Resumo
O objetivo deste ensaio teórico é discutir a noção de linguagem e a relação com os outros na fenomenologia de Merleau-Ponty como possível fundamento para a psicoterapia humanista-fenomenológica com crianças. Para Merleau-Ponty, a linguagem se apresenta como experiência viva e intersubjetiva, e o reconhecimento de si e de outrem pela criança não se daria na intelecção, mas pela dimensão experiencial. O psicoterapeuta escuta a criança naquilo que ela tem a dizer e sua participação se dá como reconhecimento e afetação diante da linguagem infantil. A relação se constitui numa dupla reversibilidade: reconhecimento do outro pela criança em sua própria experiência de corpo e dos sentimentos manifestos acerca de outrem; e afetação do encontro vivenciado tanto pelo psicoterapeuta como pela criança. Concluímos que esta proposta representa uma fecunda contribuição para a psicoterapia humanista-fenomenológica com crianças ao privilegiar a compreensão da criança para além dos estereótipos e noções cristalizadas de infância.
Palavras-chave:
linguagem; intersubjetividade; fenomenologia; psicoterapia humanista-fenomenológica; ludoterapia