Efeito da adição de inseticidas no solo, sôbre o desenvolvimento do algodoeiro

The effect of insecticides in the soil on the growth of the cotton plants

Efeito da adição de inseticidas no solo, sôbre o desenvolvimento do algodoeiro^*

The effect of insecticides in the soil on the growth of the cotton plants

Coaracy M. Franco^I; Constantino G. Fraga Jr.^II; Oswaldo Silveira Neves^III

^IEngenheiro-agrônomo, Seção de Fisiologia

^IIEngenheiro-agrônomo, Seção de Técnica Experimental

^IIIEngenheiro-agrônomo, Seção de Algodão, Instituto Agronômico

RESUMO

A fim de verificar o efeito do acúmulo de inseticidas no solo, fêz-se um ensaio em vasos de Mitscherlich, empregando-se os inseticidas BHC, toxafeno, lindano e DDT, incorporados ao solo. Os três últimos foram experimentados também na forma de emulsão, enquanto que o BHC entrou no ensaio apenas na forma de pó.

As quantidades de inseticidas empregadas foram correspondentes àquelas recebidas pelo solo no fim de 1, 3 e 7 anos de cultura algodoeira, tratada com as quantidades recomendadas para cada um dêles.

Em terra arenosa, do tipo arenito Bauru, a dose de BHC correspondente à recebida pelo solo em um ano de cultura com o algodoeiro (108,5 kg/ha) já causou um decréscimo de produção de 20%; a dose correspondente a 3 anos produziu um decréscimo de 56% e a correspondente a 7 anos anulou a produção.

Entretanto, após ter o solo permanecido sem cultura durante um ano agrícola, os efeitos tóxicos do BHC decresceram, a ponto de mesmo a dose correspondente a 7 anos de cultura ter permitido alguma produção.

Dos outros inseticidas sòmente o toxafeno em emulsão e quando empregado em dose 7 vêzes mais forte do que a recomendada, que é de 18,6 l/ha de emulsão a 50%, causou algum prejuízo à produção, reduzindo-a de 30% na cultura feita logo após a sua aplicação no solo. Em conseqüência de um acidente ocorrido e mencionado no texto, não se obtiveram dados de uma segunda cultura com êste inseticida, após ter o solo "descansado" durante um ano agrícola.

Em terra-roxa os efeitos tóxicos do BHC foram menos intensos. Neste tipo de terra a dose correspondente à recebida pelo solo no fim de um ano de cultura algodoeira não prejudicou em nada o algodoeiro. As doses correspondentes às recebidas pelo solo no fim de 3 e 5 anos de cultura algodoeira causaram sensíveis decréscimos de produção. Na segunda cultura, entretanto, feita nos mesmos solos após terem êstes permanecido sem cultura durante um ano, não houve nenhuma diferença entre as plantas tratadas e testemunhas, quer quanto ao desenvolvimento ou à produção, o que mostra que na terra-roxa os efeitos tóxicos do BHC, nas doses estudadas, desapareceram completamente do solo no fim de dois anos.

SUMMARY

The effects of increasing amounts of insecticides added to the soil on the growth of cotton plants were studied. This was an attempt to verify whether or not a possible accumulation of insecticides in the soil might become detrimental to plant growth.

The experiment was carried out in Mitscherlich pots with two types of soil: one sandy (arenito de Bauru) and the other clayey (terra-roxa). The amounts of insecticides added to the pots were calculated on an area basis to correspond to those applied to cotton plantings at the end of 1, 3, and 7 crops, and are called in this paper doses 1, 3, and 7, respectively. The amounts of insecticides as recommended for cotton in the state of São Paulo are as follows: BHC, 108 kg; Toxaphene, 14.5 k; Lindane, 0.4 kg and DDT, 3.6 kg.

In the sandy soil, doses 1 and 3 of BHC caused 20% and 56% reduction in yield, respectively; dose 7 inhibited the production completely. Dose 7 of Toxaphene (72.24 kg/ha) when applied in emulsion form showed some toxicity. The same insecticide applied at the rate of 101.5 kg/ha in powdered form did not have any toxic effect nor did the emulsifier (15 ml of tritton 177 + xilol q.s.p. 100 ml) when applied alone. Lindane, emulsified Lindane, and DDT did not have any adverse effect on the cotton plant0 growth and yield.

After the first crop the soil in each pot was passed through a sieve, returned to the pot and left undisturbed for one year. Cotton was then planted again. The development of the plants in this second planting was very irregular. This was due to aluminum toxicity, because the protective painting of the aluminum trays of the Mitscherlich pots came off in many spots and the metal wos attocked by the salts used as a fertilizer, forming aluminum salts that were detrimental to the plants. It wos possible, however, to see that toxic effects of the BHC added to the soil decreased fast enough after two years to allow even the plants in pots which received dose 7 of the insecticide to come to bearing.

In the experiment with clayey soil only BHC was used since it was the only insecticide that showed a dangerous level of toxicity. The doses employed were 1, 3, and 5. Here too these numbers mean that the omounts of BHC added to the soil correspond to the omounts applied to cotton fields after 1, 3, and 5 years of cultivation, respectively.

In the clayey soil, dose 1 of BHC did not decreose the yield nor caused any other toxicity symptom. Doses 3 and 5 decreased the yield in 14 % ond 27%, respectively, but the analysis of variance did nat show a significant difference between the two results.

The growth and yield of the plants sown offer the soil had been left undisturbed far one year did not show any difference between the control ond treated plants, thus indicating that the toxic effects of the BHC had completely disappeared.

Texto completo disponivél apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

LITERATURA CITADA

Recebido para publicação em 14 de maio de 1959.

• 1.  ALLEN, N., WALKER, R. L., FIFE, L. C. [e outros]. Persistence of BHC, DDT, and toxaphene in soil and the tolerances of certain crops to their residues. Washington, U. S. Dept. Agric, 1954. 19p. (Tech. Bull. 1090)
• 2. __________, BONDY, F. F., BULLOCK, J. F. &. HALL, E. Effect of soil treatment with DDT, benzene hexachloride, and toxaphene on tobacco, cotton, and cowpeas. Washington, U. S. Dept. Agric, 1951. 22p. (Tech. Bull. 1047)
• 3.  BOSWELL, V. R. Insecticides and the soil. Atlantic Nat. 8:246-251. 1953.
• 4.  CAVALERI, POPÍLIO A. & INFORZATO, ROMEU. Estudo do sistema radicular do algodoeiro nos três principais tipos de solo do Estado de São Paulo. Bragantia 15:[337]-346. 1956.
• 5.  COURY, T. & RANZANI, G. Arsenicais e inseticidas orgânicos sôbre o algodoeiro em terras roxa e arenosa. Ann. Esc. Agric. Queiroz 10:[37]-46. 1953.
• 6.  FOSTER, ARTHUR C. Some plont responses to certain insecticides in the soil. Washington, U. S. Dept. Agric., 1951. 41 p. (Circular N.° 862)
• 7.  GARGANTINl, H., GIANNOTTI, O. & TELLA, ROMEU DE. Lixiviação do BHC (isômero-gama) em solo tipo arenito Bauru. Bragantia 16:[73]-79. 1957.
• 8.  MORRISON, H. E., CROWELL, H. H., CRUMB, S. E. (jr.) & LAUDERDALE, R. W. The effects of certain new soil insecticides on plants. J. econ. Ent. 41:374-378. 1948.
• 9.  SWANSON, C. L. W., THORP, F. C. & FRIEND, R. B. Adsorption of lindane by soils. Soil Sci. 78:379-388. 1954.

*

Pesquisa parcialmente financiada pela Hercules Powder Co., mediante doação ao Fundo de Pesquisas do Instituto Agronômico.

Trabalho apresentado à IV Reunião Latinoamericana de Fitotecnia, realizada em Santiago, Chile, de 24 de novembro a 6 de dezembro de 1958.

Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  14 Abr 2010
• Data do Fascículo
  1960

Histórico

• Recebido
  14 Maio 1959