Tolerância da soja ao manganês em solução nutritiva em três temperaturas

Mascarenhas, Hipólito Assunção Antonio; Camargo, Carlos Eduardo de Oliveira; Falivene, Sônia Maria Pierro; Bulisani, Eduardo Antonio

doi:10.1590/S0006-87051985000200002

Resumos

Foram estudados dois cultivares de soja (Biloxi e Forrest) em soluções nutritivas contendo quatro níveis de manganês (0,11; 2; 4 e 6 mg/litro) combinados com três diferentes temperaturas (22, 25 e 28ºC) em experimento efetuado em Campinas, em 1983. A tolerância foi medida, levando-se em consideração o peso seco das partes aéreas das plantas após 15 dias de cultivo nas soluções, os sintomas visuais de toxicidade e a concentração de manganês das folhas. Os resultados mostraram que, à medida que a temperatura das soluções variou de 28 para 22ºC, houve uma redução marcante no desenvolvimento das plantas dos dois cultivares, afetando, conseqüentemente, a produção de matéria seca. A 25ºC e ao nível de 2 mg/litro de Mn, foi possível distinguir o cultivar Forrest como sensível e Biloxi como tolerante, sendo esta combinação considerada ideal para fazer 'screening' de material genético. Esta separação, porém, poderia também ser feita nas temperaturas de 22 e 28ºC, respectivamente, nos níveis de 4 e 6 mg/litro de Mn. Na temperatura alta (28ºC), observou-se redução de toxicidade de Mn para soja. O cultivar Biloxi apresentou, sob todas as temperaturas, as maiores concentrações de Mn na parte aérea.

nutrição mineral; Glycine max (L.) Merrill; melhoramento; temperatura; manganês; tolerância

Two soybean cultivars (Biloxi and Forrest) were grown under three different temperaturas (22, 25 and 28ºC) in nutrient solutions containing four levels of manganese (0.11; 2; 4 and 6mg/l) in an experiment carried out at Campinas, in 1983. Mn tolerante differences were evaluated by dry matter weight of the above ground parts after a period of 15 days of growth. The results showed that as the temperature were reduced from 28 to 22ºC there was a reduction in the plant growth of the two cultivars which affected the dry matter weight. At 25ºC and at the level of 2 mg/l of Mn, Forrest was suceptible and Biloxi, tolerant, being this condition appropriate for screening soybean germoplasm for Mn tolerante. This separation could also be done at 22 and 28ºC at 4 and 6 mg/l levels of Mn, respectively. High temperature (28ºC) showed reduction of Mn toxicity in both soybean cultivars. The cultivar Biloxi always showed at all temperatures greater concentration of Mn than Forrest.

mineral nutrition; Glycine max (L.) Merrill; breeding; temperature; manganese; tolerance

ARTIGOS

Tolerância da soja ao manganês em solução nutritiva em três temperaturas¹ 1 Trabalho apresentado no XX Congresso Brasileiro de Ciência do Solo, em Belém, PA, de 14 a 21-7-1985.

Soybean tolerance to manganese in nutrient solution under three temperatures

Hipólito Assunção Antonio MascarenhasI, ² 2 Com bolsa de suplementação do CNPq. ; Carlos Eduardo de Oliveira CamargoII, ² 2 Com bolsa de suplementação do CNPq. ; Sônia Maria Pierro FaliveneI, ² 2 Com bolsa de suplementação do CNPq. ; Eduardo Antonio BulisaniI, ² 2 Com bolsa de suplementação do CNPq.

^ISeção de Leguminosas, Instituto Agronômico (IAC), Caixa Postal 28, 13 100 Campinas (SP)

IISeção de Arroz e Cereais de Inverno, IAC

RESUMO

Foram estudados dois cultivares de soja (Biloxi e Forrest) em soluções nutritivas contendo quatro níveis de manganês (0,11; 2; 4 e 6 mg/litro) combinados com três diferentes temperaturas (22, 25 e 28ºC) em experimento efetuado em Campinas, em 1983. A tolerância foi medida, levando-se em consideração o peso seco das partes aéreas das plantas após 15 dias de cultivo nas soluções, os sintomas visuais de toxicidade e a concentração de manganês das folhas. Os resultados mostraram que, à medida que a temperatura das soluções variou de 28 para 22ºC, houve uma redução marcante no desenvolvimento das plantas dos dois cultivares, afetando, conseqüentemente, a produção de matéria seca. A 25ºC e ao nível de 2 mg/litro de Mn, foi possível distinguir o cultivar Forrest como sensível e Biloxi como tolerante, sendo esta combinação considerada ideal para fazer 'screening' de material genético. Esta separação, porém, poderia também ser feita nas temperaturas de 22 e 28ºC, respectivamente, nos níveis de 4 e 6 mg/litro de Mn. Na temperatura alta (28ºC), observou-se redução de toxicidade de Mn para soja. O cultivar Biloxi apresentou, sob todas as temperaturas, as maiores concentrações de Mn na parte aérea.

Termos de indexação: nutrição mineral, Glycine max (L.) Merrill, melhoramento, temperatura, manganês, tolerância.

SUMMARY

Two soybean cultivars (Biloxi and Forrest) were grown under three different temperaturas (22, 25 and 28ºC) in nutrient solutions containing four levels of manganese (0.11; 2; 4 and 6mg/l) in an experiment carried out at Campinas, in 1983. Mn tolerante differences were evaluated by dry matter weight of the above ground parts after a period of 15 days of growth. The results showed that as the temperature were reduced from 28 to 22ºC there was a reduction in the plant growth of the two cultivars which affected the dry matter weight. At 25ºC and at the level of 2 mg/l of Mn, Forrest was suceptible and Biloxi, tolerant, being this condition appropriate for screening soybean germoplasm for Mn tolerante. This separation could also be done at 22 and 28ºC at 4 and 6 mg/l levels of Mn, respectively. High temperature (28ºC) showed reduction of Mn toxicity in both soybean cultivars. The cultivar Biloxi always showed at all temperatures greater concentration of Mn than Forrest.

Index terms: mineral nutrition, Glycine max (L.) Merrill, breeding, temperature, manganese, tolerance.

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Recebido para publicação em 7 de março de 1984.

ANDREW, C.S & HEGARTY, M.P. Comparative response do manganese excess of eight tropical and four temperate pasture legumes. Australian Journal of Agricultural Research, 20(4): 687-696, 1969.
BATAGLIA, O.C.; TEIXEIRA, J.P.F.; FURLANI, P.R.; FURLANI, A.M.C. & GALLO, J.R. Métodos de análise química de plantas. Campinas, Instituto Agronômico,1978. 31p. (Circular, 87)
BOLOSKO,J.A. & SMITH, D. Influence of temperature and nitrogen fertilization on growth and composition of switch grass (Panicum vergatum L.) and timothy(Phleum pratensi L.) at anthesis. Agronomy Journal, 63:853-857, 1971.
FOY, CD.; FLEMING, A.L. & ARMINGER, W.H. Differential tolerance of cotton varieties to excess manganese. Agronomy Journal, 61:690-693, 1969.
HEENAN, D.P. & CARTER,O.G. Influence of temperature on the expression of manganese toxicity by two soybean varieties. Plant and Soil, 47:219-227,1977.
MASCARENHAS, H.A.A; BRAGA. N.R.; BULISANI, E.A.; FEITOSA, C.T.; HIROCE, R. & BATAGLIA, O.C. Efeito do corretivo sobre soja cultivada em solo de cerrado contendo Al e Mn. In: SEMINÁRIO DE PESQUISA DE SOJA, 2., Brasília, 1981. Anais, v.2, p. 567-573.
^__________; CAMARGO, C.E.O. & FALIVENE, S.M.P. Comportamento de cultivares de soja em solução nutritiva contendo diferentes níveis de manganês. Bragantia, Campinas, 43(1):201-209, 1984.
MIRANDA, M.A.C. de; MASCARENHAS, H.A.A.; BULISANI, E.A.; VALADARES, J.M.S. & HIROCE, R. Comportamento de dois cultivares de soja em função de Mn do solo. Bragantia, Campinas, 41: 135-143, 1982.
MUNNS, D.M.; JOHNSON, CM. & JACOBSON, L. Uptake and distribution of manganese in oat plants. I. Varietal variation. Plant and Soil, 19:115-125,1963.
OUELLETTE, G.I. & DESSUREAUX, L. Chemical composition of alfalfa as related to degree of tolerance to manganese and aluminum. Canadian Journal of Soil Science, 38:206-214, 1958.

1

Trabalho apresentado no XX Congresso Brasileiro de Ciência do Solo, em Belém, PA, de 14 a 21-7-1985.

2

Com bolsa de suplementação do CNPq.

Datas de Publicação

Publicação nesta coleção
17 Dez 2007
Data do Fascículo
1985

Histórico

Recebido
07 Mar 1984

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[1] ANDREW, C.S & HEGARTY, M.P. Comparative response do manganese excess of eight tropical and four temperate pasture legumes. Australian Journal of Agricultural Research, 20(4): 687-696, 1969.

[2] BATAGLIA, O.C.; TEIXEIRA, J.P.F.; FURLANI, P.R.; FURLANI, A.M.C. & GALLO, J.R. Métodos de análise química de plantas. Campinas, Instituto Agronômico,1978. 31p. (Circular, 87)

[3] BOLOSKO,J.A. & SMITH, D. Influence of temperature and nitrogen fertilization on growth and composition of switch grass (Panicum vergatum L.) and timothy(Phleum pratensi L.) at anthesis. Agronomy Journal, 63:853-857, 1971.

[4] FOY, CD.; FLEMING, A.L. & ARMINGER, W.H. Differential tolerance of cotton varieties to excess manganese. Agronomy Journal, 61:690-693, 1969.

[5] HEENAN, D.P. & CARTER,O.G. Influence of temperature on the expression of manganese toxicity by two soybean varieties. Plant and Soil, 47:219-227,1977.

[6] MASCARENHAS, H.A.A; BRAGA. N.R.; BULISANI, E.A.; FEITOSA, C.T.; HIROCE, R. & BATAGLIA, O.C. Efeito do corretivo sobre soja cultivada em solo de cerrado contendo Al e Mn. In: SEMINÁRIO DE PESQUISA DE SOJA, 2., Brasília, 1981. Anais, v.2, p. 567-573.

[7] ^__________; CAMARGO, C.E.O. & FALIVENE, S.M.P. Comportamento de cultivares de soja em solução nutritiva contendo diferentes níveis de manganês. Bragantia, Campinas, 43(1):201-209, 1984.

[8] MIRANDA, M.A.C. de; MASCARENHAS, H.A.A.; BULISANI, E.A.; VALADARES, J.M.S. & HIROCE, R. Comportamento de dois cultivares de soja em função de Mn do solo. Bragantia, Campinas, 41: 135-143, 1982.

[9] MUNNS, D.M.; JOHNSON, CM. & JACOBSON, L. Uptake and distribution of manganese in oat plants. I. Varietal variation. Plant and Soil, 19:115-125,1963.

[10] OUELLETTE, G.I. & DESSUREAUX, L. Chemical composition of alfalfa as related to degree of tolerance to manganese and aluminum. Canadian Journal of Soil Science, 38:206-214, 1958.