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Amplitude e aspectos peculiares das desigualdades sociais na escola francesa

Amplitude and peculiar aspects of social inequalities in the French school

A sociologia francesa denuncia com intensidade, desde o fim dos anos 1960, desigualdades sociais importantes e estáveis tanto no acesso aos diferentes níveis de ensino quanto ao sucesso escolar stricto sensu. Essa denúncia tomou a forma de uma teoria geral, elaborada por Bourdieu e Passeron, que faz dessas desigualdades sociais a resultante necessária do funcionamento da instituição escolar. E essa tese, não só de grande influência entre os sociólogos, como também amplamente difundida, contribuiu para nutrir um certo fatalismo, pois estabelece que a função mesma da escola é reproduzir e legitimar as desigualdades sociais. Por outro lado, ela produziu também um fluxo continuado de trabalhos que visam a fornecer-lhe confirmações empíricas. Este artigo apresenta, de maneira sintética, os principais resultados acumulados pela sociologia da educação francesa nessa direção, isto é, no que concerne às desigualdades sociais na escola. Na análise da gênese dessas desigualdades, distingue os mecanismos individuais e os mecanismos contextuais, assim como as desigualdades decorrentes do sucesso acadêmico stricto sensu, daqueles que resultam dos fenômenos de orientação e de escolhas escolares. A questão da responsabilidade própria da escola perante essas desigualdades é abordada em conclusão, indicando que o papel da escola em matéria de desigualdades sociais é ajustado por fatores estruturais, o que leva, quanto a teorias como a de Bourdieu, a relativizar um pouco sua importância, ou pelo menos a repensá-la profundamente.

Desigualdades sociais; Sucesso escolar; Carreira e escolha escolar; Efeitos do contexto escolar


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