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Dimensionamento amostral para estimação de coeficientes de correlação em híbridos de milho, safras e níveis de precisão

Sample size in the estimation of correlation coefficients for corn hybrids in crops and accuracy levels

Resumos

O objetivo deste trabalho foi determinar o tamanho de amostra necessário para a estimação de coeficientes de correlação linear de Pearson para híbridos simples, triplo e duplo de milho em safras e níveis de precisão. Em 361, 373 e 416 plantas, respectivamente, dos híbridos simples, triplo e duplo da safra 2008/2009 e em 1.777, 1.693 e 1.720 plantas, respectivamente, dos híbridos simples, triplo e duplo da safra 2009/2010 foram mensurados 12 caracteres: altura de planta; altura de inserção e peso de espiga; número de fileiras de grãos por espiga; comprimento e diâmetro de espiga; peso e diâmetro de sabugo; massa de 100 grãos; número de grãos por espiga; comprimento de grãos; e produtividade de grãos. Em cada híbrido e safra foram estimados os coeficientes de correlação para os 66 pares de caracteres e determinou-se o tamanho de amostra para estimação de coeficientes de correlação em quatro níveis de precisão [amplitudes do intervalo de confiança de 95% (AIC95%) de 0,15, 0,25, 0,35 e 0,45] por meio de reamostragem com reposição. O tamanho de amostra varia entre híbridos, safras e pares de caracteres. Maior tamanho de amostra é necessário para a estimação do coeficiente de correlação entre caracteres fracamente correlacionados e menor tamanho de amostra é necessário para a estimação do coeficiente de correlação entre caracteres altamente correlacionados. Independentemente do híbrido, da safra e do par de caracteres, 375, 195 e 120 plantas são suficientes, respectivamente, para a estimação de coeficientes de correlação com AIC95% máximas de 0,25, 0,35 e 0,45.

Zea mays L; reamostragem; planejamento experimental; relações lineares


This study determined the sample size necessary for the estimation of the Pearson linear correlation coefficients for single, triple and double corn hybrids in crops and accuracy levels. In 361, 373 and 416 plants, respectively, of the single, triple and double hybrids of the 2008/2009 crop and, in 1,777, 1,693 and 1,720 plants, respectively, of the single, triple and double hybrids of the 2009/2010 crop, twelve traits were measured: plant height, ear insertion height, ear weight, number of grain rows per ear, ear length and diameter, cob weight and diameter, weight of hundred grains, number of grains per ear, grain length and grain yield. Then, in each hybrid and crop, were estimated the correlation coefficients for the 66 pairs of traits and determined the sample size necessary to estimate the correlation coefficients in four accuracy levels [amplitudes of the confidence interval of 95% (ACI95%) of 0.15, 0.25, 0.35 and 0.45], by resampling with replacement. The sample size varies among hybrids, crops and pairs of traits. Larger sample size is required to estimate the correlation coefficient between weakly correlated traits and smaller sample size is needed to estimate the correlation coefficient between highly correlated traits. Independently of hybrid, crop and pairs of traits, 375, 195 and 120 plants are sufficient, respectively, to estimate the correlation coefficients with maximum ACI95% of 0.25, 0.35 and 0.45.

Zea mays L; resampling; experimental design; linear relationships


1 INTRODUÇÃO

O milho é o cereal com maior volume de produção mundial, com produção estimada em 906,82 milhões de toneladas para a safra de 2014/2015, em área de 160,2 milhões de hectares, sendo o Brasil o terceiro maior produtor mundial (FAO, 2014Food and Agriculture Organization of the United Nations – FAO2014Recuperado de http://statistics.amis-outlook.org/data/index.html#DOWNLOAD). Dentre as finalidades de uso do milho, destaca-se sua utilização na alimentação humana e animal e como matéria-prima industrial, principalmente devido à quantidade de reservas acumuladas nos grãos (Fancelli & Dourado Neto, 2004Fancelli, A. L., & Dourado Neto, D. (2004). Produção de milho (2. ed.). Guaíba: Agropecuária. 360 p.). Nesse sentido, o aumento na produtividade de grãos de milho verificado nas últimas décadas é atribuído igualitariamente às melhorias de manejo e ao melhoramento genético (Duvick, 2005Duvick, D. N. (2005). The contribution of breeding to yield advances in maize (. Zea mays L.)Advances in Agronomy, 86, 83-145. http://dx.doi.org/10.1016/S0065-2113(05)86002-X.
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).

No melhoramento genético, a seleção de plantas pode ser realizada de modo direto ou de modo indireto, via estudo de relações lineares entre caracteres. Para o estudo de relações lineares entre caracteres, pode-se utilizar o coeficiente de correlação linear de Pearson (r), que mede o sentido e a intensidade da relação linear entre duas variáveis aleatórias (Ferreira, 2009Ferreira, D.F. (2009). Estatística básica. 2. ed. (664p). Lavras: UFLA.). O sentido da correlação pode ser positivo ou negativo, no intervalo de –1 ≤ r ≤ 1, sendo que a intensidade da correlação linear será maior quanto mais próximo a |1| for o r. Estudos complementares aos coeficientes de correlação, como análises de trilha e correlações canônicas, também têm sido recomendados para a seleção indireta de plantas (Cruz & Regazzi, 1997Cruz, C. D., & Regazzi, A. J. (1997). Modelos biométricos aplicados ao melhoramento genético (2. ed.). Viçosa: UFV. 390 p.).

Para que os resultados gerados em estudos de relações lineares apresentem confiabilidade, é necessário o correto dimensionamento do tamanho de amostra (número de plantas) a ser usado para a estimação dos coeficientes de correlação. Esses coeficientes poderão ser interpretados isoladamente ou utilizados em análises complementares como, por exemplo, nas análises de trilha e correlações canônicas e, por isso, devem ser estimados com precisão. Nesse sentido, Cargnelutti Filho et al. (2010)Cargnelutti Filho, A., Toebe, M., Burin, C., Silveira, T. R., & Casarotto, G. (2010). Tamanho de amostra para estimação do coeficiente de correlação linear de Pearson entre caracteres de milho. Pesquisa Agropecuaria Brasileira, 45, 1363-1371. Recuperado de http://www.scielo.br/pdf/pab/v45n12/v45n12a05.pdf realizaram o dimensionamento amostral para a estimação de coeficientes de correlação linear de Pearson entre caracteres de híbridos simples, triplo e duplo de milho, com base em dados de uma safra e para um nível de precisão. Os autores verificaram que para a estimação de 91 pares de caracteres, com amplitude do intervalo de confiança de 95% (AIC95%) máxima de 0,30 foram necessárias até 300 plantas, dependendo do híbrido e do par de caracteres. Estudos de dimensionamento amostral para a estimação de coeficientes de correlação de Pearson também foram realizados em crambe (Cargnelutti Filho et al., 2011Cargnelutti Filho, A., Lopes, S. J., Toebe, M., Silveira, T. R., & Schwantes, I. A. (2011). Tamanho de amostra para estimação do coeficiente de correlação de Pearson entre caracteres de Crambe abyssinica.Revista Ciência Agronômica, 42, 149-158. http://dx.doi.org/10.1590/S1806-66902011000100019.
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) e em mamoneira (Cargnelutti Filho et al., 2012Cargnelutti Filho, A., Lopes, S. J., Brum, B., Toebe, M., Silveira, T. R., & Casarotto, G. (2012). Tamanho de amostra para a estimação do coeficiente de correlação linear de Pearson entre caracteres de mamoneira. Semina. Ciências Agrárias, 33, 953-962. http://dx.doi.org/10.5433/1679-0359.2012v33n3p953.
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). Ainda, Shieh (2010)Shieh, G. (2010). Estimation of the simple correlation coefficient. Behavior Research Methods, 42, 906-917. http://dx.doi.org/10.3758/BRM.42.4.906. PMid:21139158
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avaliou as propriedades e o efeito do dimensionamento amostral sobre o coeficiente de correlação linear de Pearson, e Bonett & Wright (2000)Bonett, D. G., & Wright, T. A. (2000). Sample size requirements for estimating pearson, kendall and spearman correlations. Psychometrika, 65, 23-28. http://dx.doi.org/10.1007/BF02294183.
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realizaram estudos de dimensionamento amostral para a estimação de coeficientes de correlação de Pearson, de Kendall e de Spearman.

Conforme destacado acima, estudos de dimensionamento amostral para a estimação de coeficientes de correlação já foram realizados, inclusive na cultura do milho (Cargnelutti Filho et al., 2010Cargnelutti Filho, A., Toebe, M., Burin, C., Silveira, T. R., & Casarotto, G. (2010). Tamanho de amostra para estimação do coeficiente de correlação linear de Pearson entre caracteres de milho. Pesquisa Agropecuaria Brasileira, 45, 1363-1371. Recuperado de http://www.scielo.br/pdf/pab/v45n12/v45n12a05.pdf). No entanto, destaca-se que o dimensionamento amostral, considerando híbridos, safras e níveis de precisão, é importante para possibilitar a estimação precisa dos coeficientes de correlação, amplamente utilizados em estudos de relações lineares. Assim, o objetivo deste trabalho foi determinar o tamanho de amostra necessário para a estimação de coeficientes de correlação linear de Pearson para híbridos simples, triplo e duplo de milho, em safras e níveis de precisão.

2 MATERIAL E MÉTODO

Foram conduzidos dois experimentos com a cultura de milho (Zea mays L.), nas safras agrícolas de 2008/2009 (primeiro experimento) e de 2009/2010 (segundo experimento), em área experimental localizada no município de Santa Maria, estado do Rio Grande do Sul (29°42’S, 53°49’W, a 95 m de altitude). No primeiro experimento, semeado em 26/12/2008, foram conduzidas quatro parcelas com o híbrido simples P32R21, quatro com o híbrido triplo DKB566 e quatro com o híbrido duplo DKB747. No segundo experimento, semeado em 26/10/2009, foram conduzidas 16 parcelas com o híbrido simples 30F53, 16 com o híbrido triplo DKB566 e 16 com o híbrido duplo DKB747.

Cada parcela foi composta de quatro fileiras de 6 m de comprimento, espaçadas em 0,80 m, sendo a densidade ajustada para cinco plantas por metro linear, representando uma densidade de semeadura de 62.500 plantas ha–1. Dessa forma, cada parcela foi composta por 120 plantas, totalizando 1.440 plantas no primeiro experimento (3 híbridos × 4 parcelas/híbrido × 120 plantas/parcela) e 5.760 plantas no segundo experimento (3 híbridos × 16 parcelas/híbrido × 120 plantas/parcela). Em cada safra, as parcelas dos híbridos simples, triplo e duplo foram casualizadas na área experimental. Nos dois experimentos, a adubação de base foi de 750 kg ha–1 da fórmula 3-24-18 (NPK) e a adubação de cobertura foi de 300 kg ha–1 de ureia com 45% de N. Os demais tratos culturais foram realizados de acordo com as recomendações para a cultura do milho (Fancelli & Dourado Neto, 2004Fancelli, A. L., & Dourado Neto, D. (2004). Produção de milho (2. ed.). Guaíba: Agropecuária. 360 p.).

No primeiro experimento, foram avaliadas 361, 373 e 416 plantas, respectivamente, dos híbridos simples, triplo e duplo e, no segundo experimento, 1.777, 1.693 e 1.720 plantas, respectivamente. Foram avaliadas apenas plantas que continham os 12 caracteres descritos a seguir. Em função disso, o número final de plantas avaliadas, em cada safra, diferiu entre os híbridos simples, triplo e duplo. Em cada uma das 6.340 plantas foram mensurados os seguintes caracteres: altura de planta na colheita (AP); altura de inserção de espiga (AIE); peso de espiga sem palha (PE); número de fileiras de grãos por espiga (NF); comprimento de espiga (CE); diâmetro de espiga (DE); peso de sabugo (PS); diâmetro de sabugo (DS); massa de 100 grãos (MCG); número de grãos por espiga (NGR); comprimento de grãos (CGR), obtido pela diferença entre os diâmetros de espiga e de sabugo dividido por dois; e a produtividade de grãos (PROD), em gramas por planta. A seguir, para cada híbrido em cada experimento foram calculados os coeficientes de correlação linear de Pearson (r) para cada um dos 66 pares de caracteres, sendo a significância do r verificada por meio do teste t de Student em 5% de significância.

Para cada híbrido, em cada experimento, foram planejados 199 tamanhos de amostra, sendo o tamanho de amostra inicial de dez plantas e os demais obtidos com o incremento de cinco plantas. Dessa forma, os tamanhos de amostra planejados foram de n = 10, 15, 20, ..., 1.000 plantas. Para cada tamanho de amostra planejado, foram obtidas 1.000 reamostras com reposição (Ferreira, 2009Ferreira, D.F. (2009). Estatística básica. 2. ed. (664p). Lavras: UFLA.), mesmo número de reamostras utilizadas em estudos anteriores de dimensionamento amostral para estimação do coeficiente de correlação linear de Pearson (Cargnelutti Filho et al., 2010Cargnelutti Filho, A., Toebe, M., Burin, C., Silveira, T. R., & Casarotto, G. (2010). Tamanho de amostra para estimação do coeficiente de correlação linear de Pearson entre caracteres de milho. Pesquisa Agropecuaria Brasileira, 45, 1363-1371. Recuperado de http://www.scielo.br/pdf/pab/v45n12/v45n12a05.pdf, 2012Cargnelutti Filho, A., Lopes, S. J., Brum, B., Toebe, M., Silveira, T. R., & Casarotto, G. (2012). Tamanho de amostra para a estimação do coeficiente de correlação linear de Pearson entre caracteres de mamoneira. Semina. Ciências Agrárias, 33, 953-962. http://dx.doi.org/10.5433/1679-0359.2012v33n3p953.
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), sendo que em cada reamostra foram estimados os coeficientes de correlação linear de Pearson (r) dos 66 pares de caracteres. Assim, para cada tamanho de amostra planejado foram obtidas 1.000 estimativas de r para cada um dos 66 pares de caracteres. Com base nessas 1.000 estimativas, foram determinados: o percentil 2,5%, a média, o percentil 97,5% e foi calculada a amplitude do intervalo de confiança de 95% (AIC95%), pela diferença entre o percentil 97,5% e o percentil 2,5%.

Para a determinação do tamanho de amostra (número de plantas) necessário para a estimação do r, de cada um dos 66 pares de caracteres em cada híbrido e experimento, foram fixados inicialmente limites máximos de AIC95% do r iguais a 0,15 (maior precisão), 0,25, 0,35 e 0,45 (menor precisão). A seguir, partiu-se do tamanho de amostra inicial (n = 10 plantas) e considerou-se como tamanho de amostra adequado (n) o número de plantas a partir do qual a AIC95% do r foi menor ou igual ao limite máximo estabelecido para cada nível de precisão (0,15, 0,25, 0,35 ou 0,45). Os coeficientes de correlação, obtidos com os dados do primeiro experimento, e o tamanho de amostra para a AIC95% de 0,30 (nível de precisão intermediário entre 0,15 e 0,45) foram apresentados por Cargnelutti Filho et al. (2010)Cargnelutti Filho, A., Toebe, M., Burin, C., Silveira, T. R., & Casarotto, G. (2010). Tamanho de amostra para estimação do coeficiente de correlação linear de Pearson entre caracteres de milho. Pesquisa Agropecuaria Brasileira, 45, 1363-1371. Recuperado de http://www.scielo.br/pdf/pab/v45n12/v45n12a05.pdf. As análises estatísticas foram realizadas com o auxílio do programa R (R Development Core Team, 2014R Development Core Team. (2014). R: a language and environment for statistical computing. Vienna: R Foundation for Statistical Computing. Recuperado de http://www.R-project.org) e do aplicativo Microsoft Office Excel®.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os coeficientes de correlação linear de Pearson (r) apresentaram elevada variabilidade entre os 66 pares de caracteres avaliados (Tabela 1). Nesse sentido, para os híbridos conduzidos na safra 2008/2009, o r variou de 0,02 (correlação entre DS e CGR) a 1,00 (correlação entre PE e PROD) para o híbrido simples P32R21, de –0,20 (correlação entre NF e MCG) a 1,00 (correlação entre PE e PROD) para o híbrido triplo DKB566 e de –0,16 (correlação entre NF e MCG) a 0,99 (correlação entre PE e PROD) para o híbrido duplo DKB747. Na safra 2009/2010, o coeficiente de correlação variou de –0,20 (correlação entre AIE e CE) a 1,00 (correlação entre PE e PROD) para o híbrido simples P32R21, de –0,12 (correlação entre AIE e CE) a 1,00 (correlação entre PE e PROD) para o híbrido triplo DKB566 e de –0,06 (correlação entre NF e MCG) a 0,99 (correlação entre PE e PROD) para o híbrido duplo DKB747. Variabilidade de intensidade e sentido dos coeficientes de correlação também foram verificados em 91 pares de caracteres de híbridos simples, triplo e duplo de milho avaliados em uma safra (Cargnelutti Filho et al., 2010Cargnelutti Filho, A., Toebe, M., Burin, C., Silveira, T. R., & Casarotto, G. (2010). Tamanho de amostra para estimação do coeficiente de correlação linear de Pearson entre caracteres de milho. Pesquisa Agropecuaria Brasileira, 45, 1363-1371. Recuperado de http://www.scielo.br/pdf/pab/v45n12/v45n12a05.pdf), em 210 pares de caracteres de crambe (Cargnelutti Filho et al., 2011Cargnelutti Filho, A., Lopes, S. J., Toebe, M., Silveira, T. R., & Schwantes, I. A. (2011). Tamanho de amostra para estimação do coeficiente de correlação de Pearson entre caracteres de Crambe abyssinica.Revista Ciência Agronômica, 42, 149-158. http://dx.doi.org/10.1590/S1806-66902011000100019.
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) e em 210 pares de caracteres de híbridos de mamoneira (Cargnelutti Filho et al., 2012Cargnelutti Filho, A., Lopes, S. J., Brum, B., Toebe, M., Silveira, T. R., & Casarotto, G. (2012). Tamanho de amostra para a estimação do coeficiente de correlação linear de Pearson entre caracteres de mamoneira. Semina. Ciências Agrárias, 33, 953-962. http://dx.doi.org/10.5433/1679-0359.2012v33n3p953.
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).

Tabela 1
Estimativas dos coeficientes de correlação linear de Pearson(1) entre os 66 pares de caracteres de milho dos híbridos simples P32R21, triplo DKB566 e duplo DKB747 da safra 2008/2009 e dos híbridos simples 30F53, triplo DKB566 e duplo DKB747 da safra 2009/2010

De maneira geral, verificou-se que as correlações mais fracas entre pares de caracteres apresentaram maiores amplitudes entre híbridos e safras, como pode ser constatado para as correlações entre AIE e PE (–0,12 ≤ r ≤ 0,37), AIE e CE (–0,20 ≤ r ≤ 0,30), AIE e MCG (–0,14 ≤ r ≤ 0,29), AIE e NGR (–0,09 ≤ r ≤ 0,34), AIE e PROD (–0,13 ≤ r ≤ 0,38), NF e MCG (–0,20 ≤ r ≤ 0,11) e entre DS e CGR (–0,06 ≤ r ≤ 0,31) (Tabela 1). Por outro lado, correlações de maior intensidade entre pares de caracteres apresentaram menores oscilações entre híbridos e safras, conforme pode ser constatado, por exemplo, para as correlações entre DE e NGR (0,75 ≤ r ≤ 0,85), PE e DE (0,81 ≤ r ≤ 0,86), DE e PROD (0,81 ≤ r ≤ 0,86), PE e NGR (0,90 ≤ r ≤ 0,95), NGR e PROD (0,91 ≤ r ≤ 0,95) e entre PE e PROD (0,99 ≤ r ≤ 1,00).

O tamanho de amostra necessário para a estimação do r, com AIC95% menor ou igual a 0,15, apresentou elevada variabilidade entre os 66 pares de caracteres mensurados nos híbridos simples (10 plantas ≤ n ≤ 890 plantas), triplo (10 plantas ≤ n ≤ 990 plantas) e duplo (10 plantas ≤ n ≤ 800 plantas) da safra 2008/2009 e também nos híbridos simples (10 plantas ≤ n > 1.000 plantas), triplo (10 plantas ≤ n ≤ 825 plantas) e duplo (10 plantas ≤ n ≤ 880 plantas) da safra 2009/2010 (Tabela 2). Os maiores tamanhos de amostra foram necessários para a estimação do coeficiente de correlação entre os caracteres NF e CE (445 plantas ≤ n ≤ 935 plantas), NF e MCG (575 plantas ≤ n ≤ 775 plantas), AP e DS (565 plantas ≤ n ≤ 800 plantas), MCG e NGR (625 plantas ≤ n ≤ 845 plantas), AIE e DS (565 plantas ≤ n ≤ 990 plantas), DS e CGR (590 plantas ≤ n ≤ 880 plantas) e entre MCG e CGR (585 plantas ≤ n > 1.000 plantas). Esses pares de caracteres apresentaram coeficientes de correlação de baixa magnitude nos híbridos simples, triplo e duplo avaliados nas safras 2008/2009 e 2009/2010 (-0,20 ≤ r ≤ 0,43) (Tabela 1).

Tabela 2
Tamanho de amostra (número de plantas) para a estimação do coeficiente de correlação linear de Pearson de 66 pares de caracteres, mensurados nos híbridos simples P32R21, triplo DKB566 e duplo DKB747 na safra 2008/2009 e nos híbridos simples 30F53, triplo DKB566 e duplo DKB747 na safra 2009/2010, para amplitude do intervalo de confiança de 95% igual a 0,15

Menores tamanhos de amostra foram necessários para a estimação do r entre caracteres com maiores magnitudes de correlação como, por exemplo, entre PE e DE (40 plantas ≤ n ≤ 100 plantas), DE e PROD (45 plantas ≤ n ≤ 100 plantas), PE e CE (25 plantas ≤ n ≤ 120 plantas) e entre CE e PROD (30 plantas ≤ n ≤ 145 plantas) (Tabela 2), que apresentaram coeficientes de correlação no intervalo de 0,77 ≤ r ≤ 0,92 (Tabela 1). Tamanhos de amostra ainda menores foram necessários para a estimação do r entre os caracteres PE e NGR (15 plantas ≤ n ≤ 45 plantas), NGR e PROD (10 plantas ≤ n ≤ 30 plantas) e entre PE e PROD, sendo que para esse último par de caracteres, 10 plantas foram suficientes para a estimação do r, com AIC95% menor ou igual a 0,15, independentemente do híbrido e da safra (Tabela 2). Esses pares de caracteres apresentaram os maiores escores de correlação, sendo a correlação entre PE e NGR (0,90 ≤ r ≤ 0,95), NGR e PROD (0,91 ≤ r ≤ 0,95) e entre PE e PROD (0,99 ≤ r ≤ 1,00) de elevada magnitude (Tabela 1). Dessa forma, pode-se destacar que quanto maior for a intensidade da associação entre dois caracteres, menor será o tamanho de amostra necessário para a estimação da correlação e vice-versa, num determinado nível de precisão, conforme já constatado em estudos anteriores (Bonett & Wright, 2000Bonett, D. G., & Wright, T. A. (2000). Sample size requirements for estimating pearson, kendall and spearman correlations. Psychometrika, 65, 23-28. http://dx.doi.org/10.1007/BF02294183.
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; Cargnelutti Filho et al., 2010Cargnelutti Filho, A., Toebe, M., Burin, C., Silveira, T. R., & Casarotto, G. (2010). Tamanho de amostra para estimação do coeficiente de correlação linear de Pearson entre caracteres de milho. Pesquisa Agropecuaria Brasileira, 45, 1363-1371. Recuperado de http://www.scielo.br/pdf/pab/v45n12/v45n12a05.pdf, 2011Cargnelutti Filho, A., Lopes, S. J., Toebe, M., Silveira, T. R., & Schwantes, I. A. (2011). Tamanho de amostra para estimação do coeficiente de correlação de Pearson entre caracteres de Crambe abyssinica.Revista Ciência Agronômica, 42, 149-158. http://dx.doi.org/10.1590/S1806-66902011000100019.
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, 2012Cargnelutti Filho, A., Lopes, S. J., Brum, B., Toebe, M., Silveira, T. R., & Casarotto, G. (2012). Tamanho de amostra para a estimação do coeficiente de correlação linear de Pearson entre caracteres de mamoneira. Semina. Ciências Agrárias, 33, 953-962. http://dx.doi.org/10.5433/1679-0359.2012v33n3p953.
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; Shieh, 2010Shieh, G. (2010). Estimation of the simple correlation coefficient. Behavior Research Methods, 42, 906-917. http://dx.doi.org/10.3758/BRM.42.4.906. PMid:21139158
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).

Para condições nas quais é desejado estimar o r para cada um dos 66 pares de caracteres com AIC95% máxima de 0,25, seria necessária a mensuração de 320, 365 e 295 plantas, respectivamente, nos híbridos simples P32R21, triplo DKB566 e duplo DKB747 da safra 2008/2009 e de 375, 315 e 310 plantas, respectivamente, nos híbridos simples 30F53, triplo DKB566 e duplo DKB747 da safra 2009/2010 (Tabela 3). Assim, independentemente do híbrido, da safra e do par de caracteres, seria recomendada a mensuração de 375 plantas, para a estimação do r com AIC95% máxima de 0,25.

Tabela 3
Tamanho de amostra (número de plantas) para a estimação do coeficiente de correlação linear de Pearson de 66 pares de caracteres, mensurados nos híbridos simples P32R21, triplo DKB566 e duplo DKB747 na safra 2008/2009 e nos híbridos simples 30F53, triplo DKB566 e duplo DKB747 na safra 2009/2010, para amplitude do intervalo de confiança de 95% igual a 0,25

Para a estimação do r de cada um dos 66 pares de caracteres com AIC95% máxima de 0,35 seria necessária a mensuração de 165, 195 e 155 plantas, respectivamente, nos híbridos simples, triplo e duplo da safra 2008/2009 e de 190, 165 e 160 plantas, respectivamente, nos híbridos simples, triplo e duplo da safra 2009/2010 (Tabela 4). Já a mensuração de 100, 110 e 100 plantas, respectivamente, nos híbridos simples, triplo e duplo da safra 2008/2009 e de 120, 100 e 100 plantas, respectivamente, nos híbridos simples, triplo e duplo da safra 2009/2010 seria suficiente para a estimação do coeficiente de correlação de cada um dos 66 pares de caracteres com AIC95% máxima de 0,45 (Tabela 5).

Tabela 4
Tamanho de amostra (número de plantas) para a estimação do coeficiente de correlação linear de Pearson de 66 pares de caracteres, mensurados nos híbridos simples P32R21, triplo DKB566 e duplo DKB747 na safra 2008/2009 e nos híbridos simples 30F53, triplo DKB566 e duplo DKB747 na safra 2009/2010, para amplitude do intervalo de confiança de 95% igual a 0,35
Tabela 5
Tamanho de amostra (número de plantas) para a estimação do coeficiente de correlação linear de Pearson de 66 pares de caracteres, mensurados nos híbridos simples P32R21, triplo DKB566 e duplo DKB747 na safra 2008/2009 e nos híbridos simples 30F53, triplo DKB566 e duplo DKB747 na safra 2009/2010, para amplitude do intervalo de confiança de 95% igual a 0,45

Para a estimação do r em 91 pares de caracteres de milho com AIC95% máxima de 0,30, Cargnelutti Filho et al. (2010)Cargnelutti Filho, A., Toebe, M., Burin, C., Silveira, T. R., & Casarotto, G. (2010). Tamanho de amostra para estimação do coeficiente de correlação linear de Pearson entre caracteres de milho. Pesquisa Agropecuaria Brasileira, 45, 1363-1371. Recuperado de http://www.scielo.br/pdf/pab/v45n12/v45n12a05.pdf recomendaram a mensuração de até 300 plantas, dependendo do híbrido e do par de caracteres. Em crambe, Cargnelutti Filho et al. (2011)Cargnelutti Filho, A., Lopes, S. J., Toebe, M., Silveira, T. R., & Schwantes, I. A. (2011). Tamanho de amostra para estimação do coeficiente de correlação de Pearson entre caracteres de Crambe abyssinica.Revista Ciência Agronômica, 42, 149-158. http://dx.doi.org/10.1590/S1806-66902011000100019.
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verificaram que para a estimação do r com AIC95% máxima de 0,15 o tamanho de amostra oscilou entre 8 e 665 plantas, de acordo com o par de caracteres considerado. Já em 210 pares de caracteres de dois híbridos de mamoneira, Cargnelutti Filho et al. (2012)Cargnelutti Filho, A., Lopes, S. J., Brum, B., Toebe, M., Silveira, T. R., & Casarotto, G. (2012). Tamanho de amostra para a estimação do coeficiente de correlação linear de Pearson entre caracteres de mamoneira. Semina. Ciências Agrárias, 33, 953-962. http://dx.doi.org/10.5433/1679-0359.2012v33n3p953.
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constaram que 96 plantas foram suficientes para a estimação do r com AIC95% máxima de 0,52. Os autores também verificaram que para a estimação do r com AIC95% de 0,20 o tamanho de amostra oscilou entre 10 e 661 plantas, dependendo do par de caracteres mensurados.

Segundo Bonett & Wright (2000)Bonett, D. G., & Wright, T. A. (2000). Sample size requirements for estimating pearson, kendall and spearman correlations. Psychometrika, 65, 23-28. http://dx.doi.org/10.1007/BF02294183.
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, para a estimação do r por meio do intervalo de confiança de Fisher, com AIC95% de 0,10, foi necessário tamanho de amostra de n = 1.507 e n = 63 observações, respectivamente, para coeficientes de correlação de baixa (r = 0,10) e de elevada magnitude (r = 0,90). Já os tamanhos de amostra de n = 168 e n = 13 observações seriam suficientes, de acordo com os autores, para a estimação desses coeficientes com AIC95% igual a 0,30. De acordo com Shieh (2010)Shieh, G. (2010). Estimation of the simple correlation coefficient. Behavior Research Methods, 42, 906-917. http://dx.doi.org/10.3758/BRM.42.4.906. PMid:21139158
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, a utilização de tamanhos de amostra maiores reduziu o viés e a raiz do quadrado médio do erro associados às estimativas do r. O autor constatou que maiores escores da raiz do quadrado médio do erro estão associados a coeficientes de correlação de pequena magnitude e pequenos escores de raiz do quadrado médio do erro estão associados a coeficientes de correlação de elevada magnitude, tanto positivos como negativos.

Verificou-se no presente estudo que independentemente do híbrido, da safra e do par de caracteres, 375, 195 e 120 plantas foram suficientes, respectivamente, para a estimação do r com AIC95% máximas de 0,25, 0,35 e 0,45 (Tabela 3, Tabela 4 e Tabela 5). Assim, se for conduzido um experimento com cinco tratamentos e quatro repetições (20 parcelas no total) e forem avaliadas dez plantas por parcela (200 plantas no total), pode-se estimar o r com AIC95% máxima de 0,35, desde que os efeitos de tratamentos e de controle local sejam suprimidos. Se, entretanto, forem avaliadas seis plantas por parcela (120 plantas no total), pode-se estimar o r de cada par de caracteres com AIC95% máxima de 0,45, desde que os efeitos de tratamentos e de controle local também sejam suprimidos. Caso o pesquisador deseje estimar o r dos 66 pares de caracteres com AIC95% máxima de 0,45, dentro de cada tratamento, utilizando quatro repetições, deverá avaliar 30 plantas por repetição (120 plantas por tratamento), desde que o efeito de controle local seja excluído antes da estimação do r.

4 CONCLUSÃO

O tamanho de amostra varia entre híbridos, safras e pares de caracteres. Maior tamanho de amostra é necessário para a estimação do coeficiente de correlação entre caracteres fracamente correlacionados e menor tamanho de amostra é necessário para a estimação do coeficiente de correlação entre caracteres altamente correlacionados.

Independentemente do híbrido, da safra e do par de caracteres, 375, 195 e 120 plantas são suficientes, respectivamente, para a estimação de coeficientes de correlação com AIC95% máximas de 0,25, 0,35 e 0,45.

AGRADECIMENTOS

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) pelas bolsas concedidas. Aos bolsistas e voluntários, pelo auxílio na condução experimental e coleta dos dados.

REFERÊNCIAS

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  • Cargnelutti Filho, A., Lopes, S. J., Toebe, M., Silveira, T. R., & Schwantes, I. A. (2011). Tamanho de amostra para estimação do coeficiente de correlação de Pearson entre caracteres de Crambe abyssinica.Revista Ciência Agronômica, 42, 149-158. http://dx.doi.org/10.1590/S1806-66902011000100019.
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  • Cargnelutti Filho, A., Lopes, S. J., Brum, B., Toebe, M., Silveira, T. R., & Casarotto, G. (2012). Tamanho de amostra para a estimação do coeficiente de correlação linear de Pearson entre caracteres de mamoneira. Semina. Ciências Agrárias, 33, 953-962. http://dx.doi.org/10.5433/1679-0359.2012v33n3p953.
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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Mar 2015
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