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FORMAÇÃO DO AUDIODESCRITOR: A ESTÉTICA CINEMATOGRÁFICA COMO BASE PARA O APRENDIZADO DA ESTÉTICA DA AUDIODESCRIÇÃO. MATERIAIS, MÉTODOS E PRODUTOS

TRAINING OF AUDIO DESCRIPTORS: THE CINEMATOGRAPHIC AESTHETICS AS BASIS FOR THE LEARNING OF THE AUDIO DESCRIPTION AESTHETICS – MATERIALS, METHODS AND PRODUCTS

Resumo

A Audiodescrição (AD), recurso utilizado para tornar o teatro, o cinema, a TV, bem como obras de arte visuais, acessíveis a pessoas com deficiência visual, vem aos poucos sendo implantada no Brasil e demandando profissionais capacitados. Com base nessa constatação, este artigo traz o relato de um projeto desenvolvido durante estágio pós-doutoral que se dedicou ao confronto da estética cinematográfica com as técnicas de audiodescrição a fim de verificar como o conhecimento da primeira pode contribuir para a formação do audiodescritor. Por meio da pesquisa-ação, foi produzido um curta metragem adaptado de um conto de Mário de Andrade intitulado O Peru de Natal. O filme homônimo, assim como sua audiodescrição, foram realizados pelos alunos e professores da disciplina Tradução Intersemiótica do curso de Letras da Universidade Estadual do Ceará (UECE). Assim, pretendeu-se sugerir procedimentos didáticos que partiram da experiência dos alunos ao avaliarem suas escolhas e as implicações destas.

Palavras-chave
Audiodescrição; Cinema; Adaptação; Formação

Abstract

Audio description (AD), a resource used to make theater, cinema, TV, and visual works of art accessible to people with visual impairments, is slowly being implemented in Brazil and demanding qualified professionals. Based on this statement, this article reports the results of a research developed during post-doctoral studies. The study is dedicated to the confrontation of film aesthetics with audio description techniques to check how the knowledge of the former can contribute to audiodescritor training. Through action research, a short film adapted from a Mario de Andrade’s, a Brazilian writer, short story called O Peru de Natal (Christmas Turkey) was produced. The film as well as its audio description were carried out involving students and teachers from the discipline Intersemiotic Translation at the State University of Ceará. Thus, we intended to suggest pedagogical procedures generated by the students experiences by evaluating their choices and their implications.

Key words
Audio description; Cinema; Adaptation; Training

1. Introdução

A audiodescrição (AD), modalidade de tradução audiovisual, é um recurso de acessibilidade que visa tornar o teatro, o cinema, a TV, bem como obras de arte visuais, acessíveis às pessoas com deficiência visual. Trata-se de uma narração adicional que, no caso do cinema, da TV e do teatro, descreve as ações, a linguagem corporal, as expressões faciais, os cenários e os figurinos.

A AD no Brasil está, aos poucos, sendo implantada. Foi exigido um mínimo de duas horas semanais de audiodescrição para as emissoras de televisão digital, conforme demandado pela Portaria nº 188/2010. Essa quota representa 1,2% de toda a programação emitida por essas emissoras. Para os próximos dez anos, são esperadas vinte horas audiodescritas por dia.

A Lei Brasileira de Inclusão - LBI (Lei nº 13.146/2015)Lei Brasileira de Inclusão - Lei nº 13.146 de 06 de julho de 2015. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm. Acesso em: 02 fev. 2016
http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_At...
que entrou em vigor em 03 de janeiro de 2015, representa novo marco sobre as questões envolvendo a igualdade e a isonomia para a cidadania brasileira, como pode se visto nos artigos abaixo relacionados:

Art. 42. A pessoa com deficiência tem direito à cultura, ao esporte, ao turismo e ao lazer em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, sendo-lhe garantido o acesso:

I - a bens culturais em formato acessível;

II - a programas de televisão, cinema, teatro e outras atividades culturais e desportivas em formato acessível; Art.

67. Os serviços de radiodifusão de sons e imagens devem permitir o uso dos seguintes recursos, entre outros:

I - subtitulação por meio de legenda oculta;

II - janela com intérprete da Libras; III - audiodescrição.

Assim, torna-se cada vez mais essencial capacitar e qualificar profissionais nessa área.

A fim de contribuir de maneira efetiva tanto para a implantação da AD como para a formação do audiodescritor, estão sendo realizadas pesquisas em diferentes universidades brasileiras que investigam padrões de audiodescrição para serem usados no país. Há muitas reflexões a serem feitas na busca por conceitos adequados a este ato tradutório, bem como no desenvolvimento de padrões estéticos que partam do entendimento da audiodescrição como agente de interação sociocultural e que atenda as pessoas com deficiência visual de nosso país.

Este trabalho relata uma pesquisa realizada no Laboratório de Tradução Audiovisual (LATAV) da Universidade Estadual do Ceará1 1 Pesquisa de estágio pósdoutoral realizada sob a supervisão da Prof. Dra. Vera Lúcia Santiago Araújo, também autora deste artigo. , que teve como objetivo a produção de um filme adaptado e sua audiodescrição, dando ênfase à tradução da linguagem cinematográfica na audiodescrição. Para isso, por meio da pesquisa-ação, o conto de Mário de Andrade O Peru de Natal foi transformado num filme de curta-metragem e depois audiodescrito por alunos da disciplina “Tradução Intersemiótica” do curso de Letras da UECE. Constitui-se de mais quatro sessões além dessa introdução. A primeira trata da audiodescrição da linguagem cinematográfica. A segunda traz a metodologia da pesquisa e a terceira, os resultados da análise. A última sessão contém as considerações finais, a qual faz uma reflexão sobre os impactos da pesquisa, bem como as perspectivas para investigações futuras.

2. A audiodescrição e a estética cinematográfica

A pesquisa em AD está incluída nos Estudos da Tradução, mais especificamente, na área de tradução audiovisual. Sua definição enquadra-se na classificação de Jakobson (1995)JAKOBSON, R. Aspectos linguísticos da tradução. Trad. Izidoro Blikstein. Linguística e Comunicação. São Paulo: Cultrix, 1995, 63-86., o qual diz que existem três tipos de tradução, a intralinguística ou reformulação (ocorre entre dois textos na mesma língua), a interlinguística (ocorre entre dois textos em línguas diferentes) e a intersemiótica ou transmutação (ocorre entre textos verbais para visuais). A AD seria uma tradução intersemiótica porque traduz as imagens em palavras, corroborando a leitura de Plaza (2001)PLAZA, J. Tradução Intersemiótica. São Paulo: Editora Perspectiva, 2001. ao incluir a tradução do visual para o verbal dentro da tipologia de Jakobson.

Essa semiose, porém, não é simples já que, conforme Costa (2014)COSTA, L.M. Audiodescrição em filmes: história, discussão conceitual e pesquisa de recepção. Tese de Doutorado não-publicada. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2014., o ato de se descrever o que se vê não é algo objetivo como queriam os primeiros audiodescritores. Corroboramos esta afirmação, acrescentando que precisa-se levar em conta a composição semiótica da obra na descrição dos elementos visuais de um filme.

Catalina Jimenez (2007)JIMÉNEZ HURTADO, Catalina. Una gramática local del guión audiodescrito. Desde la semántica a la pragmática de un nuevo tipo de traducción. In: HURTADO, C. J. (ed.). Traducción y accesibilidad. Subtitulación para sordos y audiodescripción para ciegos: nuevas modalidades de Traducción Audiovisual. Frankfurt AM Main: Peter Lang, p. 55-80, 2007., a partir da análise de roteiros audiodescritos, propõe que certos elementos sejam observados em um roteiro de audiodescrição de filmes,

    Lista Númerica
    1. Apresentação

    2. Identificação do ator ou atriz que interpreta o personagem

  1. Estados

    1. Estados emocionais

      1. Positivos

      2. Negativos

    2. Estados físicos

    3. Estados mentais

  2. Ambientação

    1. Localização

      1. Espacial

      2. Temporal

    2. Descrição

Questões técnicas, linguísticas e fílmicas também precisam ser observadas para que se possa realizar a audiodescrição. As respostas a essas questões dependem do gênero da obra a ser audiodescrita. No presente projeto, trabalhou-se, especificamente, com a estética cinematográfica. Sobre esta questão podemos partir do pressuposto de que

[...] um audiodescritor é um observador ativo. É importante aprimorar seu letramento visual, olhar o mundo com maior acuidade a fim de compartilhar o que há nas imagens. O audiodescritor edita o que vê, ou seja, seleciona o que é mais importante para a compreensão e a apreciação de um evento. Parte do geral para o específico. (ALVES; TELES; PEREIRA, 2011ALVES, Soraya F.; TELES, Veryanne C.; PEREIRA, Tomás V. Propostas para um modelo brasileiro de audiodescrição para deficientes visuais. In: Revista Tradução e Comunicação. N. 22, 2011. Disponível em: http://sare.unianhanguera.edu.br/index.php/rtcom/article/view/3158. Acesso em: 05 jan. 2015.
http://sare.unianhanguera.edu.br/index.p...
, p. 23)

Como afirmam Alves e Teixeira (2015)ALVES, Soraya F.; TEIXEIRA, Charles R. Audiodescrição para pessoas com deficiência visual: princípios sociais, técnicos e estéticos. In SANTOS; Cynthia; BESSA, Cristiane R; LAMBERTI, Flávia (Org.). Tradução em Contextos Especializados. Brasília: Editora Verdana, 2015., AD não é um elemento que participa da construção do significado na elaboração de uma obra; mas, quando colocada junto a ela, passa a ser elemento de composição do significado para o usuário. Dessa forma, é necessário lembrar que produtos audiovisuais não são feitos somente de imagens, mas de sons, falas, trilha sonora que precisam também ser levados em conta.

O conhecimento quanto à construção da imagem, som, iluminação, pontos de vista, campo e contra-campo, enquadramento e planos, tende a ajudar o audiodescritor no processo de tradução. Nesse sentido, o audiodescritor precisa estar atento ao desenrolar da narrativa para poder servir de mediador de um processo de entendimento por parte das pessoas com deficiência visual. Como explicam David, Hautequest e Katrup,

Uma boa audiodescrição participa do jogo do filme, procurando, sem fazer interpretações, entrar em consonância ou em sintonia afetiva com ele. Ela não precisa se resumir a uma função informativa, mas ganha em qualidade quando consegue acompanhar a tonalidade, a atmosfera e o afeto da linguagem cinematográfica. (DAVID; HAUTEQUEST; KASTRUP, 2012DAVID, Jessica; HAUTEQUESTT, Felipe. KASTRUP. Virginia. Audiodescrição de filmes: experiência, objetividade e acessibilidade cultural. In: Fractal: Revista de Psicologia, v. 24 – n. 1, p. 125-142, jan./abr. 2012., p. 136)

É importante, também, pensar como a audiodescrição pode estar relacionada à percepção estética da obra cinematográfica à medida que enfatizar sua linguagem e os aspectos que a compõem. Como percepção estética, entendemos, como Kastrup e Moraes, que esta

[...]é aberta e receptiva e, de modo geral, requer mais tempo que a mera experiência de recognição. A experiência de recognição corresponde a uma resposta rápida e automática: isto é um pássaro, isto é uma cabeça. A experiência estética, ao contrário, implica numa suspensão. Ela consiste em se deixar impregnar pelo objeto percebido e em mergulhar nele com atenção, evitando a interrupção precipitada. (KASTRUP; MORAES, 2010KASTRUP, Virgínia; MORAES, Marcia. Exercícios de Ver e Não Ver. Rio de Janeiro: NAU Editora, 2010., p. 64)

Assim, ao se pensar a AD de uma obra cinematográfica, deve-se também pensar em como esta irá contribuir para a experiência estética do usuário, a pessoa com deficiência visual. Pode-se partir dessas prerrogativas, também, ao se pensar em uma produção audiovisual que já inclua em sua concepção a audiodescrição, ou seja, que pense os momentos em que esta será inserida.

Há trabalhos muito relevantes na área de confluência da AD com a linguagem cinematográfica. Um deles é de autoria de Payá (2010)PAYÁ, Maria Pérez. Recortes de cine audiodescrito: el lenguaje cinematográfico en Taggeti Imagen y su reflejo en audiodescripción. In: JIMÉNEZ, Catalina; RODRIGUEZ, Ana; SEIBEL, Claudia (eds.). Un corpus de cine. Teoría y práctica de la audiodescripción. Grana: Ediciones Tragacanto, 2010., que afirma ser

imprescindível voltar-se à teoria fílmica em busca de modelos e categorias para poder-se estabelecer metodologias de análise capazes de entender o texto cinematográfico como um sistema de significação complexo, no qual o espectador tem uma parte ativa na construção do sentido da forma fílmica, composta a partir de uma conjunção de códigos e subcódigos de natureza multimodal: imagem, texto, som, movimento, ritmo etc. (PAYÁ, 2010PAYÁ, Maria Pérez. Recortes de cine audiodescrito: el lenguaje cinematográfico en Taggeti Imagen y su reflejo en audiodescripción. In: JIMÉNEZ, Catalina; RODRIGUEZ, Ana; SEIBEL, Claudia (eds.). Un corpus de cine. Teoría y práctica de la audiodescripción. Grana: Ediciones Tragacanto, 2010., p. 111-112)2 2 Do original: imprescindible acudir a la teoría fílmica en busca de modelos y categorías con las que disenar metodologias de análisis capaces de entender el texto cinematográfico como un sistema de significación complejo, donde el espectador tiene una parte activa en la construcción del sentido en la forma fílmica, compuesta a partir de una conjunción de códigos y subcódigos de naturaleza multimodal: imagen, texto, sonido, movimiento, ritmo, etc. (Tradução minha)

Dessa forma, a autora propõe descrever o conjunto de operações textuais que o audiodescritor realiza ao audiodescrever um filme, percorrendo o caminho que une o filme e a AD, analisando, primeiramente, a estética de cada um dos filmes pertencentes a um corpus de 300 obras, a fim de entender os recursos cinematográficos utilizados para empreender significado a estes, tais como enquadramento, pontos de vista, montagem, etc. e, posteriormente, verificando se e como o audiodescritor traduz a informação visual.

Para tal, utiliza uma metodologia baseada nos estudos de corpus, na qual sistematiza uma busca por parâmetros de análise e compreensão do filme audiodescrito.

Após explicar detalhadamente seu procedimento de etiquetagem da imagem e os significados mais recorrentes no corpus analisado, imposto pelos planos e movimentos de câmera e exemplificados em vários desses filmes, a autora passa a analisar os roteiros de audiodescrição e dá exemplos que contemplam cada um dos recursos da linguagem cinematográfica utilizados, apontando as correspondências observadas entre os elementos fílmicos, suas funções e repercussões no discurso audiodescritivo.

Com isso, demonstra como as muitas ADs analisadas observam a estética cinematográfica, utilizando ou não a linguagem técnica, mas sempre contemplando as funções de cada recurso. Descrever sem se preocupar com elementos que possam provocar essa experiência reduz os efeitos que um filme, ou qualquer peça artística, é capaz de suscitar no espectador.

Nessa linha, a tese de doutorado de Mascarenhas (2012)MASCARENHAS, Renata de Oliveira. A audiodescrição da mini série policial Luna Caliente: uma proposta de tradução à luz da narratologia. Tese de doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística da Universidade Federal da Bahia, 2012., ao descrever e analisar a mini série Luna Caliente, propõe a

adaptação de alguns parâmetros narrativo-imagéticos estipulados por Payá (2010)PAYÁ, Maria Pérez. Recortes de cine audiodescrito: el lenguaje cinematográfico en Taggeti Imagen y su reflejo en audiodescripción. In: JIMÉNEZ, Catalina; RODRIGUEZ, Ana; SEIBEL, Claudia (eds.). Un corpus de cine. Teoría y práctica de la audiodescripción. Grana: Ediciones Tragacanto, 2010., a fim de decodificar (decompor) o texto teleficcional seriado em pequenas unidades de efeitos – a partir de seus aspectos narratológicos de composição (encenação, cinematografia e montagem) – para recodificar verbalmente (nos níveis lexicais e sintáticos) no roteiro de audiodescrição (MASCARENHAS, 2012MASCARENHAS, Renata de Oliveira. A audiodescrição da mini série policial Luna Caliente: uma proposta de tradução à luz da narratologia. Tese de doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística da Universidade Federal da Bahia, 2012., p. 91-92)

Após apresentar os elementos narrativos da teleficção, exemplificando-os com os trechos da mini série escolhida, como construção do personagem, espacialização e temporalização, a autora demonstra como a classificação da linguagem audiovisual possibilitou a identificação da função narrativa da câmera e consequentemente a seleção dos elementos narratológicos mais relevantes em cada segmento da minissérie.

Benvenuto (2013)BENVENUTO, Sara Mabel Ancelmo. Adaptação fílmica e audiodescrição: uma proposta de produção cinematográfica acessível para pessoas com deficiência visual. Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada da Universidade Estadual do Ceará, 2012. aproxima-se do contexto abordado por Payá e Mascarenhas, mas, no intuito de complementá-las, propõe produzir um filme acessível para pessoas com deficiência visual que pense na confluência da AD com a linguagem cinematográfica desde a sua criação.

Para essa produção, Benvenuto desenvolveu uma metodologia que partiu da elaboração da adaptação de um conto, durante a disciplina Tradução Intersemiótica, também ministrada na UECE, a fim de traçar importantes diretrizes quanto ao cinema, o conhecimento sobre as fases de realização fílmica, a linguagem da câmera, a fotografia e ambientação, o cenário, o encadeamento dos planos em sequência. Dessa forma, pode seguir na investigação das estratégias tradutórias desses elementos no texto audiodescrito e de como aprimorar a prática da AD como processo tradutório da arte audiovisual.

Benvenuto procedeu, então, à produção de outro filme, Brancos elefantes, adaptação de um conto de Hemingway, dessa vez em uma escola de cinema nos Estados Unidos e a elaboração da sua AD se deu durante a fase de pós-produção, em um projeto pioneiro na área. Benvenuto conclui seu trabalho afirmando que

do ponto de vista do audiodescritor, a junção do processo de realização fílmica e de audiodescrição foi bastante positiva por embasar mais profundamente o conhecimento sobre a análise de filmes, propiciar um maior controle no tempo das inserções, e melhorar o nível dos textos da AD, conformando-os com os aspectos audiovisuais. (BENVENUTO, 2013BENVENUTO, Sara Mabel Ancelmo. Adaptação fílmica e audiodescrição: uma proposta de produção cinematográfica acessível para pessoas com deficiência visual. Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada da Universidade Estadual do Ceará, 2012., p. 51)

Pensando, então, em contribuir para que a audiodescrição seja realizada de forma a atender as necessidades de seus usuários no acesso a produtos audiovisuais, nosso projeto propôs pesquisar e desenvolver uma metodologia para a formação de audiodescritores que parta não só de estudo bibliográfico e análises de filmes audiodescritos, ou mesmo da confecção de roteiros de audiodescrição, mas também da experiência da produção de um produto audiovisual.

Diferentemente de Benvenuto (2013)BENVENUTO, Sara Mabel Ancelmo. Adaptação fílmica e audiodescrição: uma proposta de produção cinematográfica acessível para pessoas com deficiência visual. Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada da Universidade Estadual do Ceará, 2012., que pensa na AD de obras cinematográficas a partir de uma metodologia que engloba grupos de sujeitos diferentes: um na execução de um curta-metragem e outro na elaboração da AD de outro; mas levando em consideração o relato de suas experiências e resultados, pensamos em desenvolver um programa de disciplina para a formação do audiodescritor que envolvesse os mesmos sujeitos em todo o processo, pois, ao passar pelas etapas de concepção, produção e pós-produção de um produto audiovisual, o aluno poderá ter uma maior noção da linguagem cinematográfica, ao mesmo tempo em que terá subsídios nas escolhas ao elaborar o roteiro da audiodescrição. Esta é uma tarefa complexa e trabalhosa, mas muito produtiva e eficaz à medida que se desenvolva cada uma das etapas de forma consciente e procure extrair dos alunos o máximo de explicações e justificativas para suas escolhas.

3. Metodologia da pesquisa

3.1 Tipo de pesquisa

Neste trabalho o tipo da pesquisa é definido como uma pesquisa-ação, que visou à formação do audiodescritor a partir da realização de um filme curta metragem acessível às pessoas com deficiência visual, pensando na acessibilidade desde a sua produção.

3.2. Contexto da pesquisa

A pesquisa em tradução intersemiótica na UECE acontece desde 2002 junto ao grupo de pesquisa (hoje LEAD- Legendagem e Audiodescrição). Primeiramente, os estudos se relacionavam ao estudo de adaptações fílmicas a partir de obras literárias, tendo como fundamentação a estética cinematográfica e as relações semióticas entre as referidas artes. Nesse contexto, foram realizados dois curtas metragens no âmbito da disciplina Tradução Intersemiótica, do curso de graduação em Letras. O primeiro, Intervalo, adaptação do conto Kew Gardens, de Virginia Woolf, e o segundo, Uma vela para Dario, adaptação do conto homônimo de Dalton Trevisam. Ambos de 2008.

Vale ressaltar que, também foi realizado um documentário Ver para ouvir. Ouvir para ver (ALVES; BENVENUTO, 2009ALVES, Soraya F.; BENVENUTO, Sara M. Ver para ouvir, ouvir para ver. Duração 73 minutos. Brasil, 2009.a Realização: Projeto DVD Acessível. Grupo LEAD, Universidade Estadual do Ceará. Coordenação, Vera Lúcia Santiago Araújo.) o qual mostra a pesquisa sobre legendagem para surdos e audiodescrição para pessoas com deficiência visual realizada na UECE de 2006 a 2009. Tal documentário foi legendado e audiodescrito pelo grupo LEAD e exibido na “Mostra Acessível do Cine Ceará 2009 e na Mostra DVD Acessível BNB 2009”. Os outros dois curtas, realizados anteriormente, também foram apresentados no mesmo evento. Posteriormente, foram audiodescritos pelo grupo LEAD e inseridos no projeto DVD acessível.

3.3 Corpus

O conto escolhido, O peru de natal, de Mário de Andrade, trata dos conflitos entre pai e filho que acontecem, na verdade, nas lembranças deste último. Na verdade, o conto faz uma crítica às instituições, como a família, as festas sociais, mas ao mesmo tempo mostra a indiferença do filho frente a tudo que o cerca, e as críticas que faz ao pai são fruto de uma incapacidade de enxergar que sua boa vida se devia exatamente aos esforços do pai.

3.4 Natureza da Pesquisa

A pesquisa-ação educacional, como a aplicada nesta pesquisa, pode ser considerada, segundo Tripp (2005, p. 445)TRIPP, David. Pesquisa-ação: uma introdução metodológica. In: Educação e Pesquisa. São Paulo, v. 31, n. 3, p. 443-466, set./dez. 2005., “uma estratégia para o desenvolvimento de professores e pesquisadores de modo que eles possam utilizar suas pesquisas para aprimorar seu ensino e, em decorrência, o aprendizado de seus alunos”. O intuito, aqui, foi o de elaborar, juntamente com a verificação do aproveitamento dos alunos, estratégias para o ensino da audiodescrição para peças audiovisuais, mais especificamente o cinema.

A fim de, como ainda estipula Tripp (2005, p. 446)TRIPP, David. Pesquisa-ação: uma introdução metodológica. In: Educação e Pesquisa. São Paulo, v. 31, n. 3, p. 443-466, set./dez. 2005., aprimorar “a prática pela oscilação sistemática entre agir no campo da prática e investigar a respeito dela”, foram seguidos os passos definidos por ele para um bom desenvolvimento do projeto, a saber: identificar do problema, planejar uma solução para o problema, a implementar a solução, monitorar e descrever os efeitos da ação e, por fim, a avaliar os resultados da ação.

3.4.1 Identificação do problema

Esta pesquisa se deteve na proposta metodológica para a formação do audiodescritor, pois a crescente demanda por esse profissional exige a preparação de professores e cursos.

3.4.2 Planejamento e implementação da ação

Foram elaborados os planos de aula da disciplina Tradução Intersemiótica, integrante do programa do curso de Letras da Universidade Estadual do Ceará - UECE, que foi ministrada por um grupo de professoras pesquisadoras e um estagiário3 3 Professoras Élida Gama Chaves, Renata Mascarenhas, Sara Benvenuto, e o estagiário Celso Nóbrega. durante o primeiro semestre de 2014. As aulas aconteceram uma vez por semana, de 18h30 às 21h30, no LATAV, Laboratório de Tradução Audiovisual do Centro de Humanidades da referida universidade.

4. Apresentação dos Resultados

O programa da disciplina foi realizado em conjunto com as professoras que ministraram as aulas. Foi apresentado, na primeira aula, um panorama sobre Tradução Audiovisual e seu lugar nos estudos da tradução, além das modalidades de adaptação fílmica e audiodescrição como práticas de tradução. Nas duas aulas seguintes, deu-se atenção à adaptação e às ferramentas da análise fílmica no nível do plano e nível da sequência, bem como foi feita análise de trechos de filmes e séries. As três aulas subsequentes foram dedicadas à audiodescrição e suas definições, diretrizes e pesquisas, bem como à análise de filmes audiodescritos. Foi realizada, também, uma apresentação sobre a audiodescrição na perspectiva do usuário, ou seja, da pessoa com deficiência visual. Essa apresentação foi conduzida pelo estagiário, pois ele mesmo tem deficiência visual. As outras três aulas que se seguiram foram dedicadas à apresentação de seminários pelos alunos, tendo como base textos indicados sobre adaptação fílmica, linguagem cinematográfica e audiodescrição. Durante essas aulas também foi escolhido o conto que viria a ser adaptado para o curta metragem.

Três aulas, então, foram dedicadas à confecção do roteiro, bem como à sua pré-produção. Nessa etapa, a turma foi dividida em grupos para discussões sobre o roteiro. Uma das equipes apresentou uma proposta de roteiro e esta foi discutida em sala. Decidiu-se por dar ao conto uma neutralidade quanto ao local, ou seja, poderia se passar em qualquer lugar, com qualquer família. O discurso, porém, foi modificado, pois o fluxo de consciência de Juca foi transformado em discurso direto, com diálogos entre os personagens. Somente o embate entre pai e filho se dá nas memórias de Juca. O roteiro explicita essa questão:

Cena 6: Câmera foca nos olhos do Juca, com rosto feliz. (...) Importante ter um embate de Juca, o peru e o pai. Enquanto Juca corta o peru, são mostrados alguns flashbacks do pai, podem ser os mostrados anteriormente ou apenas o rosto do pai ranzinza. No final, Juca vence o embate, e é mostrada a imagem do pai se distanciando.4 4 Esse trecho do roteiro e os demais que seguem foram produzidos em coletivo na Universidade Estadual do Ceará - UECE, com os alunos da disciplina Tradução Intersemiótica, durante o primeiro semestre de 2014 e as autoras do artigo têm autorização para publicá-lo.

Um elemento modificado foi o foco na personagem Rose, a namorada de Juca. A turma decidiu que ela seria negra e que o pai teria preconceito contra ela. Quando ele morre, a família a aceita e ela também faz parte da ceia.

Mediante a proposta, foi feita então a decupagem, ou seja, a indicação das posições de câmera, posicionamento de atores, de objetos em cena, movimentações de câmera, parte do cenário a ser enquadrada na cena, entre outros detalhes, enfim, o que se referia à linguagem cinematográfica e discutido o sentido de se utilizar esses recursos.

Foi importante discutir como a obra iria se organizar semioticamente, ou seja, como os recursos cinematográficos contribuiriam para a composição do sentido. Essa etapa foi de suma importância para nossa proposta metodológica, pois é nessa ocasião que os alunos têm a oportunidade de pensar os recursos estéticos cinematográficos e como poderão, posteriormente, levá-los em consideração na sua proposta de audiodescrição.

Abaixo, exemplo de um trecho do roteiro com a descrição dos recursos cinematográficos,

Cena 1: Em um plano aberto de um cemitério, a família reunida ao redor do túmulo no enterro do pai. Quase todos os familiares estão vestidos de preto e chorando, mas Juca está com uma roupa colorida e uma expressão indiferente.

A câmera se movimenta da direita para a esquerda e termina mostrando a família ao redor do túmulo. Cena em plano médio, filmando túmulo com as pessoas. Em plano fechado, filma-se da esquerda para a direita. Aparece a filha emotiva chorando copiosamente. Depois o filho amparando a mãe em prantos e consolando-a. Por último, mostra Juca meio distraído, com olhar sereno. (Mãe coloca um relógio do pai em cima do túmulo. No final, Juca fica pra trás e sugere-se que ele fica com o objeto, assumindo a posição do pai). Câmera recua, mostrando todos eles. Depois a câmera gira pegando as árvores e sobe para o céu.

Cena 2: Cena de transição. Aparece a legenda: Cinco meses depois. A imagem começa no céu vai descendo, mostrando ruas e árvores até focar uma casa de classe média. A imagem vai focando a porta, se aproximado até focar a porta e parar nela, como se fosse entrar.

Após o término do roteiro, prosseguimos então às filmagens. Estas ocorreram em dois dias, o primeiro, na casa de uma das alunas, para as cenas da ceia e da família. O segundo, na igreja Nossa Senhora de Fátima. Vale ressaltar que, durante o primeiro dia das filmagens, alguns alunos levantaram a questão de que talvez fosse perigoso filmar no cemitério em um sábado de manhã, devido à falta de segurança. Decidiram, então, que a cena seria transferida para uma igreja e que, ao invés de mostrar o enterro, seria mostrada a missa de sétimo dia e que isso não acarretaria mudanças substanciais ao enredo, pois o importante seria mostrar a família triste com a perda do pai. De qualquer forma, as sequências de imagens e movimentos e planos de câmera foram mantidos como estipulados no roteiro, como na sequência de imagens a seguir, apenas fazendo-se a ajustes, como plano aberto da igreja (figura 1)5 5 Todas as figuras aqui apresentadas são fotogramas do curta metragem “O peru de Natal”, realizado na Universidade Estadual do Ceará - UECE, com os alunos da disciplina Tradução Intersemiótica, durante o primeiro semestre de 2014. Os direitos autorais de todas as figuras presentes neste artigo são de fonte de autoria própria e pertencem ao arquivo pessoal das autoras. ; movimento da câmera mostrando a família reunida no primeiro banco da igreja e depois em plano médio e plano fechado (figuras 2, 3 e 4); caracterizando os personagens (figura 5); a mãe segurando o relógio durante a missa e depois, ao final, já fora da igreja, Juca segura suas mãos e envolve o relógio, dando o mesmo sentido do roteiro, ou seja, de que ficou com ele (figura 6).


As filmagens foram feitas com uma handycam Digital Sony HDR-PJ260V, amadora, pois, o propósito maior era o de que os alunos participassem de todo o processo e tivessem conhecimento deste. Com isso, pode-se afirmar que os procedimentos sugeridos não necessitavam de equipamentos profissionais cuja ausência poderia inviabilizar sua execução.

Após as filmagens, uma aluna6 6 Sofia Ferreira Alves Fiore, Pedagogia - UnB. do grupo de pesquisa e extensão Acesso Livre da Universidade de Brasília – UnB fez a edição seguindo também o roteiro e propôs uma trilha sonora, que foi aceita pela turma. O programa utilizado foi o IMovie e o computador utilizado, o IMAC, ambos da Apple. A edição também poderia ter sido feita em qualquer outro programa de edição de vídeo. O filme tem duração de 13 minutos.

Na aula seguinte, o filme foi apresentado e a edição aprovada. Em seguida, foi realizada oficina sobre a utilização do software subtitle workshop, para que os alunos procedessem à confecção da audiodescrição. Não foi discutida, porém, a audiodescrição do curta metragem produzido, pois foi solicitado que fizessem a audiodescrição individualmente e comentassem suas escolhas, ou seja, se foram determinadas pelo conhecimento da estética cinematográfica, pelas características dos personagens e ambientes, etc.

Duas semanas foram concedidas aos alunos para que confeccionassem os roteiros. Ao final do prazo, durante a aula, eles responderam a um questionário sobre suas escolhas. Tanto os relatórios quanto os questionários demonstraram que o estudo da estética cinematográfica e a participação no processo de adaptação e roteirização do filme foram importantes para suas escolhas.

Dos 20 alunos matriculados, 19 terminaram a disciplina. Desses, 14 entregaram os relatórios da AD muito bem justificados. Os outros 5 entregaram a AD sem justificativas. Todos fizeram a AD completa do filme. Quanto ao questionário, este foi respondido pelos 19 estudantes. Nele, estavam contidas 11 perguntas com o intuito de identificar a participação do aluno na disciplina – a presença nas aulas sobre estética cinematográfica e AD, bem como a participação efetiva na produção do curta metragem – e como essa participação havia influenciado nas suas escolhas.

Percebeu-se com as respostas que, mesmo a maioria afirmando ter pouco ou nenhum conhecimento sobre audiodescrição e estética cinematográfica antes da disciplina, afirmou considerar importante o conhecimento adquirido sobre a linguagem cinematográfica. Todos consideraram a participação na produção do curta metragem durante a disciplina importante para a confecção do roteiro de AD.

Após responderem ao questionário, os alunos foram divididos em 5 grupos com a proposta de que escolhessem um roteiro de um dos participantes para ser apresentado à turma como proposta de roteiro para o filme. Após a escolha dos grupos, o estagiário, auxiliou a turma a montar o roteiro final de audiodescrição a ser narrado e gravado. O estagiário ouvia as propostas dos alunos para cada uma das cenas a serem audiodescritas e dava sua consultoria sobre a compreensão na perspectiva de usuário e, assim, faziam suas escolhas.

Pode-se observar que houve grande preocupação com a estética cinematográfica, bem como com a descrição de ambientes e personagens, como mostram os trechos a seguir (figuras 7 a 23):


O roteiro final foi então gravado por um aluno da turma, com o auxílio de um membro do Grupo LEAD-UECE7 7 João Francisco Lima Dantas, mestre em Linguística Aplicada - UECE ,e a mesma aluna da UnB fez a edição e adição da narração da audiodescrição no filme, utilizando o software Audacity e o aplicativo IMovie.

Na última aula, a turma viu o filme completo, com audiodescrição, e comentários foram feitos com relação ao resultado final. Obviamente, como primeiro trabalho dos alunos, houve vários comentários e sugestões por parte das professoras no intuito de promover a reflexão sobre determinadas escolhas tanto no que dizia respeito a questões técnicas como estéticas.

No geral, pode-se afirmar que o resultado foi bastante produtivo e satisfatório.

5. Considerações finais

Espera-se, com os resultados obtidos, contribuir para a reflexão no que concerne à formação do audiodescritor comprometido com a estética da obra que audiodescreve. A partir do momento que o aluno tem conhecimento dos elementos que constituem a obra a ser audiodescrita e reflete sobre estes, acredita-se que tenha melhores condições para realizar seu trabalho de modo a atender ao público usuário.

O embrião deste trabalho foi uma pesquisa realizada com dois alunos em nível de iniciação científica, um deles vidente e outro com deficiência visual. Durante um ano estudamos, juntamente com os membros do grupo de estudos Acesso Livre, a estética cinematográfica (ALVES; GONÇALVES; PEREIRA, 2013ALVES, Soraya F.; GONÇALVES, Karine N.; PEREIRA, Tomás V. A estética cinematográfica como base para o desenvolvimento de uma estética de audiodescrição para a mídia e para a formação do audiodescritor. In: Revista Tradução e Comunicação. N. 27. São Paulo: Anhanguera, 2013. pp. 139-161. Disponível em http://sare.anhanguera.com/index.php/rtcom/article/view/7877. Acesso em: 02 fev. 2015.
http://sare.anhanguera.com/index.php/rtc...
). Tivemos como corpus dois curtas metragens que foram audiodescritos pelo grupo de estudos e por um dos alunos de IC. O outro aluno, com deficiência visual, atuou como consultor das ADs. Ambos alunos justificaram suas escolhas de acordo com o conhecimento da estética cinematográfica. O estudo demonstrou a importância do conhecimento dos elementos cinematográficos que constituem o filme.

Em outras duas oportunidades, tivemos a chance de trabalhar com alunos da disciplina de Tradução Intersemiótica a produção de dois curtas metragens de adaptação a fim de promover a reflexão sobre as escolhas no ato tradutório. Os resultados dessas experiências (ALVES, 2012ALVES, Soraya F. A adaptação na sala de aula: relato da adaptação do conto “Kew Gardens”, de Virginia Woolf, para o curta-metragem “Intervalo” e suas implicações na prática de tradução. In: Revista Traduzires. Vol. 1, N. 2. Brasília: POSTRAD, 2012. pp. 102-116. Disponível em http://periodicos.unb.br/index.php/traduzires/article/view/8055. Acesso em: 06 jan. 2015.
http://periodicos.unb.br/index.php/tradu...
; ALVES, 2014ALVES, Soraya F. Tradução intersemiótica: uma prática possível e eficaz nos cursos de tradução. In: PEREIRA, Alice M. A.; SOUSA, Germana H. P.; GOROVITZ, Sabine (orgs.) A tradução na sala de aula – Ensaios de teoria e prática de tradução. Brasília: Editora UnB, 2014. pp. 201-219.) demonstram como o diálogo entre meios semióticos distintos é um valioso recurso às práticas de tradução a partir do momento em que se promova a conscientização das escolhas realizadas em cada etapa e o entendimento de suas implicações.

  • 1
    Pesquisa de estágio pósdoutoral realizada sob a supervisão da Prof. Dra. Vera Lúcia Santiago Araújo, também autora deste artigo.
  • 2
    Do original: imprescindible acudir a la teoría fílmica en busca de modelos y categorías con las que disenar metodologias de análisis capaces de entender el texto cinematográfico como un sistema de significación complejo, donde el espectador tiene una parte activa en la construcción del sentido en la forma fílmica, compuesta a partir de una conjunción de códigos y subcódigos de naturaleza multimodal: imagen, texto, sonido, movimiento, ritmo, etc. (Tradução minha)
  • 3
    Professoras Élida Gama Chaves, Renata Mascarenhas, Sara Benvenuto, e o estagiário Celso Nóbrega.
  • 4
    Esse trecho do roteiro e os demais que seguem foram produzidos em coletivo na Universidade Estadual do Ceará - UECE, com os alunos da disciplina Tradução Intersemiótica, durante o primeiro semestre de 2014 e as autoras do artigo têm autorização para publicá-lo.
  • 5
    Todas as figuras aqui apresentadas são fotogramas do curta metragem “O peru de Natal”, realizado na Universidade Estadual do Ceará - UECE, com os alunos da disciplina Tradução Intersemiótica, durante o primeiro semestre de 2014. Os direitos autorais de todas as figuras presentes neste artigo são de fonte de autoria própria e pertencem ao arquivo pessoal das autoras.
  • 6
    Sofia Ferreira Alves Fiore, Pedagogia - UnB.
  • 7
    João Francisco Lima Dantas, mestre em Linguística Aplicada - UECE

Referências

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    » http://sare.unianhanguera.edu.br/index.php/rtcom/article/view/3158
  • ALVES, Soraya F. A adaptação na sala de aula: relato da adaptação do conto “Kew Gardens”, de Virginia Woolf, para o curta-metragem “Intervalo” e suas implicações na prática de tradução. In: Revista Traduzires Vol. 1, N. 2. Brasília: POSTRAD, 2012. pp. 102-116. Disponível em http://periodicos.unb.br/index.php/traduzires/article/view/8055 Acesso em: 06 jan. 2015.
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  • ALVES, Soraya F.; GONÇALVES, Karine N.; PEREIRA, Tomás V. A estética cinematográfica como base para o desenvolvimento de uma estética de audiodescrição para a mídia e para a formação do audiodescritor. In: Revista Tradução e Comunicação N. 27. São Paulo: Anhanguera, 2013. pp. 139-161. Disponível em http://sare.anhanguera.com/index.php/rtcom/article/view/7877 Acesso em: 02 fev. 2015.
    » http://sare.anhanguera.com/index.php/rtcom/article/view/7877
  • ALVES, Soraya F. Tradução intersemiótica: uma prática possível e eficaz nos cursos de tradução. In: PEREIRA, Alice M. A.; SOUSA, Germana H. P.; GOROVITZ, Sabine (orgs.) A tradução na sala de aula – Ensaios de teoria e prática de tradução. Brasília: Editora UnB, 2014. pp. 201-219.
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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Sep-Dec 2016

Histórico

  • Recebido
    26 Mar 2016
  • Aceito
    15 Maio 2016
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