela; Ibidionini, Compsina: Stenoidion schmidi sp. nov., da Guiana Francesa; Necydalopsini: Eucharassus nigratus sp. nov., da Colômbia. Lamiinae, Pteropliini: Kuauna gen. nov., espécie tipo, K. schmidi sp. nov., da Venezuela; Apomecynini, Rosalba suiaba sp. nov., do Brasil; Desmiphorini: Malthonea piraiuba sp. nov., da Costa Rica; Colobotheini: Sangaris spilota sp. nov., do Equador; Hemilophini: Adesmus icambi sp. nov., Icaunauna gen. nov., espécie-tipo, I. aurantium sp. nov., Cotysomerida gen. nov., espécie-tipo, C. lampyroides.

Palavras-chave: Cerambycinae; Lamiinae; Neotropical; Novos taxa.

ABSTRACT

New taxa are described: Cerambycinae, Hesperophanini: Paracorupella gen. nov., type species, P. pallida sp. nov., from Venezuela; Ibidionini, Compsina: Stenoidion schmidi sp. nov., from French Guiana; Necydalopsini: Eucharassus nigratus sp. nov., from Colombia. Lamiinae, Pteropliini: Kuauna gen. nov., type species, K. schmidi sp. nov., from Venezuela; Apomecynini, Rosalba suiaba sp. nov., from Brazil; Desmiphorini: Malthonea piraiuba sp. nov., from Costa Rica; Colobotheini: Sangaris spilota sp. nov., from Ecuador; Hemilophini: Adesmus icambi sp. nov., Icaunauna gen. nov., type species, I. aurantium sp. nov., Cotysomerida gen. nov., type species, C. lampyroides sp. nov. all from Costa Rica.

Keywords: Cerambycinae; Lamiinae; Neotropical; New taxa.

INTRODUÇÃO

O exame de uma coleção de Cerambycidae neotropicais, enviada por H. Schmid, resultou na descoberta de três gêneros novos, um em Cerambycinae (Hesperophanini) e dois em Lamiinae (Hemilophini) e de 10 espécies novas, três em Cerambycinae e sete em Lamiinae.

Todos os exemplares estão colados em cartão, método de preparação que dificulta o exame da face ventral do corpo, especialmente dos processos esternais e último urosternito que não puderam ser descritos ou o foram parcialmente. Os holótipos pertencem à coleção H. Schmid.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

HESPEROPHANINI

Paracorupella gen. nov.

Etimologia: Latim, Para = perto; Corupella nome genérico criado Martins & Napp (2007).

Espécie-tipo: Paracorupella pallida sp. nov.

Fronte mais larga que longa. Sutura frontal marcada do clípeo até o meio dos lobos oculares superiores. Olhos grandes, não adelgaçados atrás da inserção das antenas; lobos oculares superiores com seis fileiras de omatídios, tão distantes entre si quanto o quádruplo da largura de um lobo. Lobos oculares inferiores muito desenvolvidos. Genas acuminadas. Palpos maxilares pouco mais longos que os labiais. Antenas das fêmeas não atingem a ponta dos élitros. Escapo subcilíndrico, sem asperezas, um terço mais curto que o antenômero III. Antenômero III, sem sulcos ou asperezas, um terço mais longo que o IV e subigual em comprimento ao V.

Protórax mais largo do que longo com espinho curto lateral atrás do meio. Pronoto com três gibosidades discretas: duas látero-anteriores e uma central, mais longitudinal. Cavidades coxais anteriores angulosas lateralmente.

Élitros com vestígio de costa dorsal; com pêlos curtos em toda a superfície. Extremidades elitrais truncadas.

Fêmures fusiformes. Ápices dos metafêmures (fêmea) atingem o quarto apical dos élitros. Metatíbias não carenadas. Metatarsômero I com comprimento subigual a II e III em conjunto.

Discussão: Paracorupella gen. nov. difere de Corupella Martins & Napp, 2007 pelo tubérculo lateral do protórax agudo e situado atrás do meio; pelas extremidades dos metafêmures que atingem o quarto apical dos élitros e pelo antenômero III cerca de um terço mais longo do que o IV. Em Corupella, o tubérculo dos lados do protórax é arredondado no topo e situado no meio, as extremidades dos metafêmures das fêmeas quase atingem o ápice dos élitros e o antenômero III apenas mais longo do que o IV.

Paracorupella pallida sp. nov. (Fig. 1)


 






Etimologia: Latim, pallidus = amarelo desbotado; alusivo ao colorido corporal.

Colorido geral amarelado com os ápices dos fêmures ligeiramente mais acastanhados. Cabeça praticamente glabra. Fronte e vértice fina e densamente pontuados (25x). Antenas amarelo-alaranjadas; franja de pêlos nos antenômeros basais apenas mais longos do que a largura do artículo. Antenômeros até o X, ligeiramente projetados no ápice externo. Antenômero XI mais curto do que o X. Protórax com espinho lateral aguçado. Pronoto densamente pontuado menos sobre os tubérculos látero-anteriores; pubescência amarelada pouco aparente na depressão basal, sem pêlos longos intercalados. Escutelo glabro. Élitros fina e densamente pontuados com pilosidade amarelada pouco aparente. Metafêmures achatados, desarmados no ápice. Tarsos alaranjados.

Dimensões em mm: Comprimento total, 13,0; comprimento do protórax, 2,4; maior largura do protórax, 3,0; comprimento do élitro, 9,1; largura umeral, 3,5.

Material-tipo: Holótipo fêmea, Venezuela, Mérida: Mérida, sem outros dados.

IBIDIONINI, Compsina

Stenoidion schmidi sp. nov. (Fig. 2)

Etimologia: Epíteto em homenagem a Herbert Schmid que nos enviou material para estudo.

Cabeça castanho-avermelhada, escura. Antenas amareladas atingem os ápices dos élitros na extremidade do antenômero VII. Protórax vermelho-acastanhado. Pronoto com cinco gibosidades discretas; superfície muito brilhante. Esternos torácicos amarelados e pubescentes. Cada élitro com mancha lateral, do úmero ao terço anterior, mais amarelada no úmero e, posteriormente, mais esbranquiçada; mancha castanho-escura entre essa mancha e a sutura; terço central avermelhado; faixa esbranquiçada, larga, transversal no início do terço apical; área da faixa esbranquiçada ao ápice, castanho-escura. Fêmures e tarsos amarelados.Tíbias amareladas ligeiramente mais acastanhadas nas bases.

Dimensões em mm: Comprimento total, 9,0; comprimento do protórax, 1,9; maior largura do protórax, 1,3; comprimento do élitro, 6,0; largura umeral, 1,6.

Material-tipo: Holótipo macho, Guiana Francesa, Montanha de Kaw (vizinhanças de Camp Caiman), 06.VIII.2007, H. Schmid col.

Discussão: Stenoidion schmidi sp. nov. assemelha-se a S. amphigyum Martins, 1970 pela ausência de colorido metálico nos élitros. Distingue-se de S. amphigyum pelo padrão de colorido dos élitros. Em S. amphigyum os élitros são avermelhados com faixa acastanhada, estreita, oblíqua logo após o meio.

NECYDALOPSINI

Eucharassus nigratus sp. nov. (Fig. 3)

Etimologia: Latim, nigratus = preto; referente ao colorido corporal.

Cabeça preta com reflexo metálico. Tubérculos anteníferos bem projetados separados por sulco largo. Fronte pontuada com carena lateral dos tubérculos anteníferos até o clípeo. Occipício com rugosidades transversais (25x). Antenas atingem os ápices dos élitros na extremidade do antenômero VIII. Escapo preto, brilhante. Antenômero III longitudinal e superficialmente sulcado. Antenômeros IV a X (onde as antenas estão quebradas) com carenas.

Protórax preto, mais constrito posterior do que anteriormente. Pronoto com a região central bem elevada; tubérculos pouco aparentes; pêlos laterais esbranquiçados e brilhantes. Lados do protórax pubescentes. Prosterno brilhante e pontuado.

Élitros pretos com brilho metálico. Pêlos elitrais moderadamente densos, de dois tipos: curtos e decumbentes entremeados por longos e eretos.

Fêmures pretos com pedúnculo amarelado. Pro- e mesotíbias pretas. Metatíbias com a metade basal amarelada e a metade apical preta. Metatarsômero I com o triplo do comprimento do II e III em conjunto.

Dimensões em mm: Comprimento total, 11,3; comprimento do protórax, 2,3; largura anterior do protórax, 1,8; largura da base do protórax, 1,4; comprimento do élitro, 7,9; largura umeral, 2,3.

Material-tipo: Holótipo macho, Colômbia, Manizales, sem data de coleta, A.M. Patiño col. Segundo www.fallingrain.com/world/CO/a/M/a/n/ existem cinco topônimos com o nome Manizales, três em Antioquia, um em Santander e um em Caldas.

Discussão: Na chave de Monné (2007), Eucharassus nigratus sp. nov. é discriminada no item 8, onde são separadas E. bicolor Melzer, 1934 e E. nisseri Aurivillius, 1891, por apresentarem pubescência elitral esparsa, metatarsômeros pretos, élitros sem faixa de pubescência de colorido contrastante e fêmures unicolores, pretos. Principalmente por apresentar élitros unicolores é mais semelhante a E. bicolor procedente da Costa Rica, da qual difere pelo protórax preto. Em E. bicolor a cabeça e o protórax são avermelhados. Distingue-se de E. nisseri pelo colorido uniforme, preto com reflexos acobreados. Em E. nisseri, o pronoto é alaranjado e os élitros pretos ou o pronoto é preto e os élitros são pretos e amarelados.

PTEROPLIINI

Kuauna gen. nov.

Etimologia: Tupi, kuá = cintura; una = preto, alusivo ao padrão do colorido dos élitros.

Espécie-tipo: Kuauna schmid sp. nov.

Fronte com os lados divergentes para a parte inferior. Olhos muito desenvolvidos. Lobos oculares superiores próximos, tão afastados entre si quanto o diâmetro de dois omatídios. Lobos oculares inferiores atingem os lados da fronte e tem cinco vezes o comprimento das genas. Escapo subcilíndrico, tão longo quanto o antenômero III e mais curto que o antenômero IV. Antenômeros seguintes com os comprimentos gradualmente decrescentes. Protórax com lados desarmados. Pronoto com três tubérculos dorsais e um tubérculo a cada lado, junto das partes laterais do protórax, atrás do meio.

Crista centro-basal dos élitros, discreta. Extremidades elitrais transversalmente truncadas com espículo externo. Fêmures fusiformes; ápices dos fêmures posteriores atingem aproximadamente a sutura entre o urosternito II e III. Mesotíbias sem sulco. Metatarsômero I mais curto que o comprimento do II e III em conjunto.

Discussão: Kuauna gen. nov. difere de Rhaphipteroides Tavakilian, Dallens & Touroult, 2007, segundo a descrição, pelo antenômero III mais curto do que o IV; pelos lobos oculares superiores subcontíguos; pelos élitros com crista centro-basal discreta e extremidades truncadas com espículo externo. Em Rhaphipteroides, o antenômero III é pouco mais longo do que o IV, os lobos oculares superiores são tão distantes entre si quanto a largura de um lobo, os élitros não apresentam crista centro-basal e os ápices são arredondados.

Kuauna schmidi sp. nov. (Fig. 4)

Cabeça com tegumento preto revestido por pubescência amarelada. Tubérculos anteníferos projetados. Fronte com pêlos esparsos pretos. Antenas pretas. Franja de pêlos pretos na margem interna dos antenômeros gradualmente mais esparsa do ápice do escapo ao antenômero X.

Protórax com tegumento preto densamente revestido por pubescência amarelada; pontuação pronotal moderada, também nas partes laterais do protórax.

Élitros com pubescência predominantemente amarelada; em cada um, manchas de pubescência preta: (1) curta, próxima da sutura, iniciada no escutelo; (2) sobre as elevações centro-basais; (3) faixa preta, curva, inicia-se no quarto anterior, soldada a margem, oblíqua em direção à sutura e atinge o meio dos élitros. Terço apical dos élitros com algumas faixas interrompidas, longitudinais, de pubescência acastanhada. Pontuação elitral densa entre as faixas pretas; esparsa do meio ao quarto apical; pontuação muito discreta no quarto apical. Pernas pretas revestidas por pubescência amarelada esparsa.

Dimensões em mm: Comprimento total, 12,9; comprimento do protórax, 2,3; maior largura do protórax, 3,2; comprimento dos élitros, 9,4; largura umeral, 4,0.

Material-tipo: Holótipo macho, Venezuela, Aragua: Rancho Grande (Portachuelo, 1.200 m), 20.VI.1961, Bordon col.

APOMECYNINI

Rosalba suiaba sp. nov. (Fig. 5)

Etimologia: Tupi, sui = sem; aba = pêlo, alusivo ao gênero Rosalba que reúne espécies sem setas nos élitros.

Fronte castanho-avermelhada revestida por pubescência uniformemente amarelo-alaranjada mais concentrada nos lados dos lobos oculares inferiores. Vértice revestido por pubescência amarelo-alaranjada e uma mancha de tegumento preto a cada lado da sutural coronal. Lobos oculares superiores com nove ou dez fileiras de omatídios, tão distantes entre si quanto metade de um lobo. Antenas (macho) atingem o ápice dos élitros no ápice do antenômero IX. Escapo avermelhado no lado interno e preto no lado externo. Flagelômeros avermelhados com anel basal esbranquiçado.

Lados do protórax com gibosidade muito discreta no meio. Pronoto preto com seis áreas de pubescência alaranjada: duas látero-anteriores, duas centrais e duas látero-posteriores. Partes laterais do protórax pontuadas.

Élitros com pubescência amarelo-alaranjada e inúmeras manchas e faixas castanho-escuras cobertas por pubescência iridescente, esverdeada. Essas manchas constituem em cada élitro: manchas sobre os úmeros, duas manchas que se fundem em pequena extensão no sexto basal; faixa curva que se inicia antes do meio do élitro, oblíqua em direção a sutura, estende-se paralela e próxima à sutura até o quarto apical onde se alarga e se curva para a parte anterior até o meio; do lado externo dessa faixa, manchas irregulares; no quarto apical dos élitros, duas manchas junto da margem e uma dorsal. Extremidades elitrais arredondadas.

Fêmures avermelhados no pedúnculo e acastanhados na clava; pro- e mesotíbias avermelhadas na base; base das metatíbias com pubescência amarelada, mais concentrada.

Dimensões em mm: Comprimento total, 10,8; comprimento do protórax, 1,8; maior largura do protórax, 2,4; comprimento do élitro, 7,7; largura umeral, 3,5.

Material-tipo: Holótipo macho, Brasil ("Bras") sem outros dados com número manuscrito em tinta de esferográfica azul "1857".

Discussão: Rosalba suiaba distingue-se de R. incrustabilis Galileo & Martins, 2006 pelo padrão de colorido e pelo ápice dos élitros. Em R. incrustabilis as manchas alaranjadas dos élitros estão mais concentradas na metade apical e as extremidades dos élitros são acuminadas.

Malthonea piraiuba sp. nov. (Fig. 6)


 






Etimologia: Tupi, piraiuba = dourado, alusivo à coloração corporal.

Tegumento corporal preto; antenas e pernas castanho-avermelhadas. Todo corpo revestido por pubescência densa amarelo-dourada. Fronte regularmente pontuada. Lobos oculares superiores com cinco fileiras de omatídios, tão distantes entre si quanto o triplo da largura de um lobo. Lobos oculares inferiores mais curtos que as genas. Antenas atingem as extremidades dos élitros na ponta do antenômero VIII.

Protórax mais largo anteriormente do que na base; lados do protórax com espinho diminuto situado atrás do meio. Pubescência pronotal convergente para o centro. Processo mesosternal sem tubérculo. Lados do metasterno com pontos esparsos cobertos pela pubescência.

Élitros com carena dorsal desde o quinto basal até os espinhos apicais. Extremidades cortadas em curva com espinho desenvolvido e curvo no lado externo. Pro- e mesotarsômeros I levemente intumescidos.

Dimensões em mm, holótipo macho: Comprimento total, 9,4; comprimento do protórax, 1,6; maior largura do protórax, 1,8; comprimento do élitro, 7,0; largura umeral, 2,3.

Material-tipo: Holótipo macho, Costa Rica, San José: Carretera Interamericana, km 77 em direção a Providencia (9º36'N, 83º53'W, 2.000-2.800 m), 20.IV.2005, C. & N. Barries col.

Discussão: Na chave publicada por Galileo & Martins (1995), M. piraiuba é discriminada junto com M. aurescens Breuning, 1966, M. mimula Martins & Galileo, 1995 e M. ruficornis Belon, 1903. Além dessas três espécies, enquadra-se nesse grupo M. itaiuba Martins & Galileo, 1999. Separa-se de M. aurescens pelos lobos oculares inferiores mais curtos do que as genas; de M. mimula pelos espinhos laterais do protórax diminutos e de M. ruficornis pela presença de carenas longitudinais nos élitros; de M. itaiuba pela ausência de algumas máculas pretas entre a carena e a sutura elitrais; pelos espinhos laterais do protórax situados atrás do meio e pela carena elitral iniciada no quinto basal. M. itaiuba tem três ou quatro pequenas manchas entre a sutura e a carena próximas do ápice, os espinhos dos lados do protórax situam-se no meio e a carena elitral percorre os três quarto apicais.

COLOBOTHEINI

Sangaris spilota sp. nov. (Fig. 7)

Etimologia: Latim, spilotus = manchado, alusivo ao padrão de colorido dos élitros.

Colorido geral vermelho-acastanhado. Faixas longitudinais amarelo-esbranquiçadas: na fronte, de cada lado, com prolongadas até a base dos tubérculos anteníferos; no centro do vértice; nos lados atrás dos lobos oculares inferiores até as genas. Lobos oculares superiores com seis fileiras de omatídios, separados ente si por distância igual à triplo da largura de um lobo. Antenas (fêmea) atingem o ápice dos élitros na ponta do antenômero VI. Antenômeros III, IV com anel basal de pubescência esbranquiçada; VI com metade basal com pubescência esbranquiçada.

Protórax com lados abaulados, revestido por pubescência acastanhada com faixas e manchas de pubescência branco-amarelada densa: faixa estreita transversal junto à margem anterior; duas manchas subarredondadas de cada lado da metade anterior do pronoto; faixa oblíqua a cada lado do terço posterior, emarginadas no meio. Partes laterais do protórax com mancha de pubescência amarelada na parte posterior. Esternos torácicos com pubescência acinzentada e manchas de pubescência amarelada densa no parte posterior do mesepisterno e na metade posterior do metasterno.

Cada élitro com 10 manchas pequenas de pubescência esbranquiçada como na figura 7; seis dorsais e quatro na declividade lateral; pontuação mais concentrada no dorso da metade basal. Extremidades elitrais truncadas com espinho externo.

Extremidades dos metafêmures não ultrapassam as extremidades elitrais. Meio das tíbias com anel de pubescência esbranquiçada. Dorso do tarsômero I com pubescência esbranquiçada. Revestimento do pubescência branca: borda apical do urosternito II; urosternitos III e IV e base do urosternito V.

Dimensões em mm, holótipo fêmea: Comprimento total, 12,3; comprimento do protórax, 2,1; maior largura do protórax, 3,0; comprimento do élitro, 9,1; largura umeral, 4,4.

Material-tipo: Holótipo fêmea, Equador, "Laruma", sem outros dados. O topônimo deve ser Larama, na Província Loja.

Discussão: Sangaris spilota assemelha-se a S. multimaculata Hovore, 1998 e S. polystigma (Bates, 1881) e difere de ambas pela ausência de faixa de pubescência branca contínua no meio do pronoto. Em S. laeta (Bates, 1881), que também ocorre na Equador, apresenta quatro manchas no dorso de cada élitro sendo que a mais apical envolve as extremidades.

HEMILOPHINI

Adesmus icambi sp. nov. (Fig. 8)

Etimologia: Tupi, ycambí = leite, alusivo às manchas brancas dos élitros.

Fronte avermelhada; faixa de pubescência branca compacta entre as bases dos tubérculos anteníferos. Vértice avermelhado com faixa de pubescência branca compacta atrás dos lobos oculares superiores; atrás dos lobos oculares inferiores com mancha de pubescência branca compacta. Antenômeros I-IV avermelhados e V-XI pretos.

Protórax avermelhado. Lados do pronoto com faixa larga de pubescência branca compacta. Partes laterais do protórax com faixa avermelhada no meio e branca no limite com o prosterno. Escutelo sem pubescência.

Cada élitro com manchas dorsais de pubescência esbranquiçada compacta: próxima à base, mancha estreita, transversal, inicia-se no lado do escutelo e não atinge os úmeros; no terço anterior, faixa dorsal com limite anterior transversal à sutura e limite posterior oblíquo; depois do meio, mancha dorsal arredondada; no quarto apical, mancha triangular fundida com a sutura. Declividade lateral dos élitros com duas pequenas manchas de pubescência branca compacta: uma sob os úmeros e outra, elíptica, pequena, pouco a frente do meio.

Pernas amareladas. Pubescência branca compacta na face ventral recobre: mesepimeros, metepisternos e lados do metasterno; restante da superfície recoberta por pubescência esbranquiçada, esparsa.

Dimensões em mm, holótipo macho: Comprimento total, 11,1; comprimento do protórax, 2,1; maior largura do protórax, 2,4; comprimento do élitro, 7,8; largura umeral, 3,0.

Material-tipo: Holótipo macho, Costa Rica, Cartago: Tupanti (Estrada Rio Orosi, 1.200-1.500 m, 9º42 a 44'N 83º46'W), 05-09.V.2005, C. & N. Barries col.

Discussão: Adesmus icambi sp. nov. difere de A. vulcanicus Galileo & Martins, 1999 (Galileo & Martins 1999:103, Fig. 11) pelas duas faixas de pubescência branca na cabeça, pela presença de faixa transversal na base dos élitros, pelo aspecto das manchas elitrais no terço basal, no meio e no quarto apical; pelas antenas com antenômeros I-IV avermelhados e V-XI pretos. Distingue-se de A. hipposiderus Galileo & Martins, 2005 (Galileo & Martins, 2005:104, Fig. 2) pelo aspecto da pubescência branca do pronoto e pela disposição das manchas de pubescência branca nos élitros.

Icaunauna gen. nov.

Etimologia: Tupi, Iyka = rijo; unauna = besouro, alusivo à rigidez dos élitros.

Espécie-tipo: Icaunauna aurantium sp. nov.

Fronte desarmada (fêmea). Mandíbulas com o ápice acuminado. Olhos não divididos. Lobos oculares superiores tão afastados entre si quanto o dobro da largura de um lobo. Antenas com onze antenômeros aproximam-se do ápice dos élitros (fêmea). Escapo subcilíndrico, mais curto (1,4 mm) do que antenômero III (1,7 mm). Antenômero III mais longo do que o IV. Antenômero IV mais longo do que o V; V-XI com comprimentos decrescentes. Antenômeros III e IV engrossados com franja interna de pêlos densos.

Protórax apenas mais longo do que largo; lados sem gibosidade. Pronoto sem tubérculos.

Élitros com duas carenas laterais contínuas e duas carenas dorsais. Pontos dos élitros organizados em fileiras. Margens elitrais ligeiramente expandidas na metade apical. Extremidades arredondadas.

Ápice dos metafêmures alcança o meio do urosternito II. Dente interno das garras tarsais normal, pouco menor que o externo.

Discussão: O aspecto geral de Icaunauna gen. nov. lembra as espécies de Arixiuna Martins & Galileo, 1992 pelas carenas dorsais dos élitros e os antenômeros III e IV engrossados. Em Arixiuna, entretanto, os élitros apresentam única carena nos lados, enquanto que no gênero novo são duas paralelas e próximas.

Icaunauna aurantium sp. nov. (Fig. 9)

Etimologia: Latim, aurantium = laranja, alusivo à cor do protórax.

Cabeça preta. Fronte pontuada (25x); parte superior com uma mancha de cada lado de pubescência amarelo-alaranjada, densa; parte inferior com pubescência amarelada mais esparsa. Faixa de tegumento preto entre os tubérculos anteníferos; restante da cabeça com pubescência amarelada, prolongada nos lados até a base dos lobos oculares inferiores, pretos desse ponto até as genas. Escapo e antenômeros II-IV pretos. Antenômero V amarelado com o ápice preto. Antenômeros VI-VIII com anel basal amarelado cada vez mais curto em direção aos apicais; antenômeros X e XI pretos.

Protórax com pubescência amarelo-alaranjado; de cada um dos lados da base, mancha preta prolongada até antes do meio. Metade inferior das partes laterais do protórax e do prosterno, pretas. Escutelo preto.

Élitros pretos. Pontuação elitral muito densa entre as carenas nos três quartos anteriores. Esternos torácicos e pernas pretos.

Dimensões em mm, holótipo fêmea: Comprimento total, 8,7; comprimento do protórax, 1,5; maior largura do protórax, 1,4; comprimento do élitro, 6,6; largura umeral, 2,4.

Material-tipo: Holótipo fêmea, Costa Rica, San José: Carretera Interamericana, km 77 em direção a Providencia (9º36'N, 83º53'W, 2.000-2.800 m), 20.IV.2005, C. & N. Barries col.

Cotysomerida gen. nov.

Etimologia: Tupi, coty = ao lado de Isomerida nome genérico criado por Bates 1866.

Espécie-tipo: Cotysomerida lampyroides sp. nov.

Fronte desarmada (fêmea). Mandíbulas com o ápice acuminado. Olhos não divididos. Lobos oculares superiores tão afastados entre si quanto aproximadamente o triplo da largura de um lobo. Antenas com onze antenômeros; aproximam-se do ápice dos élitros (fêmea). Escapo subcilíndrico, mais curto do que antenômero III. Antenômero III mais longo do que o IV; V-XI com comprimentos gradativamente menores. Antenômeros III e VI com franja interna de pêlos densos.

Protórax mais largo anteriormente do que na base. Lados sem gibosidades. Pronoto sem tubérculos.

Élitros com o triplo do comprimento do protórax; com carena lateral única e bem elevada. Extremidades elitrais transversalmente truncadas com espículo externo.

Urosternitos III e IV cobertos por pubescência amarelada, densa. Ápices dos metafêmures alcançam o meio do urosternito II. Dente interno das garras tarsais normal, apenas menor que o externo.

Discussão: Cotysomerida gen. nov. assemelha-se a Itumbiara Martins & Galileo, 1992 especialmente I. picticornis (Bates, 1872). Difere pelo protórax nitidamente mais largo anteriormente do que na base, pelos élitros proporcionalmente mais longos em relação ao comprimento do protórax e pelas extremidades elitrais transversalmente truncadas. Em Itumbiara a constrição basal do protórax é discreta, os élitros são proporcionalmente mais curtos em relação ao comprimento do protórax e as extremidades elitrais são arredondadas. Cotysomerida também pode ser comparado com Isomerida Bates, 1866 distingue-se pelos mesmos caracteres.

Cotysomerida lampyroides sp. nov. (Fig. 10)

Etimologia: Nome específico alusivo à Lampyridae pelos urosternitos com pubescência branca que imitam órgãos luminescentes.

Cabeça com tegumento castanho-avermelhado e pubescência amarelada esparsa nos lados da fronte. Pequena mancha de pubescência amarelada entre os tubérculos anteníferos e grande mancha atrás dos olhos. Antenas pretas com os antenômero V-VII brancos; VIII-X pretos com anel estreitos de pubescência amarelada. Pêlos internos dos antenômeros V-VII branco-amarelados.

Pronoto revestido por pubescência amarelo-esbranquiçada densa, menos numa área transversal preta junto à base. Parte inferior das partes laterais do protórax, mesepisternos, mesepimeros, metepisternos com tegumento avermelhado. Mesosterno preto-avermelhado. Urosternitos I, II e V pretos; III e IV revestidos por pubescência branca. Élitros pretos com pontuação aparente apenas no dorso da metade basal. Fêmures preto-avermelhados. Tíbias pretas com as bases avermelhados. Tarsos pretos.

Dimensões em mm, holótipo fêmea: Comprimento total, 12,5; comprimento do protórax, 2,4;; largura do protórax, na orla anterior, 2,9; largura do protórax na constrição basal, 2,6; comprimento do élitro, 9,3; largura umeral, 3,6.

Material-tipo: Holótipo fêmea ?, Costa Rica, Cartago: Tupanti (Estrada Rio Orosi, 1.200-1.500 m, 9º42 a 44'N 83º46'W), 05-09.V.2005, C. & N. Barries col.

AGRADECIMENTOS

Ao Dr. Herbert Schmid pelo empréstimo de material para estudo e a Eleandro Moysés bolsista CNPq/Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, pela execução das fotografias, tratamento das imagens e montagem das estampas.

Recebido em: 29.07.2009

Aceito em: 28.09.2009

Impresso em: 18.12.2009

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  • Martins, U.R & Napp, D.S. 2007. Novos Cerambycinae neotropicais e transferência de Tippmannia Monne para Hesperophanini (Coleoptera, Cerambycidae). Revista Brasileira de Entomologia, 51(2):190-196.
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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    16 Dez 2009
  • Data do Fascículo
    2009

Histórico

  • Aceito
    28 Set 2009
  • Recebido
    29 Jul 2009
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