Acessibilidade / Reportar erro

Parcelamento da cobertura nitrogenada do algodoeiro

Effect of split application of nitrogen on yield of cotton

Resumos

São relatados e discutidos resultados de produção obtidos em vinte e quatro ensaios de adubação com o algodoeiro, conduzidos em diferentes solos das principais áreas produtoras paulistas de 1975 a 1984. Para avaliar o efeito da adubação nitrogenada, doses de 0,25 e 50kg/ha de N foram fornecidas em cobertura logo após o desbaste, 30 a 40 dias após a emergência das plantas. Em três outros tratamentos, a dosagem de 50kg/ha de N foi parcelada, sendo fornecida metade no desbaste e metade em fases posteriores do ciclo, a saber. 45-55, 65-75 e 85-95 dias de idade. Nesses tratamentos, o sulfato de amônio forneceu o nitrogênio. Uma cobertura com uréia (50kg/ha de N), no desbaste, completou o quadro de tratamentos, estudados em esquema de quadrado latino 7 x 7. Foram efetuadas análises estatísticas dos dados individuais de produção e análises conjuntas para grupos de ensaios, reunidos em função do tipo de solo e da intensidade de cultivo anterior das glebas. Em linhas gerais, a reação das plantas ao nitrogênio aparentemente se relacionou mais à intensidade de cultivo do solo do que ao fator textura, indicado pelo teor de matéria orgânica, uma vez que os maiores efeitos da adubação nitrogenada ocorreram nos solos intensamente cultivados, independente de sua textura. Cultivado, porém, em solo arenoso, com baixo teor de matéria orgânica, logo após pastagem, o algodoeiro reagiu pouco à adubação nitrogenada. Mesmo no grupo de alta resposta ao nitrogênio, o parcelamento da cobertura deixou de apresentar vantagens sobre a aplicação total por ocasião do desbaste. Ademais, houve tendência para queda da produtividade em função do atraso da segunda aplicação. Assim, para algodão cultivado em solos de textura média/argilosa, recomenda-se que a cobertura nitrogenada seja feita após o desbaste, logo que as condições de umidade se mostrem adequadas. Para os solos arenosos, há necessidade de maiores informações, especialmente em glebas de mais intenso cultivo. Da mesma forma, novos estudos devem conferir a pequena vantagem obtida pelo sulfato de amônio sobre a uréia.

algodoeiro; nitrogênio; cobertura; parcelamento; solo; intensidade de cultivo; textura


The advantage of parcelling out the side dressed nitrogen in cotton crop was studied in twenty four-field experiments, conducted on different soils of the major producting regions of the State of São Paulo, Brazil, during the period from 1975 to 1984. Doses of 0, 25, and 50kg/ha of N were side dressed, just after thinning, with the purpose of studying the effect of rate of nitrogen application. In other three treatments, the highest dose was splitted, half at thinning and half at delayed stages, at 45-55, 65-75 and 85-95 days after plant emergency. Ammonium sulphate was used in those treatments. In an extra treatment urea was side dressed at thinning at the rate of 50kg/ha of N. A Latin square experimental design was used. Generally the effect of nitrogen on cotton yield was related more with the intensity of previous cultivation than with soil texture. Cotton grown after pasture, on sandy soils, presented low response to nitrogen application, whereas on sandy-clay and heavy-clay soils intensely cultivated, the effect of nitrogen fertilization was positive and highly significant. Split application of nitrogen did not show any advantage over one side dressing even in the groups of soils of high response to fertilization. Otherwise, a tendency to lower yields was observed with the delay of the split application. Thus, for cotton grown on sandy-clay and heavy-clay soils, it is recommended that the nitrogen be side dressed just after thinning, provided that the soil moisture is adequate. Further studies are needed on the use of nitrogen fertilizers on sandy soils.

cotton; nitrogen; split application; soil cultivation; intensity; soil texture


ARTIGOS

Parcelamento da cobertura nitrogenada do algodoeiro

Effect of split application of nitrogen on yield of cotton

Nelson Machado da SilvaI; Luiz Henrique CarvalhoI, * * Bolsista do CNPq. ; Nelson BortolettoII

ISeção de Algodão, Instituto Agronômico (IAC), Caixa Postal 28,13001 Campinas (SP)

IIEscritório Regional de Votuporanga, IAC

RESUMO

São relatados e discutidos resultados de produção obtidos em vinte e quatro ensaios de adubação com o algodoeiro, conduzidos em diferentes solos das principais áreas produtoras paulistas de 1975 a 1984. Para avaliar o efeito da adubação nitrogenada, doses de 0,25 e 50kg/ha de N foram fornecidas em cobertura logo após o desbaste, 30 a 40 dias após a emergência das plantas. Em três outros tratamentos, a dosagem de 50kg/ha de N foi parcelada, sendo fornecida metade no desbaste e metade em fases posteriores do ciclo, a saber. 45-55, 65-75 e 85-95 dias de idade. Nesses tratamentos, o sulfato de amônio forneceu o nitrogênio. Uma cobertura com uréia (50kg/ha de N), no desbaste, completou o quadro de tratamentos, estudados em esquema de quadrado latino 7 x 7. Foram efetuadas análises estatísticas dos dados individuais de produção e análises conjuntas para grupos de ensaios, reunidos em função do tipo de solo e da intensidade de cultivo anterior das glebas. Em linhas gerais, a reação das plantas ao nitrogênio aparentemente se relacionou mais à intensidade de cultivo do solo do que ao fator textura, indicado pelo teor de matéria orgânica, uma vez que os maiores efeitos da adubação nitrogenada ocorreram nos solos intensamente cultivados, independente de sua textura. Cultivado, porém, em solo arenoso, com baixo teor de matéria orgânica, logo após pastagem, o algodoeiro reagiu pouco à adubação nitrogenada. Mesmo no grupo de alta resposta ao nitrogênio, o parcelamento da cobertura deixou de apresentar vantagens sobre a aplicação total por ocasião do desbaste. Ademais, houve tendência para queda da produtividade em função do atraso da segunda aplicação. Assim, para algodão cultivado em solos de textura média/argilosa, recomenda-se que a cobertura nitrogenada seja feita após o desbaste, logo que as condições de umidade se mostrem adequadas. Para os solos arenosos, há necessidade de maiores informações, especialmente em glebas de mais intenso cultivo. Da mesma forma, novos estudos devem conferir a pequena vantagem obtida pelo sulfato de amônio sobre a uréia.

Termos de indexação: algodoeiro, nitrogênio, cobertura, parcelamento, solo, intensidade de cultivo, textura.

SUMMARY

The advantage of parcelling out the side dressed nitrogen in cotton crop was studied in twenty four-field experiments, conducted on different soils of the major producting regions of the State of São Paulo, Brazil, during the period from 1975 to 1984. Doses of 0, 25, and 50kg/ha of N were side dressed, just after thinning, with the purpose of studying the effect of rate of nitrogen application. In other three treatments, the highest dose was splitted, half at thinning and half at delayed stages, at 45-55, 65-75 and 85-95 days after plant emergency. Ammonium sulphate was used in those treatments. In an extra treatment urea was side dressed at thinning at the rate of 50kg/ha of N. A Latin square experimental design was used. Generally the effect of nitrogen on cotton yield was related more with the intensity of previous cultivation than with soil texture. Cotton grown after pasture, on sandy soils, presented low response to nitrogen application, whereas on sandy-clay and heavy-clay soils intensely cultivated, the effect of nitrogen fertilization was positive and highly significant. Split application of nitrogen did not show any advantage over one side dressing even in the groups of soils of high response to fertilization. Otherwise, a tendency to lower yields was observed with the delay of the split application. Thus, for cotton grown on sandy-clay and heavy-clay soils, it is recommended that the nitrogen be side dressed just after thinning, provided that the soil moisture is adequate. Further studies are needed on the use of nitrogen fertilizers on sandy soils.

Index terms: cotton, nitrogen, split application, soil cultivation, intensity, soil texture.

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

Recebido para publicação em 6 de agosto de 1985.

  • BRASIL. Ministério da Agricultura. Serviço Nacional de Pesquisas Agronômicas. Comissão de Solos. Levantamento de reconhecimento dos solos do Estado de São Paulo. Rio de Janeiro, 1960. 634p. (Boletim do Serviço Nacional de Pesquisas Agronômicas, 12)
  • FREITAS, L.M.M.; McCLUNG, A.C. & LOTT, W.L. Experimentos de adubação em dois solos de campo cerrado. São Paulo, IBEC Research Institute, 1960. 19p. (Boletim, 21)
  • FUZATTO, M.G. Adubação mineral. In:CULTURA e adubação do algodoeiro. São Paulo, Inst. Bras, de Potassa, 1965. p.475-508.
  • LEPSCH, I.F.; SILVA, N.M. & ESPIRONELO, A. Relação entre matéria orgânica e textura de solos sob cultivo de algodão e cana-de-açúcar, no Estado de São Paulo. Bragantia, Campinas, 41(8):231-236, 1982.
  • MENDES, H.C. Nutrição do algodoeiro. II. Absorção mineral por plantas cultivadas em soluções nutritivas. Bragantia, Campinas, 19:435-458, 1960.
  • McCLUNG, A.C; FREITAS, L.M.M.; MIKKELSEN, D.S. & LOTT, W.L. A adubação do algodoeiro em solos de campo cerrado no Estado de São Paulo. São Paulo, IBEC Research Institute, 1961. 35p. (Boletim, 27)
  • MIKKELSEN, D.S.; FREITAS, L.M.M. & McCLUNG, A.C. Efeitos da calagem e adubação na produção de algodão, milho e soja em três solos de campo cerrado. São Paulo, Instituto de Pesquisa IRI, 1963. 48p. (Boletim, 29)
  • NEVES, O.S. & FREIRE, E.S. Adubação do algodoeiro. I. Influência dos adubos, quando aplicados em contato com as sementes, sobre a germinação. Bragantia, Campinas, 15:301-314, 1956.
  • __________ & __________ Adubação do algodoeiro. III. Ensaios sobre a aplicação de azoto em cobertura. Bragantia, Campinas, 16(16):223-242, 1957a.
  • __________ & __________ Adubação do algodoeiro. IV. Ensaios sobre época de aplicação de azoto e potássio. Bragantia, Campinas, 16(20):269-296, 1957b.
  • RIGHI, N.R.; FERRAZ, C.A.M. & CORREA, D.M. Cultura. In: CULTURA e adubação do algodoeiro. São Paulo, Inst. Bras, de Potassa, 1965. p.255-317.
  • SILVA, N.M.; RODRIGUES FILHO, F.S.O. & HIROCE, R. Uso de misturas de adubos contendo ou não enxofre na adubação do cultivar IAC 16 de algodoeiro. Bragantia, Campinas, 40(16):167-168, 1981.
  • TUCKER, T.C. & TUCKER, B.B. Nitrogen nutrition. In: ADVANCES in production and utilization of quality cotton: principles and practices. Ames, Iowa Sta. Univ. Press, 1968. p.183-211.
  • *
    Bolsista do CNPq.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      10 Dez 2007
    • Data do Fascículo
      1986

    Histórico

    • Recebido
      06 Ago 1985
    Instituto Agronômico de Campinas Avenida Barão de Itapura, 1481, 13020-902, Tel.: +55 19 2137-0653, Fax: +55 19 2137-0666 - Campinas - SP - Brazil
    E-mail: bragantia@iac.sp.gov.br