RESUMO
A multiplicação da capacidade do poder real de levantar informações por meio de um aparato judicial cada vez mais complexo tornava a guerra da fixação de memórias por escrito bastante desigual na segunda metade do século XV. Os príncipes, por mais que se organizassem por meio de ligas, cartas, selos e promessas, estavam diante de um poder real cada vez mais intrusivo, bem informado por espiões e comissionados, economicamente hegemônico e militarmente muito superior. A despeito do esforço de preservação da honra alto-nobiliárquica e da razoável fidelidade demonstrada pelos fiéis de Nemours, a capacidade de produção de verdade jurídica do inquérito extraordinário era algo profundo. Inquirir, comparar, classificar, coagir, moldar percepções eram, em conjunto, uma poderosa arma do poder real.
Palavras-chave:
monarquias medievais; lesa-majestade; Revolta do Bem Público