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John Dewey: a busca por uma pedagogia retórica1 1 - O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (Capes) – Código de Financiamento 001, e subsídios do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq, Brasil).

Resumo

O ponto de partida deste artigo é uma polêmica que envolve o filósofo e educador John Dewey (1859-1952) desde século passado: tanto autores contrários quanto autores favoráveis às suas teses consideram as suas concepções educacionais associadas ao ceticismo, corrente filosófica criada por Pirro de Élis (360-270 a.C.). Essa polêmica é investigada neste artigo por meio da análise retórica proposta por Perelman e Olbrechts-Tyteca, comparando o discurso de Dewey com as formulações pirrônicas. Dessa investigação resulta a descoberta de algumas semelhanças e uma importante diferença entre os discursos examinados. Essa diferença, por sua vez, conduz ao exame de uma corrente filosófica anterior ao pirronismo, a sofística, cujo principal representante é Protágoras de Abdera (490-421 a.C.). A sofística é analisada neste trabalho segundo autores contemporâneos que divergem da caracterização tradicional instituída por Platão. As conclusões identificam importantes coincidências entre o discurso deweyano e o discurso sofístico, o que permite associar Dewey à tradição discursiva retórica e posicionar as suas propostas educacionais no âmbito da pedagogia retórica. Essa pedagogia propõe levar os estudantes a compor e expressar as suas inclinações pessoais, não no estreito espaço da vida individual, mas no horizonte mais amplo da coletividade, por meio de métodos que visam projetar o aluno no espaço público da deliberação e da ação.

John Dewey; Pirronismo; Sofística; Retórica

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