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Migração de classe e vergonha cultural: trajetórias ascendentes entre a crítica e o reconhecimento das hierarquias simbólicas1 1 Este artigo é uma versão modificada da comunicação apresentada no ST 33 (As classes sociais no Brasil contemporâneo) do 37º encontro anual da ANPOCS, ocorrido em setembro de 2013 em Águas de Lindóia, SP, Brasil.

Class migration and cultural shame: Upward trajectories between criticism and recognition of symbolic hierarchies

Resumo

O artigo discute certas formas de violência simbólica que acometem indivíduos em migração de classe, marcados por critérios de julgamento inconciliáveis. Tendo como fonte principal 30 entrevistas com membros das classes altas de São Paulo - realizadas no âmbito de uma pesquisa maior que coletou manuais de etiqueta, material de imprensa, críticas e estatísticas culturais -, ele analisa trajetórias e atributos que ensejam experiências de vergonha cultural, argumentando que o percurso ascensional não se faz acompanhar apenas pela deferência dispensada aos que "sobem na vida", mas também por algumas das modalidades mais universais de sofrimento social, tais como a percepção do baixo valor atribuído a si (e aos seus) no universo de destino, a evocação de uma herança cultural negativa, a interiorização de disposições dominantes e o desaparecimento progressivo dos usos corporais conciliados com os códigos culturais predominantes nas classes populares.

Palavras-chave:
migração de classe; vergonha cultural; violência simbólica; elites; São Paulo

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