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Concha nasal média secundária: relato de caso

Resumos

A concha nasal média secundária é uma rara variação anatômica na cavidade nasal, descrita pela primeira vez por Khanobthamchai et al. como uma estrutura óssea revestida por partes moles originária da parede lateral do meato médio. Na maioria dos casos relatados na literatura ocorre bilateralmente, sem complicações associadas. Neste artigo descrevemos um caso encontrado em nosso serviço, com tal variação anatômica incomum.

Concha nasal secundária; Concha nasal média


Secondary middle turbinate is an anatomical variant rarely observed in the nasal cavity, firstly described by Khanobthamchai et al. as a bone structure originating from the lateral nasal wall and covered by soft tissue. In most cases reported in the literature, this variant is bilateral, occurring without associated complications. In the present report, the authors describe the case of patient of their institution with such anatomical variation.

Secondary turbinate; Middle turbinate


RELATO DE CASO

Concha nasal média secundária: relato de caso* Endereço para correspondência: Dra. Bruna de Oliveira Melim Aburjeli Rua Aimorés, 2255/1102, Bairro Lourdes Belo Horizonte,MG, Brasil, 30140-072 E-mail: bruninha86@hotmail.com

Bruna de Oliveira Melim AburjeliI; Ana Flávia Assis de ÁvilaI; Renata Lopes Furletti Caldeira DinizII; Emília Guerra Pinto Coelho MottaII; Marcelo Almeida RibeiroII; Wanderval MoreiraIII

IMédicos Especializandos em Radiologia e Diagnóstico por Imagem no Hospital Mater Dei, Belo Horizonte, MG, Brasil

IIMédicos Radiologistas do Serviço de Radiologia do Hospital Mater Dei, Belo Horizonte, MG, Brasil

IIIMédico Radiologista, Chefe do Serviço de Radiologia do Hospital Mater Dei, Belo Horizonte, MG, Brasil

Endereço para correspondência Endereço para correspondência: Dra. Bruna de Oliveira Melim Aburjeli Rua Aimorés, 2255/1102, Bairro Lourdes Belo Horizonte,MG, Brasil, 30140-072 E-mail: bruninha86@hotmail.com

RESUMO

A concha nasal média secundária é uma rara variação anatômica na cavidade nasal, descrita pela primeira vez por Khanobthamchai et al. como uma estrutura óssea revestida por partes moles originária da parede lateral do meato médio. Na maioria dos casos relatados na literatura ocorre bilateralmente, sem complicações associadas. Neste artigo descrevemos um caso encontrado em nosso serviço, com tal variação anatômica incomum.

Unitermos: Concha nasal secundária; Concha nasal média.

INTRODUÇÃO

À parede lateral da cavidade nasal fixam-se as três conchas nasais, definindo os meatos superior, médio e inferior(1). A unidade ostiomeatal que drena os seios paranasais frontais, maxilares, etmoidais anteriores e médios está localizada no meato médio, representando um sítio complexo, no qual variantes anatômicas podem causar obstruções sinusais. A aeração da concha nasal média é a variação mais frequente nesse sítio(2), entretanto, em razão da complexidade na formação das estruturas da cavidade nasal, existem várias outras variantes, sendo algumas raras, como a concha nasal média secundária. Esta consiste de uma estrutura semelhante a uma concha nasal, que também surge a partir da parede nasal lateral, no meato médio.

Neste artigo descrevemos o caso de uma paciente diagnosticada, por tomografia computadorizada dos seios da face, com essa rara variante anatômica.

RELATO DO CASO

Paciente do sexo feminino, 52 anos de idade, com quadro de cefaleia frontoetmoidal de evolução há cinco dias, associada a obstrução nasal, rinorreia purulenta e tosse. Ao exame físico otorrinolaringológico foram constatados desvio do septo nasal e pólipo nasal à esquerda.

Exame de tomografia computadorizada dos seios paranasais (Figuras 1, 2 e 3) demonstrou aspecto de pansinusopatia. Além disso, foram evidenciados hipoplasia dos seios frontais e esfenoidal, desvio do septo nasal para a esquerda, bulla etmoidal também à esquerda e estrutura óssea bilateralmente, inserida na parede lateral do meato médio e revestida por tecido com densidade de partes moles, compatível com concha nasal média secundária, assemelhando-se a pólipo à esquerda.




DISCUSSÃO

As conchas nasais são embriologicamente formadas a partir de excrescências das paredes nasais laterais que, posteriormente, formam seis cristas, algumas das quais se fundem, dando origem, dentre outras estruturas, às conchas nasais média e superior. Em razão da complexidade em sua formação, inúmeras variações anatômicas podem ocorrer, com destaque em frequência para a pneumatização da concha nasal média. Entretanto, outras variantes raras também podem ser vistas, como é o caso da concha nasal média secundária, condição que foi relatada primeiramente por Khanobthamchai et al.(3), com uma frequência de 1,5%, e que em outros estudos, variou entre 0,8% e 14,3%.

A concha nasal média secundária é uma estrutura óssea revestida por tecido com densidade de partes moles, que surge a partir da parede lateral do meato médio, logo abaixo da lamela basal(4). Inicialmente foi descrita como uma estrutura bilateral, mas alguns autores têm relatado casos de acometimento unilateral(5), sendo questionada a possibilidade de ser uma variante subdiagnosticada, podendo haver confusão com outras condições, como pólipos nasais. Em geral não está relacionada a obstruções ostiomeatais e, portanto, não é considerada, habitualmente, fator de predisposição a sinusite. Entretanto, de acordo com o trabalho de El-Shazly et al.(6), foi frequente a queixa de cefaleia frontal, associada a sensação de obstrução nasal, observada em 92,8% dos pacientes com essa variação.

É comum ainda o achado de outras variantes anatômicas em conjunto com a concha nasal média secundária. Segundo estudo recente(6), coanomalias foram encontradas em 49,7 % da amostra de pacientes estudada, sendo que a bulla etmoidal foi um achado em 9% dos casos.

Uma variação anatômica da qual a concha nasal média secundária deve ser diferenciada é a concha nasal acessória(6). Esta consiste de um prolongamento medial e anterior do processo uncinado. Para o diagnóstico diferencial é importante a observação, a partir de imagens tomográficas, ou até endoscópicas, do processo uncinado(5), como no caso descrito, em que, ainda que este estivesse deslocado medialmente, dificultando sua visualização, foi possível diferenciá-lo tomograficamente da concha acessória.

Recebido para publicação em 4/6/2012

Aceito, após revisão, em 25/7/2012

* Trabalho realizado no Hospital Mater Dei, Belo Horizonte, MG, Brasil.

  • 1. Souza RP, Brito Júnior JP, Tornin OS, et al. Complexo nasossinusal: anatomia radiológica. Radiol Bras. 2006;39:367-72.
  • 2. Eweiss A, Khatwa MMA, Zeitoun H. Trifurcate middle turbinate; an unusual anatomical variation. Rhinology. 2008;46:246-8.
  • 3. Khanobthamchai K, Shankar L, Hawke M, et al. The secondary middle turbinate. J Otolaryngol. 1991;20:412-3.
  • 4. Aouad RK, Strong EB. Secondary middle turbinate. Otolaryngol Head Neck Surg. 2010;142:140-1.
  • 5. Nebil ARK, Aktas D, Yilmaz T, et al. Unilateral secondary middle turbinate with sinusitis. KBB-Forum. 2009;8:44-5.
  • 6. El-Shazly AE, Poirrier AL, Cabay J, et al. Anatomical variations of the lateral nasal wall: the secondary and accessory middle turbinates. Clin Anat. 2012;25:340-6.
  • Endereço para correspondência:
    Dra. Bruna de Oliveira Melim Aburjeli
    Rua Aimorés, 2255/1102, Bairro Lourdes
    Belo Horizonte,MG, Brasil, 30140-072
    E-mail:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      02 Jan 2013
    • Data do Fascículo
      Dez 2012

    Histórico

    • Recebido
      04 Jun 2012
    • Aceito
      25 Jul 2012
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