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A experiência etnográfica: sobre habitar e ser habitado pelo mundo Apyãwa

The ethnographic experience: about to inhabit and be inhabited by the Apyãwa world

Resumo

Este texto foi organizado com a função de discutir aspectos metodológicos da pesquisa que desenvolvi em torno do tema Marcadores de Tempos Indígenas, na perspectiva do Programa de Pesquisa Etnomatemática. Nele estão explícitas minhas percepções sobre a etnografia e o processo de construção do meu olhar para a sociedade Apyãwa (minhas escolhas, posicionamentos metodológicos e suas justificativas). Meus pressupostos baseiam-se no entendimento de cultura como uma teia simbólica, tecida na relação entre o ethos e a visão de mundo de um povo que, ao tecê-la, estabelece vínculos, a ela se prende. Produz, socializa e atualiza seus conhecimentos, cuja análise suscita a etnografia, enquanto um modo de descrever e interpretar o fluxo do discurso social dos seus praticantes. O texto etnográfico apresenta-se como um discurso produzido pelo etnógrafo na tarefa de tornar plausíveis realidades de culturas distintas. Praticar etnografia junto ao povo Apyãwa representou a possibilidade de perceber a teia cultural sendo tecida; de participar de um período histórico do conhecimento sendo produzido, atualizado e ensinado como parte intrínseca a sua prática cultural, e de ouvir narrativas que explicam e justificam essa prática. Enfim, foi a possibilidade de contemplar, em toda essa complexidade, as nuances da personalidade, do jeito de interagir com o outro e com o meio em que se vive, que constituem o povo Apyãwa e que o distingue enquanto grupo cultural.

Palavras-chave:
Etnomatemática; Cultura indígena; Visão de mundo; Ethos; Prática cultural

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