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Ocorrência do crestamento gomoso do caule em melancia no Tocantins causado por Didymella bryoniae

Occurrence of gummy stem blight in watermelon in the state of Tocantins caused by Didymella bryoniae

NOTAS FITOPATOLÓGICAS PHYTOPATHOLOGICAL NOTES

Ocorrência do crestamento gomoso do caule em melancia no Tocantins causado por Didymella bryoniae

Occurrence of gummy stem blight in watermelon in the state of Tocantins caused by Didymella bryoniae

Gil R. SantosI; Adalberto C. Café FilhoII

IDepartamento de Agronomia, Universidade Federal do Tocantins, CEP 77410-000, Gurupi, TO, e-mail: gilrsan@uol.com.br

IIDepartamento de Fitopatologia, Universidade de Brasília, CEP 70910-900, Brasília, DF

ABSTRACT

Canker symptoms at the base of stems and brown exudates were observed in watermelon (Citrullus lanatus) plants collected in the Formoso Project, Tocantins State. Didymella bryoniae and its anamorph Ascochyta cucumis are described and illustrated for the first time in Brazil. The pathogenicity of several isolates was confirmed by artificial inoculation.

O Estado do Tocantins apresenta condições edafoclimáticas favoráveis ao cultivo da melancia [Citrullus lanatus (Thunb.) Mansf.]. A principal doença é o crestamento gomoso do caule devido a sua alta incidência, associada a grandes prejuízos. Em julho de 2003, no Projeto Formoso, TO, plantas de melancia cv. Crimson Sweet mostrando sintomas de cancro no caule e crestamento nas folhas foram coletadas para análise no laboratório de Fitopatologia da Universidade de Brasília. Pedaços de lesões velhas e novas presentes em caule e folhas doentes foram cortados, fixados e processados de acordo com Lauro et al. (Bot. J. Linn. Soc. 109:203-210, 1992) e observados ao microscópio eletrônico de varredura JEOL®, mod. JSM-840 A. Também foram feitos cortes do tecido afetado ao micrótomo manual, Mícron®, mod. HM 505 E. As frutificações do fungo foram mensuradas ao microscópio óptico. Foram observadas as fases anamórfica e teleomórfica do fungo. O teleomorfo, presente em lesões mais velhas, apresentou pseudotécio com diâmetro variando de 125-147 (X= 135,3µm), formando ascos com dimensão média de 62,4 µm, contendo ascósporos hialinos, bicelulares, com septo mediano, apresentando ou não constrição, de formato oval a fusiforme com dimensões de 12,2-17,1 (X = 13,7) µm por 4,9 µm. O anamorfo, presente em lesões mais jovens, apresentou picnídio com diâmetro variando de 147 a 183,7 µm (X= 167,2 µm), e conídios adultos bicelulares de 9,8-12,2 (X= 11,6) µm por 3,6 µm. O fungo, na sua fase teleomórfica, foi identificado como Didymella bryoniae (Auersw.) Rehm (Corlett, Can. J. Bot. 59:2016. 1981). O anamorfo foi identificado como Ascochyta cucumis Fautr. & Roum. (Sivanesan, The Bitunicate Ascomycetes and their Anamorphs. 1984). O isolamento de A. cucumis foi feito em BDA obtendo-se um micélio de cor acinzentado em cultura. A inoculação foi feita com disco de micélio em caule previamente ferido. Decorridos cinco dias da inoculação foram constatados os sintomas da doença. Figueiredo & Cardoso (O Biológico 30:324. 1964) registraram a ocorrência desta doença em melancia como causada por Mycosphaerella melonis, porém não haviam feito a descrição e ilustraçäo das estruturas do patógeno. Outros autores ainda adotam a denominação de Phoma cucurbitacearum para a fase anamórfica (Somai & Keinath, Plant Disease 86:710. 2002). As observações deste trabalho indicam claramente que os isolados do Tocantins classificam-se como D. bryoniae e A. cucumis. Esta é a primeira descrição e ilustraçäo da fase teleomórfica do patógeno no Brasil.

Aceito para publicação em 03/05/2004

Autor para correspondência: Gil R. Santos

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    04 Set 2006
  • Data do Fascículo
    Abr 2006
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