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Homoparentalidade no masculino: uma revisão da literatura

Gay fathers and their children: a literature review

Padres gays y sus hijos: una revisión de literatura

Resumos

Pesquisas têm identificado semelhanças entre a heteroparentalidade e a homoparentalidade, tanto no que diz respeito às práticas parentais, como no que se relaciona com o desenvolvimento psicossocial das crianças e jovens. Contudo, comparativamente com o volume de investigação com mães lésbicas, os estudos com famílias homoparentais masculinas são ainda minoritários. O objetivo deste trabalho foi, assim, o de efetuar uma revisão crítica da literatura sobre homoparentalidade no masculino. Em primeiro lugar, refletimos acerca dos preconceitos particulares contra a parentalidade gay. Em segundo lugar, revimos os principais estudos com famílias homoparentais masculinas, publicados entre 1979 e 2011. Os resultados das referidas pesquisas foram organizados em torno de cinco temáticas: atitudes face à parentalidade, identidade sexual, relação com o contexto, competência parental e qualidade/dinâmica das relações familiares, e desenvolvimento psicossocial das crianças e jovens. Por último, destacámos algumas limitações e implicações para o futuro da investigação revista.

família; paternidade; gays


Research has mainly identified similarities between lesbian/gay parenting and heterosexual parenting, namely in what concerns parental practices and the psychosocial development of children. However, comparatively with the bulk of research with lesbian mothers, studies with gay fathers are still residual. The purpose of this work was to critically revise the psychological literature about gay fathers and their children. Firstly, we reflected about specific prejudices against gay parenting. Secondly, we revised the most important scientific studies with gay male parents, published between 1979 and 2011. Results of this body of research were organized around five themes: attitudes towards parenthood, sexual identity, relation with the contexts, parental competence and family dynamics/relationship quality, and psychosocial development of children and youngsters. Finally, we highlighted some limitations of the revised research and we drew implications for the future.

family; fatherhood; gay men


Investigaciones han identificado similitudes entre heteroparentalidad y la homoparentalidad, tanto en lo referente a prácticas parentales, como al desarrollo psicosocial de los niños y jóvenes. Sin embargo, en comparación con el volumen de investigación sobre madres lesbianas, los estudios con familias homoparentales masculinas siguen siendo la minoría. El objetivo de este trabajo fue hacer una revisión crítica de la literatura sobre la homoparentalidad masculina. En primer lugar, se reflexiona sobre los prejuicios particulares contra la paternidad gay. En segundo, se revisaron los principales estudios con familias homoparentales formadas por gays, publicados entre 1979 y 2011. Los resultados se organizan en torno a cinco temas: las actitudes hacia la parentalidad, la identidad sexual, la relación con el contexto, la competencia parental y la calidad/dinámica de las relaciones familiares y el desarrollo psicosocial de los niños y jóvenes. Por último, destacamos algunas limitaciones e implicaciones para el futuro de la investigación revista.

familia; paternidad; gays


ARTIGOS

Homoparentalidade no masculino: uma revisão da literatura

Padres gays y sus hijos: una revisión de literatura

Gay fathers and their children: a literature review

Jorge Gato; Anne Marie Fontaine

Universidade do Porto, Porto, Portugal

RESUMO

Pesquisas têm identificado semelhanças entre a heteroparentalidade e a homoparentalidade, tanto no que diz respeito às práticas parentais, como no que se relaciona com o desenvolvimento psicossocial das crianças e jovens. Contudo, comparativamente com o volume de investigação com mães lésbicas, os estudos com famílias homoparentais masculinas são ainda minoritários. O objetivo deste trabalho foi, assim, o de efetuar uma revisão crítica da literatura sobre homoparentalidade no masculino. Em primeiro lugar, refletimos acerca dos preconceitos particulares contra a parentalidade gay. Em segundo lugar, revimos os principais estudos com famílias homoparentais masculinas, publicados entre 1979 e 2011. Os resultados das referidas pesquisas foram organizados em torno de cinco temáticas: atitudes face à parentalidade, identidade sexual, relação com o contexto, competência parental e qualidade/dinâmica das relações familiares, e desenvolvimento psicossocial das crianças e jovens. Por último, destacámos algumas limitações e implicações para o futuro da investigação revista.

Palavras-chave: família; paternidade; gays.

RESUMEN

Investigaciones han identificado similitudes entre heteroparentalidad y la homoparentalidad, tanto en lo referente a prácticas parentales, como al desarrollo psicosocial de los niños y jóvenes. Sin embargo, en comparación con el volumen de investigación sobre madres lesbianas, los estudios con familias homoparentales masculinas siguen siendo la minoría. El objetivo de este trabajo fue hacer una revisión crítica de la literatura sobre la homoparentalidad masculina. En primer lugar, se reflexiona sobre los prejuicios particulares contra la paternidad gay. En segundo, se revisaron los principales estudios con familias homoparentales formadas por gays, publicados entre 1979 y 2011. Los resultados se organizan en torno a cinco temas: las actitudes hacia la parentalidad, la identidad sexual, la relación con el contexto, la competencia parental y la calidad/dinámica de las relaciones familiares y el desarrollo psicosocial de los niños y jóvenes. Por último, destacamos algunas limitaciones e implicaciones para el futuro de la investigación revista.

Palabras clave: familia; paternidad; gays.

ABSTRACT

Research has mainly identified similarities between lesbian/gay parenting and heterosexual parenting, namely in what concerns parental practices and the psychosocial development of children. However, comparatively with the bulk of research with lesbian mothers, studies with gay fathers are still residual. The purpose of this work was to critically revise the psychological literature about gay fathers and their children. Firstly, we reflected about specific prejudices against gay parenting. Secondly, we revised the most important scientific studies with gay male parents, published between 1979 and 2011. Results of this body of research were organized around five themes: attitudes towards parenthood, sexual identity, relation with the contexts, parental competence and family dynamics/relationship quality, and psychosocial development of children and youngsters. Finally, we highlighted some limitations of the revised research and we drew implications for the future.

Keywords: family; fatherhood; gay men.

Desde os anos 1970 que numerosos investigadores têm se debruçado sobre as configurações familiares homoparentais, isto é, famílias formadas por lésbicas ou gays. Essas pesquisas têm incidido em três áreas: comportamento e práticas parentais de mães lésbicas e pais gays, desenvolvimento psicológico dos seus filhos e atitudes da comunidade heterossexual face à homoparentalidade.1 1 Para revisões sobre a competência parental de lésbicas e gays e o desenvolvimento infanto-juvenil dos seus filhos, ver, por exemplo, em língua inglesa, o trabalho de Tasker e Patterson (2007) ou, em língua portuguesa, o trabalho de Gato e Fontaine (2011). A terceira área de estudos, isto é, as atitudes face à homoparentalidade, não será abordada nesta revisão; no entanto, para uma breve revisão sobre os estudos nesta área, consultar o trabalho de Gato, Freitas, e Fontaine (2012). Para abordagens e estudos sobre parentalidades LGBT no Brasil, ver, por exemplo, Zambrano (2006, 2008) e Grossi, Uziel, e Mello (2007).

No que diz respeito ao comportamento parental, os estudos revistos evidenciaram semelhanças entre a homo e a heteroparentalidade. As diferenças encontradas favoreciam geralmente as mães lésbicas e os pais gays em vários domínios, nomeadamente, (a) a divisão do trabalho doméstico e qualidade da relação conjugal (e.g., Bos, van Balen, & van den Boom, 2004; Fulcher, Sutfin, & Patterson, 2008; McPherson, 1993, citado por Patterson & Chan, 1997), (b) a qualidade das relações pais-filhos (e.g., Bigner & Jacobsen, 1989; Bos, van Balen, & van den Boom, 2007; Golombok et al., 2003; MacCallum & Golombok, 2004), e (c) as experiências associadas à procriação medicamente assistida e à adoção (e.g., Ciano-Boyce & Shelley-Sireci, 2002; Fulcher et al., 2008; Vanfraussen, Ponjaert-Kristoffersen, & Brewaeys, 2003a).

Quanto ao desenvolvimento psicossocial das crianças educadas em contexto homoparental, a investigação centrou-se em três áreas: adaptação psicológica, relacionamento com o contexto/possibilidade de discriminação e desenvolvimento psicossexual. Relativamente à primeira área, as avaliações do comportamento das crianças, efetuadas pelas próprias, pelas suas mães e seus pais e pelos professores, não revelaram diferenças substanciais entre as famílias hetero e homoparentais (e.g., Bigner, 1999; Chan, Brooks, Raboy, & Patterson, 1998; Flaks, Fischer, & Masterpasqua, 1995; Golombok et al., 2003). Também em nenhuma das investigações nas quais foi avaliada a inteligência se observou qualquer diferença entre os dois grupos (e.g., Flaks et al., 1995; Green, Mandel, Hotvedt, Gray, & Smith, 1986). Um conjunto de estudos verificou que, comparativamente com as suas congéneres educadas em famílias heteroparentais, as crianças sociabilizadas em contexto homoparental percebiam a qualidade da relação com as mães como superior (e.g., MacCallum & Golombok, 2004; Vanfraussen et al., 2003a) e mostravam um melhor desempenho escolar (e.g., MacCallum & Golombok, 2004; Wainright, Russell, & Patterson, 2004). Em Espanha, González, Morcillo, Sánchez, Chacón, e Gómez (2004) notaram que os/as filhos/as de lésbicas e gays apresentavam valores acima da média da população em termos da sua competência académica, social e auto-estima.

Relativamente às relações sociais das crianças com os seus pares e eventual discriminação, os resultados não são consensuais. Assim, enquanto alguns estudos salientaram a existência de discriminação (e.g., Nadaud, 2000, citado por Nadaud, 2002; Vanfraussen, Ponjaert-Kristoffersen, & Brewaeys, 2002), a maior parte das investigações indicou que as crianças e os/as jovens provenientes de famílias homoparentais não eram mais discriminados/as do que os/as seus/suas congéneres educados/as em contexto heteroparental (e.g., Golombok et al., 2003; González et al., 2004; Gartrell, Banks, Reed, Hamilton, Rodas, & Deck, 2000; Vanfraussen et al., 2003a,b).

No que tange ao desenvolvimento psicossexual dos/as filhos/as de mães lésbicas, não se observou uma proporção superior de jovens e adultos/as com uma orientação sexual e uma identidade de género não normativas, relativamente à população geral (e. g., Brewaeys & Van Hall, 1997; Golombok & Tasker, 1996; Golombok et al., 2003). No entanto, os comportamentos/papéis de género dos/as primeiros/as eram mais flexíveis do que os dos/as segundos/as. Alguns estudos constataram, por exemplo, que os/as jovens que tinham mães lésbicas aderiam menos a papéis de género tradicionais (e.g., Brewaeys et al., 1997; Fulcher et al., 2008; Green et al., 1986; González, Chacón, Gómez, Sánchez e Morcillo, 2003; MacCallum & Golombok, 2004). A maior flexibilidade em termos de género parece prolongar-se na idade adulta, isto é, os/as filhos/as adultos/as de lésbicas continuavam a apresentar papéis de género menos estereotipados e consideravam-se mais abertos/as à possibilidade de ter uma relação homoerótica, do que os/as seus/suas congéneres educados/as por mães e pais heterossexuais (Tasker & Golombok, 1995). Percebeu-se também uma maior tolerância à diversidade por parte destas crianças e jovens (González et al., 2003).

Porém, comparativamente com o volume de investigação com mães lésbicas, os estudos com famílias homoparentais masculinas são ainda residuais (Golombok & Tasker, 2010). Nesta medida, o objetivo do presente trabalho foi o de efetuar uma revisão sobre um conjunto de estudos psicológicos, publicados entre 1979 e 2011, que se debruçaram especificamente sobre pais gays e seus filhos. Antes de revermos os resultados dos mencionados estudos, refletimos acerca dos preconceitos contra a parentalidade gay. Concluímos este trabalho com uma reflexão sobre as limitações e implicações da pesquisa revista.

Preconceitos contra a parentalidade gay

Como mostrou um inquérito norte-americano sobre fertilidade e intenções de parentalidade (Gates, Badgett, Macomber, & Chambers, 2007, citado por Riskind & Patterson, 2010), os gays têm efetivamente menor probabilidade de ter filhos/as a viver no seu agregado, do que as lésbicas. Tal deve-se, além das barreiras naturais que os homens enfrentam para procriar, a alguns preconceitos específicos contra a homoparentalidade no masculino. Por um lado, não obstante algumas mudanças na construção das masculinidades (e.g., maior participação nas tarefas de cuidado dos filhos) (Matias, Andrade, & Fontaine, 2012; Wall, Aboim, & Cunha, 2010), persiste ainda a crença de que os homens não estão tão motivados para a parentalidade como as mulheres e que carecem das qualidades consideradas necessárias para cuidar de crianças (Aboim, 2007). Assim, ao entrarem num domínio tradicionalmente associado ao feminino, os homens que exercem um papel parental sem a presença de uma mulher, sejam gays ou heterossexuais, violam as expectativas tradicionais acerca do género masculino (Berkowitz & Marsiglio, 2007). Por outro lado, alguns estereótipos sobre a homossexualidade masculina põem em causa a capacidade parental dos gays (Gross, 2012). Embora se saiba que o abuso sexual infantil é geralmente perpetrado por homens heterossexuais que fazem parte do ambiente familiar das crianças (e.g., Jenny, Roesler, & Poyer, 1994; Maria & Ornelas, 2010), a associação entre homossexualidade e pedofilia é uma crença ainda largamente partilhada (Gross). A esta acrescenta-se o estereótipo de que os gays não investem em relações estáveis , o que é visto como sendo incompatível com o exercício da parentalidade (Gross). Embora os casais de gays tenham maior probabilidade do que os casais de lésbicas de manter uma relação aberta do ponto de vista da exclusividade sexual (Peplau & Fingerhut, 2007), a homossexualidade masculina não presume uma homogeneidade de práticas, sexuais ou outras, como demonstrou, por exemplo, Courduries (2011) no seu estudo com casais gays. Tais preconceitos são frequentemente usados como argumentos contra a homoparentalidade masculina (Weeks, Heaphy, & Donovan, 2001) e a sua internalização por parte dos gays pode comprometer a sua motivação para a parentalidade (Hicks, 2006; Mallon, 2004; Riskind & Patterson, 2010; Schacher, Auerbach, & Silverstein, 2005).

Estudos com pais gays e seus/suas filhos/as

Não obstante os preconceitos assinalados, as famílias homoparentais gays existem, são cada vez mais visíveis e o volume de estudos sobre elas tem aumentado (Golombok & Tasker, 2010). Abordamos, em seguida, um conjunto de estudos, publicados entre 1979 e 2011, com estas famílias. Foram consideradas investigações qualitativas e quantitativas, no âmbito da psicologia, que distinguiram entre homoparentalidade feminina e masculina. Não foram incluídos estudos sobre homoparentalidade masculina prospetiva, isto é, que utilizaram apenas uma amostra de gays sem filhos. A investigação revista realizou-se em torno de cinco temáticas: atitudes dos próprios gays face à parentalidade, identidade sexual, relação com o contexto, competência parental e qualidade/dinâmica das relações familiares, e desenvolvimento psicossocial das crianças e jovens.

Atitudes face à parentalidade

Um conjunto de estudos debruçou-se sobre as motivações para a parentalidade dos gays que tiveram filhos no contexto de um relacionamento heterossexual. Estas relacionam-se, sobretudo, com a pressão heteronormativa para o casamento e a procriação, a crença de que a identidade parental e a identidade não heterossexual são mutuamente exclusivas, o grau de identificação com estereótipos negativos a respeito da homossexualidade masculina, ou a crença de que o casamento e a parentalidade poderiam mudar a orientação sexual (Barret & Robinson, 2000; Benson, Silverstein, & Auerbach, 2005; Bigner & Jacobsen, 1989; Bozett, 1981, 1987; Dunne, 2001; Miller, 1979, citado por Patterson & Chan, 1997; Wyers, 1987). Comparando as motivações de 33 pais gays e 33 pais heterossexuais (ambos divorciados e com pelo menos dois filhos), Bigner e Jacobsen (1989) encontraram semelhanças entre os dois grupos. A única diferença que emergiu relacionava-se com o fato de os pais gays citarem mais, como motivo para ter filhos, o maior estatuto social que o exercício de um papel parental confere às pessoas.

Relativamente à homoparentalidade masculina exercida após um processo de coming out e/ou no quadro de uma relação homoafetiva (também designada por homoparentalidade "de novo" 2), Sbordone (1993, citado por Patterson & Chan, 1997) comparou 78 gays que se tornaram pais através de adoção e maternidade de substituição com 83 gays sem filhos, verificando que a larga maioria dos últimos gostaria de ser pai. Não diferindo em termos de rendimento económico, educação, etnia, auto-estima ou atitudes face à homossexualidade, aqueles que queriam ter filhos eram mais novos do que os que não queriam. Berkowitz (2007) também observou que a parentalidade fazia parte dos projetos das gerações mais novas de homens gays. Mais recentemente, explorando as narrativas de 50 gays acerca do desejo e tomada de decisão parentais, Stacey (2006) notou que a maior parte dos entrevistados (n = 26) se situava na zona intermédia de um continuum de "paixão pela parentalidade". Não manifestando uma recusa ou um desejo profundo de ser pais, eram particularmente as circunstâncias de vida que os aproximavam ou afastavam do papel parental, nomeadamente a existência de companheiros mais ou menos entusiastas. Além deste, os outros dois grupos identificados foram, por um lado, os que se consideravam predestinados para ser pais (n = 22) e, por outro, os que recusavam determinantemente tal papel (n = 2). Entrevistando pais gays "de novo" (n = 20) e gays sem filhos (n = 19), Berkowitz e Marsiglio (2007) verificaram que a consciência que estes homens têm de que podem ser pais é influenciada por instituições como as agências de adoção e de procriação medicamente assistida, pelos estereótipos vigentes sobre a masculinidade e a homossexualidade masculina e pelas negociações que devem encetar com as mães ou mulheres que geram os seus filhos ou com os seus próprios companheiros.

Resumidamente, as motivações dos gays que tiveram filhos no contexto de um relacionamento heterossexual dizem respeito especialmente à pressão normativa para o casamento e para a parentalidade. Já os estudos comparativos com pais gays e pais heterossexuais encontraram semelhanças entre os dois grupos nas atitudes principalmente face à parentalidade. Parece claro que a investigação não apoia o estereótipo de que os gays não estão interessados na parentalidade, particularmente no tocante às gerações mais novas. Dadas as barreiras à procriação, sejam biológicas ou de caráter social, a identidade parental dos gays é geralmente um processo que resulta de negociações com diversas instâncias familiares e sociais.

Identidade sexual

São duas as principais temáticas estudadas quanto a este aspecto: desenvolvimento/ integração das identidades gay e parental, por um lado, e adesão a normas de género e homofobia internalizada, por outro.

Naturalmente, as investigações mais precoces abordaram o processo de coming out de gays que tiveram filhos no contexto de um relacionamento heterossexual prévio e que depois se divorciaram (Bozett, 1980, 1981; Miller, 1979, citado por Patterson & Chan, 1997). Tendo por base entrevistas em profundidade, estas investigações concluíram genericamente que os gays que foram pais nas referidas circunstâncias integravam a sua identidade sexual e a sua identidade parental à medida que recebiam respostas apoiantes, quer de pessoas heterossexuais, quer dos membros da comunidade LGBT (Patterson & Chan, 1997). Entrevistando filhos de pais gays divorciados (13 raparigas e seis rapazes com idades compreendidas entre os 14 e os 35 anos), Bozett (1981, 1987) verificou que eles utilizavam algumas estratégias de controle relativamente à visibilidade da orientação sexual dos pais. Tais estratégias centravam-se no comportamento do pai (por exemplo, pedir-lhe para não dar a mão ao companheiro em público) e/ou no comportamento de terceiros (por exemplo, não trazer amigos a casa). Verificou-se ainda que a maior parte dos pais gays reconheciam que esta era uma questão sensível, ocultando frequentemente a sua orientação sexual por iniciativa própria. Esta parece ser uma preocupação menos notória nas famílias homoparentais femininas. Efetivamente, comparando pais gays (n = 32) com mães lésbicas (n = 34), separados/as ou divorciados/as, Wyers (1987) constatou que 46,9% dos pais gays afirmaram que os seus filhos tinham conhecimento da sua orientação sexual, comparativamente com 94,1 % das mães lésbicas.

Estudando 48 famílias homoparentais masculinas recompostas (um pai, o seu companheiro e pelo menos uma criança no mesmo agregado), Crosbie-Burnett e Helmbrecht (1993) perceberam que os pais gays revelavam mais a sua orientação sexual aos seus amigos heterossexuais (96%), do que os/as seus/suas filhos/as revelavam aos seus próprios amigos (46%); ao guardar segredo acerca da identidade sexual dos pais, os/as filhos/as recebiam também menos apoio social dos amigos/as heterossexuais (16%). Num estudo com pais não heterossexuais (N = 101; 91% gays e 9% bissexuais) provenientes de diversas configurações familiares e seus/suas filhos/as (N = 179; 88 raparigas e 91 rapazes), Barrett e Tasker (2001) verificaram que os/as filhos/as mais velhos/as tinham maior probabilidade de conhecer a identidade sexual dos pais. As autoras não observaram diferenças substanciais em função do género dos/as filhos/as, quer em relação ao conhecimento da identidade sexual dos pais, quer em relação a experiências positivas ou negativas associadas a este processo. No entanto, os pais reportaram que as filhas reagiam de forma mais compreensiva à revelação da sua identidade sexual.

Alguns dos gays entrevistados (N = 25) por Benson et al. (2005), pais no contexto de um relacionamento heterossexual, consideraram que a parentalidade tinha funcionado como um estímulo para a assunção da identidade homossexual. Cerca de metade dos pais que revelaram a sua orientação sexual aos filhos encararam este processo como uma experiência transformativa que contribuiu para a autenticidade da relação pais/filhos. Os entrevistados que decidiram não revelar a identidade sexual apontaram como razões para tal a proteção dos filhos, as pressões sociais ou o fato de não saberem lidar com as possíveis reações da família ao coming out.

Investigações mais recentes têm explorado a gestão da identidade sexual em famílias homoparentais masculinas planejadas. Com base em entrevistas em profundidade a 10 pais gays "de novo" com filhos em idade pré-escolar, Brinamen e Mitchell (2008) propuseram um modelo de desenvolvimento identitário da paternidade gay em tais circunstâncias. Este modelo é composto por seis fases, que incluem: (a) uma experiência de coming out na qual se começa por partir do princípio que homossexualidade e parentalidade são incompatíveis; (b) uma auto-consciência e auto-confiança crescentes como gay; (c) o reconhecimento das potencialidades das famílias homoparentais; (d) a observação e a procura de modelos junto de outras famílias homoparentais; (e) o reconhecimento dos atributos únicos dos pais gays (e.g., valorização da diversidade); e (f) a integração das componentes parental e sexual da identidade.

Quatro estudos debruçaram-se sobre a gestão da identidade sexual em famílias homoparentais masculinas adotivas. Gianino (2008) explorou as experiências de oito casais adotivos no processo de transição para a parentalidade, verificando que, quando a adoção conjunta não é legal, o elemento que adota oficialmente sente-se compelido a ocultar o seu relacionamento dos/as técnicos/as de adoção. Esta ocultação tem efeitos negativos, quer sobre a relação conjugal, quer sobre a relação com as agências de adoção; o pai gay que não é legalmente reconhecido é também deixado numa posição vulnerável, não podendo, por exemplo, pronunciar-se sobre decisões médicas ou legais relativas à criança. Por sua vez, Armesto e Shapiro (2011) entrevistaram cinco casais gays com um filho adotivo e notaram que a parentalidade ocasionava um segundo processo de coming out redefinidor da masculinidade homossexual que, ao contrário do primeiro, não tinha como referência fatores como a beleza física ou uma vida social ativa. Entrevistando 10 pais gays adotivos, Wells (2011) verificou que eles não se sentiam pressionados pelas normas e prescrições de género tradicionais. Isto é, estando familiarizados com a transgressão às normas da cultura dominante, nomeadamente no que diz respeito à sua identidade sexual, apresentavam poucos problemas em assumir um papel cuidador, tradicionalmente associado às mulheres. Tornello, Farr, e Patterson (2011) observaram, entre outros, que pais gays adotivos (N = 230) com uma identidade gay menos positiva reportavam maiores índices de stress parental.

Outros aspectos relacionados com a identidade sexual que mereceram a atenção dos investigadores relacionam-se com a adesão ao papel de género tradicional masculino e a homofobia internalizada. Estudando 30 gays sem filhos e 30 gays com filhos, Robinson e Skeen (1982, citado por Patterson & Chan, 1997) não constataram que os primeiros aderissem mais ao papel masculino tradicional do que os segundos. Por sua vez, Sbordone (1993, citado por Patterson & Chan, 1997) verificou que os gays que tinham filhos apresentavam níveis inferiores de homofobia internalizada, comparativamente com os seus congéneres sem filhos. Os primeiros reportavam também melhor auto-estima do que os segundos.

Em síntese, os estudos com gays que tiveram filhos no contexto de um relacionamento com uma pessoa de sexo diferente mostram que a integração da identidade sexual e parental é um processo que é gerido na relação com a comunidade, quer pelos pais, quer pelos filhos. Estes últimos exercem certo controle da visibilidade da orientação sexual dos pais. A revelação da identidade sexual aos filhos parece ser uma experiência com efeitos positivos na relação pai/filho, particularmente quando as crianças são mais novas. Para a nova geração de pais gays, que acede à parentalidade no contexto de uma identidade sexual estabelecida, a integração da identidade sexual e parental não parece ser uma tarefa tão difícil como o era para as gerações de homens gays que tinham tido filhos no contexto de um relacionamento heterossexual. Os estudos indicam que o principal desafio com que estes pais se confrontam tange essencialmente ao aprender a lidar com uma estrutura social que não reconhece e discrimina as famílias homoparentais.

Relação com os contextos sociais

As investigações têm analisado as relações sociais dos pais gay com a comunidade heterossexual e com a comunidade LGBT. Assim, alguns estudos verificaram que muitos gays que são pais após o coming out acabam por experienciar uma reaproximação às famílias de origem e uma maior ligação com a restante rede social de apoio, principalmente pessoas com filhos (Barret & Robinson, 2000; Bergman, Rubio, Green, & Padron, 2010; Brinamen & Mitchell, 2008; Gianino, 2008; Mallon, 2004; Schacher et al., 2005). Quanto à comunidade LGBT, embora de uma forma geral relatem sentir-se bem acolhidos, os pais gays denotam certo afastamento relativamente aos seus amigos gays que não têm filhos (Armesto, 2002; Armesto & Shapiro, 2011; Brinamen & Mitchell, 2008; Gianino, 2008; Mallon, 2004; Wells, 2011). Este distanciamento ocorre por vários motivos. Primeiro, sendo associada à heteronormatividade, a homoparentalidade é vista com ambivalência por alguns membros da comunidade LGBT (Armesto & Shapiro, 2011). Segundo, a comunidade LGBT está maioritariamente organizada em torno de atividades para pessoas adultas, solteiras e sem filhos (Bigner & Jacobsen, 1989; Wells, 2011). Por último, independentemente do género e orientação sexual das mães e dos pais, a fase de transição para a parentalidade é sempre marcada por mudanças na rede social (aproximação à família de origem e outras pessoas com filhos). Saliente-se que tal afastamento pode ser mais marcante para os pais gays que são uma minoria, quer na comunidade heterossexual, quer na comunidade gay. Podem assim ocorrer sentimentos de isolamento, que serão provavelmente mais intensos no caso dos pais gays solteiros (Brinamen & Mitchell, 2008).

Estudando as experiências das famílias homoparentais que recorreram à inseminação artificial, Riggs (2009) verificou que os gays que são doadores de esperma têm que gerir uma série de circunstâncias durante este processo, que se relacionam, por exemplo, com a negociação com os seus parceiros e com o lidar com o heterossexismo, frequentemente patente em instituições como as clínicas de reprodução medicamente assistida. Os pais gays entrevistados por Schacher et al. (2005) referiram precisamente que eram vítimas do duplo preconceito já referenciado: contra a homoparentalidade e contra o fato do cuidador primário da criança ser um homem. Face à pressão social derivada deste preconceito (heterosexist gender role strain, no original), por um lado, sentiam satisfação por ser "pioneiros sociais", por outro, sentiam maior obrigação em exercer a parentalidade de forma irrepreensível, de modo a contrariar os estereótipos. Os pais gays adotivos entrevistados por Gianino (2008) reportaram também que, ao exercer a parentalidade em conjunto, os casais gays tornavam-se mais visíveis e ficavam mais expostos ao preconceito.

Em síntese, a investigação nesta área sugere que a transição para a parentalidade é marcada por uma reaproximação à família de origem e a outras famílias com filhos (hetero ou homoparentais); por outro lado, parece existir um certo afastamento da comunidade LGBT. Relativamente à estigmatização, os estudos mostram que os pais gays sentem a pressão da heteronormatividade, com a qual têm que lidar.

Competências parentais e qualidade das relações familiares

Um conjunto de estudos tem abordado diversas temáticas relacionadas com as práticas parentais e as dinâmicas familiares que caracterizam a homoparentalidade no masculino. Comparando pais gays e pais heterossexuais, Bigner e Jacobsen (1989) observaram índices semelhantes de intimidade com os filhos. Contudo, os primeiros tendiam a responder mais às necessidades das crianças, a ser mais consistentes nos argumentos que davam para o bom comportamento destas e a estabelecer mais limites. Os autores sugeriram que os pais gays poderiam sentir uma pressão maior para ser mais competentes, exibindo um repertório de qualidades parentais que misturava atributos convencionalmente associados aos papéis quer maternos, quer paternos. Patterson e Chan (1997) chamaram a atenção para a correspondência entre tal padrão de comportamento (maior intimidade e responsividade, por um lado, e maior controle e estabelecimento de limites, por outro) e o estilo parental autoritativo (Baumrind, 1967, citado por Patterson & Chan, 1997). De acordo com Bigner (1999), os pais gays podem modelar um comportamento andrógino, uma vez que, na ausência de uma mãe, sentem-se complidos a incorporar um conjunto de práticas parentais "femininas" no seu repertório de comportamentos parentais. Tal interpretação é apoiada pelos 21 pais entrevistados por Schacher et al. (2005), que deram conta de uma parentalidade não definida pelos papéis de género (degendered parenting, no original), na qual as tarefas de cuidado dos filhos eram partilhadas com base nas preferências, competências ou numa ética de igualdade. Comparando 28 casais gays e 27 casais heterossexuais, McPherson (1993, citado por Patterson & Chan, 1997) verificou, efetivamente, que os primeiros apresentavam uma divisão mais equitativa das tarefas domésticas e de cuidado dos filhos, maior satisfação com essa divisão e maior satisfação conjugal, dos que os segundos. Resultados semelhantes foram vistos por Silverstein, Auerbach, e Levant (2002) e por Gianino (2008). Bergman et al. (2010) entrevistaram um dos cônjuges pertencentes a casais gays que recorreram à maternidade de substituição (N = 40), verificando um conjunto de fenómenos também observados noutras estruturas familiares durante a transição para a parentalidade: esforço acrescido para conciliar vida familiar e profissional, decréscimo da intimidade do casal, priorização da família, sentimento de orgulho no papel parental e aumento da auto-estima. Contudo, contrariamente aos seus congéneres heterossexuais que, devido a representações de género tradicionais, tendem a aumentar o investimento profissional quando os filhos nascem (Cowan & Cowan, 1992), os pais gays parecem dar prioridade ao papel parental, desinvestindo na esfera profissional.

Uma área particular de análise prende-se com a dinâmica e satisfação familiares em famílias gays recompostas (um pai gay biológico que se divorciou de uma mulher, o/s seu/s filho/s e o seu companheiro). Assim, Crosbie-Burnett e Helmbrecht (1993) notaram que, tanto para o pai gay como para o filho, o melhor preditor da satisfação familiar era a inclusão do pai social na família. Esta inclusão está também associada à perceção de eficácia do papel parental. Assim, Barret e Tasker (2001) observaram que os pais gays com companheiros co-habitantes se avaliavam a si próprios como tendo mais sucesso numa série de tarefas parentais relacionadas com aspectos emocionais, práticos e financeiros, do que os seus congéneres celibatários. Current-Juretschko e Bigner (2005) realizaram entrevistas semi-estruturadas a cinco padrastos gays e perceberam uma semelhança entre as experiências destes e as relatadas por padrastos heterossexuais.

Num estudo quantitativo que comparou simultaneamente a homoparentalidade masculina, quer com a homoparentalidade feminina, quer com a heteroparentalidade, Farr, Forssell, e Patterson (2010) analisaram as práticas parentais e a adaptação psicológica de 29 casais de gays, 27 casais de lésbicas e 52 casais heterossexuais, todos com um/a filho/a adotivo/a com idade entre um e cinco anos. As autoras não encontraram diferenças, em termos médios, no comportamento parental (stress parental, práticas disciplinares parentais e ajustamento conjugal), em função da orientação sexual. Tais variáveis familiares mostraram sim estar associadas à adaptação psicológica das crianças, independentemente da orientação sexual dos pais.

Resumidamente, as investigações revistas sugerem que os gays exercem a parentalidade de uma forma mais andrógina, seja no que diz respeito às práticas parentais, seja no que concerne à conjugalidade. Quanto às famílias recompostas, a existência de dois pais parece ter um contributo positivo, quer a nível da gestão dos aspectos quotidianos da parentalidade, quer em termos da satisfação familiar. Uma comparação sistemática entre famílias adotivas lésbicas, gays e heterossexuais mostrou que não é a orientação sexual, mas os processos familiares que influenciam a adaptação psicológica das crianças.

Desenvolvimento psicossocial das crianças e jovens

Como já referimos, a investigação sobre o desenvolvimento psicossocial das crianças e jovens educados em contexto homoparental reparte-se por três áreas: adaptação psicológica, relacionamento com o contexto/possibilidade de discriminação e desenvolvimento psicossexual.

A maior parte dos estudos que analisaram a adaptação psicológica de filhos/as de pais gays foram realizados com crianças que vivem com as suas mães, mas mantêm o contacto com os seus pais gays, não se evidenciando problemas em termos emocionais ou comportamentais nas mesmas (Bigner, 1999; Bigner & Jacobsen, 1989; Bozett, 1987; Miller, 1979, citado por Patterson & Chan, 1997). No seu estudo com famílias adotivas lésbicas, gays e heterossexuais, Farr et al. (2010) não encontraram diferenças na adaptação psicológica das crianças em função da orientação sexual dos pais (relatos de professores e pais).

Um conjunto de estudos debruçou-se sobre uma ou mais vertentes do desenvolvimento psicossexual infanto-juvenil: identidade de género, comportamento de género e orientação sexual. No que diz respeito à orientação sexual, entrevistando pais gays com filhas (n = 27) e filhos (n = 21) adultos/as, Miller (1979, citado por Patterson & Chan, 1997) verificou que três filhas se identificavam como lésbicas e um filho como gay. Dos seis filhos e 13 filhas de pais gays entrevistados por Bozett (1987), dois rapazes identificavam-se como gays e uma jovem como bissexual. Com relação a esta última pesquisa, perante a reduzida dimensão da amostra e o facto de alguns dos/as filhos/as serem pré-adolescentes à data do estudo, Patterson e Chan (1997) sugerem que os resultados devem ser interpretados com precaução.

O estudo mais exaustivo sobre a orientação sexual de filhos/as (N = 82) de pais gay (N = 55) foi realizado por Bailey, Bobrow, Wolfe, e Mikach (1995), com 9% dos filhos/as a identificarem-se como gays ou bissexuais. Tasker e Barrett (2004, citado por Golombok & Tasker, 2010) compararam pais heterossexuais (N = 24) com filhos/as adultos/as (N = 36) com um igual número de pais gays e seus/suas filhos/as. Contrariando as estimativas de pessoas homossexuais na população geral, todos/as os/as filhos/as de pais heterossexuais se identificaram também como heterossexuais. No que se refere às famílias homoparentais, dois filhos identificavam-se como gays, uma filha como lésbica, e dois filhos e uma filha como bissexuais. Golombok e Tasker (2010) sugerem que, embora ligeira, a maior proporção de filhos/as não heterossexuais encontrada por Bailey e cols. (1995) e Tasker e Barret (2004, citado por Golombok & Tasker, 2004) poderá ter a ver com a maior aceitação por parte dos pais gays e das mães lésbicas (Golombok & Tasker, 1996), das relações que os/as próprios/as filhos/as têm ou poderão vir a ter com pessoas do mesmo sexo. Farr et al. (2010) não encontraram diferenças nas brincadeiras tipicamente masculinas ou femininas de meninos e meninas, em função da orientação sexual dos seus pais adotivos.

No que diz respeito à discriminação das crianças, nem Bozett (1987) nem Miller (1979, citado por Patterson & Chan, 1997) encontraram evidências de discriminação nas suas amostras recolhidas nos EUA. Contudo, 37% dos pais gays e bissexuais inquiridos no Reino Unido por Barrett e Tasker (2001) reportaram que os/as seus/suas filhos/as tinham sido vítimas de discriminação.

Embora o reduzido número de estudos sobre o desenvolvimento psicossocial de crianças educadas por pais gays não permita retirar conclusões definitivas, os estudos existentes sugerem que, apesar de algumas evidências de discriminação, estas crianças estão bem adaptadas psicologicamente. No que toca ao desenvolvimento psicossexual, este parece também aproximar-se da norma.

Considerações finais

A investigação com pais gays é ainda minoritária relativamente à realizada com mães lésbicas e padece de algumas limitações. Acerca do tipo de famílias homoparentais masculinas estudadas, enquanto os primeiros estudos foram realizados com gays que tiveram filhos/as no contexto de um relacionamento heterossexual, a partir do ano 2000 são mais frequentes as investigações com famílias homoparentais masculinas planejadas ou "de novo" (através de maternidade de substituição, adoção, ou arranjos co-parentais com lésbicas ou mulheres heterossexuais). Quanto às temáticas abordadas, verifica-se também que o número de estudos sobre o desenvolvimento psicossocial infanto-juvenil é bastante inferior aos estudos realizados com os pais.

As amostras estudadas são tendencialmente de pequena dimensão, não representativas, sendo a maior parte dos participantes caucasianos, urbanizados, com um nível educacional elevado e de estratos socioeconómicos médios e superiores. Adicionalmente, as crianças estudadas são geralmente recrutadas por intermédio dos seus pais e a informação sobre o seu desenvolvimento é frequentemente recolhida através destes. Tal como sucedeu com os estudos a respeito de homoparentalidade feminina, devem ser realizados mais estudos quantitativos com amostras probabilísticas que permitam generalizar as conclusões dos estudos já efetuados. De forma a esclarecer processos comuns e específicos da parentalidade gay, devem também ser realizadas mais comparações, quer com famílias heteroparentais, quer com famílias homoparentais femininas. Considerando as limitações metodológicas apontadas, as pesquisas existentes fornecem algumas informações valiosas sobre a competência parental dos pais e o desenvolvimento psicossocial dos seus filhos, podendo-se genericamente concluir que as famílias formadas por gays não oferecem motivos para preocupação ou alarme social.

Notas

2 Uma vez que lésbicas e gays se identificam como tal cada vez mais cedo (D'Augelli, Hershberger, & Pilkington, 1998; Floyd & Bakeman, 2006), muitas e muitos têm optado por ser mães e pais no contexto de identidades não heterossexuais já estabelecidas (Bergman, Rubio, Green, & Padron, 2010), famílias designadas por alguns autores como famílias "de novo" (e.g., Perlesz, Brown, Lindsay, McNair, de Vaus, & Pitts, 2006).

Agradecimento

Este trabalho foi financiado por uma bolsa de doutoramento atribuída ao primeiro autor pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (SFRH/BD/41752/2007).

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Submissão em: 22/05/2012

1a. Revisão em: 17/08/2013

2a. Revisão em: 30/09/2013

Aceite em: 09/11/2013

Jorge Gato é membro integrado do Centro de Psicologia da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto. Endereço: Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, Rua Alfredo Allen, 4200-135 Porto, Portugal. E-mail: jorgegato@fpce.up.pt

Anne Marie Fontaine é Professora Catedrática da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, Portugal. Área de actividade científica: Psicologia Diferencial e da Educação. E-mail: fontaine@fpce.up.pt

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    Para revisões sobre a competência parental de lésbicas e gays e o desenvolvimento infanto-juvenil dos seus filhos, ver, por exemplo, em língua inglesa, o trabalho de Tasker e Patterson (2007) ou, em língua portuguesa, o trabalho de Gato e Fontaine (2011). A terceira área de estudos, isto é, as atitudes face à homoparentalidade, não será abordada nesta revisão; no entanto, para uma breve revisão sobre os estudos nesta área, consultar o trabalho de Gato, Freitas, e Fontaine (2012). Para abordagens e estudos sobre parentalidades LGBT no Brasil, ver, por exemplo, Zambrano (2006, 2008) e Grossi, Uziel, e Mello (2007).
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      29 Ago 2014
    • Data do Fascículo
      Ago 2014

    Histórico

    • Recebido
      22 Maio 2012
    • Aceito
      09 Nov 2013
    • Revisado
      30 Set 2013
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