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“A gente vinha porque queria e não porque era pressionado”: crianças e direitos de participação1 1 - Enquanto a primeira autora realizou o trabalho de campo, este artigo foi concebido, elaborado e escrito por ambas as autoras. Desse modo, os relatos e discussões oriundos do diário de campo, possivelmente, apareçam em primeira pessoa. Agradecemos especialmente às crianças e adultos da Escola Viva Olho do Tempo (EVOT) por nos permitirem compartilhar do seu lugar no mundo, assim como aos amigos do Grupo de Pesquisa Criança, Sociedade e Cultura (CRIAS) pela parceria acadêmica e afetiva. Por fim, agradecemos às editoras do dossiê pela oportunidade de contribuir com este artigo.

“We came because we wanted to and not because we were pressured”: children and their rights to participation

Resumo

Este trabalho versa acerca das percepções das crianças em relação à participação, enquanto direito de se envolver e transformar o contexto socioeducacional, de acordo com seus desejos, intenções e produções. Depois de situar a discussão sobre a participação enquanto direito garantido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente e pela Lei da Primeira Infância, apresentamos como esse processo investigativo emergiu na Escola Viva Olho do Tempo, periferia da cidade de João Pessoa – Paraíba. Do ponto de vista metodológico, trata-se de uma pesquisa etnográfica, a partir da observação participante emergida com as crianças enquanto co-pesquisadoras, possibilitando o reconhecimento de seus movimentos emancipatórios ao buscarem garantir e reivindicar o direito à participação, ou não, naquele contexto. Objetivamos refletir a respeito de como as crianças (re)conhecem e tecem suas participações ocupando/participando nos cantos na escola, entre os acordos e conflitos, em suas relações intra e intergeracionais. Ao considerar seus tempos-espaços de afetos e aprendizagens, revelamos como os direitos das crianças são experienciados, entendidos e (re)inventados por elas. Concluímos que é no sentir de suas práticas e experiências, entre as forças e poderes que circundam suas relações, que as crianças aprendem os sentidos de como podem reivindicar, conquistar e (re)criar, em suas alteridades, o direito de participar ou não das práticas no contexto educacional.

Direitos; Crianças; Participação; Etnografia; Estatuto da Criança e do Adolescente

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