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O papado avinhonense e os poderes civis: as décadas de 30 e de 40 do século XIV a partir de três obras de Guilherme de Ockham

A negação da chamada plenitudo potestatis ao papa, por parte do menorita Guilherme de Ockham, insere-se, do ponto de vista de seu contexto histórico, no amplo movimento, processado a partir da transição do século XIII para o XIV, de declínio do Império enquanto poder universal, somado à progressiva busca pela laicização das questões de Estado, tendo como resultado a mudança na concepção da autoridade papal. Dessa forma, querelas ocorridas entre o regnum e o sacerdotium passariam a opor à autoridade papal a figura de monarcas em franca ascensão (caso da disputa entre Bonifácio VIII e Filipe IV, da França). Além disso, as novas soluções configuravam-se antes como favoráveis aos poderes civis que à autoridade papal. Um aspecto significativo da ampliação do poder e prestígio das monarquias foi a própria transferência do papado para a cidade francesa de Avinhão, a partir de 1309, sob o papa Clemente V. O referido pontífice atendia à expectativa do mesmo rei da França, Filipe IV, o qual deveria, assim como seus sucessores, ao longo dos anos seguintes, utilizar-se da instituição eclesiástica com a finalidade de opor-se a seus inimigos políticos. Um dos pontos culminantes dessa aliança ter-se-ia dado sob o pontificado de Clemente VI (1342-1352), que apoiou o monarca francês Filipe VI contra seu primo e rei da Inglaterra Eduardo III, na Guerra dos Cem Anos; e ainda, sua hostilidade concorreu para a queda do imperador Luís da Baviera. Pretende-se, nesse trabalho, avaliar as relações do papado avinhonense com os poderes civis (os reinos da França e da Inglaterra e o Império), entre fins da década de 30 e inícios da década de 40 do século XIV. Para tanto, partiremos das obras Pode um príncipe, Consulta sobre uma questão matrimonial e Sobre o poder dos imperadores e dos papas, de Guilherme de Ockham.

Papado avinhonense; Luís da Baviera; Reino da França


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